Eu me chamo Ana Júlia, mais conhecida como Juju. Tenho 13 anos, e moro em Nova York desde que eu tinha 5 anos. Meus pais me contaram que eu tinha 5 irmãs; porém, 4 morreram. A única que permanece viva tem 17 anos, e tem uma aparência horrível. Arranhões que nunca sairam, cicatrizes que a deixa com um ar de medo. Ela disse que tentaram jogar ela e as nossas outras 4 irmãs de um prédio enorme. Ela caiu, mas conseguiu segurar na janela de um apartamento. Olívia, Pâmela, Luciana e Geogia, já não tiveram essa sorte. Lucy (nome da minha irmã que sobreviveu) disse que nem lembra como chegou ao prédio, e apenas uma sombra as empurrou. Uma verdadeira história de terror, e ela não consegue dormir nenhuma noite: sofre de insônia. Sempre levanta pra beber água, ver TV ou ir pro quarto de nossos pais e dormir com eles. Mas não consegue. Hoje de manhã, eu fui a primeira a levantar, então fiz o café. Enquanto eu fazia, senti um calafrio. Quando olhei, era Lucy.

-Que susto! - resmunguei - Jurei que fosse um... esqueça.

-Ah, fala sério! - ela gritou - Estou tão feia assim?

-Não, Lucy. Você me assustou, porque pensei que ainda estava dormindo. - disse, me virando para os ovos e os sanduíches que eu estava fazendo.

-Como se eu dormisse, não é, Juju? - ela disse, com voz de choro - Eu sofro de insônia desde aquele dia do prédio. Caramba! Eu tinha 10 anos, não tinha noção do que era pular! Georgia... Georgia tinha 15 anos, a mais velha na época. Ela não conseguiu salvar ninguém.

-Desculpe! - pedi. Eu sabia que era um assunto delicado pra ela. Ela quase morreu, com todas as outras!

Fiquei olhando para ela. Ela não parecia uma menina de 17 anos. Tinha aparência de 50. Não dormia bem faz... uns 7 anos, não é? E aquelas cicatrizes em formas que me lembravam MORTE... Ai.

-Bom dia, amorassssss! - disse meu pai, mega-sorridente como sempre - Como foi a noite de vocês?

-Ah, vai tomar banho pai! Você sabe que minhas noites são péssimas. - resmungou Lucy, e saiu da cozinha. Pude ver uma sombra atrás dela. Pensei que fosse da própria, mas tinha um jeito diferente.

-Pai, eu sinto muito por ela! - falei - Meio que toquei no... assunto do prédio.

-Sem problemas - ele me disse, dando um beijinho na testa. O bom do meu pai era esse: ele via tudo pelo lado positivo.

Dei os ovos e o sanduíche a ele, mas o próprio recusou.

-Vou levar Lucy ao médico, e estou sem fome - ele garantiu.

-De novo? - perguntei, desanimada.

-Você vai! - ele tentou me animar. - Sei que ama sair comigo e sua mãe. Tome o café em 20 minutos, troque de roupa e vamos!

Consigo comer rápido, então terminei em 10 minutos, olhei para fora e vi neve. Decidi ir bem quentinha: uma blusa de manga comprida por baixo, uma blusa de frio com pluma, cachecol, calça especial, botas, luvas e uma touca. Partimos assim que eu estava pronta.