Capitulo 5. Undisclosed Desires

Apaguei os meus pensamentos, e concentrei-me em manter-me natural. Parecia impossível, sentia mil borboletas voarem confusas dentro do meu estômago.

- Oh sim. – A minha voz soava tão histérica. Zacky arqueou a sobrancelha, confuso. – Ele deixou-me uma mensagem de voz, hoje.

- O que dizia?

Esperava encontrar uma ponta de ansiedade na sua voz, como era normal sempre que falamos de Thomas. Mas ele apenas se limitou a responder como se lhe tivesse perguntado o que era o almoço.

- Quer falar comigo.

- E não lhe voltaste a ligar?

- Zacky, não é assim tão simples. – Cruzei os braços cima da cintura.

- Porque não? – Perguntou-me. – Resolve isto Juliet. Se gostas dele, diz-lhe.

As palavras dele eram tão frias, secas.

- Vamos almoçar? – Pedi. Não aguentava mais aquela conversa.

- Sim. – Desenhou um sorriso nos seus lábios.

Percorremos as ruas da Baixa da cidade, indo até ao nosso restaurante preferido.

Perdia a noção de tempo sempre que estava com Zacky. Era como se o mundo fossemos apenas nós, e o tempo apenas uma sombra nossa.

E de repente, ele entrou. O meu coração bateu mais forte, e as minhas mãos soltaram-se das de Zacky, onde estavam anteriormente. Mordi os lábios, receosa, e ele caminhou na nossa direcção, também ansioso. Eu sabia quando ele não estava seguro de mim mesmo.

- Juliet. Como estás? – Perguntou-me.

Zacky olhou de alto a baixo, e Thomas focou-o confuso.

- Thomas, por aqui? – Zacky dirigia-lhe a palavra no tom mais sarcástico que eu lhe conhecia.

- Sim, vim buscar umas encomendas da minha avó. E vocês, a aproveitar a tarde?

- Sim. – Respondeu-lhe, abrindo um enorme sorriso falso.

- Então não vos incomodo mais. Depois falamos, Juliet. – Disse-me, com um pequeno sorriso.

Deixei que a porta por onde ele saiu, voltasse a bater, para pegar na minha mala e sair a correr. Não atrás de Thomas, mas fugindo de Zacky. Como é que ele podia dizer-me para falar com Thomas, e depois tratá-lo assim, sem me deixar falar com ele?

Encostei-me numa das paredes da rua estreita, e não demorou mais de dois minutos até Zacky aparecer olhando-me baralhado. Suspirei zangada.

- Como é que podes dizer para eu revolver uma coisa, e quando aparece o momento acabas com ele? – Resmunguei.

- Eu quero que resolvas, mas não ao pé de mim.

Olhei-o, perplexa com as suas palavras. Ele estava a enlouquecer, ou era eu?

- Porque não?

- Porque eu não quero assistir a isso.

O quê? Um aperto contraiu todos os meus músculos.

- Assistir à minha felicidade?

- Juliet, eu vi a maneira com que ele olha para ti. Vocês tem de ficar bem, mas não me obrigues a assistir a isso. É melhor eu me ir embora.

Virou costas e deixou-me sem entender metade das suas palavras.

- Zacky! – Gritei.

Nada me valeu. Ele seguiu o seu rumo, ignorando as minhas palavras.

Não entendia, não percebia. Como é que ele podia ser assim comigo? Ele tinha alguém, e eu não podia ter um amigo? Ele podia amar alguém, e eu não podia ficar bem com um amigo.

Não compreendia, como é que ele podia ser tão injusto? Mas eu não conseguia concentrar-me nas suas palavras, apenas me sentia mal por ele não estar aqui.

Desejava que ele estivesse aqui, mais do que nunca. Desejava que ele me abraçasse, e me acariciasse o rosto. Desejava que os seus lábios beijassem os meus. Mas no que é que eu estava a pensar?