Acordei com o travesseiro babado, o que não é nenhuma surpresa, já que eu babo enquanto durmo.

Viro-me para o lado e percebo que Annabeth ainda está dormindo. Relembro a noite passada e um sorriso involuntário toma conta de meu rosto. Ela é tão... Ela. Como eu posso me controlar dormindo no mesmo quarto que uma loira dessas? Mordo o coberto, paro de pensar besteira e vou até a cômoda.

Pego uma camiseta simples, uma bermuda, cueca, apanho meu Vans preto e vou até ao banheiro tomar um banho. Quando saio, escovo os dentes, me visto e bagunço/arrumo os cabelos. Annabeth continua dormindo quando desço as escadas.

– Bom dia Percy. – Diz Atena.

– Bom dia. – Sorrio.

– Vocês... – Pigarreou ela. – Chegaram tarde ontem à noite hein?

– Relaxa, não fizemos nada demais. – Pude ouvir um suspiro de alívio.

– Hum... – Começou nervosa enquanto misturava algo em uma vasilha. – Como ela tem te tratado?

– Bem... – Sorrio. – Melhor do que você imagina.

– Ainda bem!

– Onde está meu pai?

– Dormindo, babando angelicalmente em seu travesseiro.

– Isso que é amor. – Sorrio e ela retribui. – O que você está fazendo aí?

– Panque...

Atena não termina a frase, porque no mesmo instante ouvimos um berro feminino do quarto acima.

– Você resolve pra mim? Eu to ocupada.

Bato continência como um soldado, e subo as escadas.

A cena que encontro é ligeiramente engraçada. Annabeth olha para um ponto fixo na parede do banheiro e grita. Seus cabelos estão desgrenhados, porque provavelmente ela acabou de acordar, e seus olhos estão mais escuros do que o normal.

Aproximo-me do banheiro e sigo seu olhar, uma pequena aranha está no espelho.

– Sério que você... – Não consegui concluir a frase, já que ela se jogou em cima de mim prendendo os braços em meu pescoço e entrelaçando as pernas em minha cintura.

– Mata Percy, por favor. – Senti suas lágrimas em meu ombro.

Sério que ela tem tanto medo assim de aranha?

– Ok, mas é meio difícil me concentrar com você seminua grudada em mim.

Ela sorri em meio às lágrimas me solta e sai correndo para cama. Acabo com a aranha em segundos, depois me sento ao seu lado.

– Isso é sério? – Perguntei.

– Sim! – Ela socou meu braço e limpou algumas lágrimas. – Longa história.

– Hum... Você está parecendo uma louca, e esse cabelo não ajuda muito.

– Idiota! – A loira sorri, e mesmo com esse ar de quem acaba de acordar ela estava maravilhosa. – O que vamos fazer hoje?

– Nós?

– Sim.

– Você eu não sei, mas eu vou sair com meus amigos.

– Então você está desistindo de passar o dia com uma loira gostosa, pra ficar com um monte de macho? Ainda diz que não é gay. – Ela se levanta.

– Quem é a loira gostosa? – Sorri irônico. – Não conheço, por um acaso é aquela que acha que eu me chamo Alex?

– Ela mesma. – Annabeth revira os olhos. – Estou indo tomar banho.

– Isso é um convite?

– Se você não tivesse me descartado, talvez. – Ela sorri e adentra o banheiro, dessa vez levando roupas.

Balanço a cabeça e retiro aquele sorrisinho bobo do meu rosto. Apanho meu celular e procuro por: Bode.

– Percy vagabundo. – Ouço a voz de Grover.

– E aí veado.

– Chora parceiro.

– Tá ligado àquela boate que a gente frequenta?

– Da tia Eme?

– Essa mesmo.

– O que tem ela?

– Eu queria dar um pulo lá hoje.

– E cara... Hoje eu vou sair com a Juníper.

– Não tem problema, pode levá-la.

– Sei não, acho que ela vai se sentir deslocada.

– Mesmo se eu levar a filha da namorada do meu pai, Nico e Thalia?

– Nico? Aquele seu primo maneiro?

– Sim.

– Quem é Thalia?

– Namorada dele.

– Não! Esse boiola tem namorada?

– Também não acreditei.

– Por mim fechou cara.

– Beleza, nós nos encontramos lá de noite.

– Ok, falou.

– Falou.

Em seguida ligo para Nico, e ele diz que vai porque não tem nada melhor pra fazer.

Annabeth demora uma eternidade no banho, de forma que eu já estou impaciente e com fome de tanto esperar.

– Porque você ainda não desceu? – É a primeira coisa que a loira pergunta.

– Eu queria te avisar que vamos sair à noite.

– Pensei que você fosse sair com seus machos.

– Nós vamos.

– Tem algum gatinho? – Ela dá de ombros.

– Todos comprometidos, menos o moreno aqui.

– Que droga hein.

– Ah é?

Eu me levanto e a puxo pela cintura colando nossos corpos, e então sussurro em seu ouvido, e a sinto estremecer.

– O que está acontecendo aqui? – Ouço a voz de meu pai.

Sinto que Annabeth fica nervosa, pois ela se comprime mais sobre o meu corpo em uma tentativa fail de se esconder.

– Nada, só estou abraçando minha meia irmã.

– Sei... – Ele sorri e desce.

Solto Annabeth e ela suspira aliviada.

– Vem, vamos descer. – Puxo a loira pela mão.

***

– Bom dia família. – Atena cantarolou.

– Mãe, é você mesmo? Cozinhando e tudo o mais?

– Sim.

A mesa do café possuía panquecas, frutas, leite, suco e calda de chocolate.

– Isso está lindo, querida. – Meu pai beija o topo da cabeça de Atena e se senta.

Enquanto comemos, conversamos sobre fatos vergonhosos do passado como, por exemplo, eu ser o Sr. Fraldinha, que colocava a fralda suja na cabeça e saia correndo e gritando pela casa. E a Annabeth ser a Menina Penico, que fazia basicamente a mesma coisa, porém com o penico.

Em algum ponto das conversas e risadas, o telefone tocou e Annabeth foi atendê-lo. Atena e Poseidon continuavam a conversar freneticamente, mas eu estava mais preocupado em saber com quem a loira conversava, volta e meia eu ouvia suas risadas e isso me incomodava.

– Quem era? – Atena perguntou assim que Annabeth retornou.

– Meu pai. – Ela sorriu, e seus olhos brilharam.

Senti alívio instantâneo ao saber que era seu pai e não um namoradinho qualquer, mas a expressão de Atena me deixou em dúvida.

– O que ele queria?

– Ele quer me levar para jantar, hoje à noite.

Atena deu de ombros, enquanto Annabeth se sentava novamente.

– Nós não íamos sair hoje à noite? – Sussurrei.

– Sinto muito moreno, vai ficar pra outro dia. – Ela responde no mesmo tom, e então continuamos a tomar nosso café.