O aniversario de Zoe tinha tudo para dar errado. Na noite anterior havia tido uma discussão com sua mãe, pois a mesma não queria falar sobre seu pai. O Pai de Zoe desapareceu quando ela tinha apenas três anos e não lembrava-se muito dele. Tudo o que ela sabia sobre ele era que sofreu um acidente de carro e tinha que acreditar naquilo, pois não conhecia nenhum outro parente.

Zoe havia combinado sair com duas amigas à noite, se encontrariam as 19h00min em uma lanchonete e depois iriam para algum outro lugar para se divertir. A lanchonete ficava a duas quadras de sua casa e não iria demorar em chegar lá. Prestes a sair de casa sua mãe se colocou na frente da porta:

–Posso saber aonde vai?

–Vou comemorar meu aniversario com as minhas amigas, você sabe, venho planejando isso há uma semana.

–Pensei que tivesse entendido quando lhe botei de castigo ontem.

–Mãe, você prometeu! É meu aniversário e eu quero sair me divertir, já passei o dia todo trancada aqui.

–Eu não me importo em te deixar trancada mais umas horas, dias, você não vai me desobedecer!

–Mas é meu aniversário.

–Tem bolo na geladeira que eu comprei e podemos ver um filme.

–Você não entende! Você nunca entende!

Então Zoe virou as costas e foi para o quarto. Batendo a porta atrás de si. Sua raiva era tão grande quanto podia imaginar. As lagrimas não demoraram a vir.

Olhando para baixo, viu pingar gotas de um liquido escuro e espesso no lugar de suas lagrimas. Notou que era sangue, correu para o banheiro e olhou no espelho. Seu rosto coberto de sangue, mas era tão estranho, pois como poderia chorar sangue sendo que não estava machucada e aquilo era impossível. Lavou o rosto e sentou no chão. Estava tão cansada e confusa que abriu o armário e tirou o primeiro frasco de pílulas e leu que era um forte calmante e tomou algumas pílulas, sem contar quantas. Resolveu tomar um banho, sentou na banheira e a deixou encher. Vencida pelo cansaço dormiu ali.

Martha que esperava sentada numa poltrona perto do banheiro a saída da filha para uma conversa, notou o completo silencio e o somente o barulho de água corrente. Ao se aproximar da porta do banheiro notou que havia água passando por debaixo da porta. Desesperada empurrou a porta que se abriu facilmente e correu ver Zoe. Zoe estava inconsciente e fria. Abalada à mãe a levou para o quarto e a colocou embaixo das cobertas.

Não demorou a Zoe acordar, totalmente assustada. Começou a chorar e novamente tudo se manchou de vermelho.

–Não! Não pode ser! Eu... eu achei... eu achei que não...

–O que estava acontecendo?! - entre soluços Zoe implorava por uma explicação- O que é isto?

Martha sem saber o que fazer ou explicar apenas abraçou sua filha, lhe entregou roupas e a botou para dormir.

–Tente dormir. Amanha estará tudo bem, é só um pesadelo filha.

Deu-lhe um beijo e saiu do quarto. Porém, Zoe conseguia pensar em inúmeras coisas, menos a resposta para o que aconteceu. O sono custou a vir.