Sexta, 23 de abril de 2014, 10h30

Alice e seus pais subiam a escada do 221B calmamente. Ela ainda sentia dificuldade para respirar em certos momentos. Teve que ficar mais dias no hospital por causa de complicações respiratórias. Adentraram o flat normalmente.

"Está com fome?" Sherlock perguntou.

"Sim." A jovem respondeu.

"Tem bolo, você quer?"

"Sim, por favooor!" Ela disse imitando o tom manhoso de uma menininha. Seus pais riram. "Eu vou tomar um banho, depois volto para comer..." Ela avisou e foi até seu quarto.

Tomou um banho quente e demorado, para relaxar. Passou a maior parte do tempo pensando em coisas aleatórias e em sua escola. Tinha convencido seus pais de que não havia sido um acidente, e não tirava aquela cena de sua mente. Saiu do banheiro e vestiu-se.

Desceu para o 221C, que era seu cantinho especial. Lotado de tintas, pincéis, lápis e etc., o local estava decorado de acordo com o humor da jovem. Suas pinturas refletiam tudo o que ela estava sentindo em tal momento.

Resolvera deixar sua criatividade guiá-la. Quando percebera, o pincel fluía pela tela, formando uma pintura curiosa.

Ela havia pintado o tal homem que vira. Ele estava por detrás das chamas, assim como ela lembrava-se.

Havia ficado lá por um bom tempo, e sentia-se cansada. Subiu para o flat novamente, e foi para seu quarto. Deitou-se na cama e pegou seu celular. Tinham algumas mensagens e chamadas perdidas. Leu e respondeu algumas.

"Como você está?

Steve."

"Estou bem. A respiração está complicada, mas estou em casa.

Alice."

"Steve está louco. Não tem previsão para a volta da escola, mas a diretora quer falar com você. Soube que teve alta hoje. Está viva?

Tom."

"Não, só sobrou meu espírito, é ele quem está digitando. Por que Steve está louco? Ele sempre foi. O que ela quer comigo? To com medinho.

Alice."

Ela resolveu abrir seu e-mail. Havia um com o título "Universidade de Oxford". Logo quando ia lê-lo, Sherlock apareceu na porta.

"Telefone para você."

"Já?" Ela estendeu a mão e pegou o aparelho. "Alô?"

"Alô, Alice? Aqui é a Srta. Dumont. Como você está?"

"Bem. Saí do hospital hoje. Como está a escola?" Ela tentou ser simpática.

"Sem previsão de volta..." Foi possível ouvir a tristeza na voz da diretora. "Mas eu tenho boas notícias para você."

"Jura? É exatamente disso que eu estou precisando..." Ela riu.

"Juro. Eu enviei uma carta recomendando você, para a Universidade de Oxford!"

"O QUÊ? Oh meu Deus, puta que pariu!" Alice surtou, mas logo percebeu o que havia acabado de dizer. "Perdão, professora. Mas, pelos Deuses! Quando a senhora fez isso? Por quê? Oh Deus..."

"Tem alguns dias. Eles já devem ter entrado em contato com você via e-mail." Clarice Dumont ria no outro lado da linha.

"Sim, tem um e-mail aqui! Obrigada, Srta. Dumont!" Ela focava na tela de seu notebook.

"Ok, agora vá respondê-los! Depois nos falamos."

"Sim, claro... Obrigada mesmo! Até logo!" Então elas desligaram. Alice lia e relia o e-mail, que comentava da carta, que souberam de suas notas e seu potencial, e visavam avaliar seu perfil para ela poder cursar o que queria.

"Pai!" Ela saiu correndo e gritando, com o computador em suas mãos. Os dois estavam na sala, e iam preocupados em direção à morena. "Olhem isso!" Ela sentou-se no sofá e depositou o laptop na mesa. John e Sherlock sentaram um em cada lado de Alice.

"Eu sabia, eu sabia!" John exclamava enquanto beijava sua filha.

"Parabéns, meu anjo!" Sherlock fazia o mesmo.

"Obrigada, gente." Ela os abraçou. O trio estava muito feliz. "Agora vocês terão que me ajudar a escolher o curso..." Disse, com um sorriso.

Então, eles começaram a ler sobre vários cursos, já que Alice era uma menina muito indecisa. Ficaram se divertindo com isso até a hora do jantar, quando Mrs. Hudson teve que chamar a atenção da família Watson-Holmes.

Dia seguinte

Sábado, 24 de abril de 2014, 12h10

Alice sentia-se cansada. Já havia acordado, mas resolvera ficar na cama, pensando. Levantou-se e notou a casa vazia. Na geladeira, jazia um bilhete:

"Estamos na Yard, voltamos antes que você acorde.

Papai"

"Vocês estão atrasados." A jovem murmurou.

Pôs água na chaleira, para fazer um pouco de chá. Pescou seu telefone e foi assistir TV. Abriu seu Whats App e começou a conversar com Tom.

'Alice

Como estão as coisas por aí?'

'Tom

Ruins. Minha irmã fugiu. Eu sei pra onde ela foi, mas não vou contar pros meus pais. Ela é maior, e tem o direito de fazer o que quiser. Eles estão arrasados, procurando por ela. E por aí?'

'Alice

Bem. Meus pais tão na SY. Acho que devem estar conversando sobre o que aconteceu na escola. Te contei do que eu vi?'

'Tom

Gnomos? Parei. Não, conta aí.'

'Alice

Eu vi uma pessoa. Um cara de terno, sentado no refeitório. Ele estava meio que atrás do fogo, sorrindo para mim. Tom, você sabe como eu sou, quando uma coisa entra na minha cabeça, ela não sai. E eu tenho certeza que aquele incêndio foi proposital. Só não sei por qual motivo, nem por quem.'

'Tom

Caramba, fiquei com medo. Acho bom você falar com os Yarders, mesmo. Mas enfim, preciso ir. Meus pais querem ajuda para procurar Anne. Beijos.'

A morena foi tomar um banho. Logo quando saiu, recebeu uma mensagem de Sherlock.

'Nos encontre na Yard, temos uma coisa para te dar. Venha com cuidado.

SH'

Ela vestiu uma roupa da qual gostava muito. Trançou seu cabelo ainda molhado, e foi fazer uma maquiagem leve. Calçou-se e pescou um óculos. Desceu as escadas do 221B com calma, e foi a procura de um táxi. Conseguiu um com facilidade, e demorou cerca de 10 minutos até chegar em seu destino.

Entrou no prédio da New Scotland Yard, e foi cumprimentada por alguns funcionários. Acabou por dividir o elevador com Sally Donovan.

"Boa tarde, pequena aberração." A mais velha disse ao entrar e posicionar-se ao lado de Holmes, que tinha um semblante pensativo.

"Eu diria que seu mau-humor rotineiro é falta de sexo. Por favor, para o bem de todos, tente ao menos voltar com Anderson. Mas seja mais cuidadosa, para que a esposa dele não descubra novamente."

"Como você ousa..."

"Por favor, não finja que não é visível. Ela descobriu, Anderson está frio com você. Talvez você devesse pensar em fazer menos barulho à noite, vizinhos podem ser fofoqueiros." A menina continuou, até que o elevador parou em seu andar. "Tenha um bom final de semana." E saiu.

Encontrou seus pais na sala de seu tio, Greg.

"Olá, Alice." Lestrade veio abraçar Alice. Ela fez o mesmo; e cumprimentou também, seus pais.

"Então, qual é a surpresa?" Ela perguntou, com um sorriso.

John pegou uma caixa lilás, e entregou-a para sua filha. Dentro, jazia uma espécie de faca. Era simples, bonita, prática e portátil. Alice sempre quisera uma arma, para se defender. Apesar das circunstâncias de sua vida, seus pais nunca concordaram em dar uma a ela.

"Finalmenteeeee!" Ela exclamou. E pulou no pescoço de Sherlock. "Obrigada!" E pulou também em John.

Os três na sala riram da reação da jovem, que mais parecia uma criança.

"Nós concordamos que seria melhor dar a você alguma proteção. Principalmente depois do que aconteceu nessa semana." Sherlock disse.

"E agradeça a mim, que fiz esse cabeça-dura pensar melhor." Greg disse, indicando John. Eles riram novamente.

Como era hora do almoço, os quatro saíram para comer juntos. Tiveram um tarde agradável, como todas as outras.