Um Novo Lar escrita por Lakali


Capítulo 3
Saudades


Notas iniciais do capítulo

Oie! Mais um capítulo. Peço desculpas pela demora, aconteceu um monte de coisa mas finalmente ele saiu do forno. Obrigada pelos comentários, espero que se divirtam!

P.S.: Lembrando que:

Em itálico: pensamento da pessoa
— Texto depois do travessão: fala do personagem
Texto normal: narração da história



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Na época do Natal a cidade de Tóquio virava uma loucura. Para todos os lados que se olhasse havia uma correria para as compras de fim de ano, onde inúmeras pessoas entravam e saiam das lojas carregando diversos pacotes de presentes de tamanhos e cores variados. As ruas, casas e lojas ficavam enfeitadas com luzes e mais luzes brilhantes piscando sem parar, bolas coloridas e de vários tamanhos e tipos, bonequinhos de papai noel, renas, anões vestidos de verde, vermelho, azul e mais um trilhão de enfeites característicos dessa época.

Toda a cidade voltada para celebrar um dos momentos mais bonitos do ano. Nessa época os bares e restaurantes ficavam lotadas, os risos podiam ser ouvidos de qualquer lugar, as pessoas sorriam sem motivo aparente... tudo era motivo de festa e alegria pela chegada do natal e logo, logo de um novo ano. Ao menos para a maioria das pessoas. Para alguns, como Hikaru e Fuu, aquela época representava uma perda enorme e uma saudade sem fim.

Enquanto tantas pessoas corriam para fazer suas compras, Hikaru e Fuu estavam sentadas no banco de um parque ecológico situado em um bairro nobre de Tóquio, próximo à casa dos pais de Umi. Em meio a toda aquela agitação elas haviam acabado de participar de uma cerimônia de despedida em memória de Umi que seus pais realizaram.

Já fazia quase um ano que Umi havia morrido...

Início Flashback

Quando elas abriram os olhos na Torre de Tóquio e perceberam que Umi não estava ali com elas, Hikaru e Fuu choraram. As pessoas que passavam por elas na torre não conseguiram entender porque duas garotas começaram a chorar do nada. Alguns se aproximaram perguntando se estavam sentindo algum mal, se queriam que as levassem para o hospital. Mas elas agradeceram, pediram desculpas e saíram da torre em busca de um local mais reservado, andando de cabeça baixa enquanto tentavam segurar as lágrimas.

Elas foram parar em uma ruazinha estreita que mais parecia um beco, da parte de trás de dois prédios. Hikaru se encostou na parede e escorregou até sentar no chão. Fuu se sentou à sua frente, encostada na outra parede. Nenhuma delas tinham palavras que não fosse ‘Por que isso aconteceu’ ou qualquer outra reação que não fossem as lágrimas e soluços.

Quanto tempo ficaram ali, quantas horas mergulhadas naquele torpor elas não sabiam. Mas já era de noite quando Fuu levantou seu rosto e olhando para Hikaru disse que precisavam avisar os pais de Umi. Àquela hora eles já deveriam estar preocupados, e provavelmente sabiam que ela tinha ido encontra-las na torre, já que depois todas iriam para a casa de Umi provar um de seus bolos.

Tentando clarear um pouco a mente elas se forçaram a parar de chorar, enxugaram o rosto e levantaram indo em direção à casa onde Umi morava com os pais. Enquanto conversavam durante o trajeto elas chegaram à conclusão de que era melhor dizer aos pais que Umi não as havia encontrado com combinado.

Por mais que não gostasse da ideia de mentir não podiam simplesmente dizer que elas haviam sido transportadas para um outro mundo, e que enquanto estiveram lá lutaram como guerreiras mágicas ao lado de guerreiras e magos (inclusivo um com mais de x anos) contra uma infinidade de monstros e criaturas abomináveis, e um ser maligno que queria dominar aquele mundo. Há e sua filha foi morta no meio disso tudo. Então nós fomos transportadas de volta para a torre onde, assim como em toda a Tóquio, o tempo havia sido congelado (se isso aconteceu no mundo todo ai elas já não sabiam).

Então não, realmente neste caso a verdade não era a melhor saída, ou a mais fácil. Elas precisariam mentir e dizer que não haviam visto Umi. Que ficaram esperando por ela todo aquele tempo.

Ao chegarem na casa tocaram a campainha e aguardaram. Um mordomo atendeu a porta e levou-as para a sala de espera que elas já conheciam muito bem. Não era a primeira vez que iam ali. O mordomo as deixou ali e saiu para avisar ao senhor e senhora Ryuzaki, que entraram na sala quase que imediatamente depois. Já estavam preocupados com sua filha, ela nunca foi de ficar fora tanto tempo, ainda mais quando disse que iria voltar para casa à tarde para tomar um chá com suas amigas.

O pai de Umi era um homem alto e forte, estava vestindo uma calça social cinza escuro e uma camisa social de tonalidade azul claro. As mangas da camisa estava arregaçadas acima do cotovelo e seus cabelos pretos com poucos fios brancos aparentes estava em um completo desalinho. Provavelmente por ter passado a mão ali várias vezes em um sinal de preocupação. Sua esposa, mãe de Umi, vestia um conjunto de saia e blazer na cor vermelha, seus cabelos castanhos estavam presos em um coque no alto da cabeça. Brincos de pérolas enfeitavam suas orelhas fazendo conjunto com o colar também de pérolas que ela usava. Seu rosto estava um pouco pálido e seus olhos demonstravam uma certa aflição.

Hikaru e Fuu já conheciam os pais de Umi. Eles eram amáveis e doces apesar do status e posição que ocupavam na sociedade. Tinham verdadeira adoração pela única filha. Quando Umi os apresentou eles foram educados e gentis, mas não de uma forma vazia. Estavam realmente felizes por conhecer as amigas da filha. Por isso elas haviam gostado deles logo de cara. Agora estavam ali para falar que a filha deles havia desaparecido.

Elas os cumprimentaram e logo depois Fuu começou a falar. Disse que haviam combinado de se encontrar com Umi na Torre de Tóquio a algumas horas atrás. Andariam por algumas lojas no centro e depois voltariam para a casa de Umi onde tomariam um chá e comeriam um de seus famosos bolos. Entretanto Umi não apareceu conforme o combinado, Fuu havia dito enquanto sua voz falhava um pouco. Elas esperaram por um bom tempo até que começaram a ficar muito preocupadas e resolveram ir ali para ver se tinha acontecido algo.

Quando Fuu se calou a senhora Ryuzaki começou a chorar. Seu marido correu ao telefone e ligou para a polícia informando o desaparecimento de sua filha. Pronto. De uma forma ou de outra a missão delas estava cumprida. Haviam informado a família de Umi a pior notícia que poderiam receber: que ela não estava mais ali.

A polícia chegou na casa dos Ryuzaki pouco tempo depois do telefonema. Os policiais conversaram com os pais de Umi rapidamente e emitiram um alerta pelo rádio da polícia do desaparecimento. Depois um dos policiais chegou perto delas querendo conversar e a partir daí começou outro pesadelo para Hikaru e Fuu. Elas foram interrogadas pela polícia diversas vezes, contando tudo: desde quando conheciam Umi, como ficaram amigas, o que haviam feito aquele dia, quanto tempo até perceberem que não era um atraso normal, e por ai foi uma enxurrada de perguntas.

A investigação durou meses. Eles conversaram com amigos de Umi, o grupo de esgrima, professores, fizeram uma investigação na torre, analisaram vídeos e câmeras de segurança (apesar de Umi ter se encontrado com Hikaru e Fuu os vídeos não mostraram nenhuma imagem dela entrando na torre). Foi feita uma investigação minuciosa e uma busca desesperadora. Cartazes escrito ‘Desaparecido’ com uma foto de Umi e seu nome foram espalhados pela cidade, pedindo para ligarem para o número informado caso tivessem qualquer informação. O mesmo foi divulgado nos jornais e até mesmo em um canal de televisão. Os pais de Umi fizeram tudo que estava ao alcance, os policiais e amigos e todos que queriam encontra-la, mas no final, nenhuma pista que conduzisse ao paradeiro de Umi Ryuzaki foi achada.

Todos que haviam convivido com Umi estavam estarrecidos com a situação e inconformados pela falta de notícias do que poderia ter acontecido com ela. Por fim os pais de Umi não aguentando mais a angústia e a falta de notícias decidiram por fazer uma cerimônia de despedida. Uma reunião íntima envolvendo apenas os parentes e amigos mais chegados para que todos dissessem adeus e de alguma forma, sem nunca perder a esperança de que algum dia ela pudesse voltar, eles pudessem tentar seguir com suas vidas ou o que sobrou delas.

A cerimônia foi realizada na casa dos Ryuzaki, na sala principal. Desde a entrada o lugar estava decorado com rosas brancas. Ao entrarem no cômodo Hikaru e Fuu viram uma enorme foto de Umi que havia sido colocado de frente à entrada da sala, encostado na parede ao fundo. Ele mostrava uma Umi sorridente, com olhos brilhantes e a face levemente corada. Ao ver a foto Hikaru estacou onde estava.

– Hikaru...

– Fuu...eu não consigo.

– Nós precisamos. Vamos, estamos no caminho.

Com a mão pressionando de leve o ombro da amiga, Fuu a conduzi próximo à foto. Em baixo do quadro havia uma bancada de madeira onde as pessoas podiam deixar os objetos que haviam trazido. Ao anunciarem que fariam uma cerimônia de despedida, os senhor e senhora Ryuzaki pediram para que cada um levasse um objeto que os fazia lembrar de Umi. Eles gostariam de ver como cada um enxergava a filha.

Ao olharem para a bancada Hikaru e Fuu viram que havia vários botões de rosas sendo alguns deles azuis, medalhas de ouro de campeonatos de esgrima que provavelmente foram trazidas por suas amigas do grupo de esgrima, alguns bichinhos de pelúcia, uma miniatura de um bolo, e outras coisas que elas não deram muita atenção.

Olhando para o quadro à sua frente elas começaram a deixar as lágrimas escorrerem pela face.

– Umi-san... minha amiga... sentirei sua falta. Hikaru balbuciou.

– Nunca vamos te esquecer Umi-san. Você estará sempre em nossas lembranças e em nossos corações. Completou Fuu.

Então elas colocaram sobre a bancada o objeto que haviam trazido, que as fazia lembrar de Umi: um dragão marinho feito de vidro, totalmente azul.

Término Flashback

Após o término da cerimônia Hikaru e Fuu decidiram passar em um parque ecológico que ficava perto da casa dos pais de Umi para poderem colocar suas emoções sobre controle. Ver todos que amavam Umi reunidos se despedindo dela, lembrando seus sonhos, desejos, situações que haviam vivido junto a ela havia sido muito dolorido. Então ao saírem da casa resolveram ficar mais um tempo juntas.

Elas andaram no parque até acharem um banco onde estavam sentadas agora. Fuu encarava uma árvore a sua frente e Hikaru observava o céu. Desde que haviam chegado ali elas não se falaram muito, tudo que precisavam era da companhia uma da outra. Cada uma estava mergulhada em seus pensamentos e lembranças. Hikaru observava o céu se lembrando das vezes em que Umi corria trás de Mokona. Fuu observava as árvores lembrando das vezes em que Umi havia discutido com Caldina.

– Sinto falta dela. Hikaru falou com a voz embargada.

– Eu também. – Respondeu Fuu. – Ela era incrível não era?

– Sim. Umi-san era especial.

– Na primeira vez que nos falamos em Cephiro ela estava tão brava.

– É.. ela sempre foi do tipo estourado né? Hikaru disse com um leve sorriso e uma expressão de saudade no rosto. A mesma expressão que também estava no rosto de Fuu.

– Sim, e quando corria atrás da Mokona tentando comê-la era hilário. - Completou Fuu. - E quando implicava com o Guru Clef então...

Hikaru soltou um riso tristonho com o último comentário de Fuu. – Sabe? Eu acho que o Guru Clef estava gostando dela.

– Ha, eu também percebi isso. Quem diria né, ela implicou com ele desde o início.

– É.

Hikaru pensou na amiga que havia feito em um mundo estranho. Nos momentos que passou com ela naquele lugar. Em como Umi decidiu proteger seus amigos. Protegê-las. Ela sempre estaria em seu coração. Em suas lembranças. Sua vida não era mais só dela. Precisava vivê-la por ela e por Umi. Hikaru se levantou do banco, deu alguns passos para frente observando a paisagem. Depois virou-se e encarou Fuu com uma nova determinação no olhar.

– Sabe Fuu? Acho que vamos ficar bem. Não será a mesma coisa, sempre vamos ter essa saudade. Mas sempre vamos tê-la conosco no nosso coração. Compartilhamos muitas coisas com ela e isso nada pode tirar de nós. Ela deu sua vida pelos seus amigos. Por nós. Acho que devemos viver nossas vidas por ela também.

Enquanto ouvia Hikaru falar, Fuu sentiu seu coração ficar mais leve. Sim, ela tinha razão, pensou. Levantando-se do banco, Fuu se aproximou de Hikaru e lhe deu um abraço enquanto dizia:

– Você tem razão. Sempre teremos Umi em nossos corações. E sempre viveremos por ela.

–x-x-x-

Cinco Anos. Clef pensou, olhando por uma janela no palácio em Cephiro. Cinco anos de paz, sem monstros ou mundos atacando Cephiro. Cinco anos em que os habitantes deste mundo são felizes, vivendo suas vidas com seus sonhos se tornando realidade, fazendo planos para o futuro sem medos e tendo esperança de uma vida plena. Cinco anos de alegrias, recordações, e saudades. Cinco anos no qual em todas as noites depois de dormir eu sonho com você, Umi.

Diferente da terra, em Tóquio, que havia se passado pouco mais que um ano, em Cephiro já haviam se passado cinco anos desde aquela noite trágica em que as Guerreiras Mágicas lutaram contra Debonair.

Depois que Hikaru e Fuu voltaram para o mundo delas foi difícil arcar com a realidade do que acontecera. Cephiro estava salva e aquilo era um alívio enorme, mas uma das guerreiras mágicas estava morta e saber que a salvação de Cephiro custara à vida de uma jovem que nem sequer escolheu ser guerreira mágica e ainda por cima ser a que ele estava amando havia consumido seu coração.

Desde então, Clef sonha todos os dias com Umi. No início os sonhos eram como uma lembrança da luta que havia presenciado entre as guerreiras e Debonair. Ele sonhava com o instante exato no qual Umi era pega pelo golpe de Debonair e desaparecia. Sempre acordava depois do sonho ofegante e chamando por ela.

Para tentar não sonhar quando fosse dormir ele então se ocupou o máximo que podia, afinal existia um povo que precisava de ajuda para reconstruir suas casas e suas vidas. Era preciso estabelecer como viveriam afinal não havia mais um núcleo ao qual eles responderiam. Havia muito trabalho a ser feito então ele se manteve ocupado, ajudando, orientando. Assim conseguiu por um pequeno tempo empurrar a dor que sentia bem lá para o fundo.

Mas depois... depois que tudo ficou em ordem a dor veio subindo e gritando dentro dele como um furacão surgindo no céu e esmagando tudo que encontrava pela frente. Ele não conseguia parar de pensar em Umi. Também estava preocupado com Hikaru e Fuu, não sabia como seria no mundo delas por Umi não ter voltado. E apesar da paz que viviam em Cephiro ele passava os dias angustiado.

Quando ele olhava para seus amigos - Caldina, Lafarga, Ascot, Presea e todos os outros - ele percebia o mesmo sentimento de tristeza e culpa entre eles. Todos sentiam a mesma ausência, o peso do mesmo fato gritando em seus corações: Umi estava morta. Tudo estava perfeito em Cephiro, mas ao mesmo tempo nunca estivera tão errado.

Então, tomando uma decisão depois que terminaram de reconstruir Cephiro, Clef conversou com os outros e resolveram fazer uma homenagem a Umi. Uma cerimônia onde todo o povo estivesse presente para compartilhar o sentimento de pesar e gratidão pela guerreira mágica que dera a vida por eles, por seus amigos, e por um mundo que sempre seria grato por ela.

A cerimônia ocorreu em uma linda noite estrelada. Todos os habitantes saíram de suas casas se encaminhando para frente do castelo. Durante a cerimônia várias pessoas falaram e fizeram homenagens a Umi: as que haviam lutado ao lado dela desde o início como Ferio e Priscila, as pessoas que foram mudadas por ela como Ascot e Caldina. As pessoas que não tiveram muito contato, mas que viram sua coragem como Lantis. E ele. Que havia se apaixonado por ela.

Clef falou sobre Umi desde a primeira vez que a vira, sobre como ela não queria ser uma guerreira mágica, como queria apenas voltar para seu mundo. Falou também como ela mudou seu pensamento pelas amizades que fizera em Cephiro, e como doou seu coração e sua alma à causa de um país que ela nunca havia conhecido, como se aquele fosse o seu país, o seu povo. Para ela todos que estava ali hoje não eram estranhos, e sim amigos. Pessoas que ela amou e se dedicou a libertar das trevas e proteger, junto com as outras duas guerreiras mágicas, Hikaru e Fuu. Quando terminou de falar Clef estava com lágrimas nos olhos. Para encerrar a cerimônia ele fez uma mágica fazendo subir ao céu pequenos pedacinhos de papel prateado, como uma chuva de estrelas. E lá no alto no céu, eles se juntaram formando o rosto de Umi.

Quando a cerimônia acabou, os moradores voltaram para suas casas. Clef e os outros conversaram por um tempo lembrando as situações que viveram com Umi. Depois eles se despediram e foram para seus quartos no palácio. Clef foi para seu quarto para poder descansar. Ele se deitou em sua cama e dormiu, e a partir desse dia seu sonho mudou. Ele não mais sonhou com Umi sendo morta. No seu sonho Umi estava dentro de uma bolha feita de água. Ela sorria para ele com o mais lindo sorriso que ele se lembrava de ter visto. Ao acordar, ao contrário do que acontecia antes quando acordava de madrugada, ele percebeu que já era dia e que havia dormido a noite toda.

Desde esse dia, durante cinco anos ele sonha com ela assim, dentro de uma bolha de água. Em alguns sonhos ela sorri para ele, o chamando. Em outros ela apenas o olha, e em alguns seus olhos estão fechados como se estivesse dormindo. Mas em todos os sonhos ela exala uma vida, uma energia e vitalidade tão intensas que ele sempre ao acordar acha que ela esta ali ao seu lado. E então ele precisa de alguns minutos para entender que a realidade é diferente de seu sonho. Clef se questionou se algum dia os sonhos que tinha iriam parar. Eram uma loucura e um alento ao mesmo tempo.

Olhando através da janela ele pôde ver Lafarga no jardim do palácio treinando com Ferio. Mais à frente Lantis estava sentado em cima de uma árvore, observando o treino que os dois faziam. Nesses cinco anos muitas coisas haviam acontecido. Todos seguiram com suas vidas.

Presea (sua irmã gêmea na verdade, que adotou seu lugar) havia com a ajuda dele reconstruído a casa onde a verdadeira Presea tinha vivido, e se mudado para lá. Ela se dedicou assim como a irmã, em fabricar armas. Embora não estivessem mais em guerra não custava prevenir ela dizia. Ela sempre visitava o castelo para conversar com Clef e rever a todos. Assim como Lafarga e Caldina.

Lafarga e Caldina haviam se casado e na ocasião uma grande festa foi dada para celebrar a união dos dois. Eles moravam em uma casa no vilarejo próximo ao castelo. Eles estavam felizes e já pensavam em ter filhos. Após ajudar na reconstrução de Cephiro Lantis voltou ao planeta Autozam para participar de uma homenagem feita ao Águia. Ele ficou por algum tempo lá e depois retornou. No início era possível ver que ele sentia uma saudade muito grande de Hikaru, que chegava a doer.

Situação essa que também acontecia com Ferio, que se lembrava muito de Fuu. Por vezes Clef havia encontrado Ferio em algum canto do castelo com os olhos marejados de água, e Lantis cabisbaixo sentado próximo a uma fonte dentro de uma sala no castelo. Não era preciso perguntar o motivo da tristeza de ambos. Ele sabia o que era. Ele também sentia. Saudade.

Com o tempo Ferio, Lantis e ele mesmo aprenderam a transformar aquela saudade que doía tanto a ponto de fazer sangrar o coração em uma lembrança agradável de mulheres que os haviam conquistado pela beleza que emanava delas, pela coragem que demonstravam, e pelo coração que possuíam. Por esse motivo Lantis e Ferio ainda estavam solteiros. Embora já começassem a sair para algumas festas e visitar outros países eles ainda não estavam prontos para se envolverem com outra pessoa.

Ascot, assim como ele, também havia se apaixonado por Umi. Mas diferente dele já deixara aquele sentimento se transformar em recordação, se envolvendo com outra pessoa. Ele havia conhecido uma mulher em um dos vilarejos próximos ao castelo e estavam se encontrando. Caldina adorava tirar um sarro dele por causa do namorico, embora algumas vezes ela agia como uma mãe superprotetora interrogando a garota. Isso rendia boas risadas a todos – menos à garota e ao Ascot.

Clef voltou seus olhos para uma linda fonte que estava no meio do jardim. Eles haviam construído aquela fonte como um memorial para Umi, uma linda fonte de águas cristalinas que caíam em cascatas promovendo um agradável barulho característico de quedas d’águas. Clef sempre passava por lá, gostava de observar o movimento das águas e lembrar-se da guerreira que havia ganhado seu coração. E ela nem ao menos soube disso, ele pensou enquanto continuava a observar a fonte pela janela. Nem nunca saberia.

–x-x-x-

Quando abriu os olhos todo o seu corpo estava doendo. Seus braços estava tão pesados que mal conseguia movê-los. Estava escuro, totalmente escuro. Tentou enxergar alguma luz mas não conseguia ver nada. Se lembrava de algumas coisas mas tudo estava em flashes dentro de sua cabeça. Se esforçou para pensar onde estava mas sentia um cansaço tão extenuante que pouco tempo depois seus olhos se fecharam, caindo em um sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Oia eu aqui de novo! Espero que tenham gostado. Por favor comentem!!!

Galera, também estou escrevendo outras duas fics, uma do Samurai X (Dia de Tanabata) e outra do Naruto (A Espera). Quem puder dar uma força e ir lá ler, criticar, elogiar, e tudo o mais que quiserem eu ficarei hiper feliz!

No mais, sem mais
Até o próximo capítulo.

Beijos!



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