Tudo Por Você escrita por Renata Leal


Capítulo 22
Enquanto você dormia


Notas iniciais do capítulo

A Gabi é bem dramática como eu... Ou melhor... Existe um pedacinho de mim retratado na Gabi :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446414/chapter/22

Alguns minutos antes de Paula falar com Gabriela por telefone.

Enquanto esperava o meu voo, cacei meu caderno e uma caneta na mochila e comecei a escrever...

Enquanto você dormia, eu cantava para você. Mesmo com uma voz desafinada, você sorria ao me escutar. Enquanto você dormia, eu fazia um carinho em você. Um pouco desajeitado, mas você gostava de sentir. Enquanto você dormia, eu abraçava você. Um abraço forte, intenso, que dizia “nunca vou te soltar”. Enquanto você dormia, sussurrava ao seu ouvido “eu te amo minha princesa, ainda bem que está comigo”. Enquanto você dormia, eu me perguntava preocupado: “Como amo tanto essa garota? Por que tão perfeita? Ela é só minha.”. Enquanto você dormia, eu me sentia bem. Só de saber que vou acordar com você... Já fico tranquilo. Enquanto você dormia, eu fazia planos para o futuro... Para o amanhã. Para um novo dia que eu sonhava em logo chegar.

Fechei o caderno. Respirei fundo. Guardei-o de volta na mochila.

Convencer minha mãe de que precisava ir ao aeroporto urgente não foi fácil. Ela queria saber o motivo, mas eu disse que explicava o caminho. Ela concordou um pouco depois de eu tentar explicar que eu não podia contar agora.

Estávamos na metade do caminho: 14h10.

AI. MEU. DEUS. EU NÃO IA CHEGAR A TEMPO.

14H31.

“Atenção senhores passageiros do voo de Belo Horizonte... O avião está no pátio pronto para aterrissar.”

AH, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO!

– Moça, preciso falar urgente com um passageiro do voo de Belo Horizonte. Por favor. É urgente! – falei desesperada. Minha mãe tentou me acalmar, mas não adiantou.

– Desculpa, senhora, não podemos abrir as portas para uma pessoa que não tenha uma passagem em mãos.

– AI MEU DEUS, MÃE, O QUE EU FAÇO, AGORA? – perguntei a minha mãe. Eu precisava falar com o Rodrigo. Aquilo não podia estar acontecendo...

BELO HORIZONTE – ATERRISSADO

NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO!

Não conseguia enxergar mais nada. Meus olhos foram cobertos de lágrimas. Eu não sabia quando eu iria falar com o Rodrigo... Eu estava completamente perdida. Isso não está acontecendo. Diz-me que é um sonho! Isso não está acontecendo! Não pode está acontecendo!

Não conseguia pensar. Só sei que eu estava chorando muito e agachada no chão. Minha mãe estava implorando para irmos para um lugar mais vazio porque eu estava dando vexame. Porém, eu não conseguia me mexer... Eu não queria sair dali. Eu tinha que chegar de alguma forma naquele avião. Precisava daquele avião.

Por que tudo aquilo estava acontecendo? Seria algum tipo de castigo? Por que isso? Por eu não tê-lo dado a chance para se explicar? Não! Eu não podia dar uma chance a ele... Tudo o que falavam... Que ele só usava as meninas e depois as deixava. Isso tudo eu não queria pra mim... Que tipo de menina seria eu se ficasse com um cara assim? Seria muito falado no colégio... Eu teria fama de vagabunda. Sei lá. Não consigo nem pensar direito.

Não me arrependo de nada do que fiz. Não me arrependo. Porém... Agora eu só sei que preciso dele. Preciso do abraço dele... Preciso sentir o cheiro dele. Preciso tê-lo ao meu lado. Preciso segurar a mão dele. Preciso sentir o gosto da boca dele que eu nunca senti. Preciso beija-lo. Preciso que ele acredite que, agora, eu só quero ele.

Dói admitir isso. Eu não queria um menino assim... Mas, eu tenho que pensar dessa forma: o que aconteceu no passado, antes de eu aparecer, pertence ao passado, não sairá de lá. Então... Pra que me preocupar?

Mas, agora. Acabou. Já era. Ele se foi. Viajou sem saber que o amo. Viajou sem saber que eu preciso dele neste momento.

– Filha... Vamos comer alguma coisa.

– Não vou conseguir engolir nada agora, mãe. Não quero comer. – falei rispidamente. Sei que ela só queria me ajudar, mas tudo o que eu queria era ficar sozinha.

– Por favor... Você não pode ficar sem comer. – ela insistiu.

– Não quero, mãe... – falei.

– Filha, eu sei que esse menino era importante para você. Deus tem planos... Deus nunca erra, meu amor – ela começou – Se não aconteceu, é porque vem coisas melhores... É porque não era para acontecer. Não fica triste, Gabi. Vai chover meninos bonitos e legais na sua horta... Só tenha paciência.

– Não quero meninos bonitos e legais. Eu só quero ele, mãe. Eu preciso dele... Você não entende. Eu gosto muito dele. – falei ainda chorosa.

– Entendo sim. Já tive sua idade. É muito bom amar. Mas, amar tem seus limites. Amar não é algo tão simples. É complexo.

– Eu sei – falei. Ela mexeu no meu cabelo, arrumando-o e fez um carinho no meu rosto. Sorriu. Sorri novamente. Respirei fundo.

– Vamos para a lanchonete. Mesmo que você não coma, me acompanhe. – ela disse.

Suspirei e sussurrei um “tudo bem” e fomos até a lanchonete.

Rendi-me e pedi um suco. Os goles foram descendo pela minha garganta e a arranhando cruelmente. Estava gelado. Conseguia sentir o suco caminhando pela região peitoral. Estava tudo tão sensível.

– Vamos para casa? – minha mãe disse finalmente.

– Sim – falei. Levantamos e empurramos as cadeiras.

Atravessamos um corredor.

Podíamos notar pessoas se abraçando, se despedindo e chorando. Sortudas. Pelo menos tiveram a chance de se despedirem daquele que se ama. Eu não tive. Mas, eu não tenho culpa. Não sabia de nada.

Por que eu tenho que ficar remoendo isso? Se não aconteceu, é porque não era pra ser... Tenho que acreditar nisso...

Alguém grita meu nome.

Não.

É.

Possível.

RODRIGO!

Como isso é possível?????

– Gabriela? O que você está fazendo aqui? – ele perguntou. Eu não conseguia parar de chorar.

Olhei para a minha mãe e implorei para ela me esperar no carro. Ela concordou de cara. Entendeu a minha situação e foi ao estacionamento.

– Eu precisava te ver. Me desesperei quando vi que o voo de BH já tinha aterrissado.

– Não sei como você soube que eu ia embora, mas... A questão não é essa agora. O que veio fazer aqui?

– Eu precisava te dizer que eu... Eu e o Breno... Nós terminamos. E... Eu não podia mais continuar com ele porque eu não o amo da mesma forma. Eu não podia mais continuar com ele porque eu amo outra pessoa. Amo de verdade.

– E... Por que você tinha essa urgência toda para me dizer isso?

Ele estava sendo grosseiro, mas eu o entendia.

– Por que essa pessoa que eu amo... É você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
[Últimos Capítulos!] :D