A Usurpadora escrita por A Usurpadora


Capítulo 1
Capítulo 1




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Em uma choupana numa cidade do litoral, viviam Paulina e sua mãe, Dona Paula. Paulina é uma jovem de aproximadamente 23 anos, cheia de sonhos e com uma beleza indiscutível. Paulina e sua mãe são muito pobres, porém, acima de tudo, são honestas e honradas. Paulina trabalha como faxineira no banheiro de senhoras de um elegante clube na cidade, freqüentado por pessoas de alta sociedade e com muita classe. Paulina não ganha um salário muito grande, e o gasta quase todo com a doença de sua mãe.

Dona Paula está de cama em virtude de uma doença muito grave, mal consegue se levantar. A doença é grave e está em estado terminal, o seu tratamento é muito caro e Paulina, que sustenta a pequena choupana sozinha, não tem nem condições de comprar todos os remédios, porém, Paulina ainda tem esperanças que sua mãe ainda vai se curar.

-Vê se não se esquece de tomar o remédio na hora, mamãe! – Diz Paulina com doçura enquanto acaba de secar a louça.

-Sim, Paulina, sim... – Diz Dona Paula na cama – Agora apure, Paulina, ou vai se atrasar para o trabalho. Não se preocupe comigo.

-Como não me preocupar com você se é quem eu mais amo e tudo o que tenho? – Diz Paulina se aproximando da mãe.

-Não, Paulina, não é verdade! Também tem o seu namorado, o Osvaldo, e com certeza gosta mais dele do que de mim.

Osvaldo é o namorado de Paulina, e a jovem está apaixonada por ele. Osvaldo é um homem ambicioso e cheio de mistérios, e não está muito disposto em enfrentar um relacionamento sério. Paulina ainda tem o sonho de um dia se casar com Osvaldo, embora Paula não goste muito do rapaz.

-Não fale isso, mamãe. Não gosto mais do Osvaldo do que de você.

-Paulina...

-Eu sei, eu sei que Osvaldo não é santo de sua devoção.

-Não, filha, não é. Mas se é com ele com quem quer se casar, o que mais posso pedir para que possa morrer tranqüila?!

-Não, mamãe! Não fale de morte por que eu não gosto! Você vai se curar.

Mãe e filha se abraçam forte. Logo em seguida, Paulina vai, pronta para trabalhar no clube. Paulina não gostava de deixar sua mãe sozinha, às vezes sentia dores muito fortes, que os remédios ajudavam a aliviar. Mas Paulina podia contar com Filomena, sua vizinha, que gostava de Dona Paula e Paulina desde que Paulina era uma criança.

Em uma outra cidade perto dali, encontramos a mansão Bracho, um lugar destruído pela falta de amor. Do jardim da casa se ouvem os gritos da Vovó Piedade, na cama de seu quarto:

-Aonde você está, Paola?! Aonde?! Paola!

Paola Bracho se casou com Carlos Daniel Bracho, um dos netos de Vovó Piedade, e também é mãe adotiva de Carlinhos e Lizzete, os dois filhos de Carlos Daniel de um casamento anterior. Paola está em viagem, na mesma cidade do litoral onde vive Paulina e sua mãe. Paola é idêntica a Paulina em aparência, nunca se conheceram, mas tem personalidades e padrões de vida totalmente opostos. Paola é fina, elegante e com classe, gosta de ir a festas e vive em viagens. Paola diz para Carlos Daniel e a família Bracho estar viajando para fazer exames médicos, mas na verdade, está se encontrando com um de seus amantes, Luciano Alcântara. Carlos Daniel e os demais da família Bracho não desconfiam de nada, nem por sonho.

De volta a mansão Bracho, Adelina, uma das criadas da mansão, entra no quarto de Vovó Piedade, que chama por Paola aos berros.

-Adelina... – Diz Piedade – Dê o meu conhaque, por favor! Dê o meu conhaque!

-Não, Dona Piedade. – Diz com muita calma Adelina – Enquanto eu possa evitar, a senhora não tomará uma gota de conhaque!

-Você é má, Adelina! Você é má e mal agradecida! Tantos anos ao meu lado, e é assim que você me agradece!

-Por favor, Dona Piedade, entenda!

-Não, não entendo nada. Paola é a única boa nesta casa. Estão me matando dentro de minha própria casa, e tudo por que Paola não está aqui!

Nos anos que antecederam nossa história, Vovó Piedade era alegre, andava pelos corredores da casa e era o corpo e a alma da família Bracho, e também era uma das donas da Fábrica Bracho, a fábrica da família Bracho que produz cerâmicas, e hoje está a beira da ruína. Porém, pouco tempo depois do casamento de Carlos Daniel e Paola, o marido de Piedade, o Senhor Bracho faleceu, e então Piedade se viciou no álcool, um vício sustentado por Paola.

-Que volte Paola! – Berrava Piedade – Que volte Paola!

Enquanto isso, Paulina caminha até o ponto de ônibus para ir até o seu trabalho, e encontra com Osvaldo na rua.

-Paulina! – Diz Osvaldo.

-Osvaldo, meu amor. – Diz contente Paulina.

-Aonde vai com tanta pressa?

-Hoje eu entro mais cedo no clube, pois Margarida está doente.

-Então não vamos nos ver esta manhã?

-Não, meu amor. É o meu trabalho, sabe que preciso dele.

-E como está a Dona Paula?

-Cada dia pior, Osvaldo... Só sabe falar de morte!

-Tem que aceitar a idéia de que ela vai morrer, Paulina.

-Não posso, Osvaldo, não é fácil! É triste vê-la como está, destruída e já quase sem forças. As vezes penso que o que a mantém viva é o medo de me deixar sozinha. Sabe o que ela me disse hoje? Que só poderá morrer tranqüila no dia que me ver casada com você. Eu gostaria que nos casássemos antes que... De que chegue o momento! Podemos nos casar para dar esta alegria a mamãe, Osvaldo?!

-Sim, meu amor, claro que sim! – Gagueja Osvaldo.

-Pode me levar ao clube?

-Tenho algumas coisas a fazer, mas nos vemos mais tarde.

Paulina e Osvaldo se despedem. Assim que Paulina entra no ônibus, Osvaldo vai até a banca de verduras de Nicanor para usar o telefone:

-Sim, Lurdes, sim... – Diz Osvaldo – Amanhã mesmo estarei aí, para não me separar nunca mais de você.

A noite cai sobre o céu estrelado. O clube abre suas portas e por lá vão chegando pessoas de classe e de alta sociedade. E lá se encontram Paola e seu amante, Luciano Alcântara.

-Ah, eu me divirto tanto com você, Luciano! – Diz Paola Bracho enquanto fuma.

-Eu também passo com você momentos maravilhosos. – Responde Luciano.

-Vou retocar minha maquiagem.

Paola se dirige até o banheiro de senhoras, onde lá trabalha Paulina. Abrindo a porta, Paola aperta sua cabeça e a encosta na cabeça. Paulina se aproxima e diz:

-Se sente mal, senhora?

-Não, não... – Responde Paola – Acho que bebi demais! – Paola ri e se vira para Paulina e percebe a semelhança que há entre elas: apesar do contraste entre uma mulher de alta sociedade e um uniforme sem graça, Paulina e Paola são idênticas em aparência, e Paola logo percebe a semelhança. Paola puxa Paulina até o espelho e se mantém alguns segundos de silêncio, até que Paulina diz:

-O que está acontecendo senhora? Não estou entendendo.

-Ainda não percebeu?! Somos como irmãs gêmeas!

-Não nos acho tão parecidas, senhora.

-Eu acho!

-Entre eu e você, existe uma diferença muito grande. A senhora é refinada, elegante e com classe. Você é muito rica! E eu não passo de uma moça humilde do interior.

-Não seja modesta, menina. Assim como está, quase sem maquiagem e com este uniforme sem graça... Ainda sim, sua semelhança comigo é extraordinária. Se você se arrumasse como eu, garanto que confundiriam você comigo. Como é o seu nome?

-Paulina!

-Até no nome há uma incrível semelhança... Eu me chamo Paola! Estou impressionada, Paulina... Nunca imaginei que existisse na Terra uma mulher igual a mim. Sabe... Talvez algum dia possa precisar de você, para uma das loucuras da mente de Paola Bracho!

De volta a mansão Bracho, Esthepanie, a irmã adotiva de Carlos Daniel e Rodrigo, está rezando em seu quarto, quando Willy, seu marido com quem mantêm um casamento opressivo e destrutivo, abre a porta do quarto.

-Oi! – Diz Willy.

-Como está chegando cedo em casa, meu querido esposo... Claro, sua amante não está na cidade, por isto não precisa se encontrar com ela.

Willy e Paola são amantes dentro da mansão dos Bracho, uma sujeira sobre Esthepanie e Carlos Daniel. Porém, Carlos Daniel está cego pelo seu amor por Paola, e Vovó Piedade está anestesiada pelo seu vício no álcool, sustentado por Paola. Esthepanie vive em sua igreja e se refugia na sua fé todos os dias. Esthepanie acabou virando uma cera de vela ambulante, se tornando sem sal para Willy, que buscou com outra mulher o que não tinha em seu casamento infeliz com Esthepanie, e Paola, que só quer se divertir e por isto passa por cima de seu marido em suas viagens e em sua própria casa.

Na noite seguinte, Paola, por sua vez, volta ao clube a procura de Paulina.

-Sabe, Paulina... – Dizia Paola – Me diga quanto você quer para ir até a minha casa e se passar por mim. É uma boa proposta. Você na minha casa, se passando por mim, seria uma senhora de respeito, obedecida... Desfrutaria de uma vida maravilhosa, digamos, por um ano! Ao fim deste ano eu volto, assumo novamente meu lugar e te dou uma boa quantia em dinheiro, o que vai resolver a sua vida.

-Por que quer que eu ocupe o seu lugar em sua própria casa, senhora? – Diz Paulina.

-Para me ver um ano livre dessa gente que eu odeio...

-Eu sou honrada, senhora!

-A honra é algo muito elástico e convencional, queridinha! – Debocha Paola.

-Para mim não, senhora. Para mim a honra é algo muito importante!

-Então quer dizer que...

-Que não conte comigo para o que deseja, senhora! Não aceitarei.

Paola, insatisfeita por não ter conseguido o que quer, dá o seu cartão a Paulina e diz:

-Aqui você pode me encontrar. Me procure se tiver mudado de idéia.

Paola quer a qualquer preço se ver um ano livre dos Bracho, para poder se divertir com Luciano Alcântara e quem sabe, alguns de seus outros amantes ao redor do mundo, longe de Carlos Daniel, que está cego pelo seu amor por Paola.

Na mansão dos Bracho, Vovó Piedade implora conhaque para seu neto, Carlos Daniel.

-Por favor, Carlos Daniel... – Diz Piedade – Dê o meu conhaque, por favor! Não posso dormir sem o meu conhaque!

-Mas você vai morrer se continuar bebendo, vovó. – Diz Carlos Daniel, com paciência. – Não quero que você volte a beber uma gota de conhaque.

-Você é um malvado!

-Entenda, Vovó Piedade. Você se transformou em uma alcoólatra, não percebe?

Na Fábrica Bracho, as coisas estão péssimas. A fábrica está a beira da ruína, e a produção ocorre lentamente. São muitos operários e há pouco dinheiro.

-Como está a produção, Guilherme?! – Diz Carlos Daniel.

-Muito lenta, senhor Bracho. – Responde um dos operários. – Não creio que possamos entregar este pedido para amanhã.

-Trabalhem todas as horas extras que precisar! Você e Leandro são responsáveis por este pedido. Temos que entregar este pedido! A empresa não vai bem e não queremos terminar falindo.

Quando Paulina sai do clube, caminha até a sua choupana, e vê sua mãe se debatendo na cama. Imediatamente pede ajuda.

-Amanhã bem cedo você precisa comprar estes remédios. – Diz Dr. Gustavo, que vem acompanhando a doença de Dona Paula desde o princípio.

-E são muito caras, Doutor? – Pergunta Paulina com lágrimas nos olhos.

-Sim... Bastante.

-Ah, meu Deus!

-É a única coisa que pode acalmar as dores. Até que chegue o momento fatal.

-Meu Deus, como vou comprar estes remédios?! Não tenho dinheiro nem para pagar você.

-Eu gostaria de poder ajudar, mas sou tão pobre quanto vocês, Paulina. – Diz o Dr. Gustavo com doçura.

No dia seguinte, de manhã, Paulina procura o seu chefe no clube.

-Pode entrar! – Diz ele. – O que faz aqui tão cedo, Paulina?

-Preciso de dinheiro para comprar remédios para minha mãe que está morrendo. – Diz Paulina.

-Desde quando você está pedindo dinheiro para a doença de sua mãe?! Por isto, no fim do mês, não sobra quase nada. Me perdoe que não possa fazer mais nada, estou muito ocupado. E também, por um dia mais ou um dia a menos sua mãe não vai morrer!

-Minha mãe vai morrer de qualquer modo, senhor. Só queria que a morte dela não fosse tão dolorosa. – Diz Paulina chorando.

Após Paulina sair da sala de seu chefe, o telefone toca no quarto de hotel de Paola. É Paulina:

-Sou eu, senhora! Preciso vê-la.

Na casa dos Bracho, Carlos Daniel pergunta para Lalinha, criada fiel de Paola, se a mesma não telefonou.

-Não, senhor. Ainda é muito cedo! – Diz Lalinha.

Lalinha sai da sala e Adelina chega com o café de Carlos Daniel. Carlos Daniel pergunta:

-Como está a Vovó?

-Continua muito nervosa, senhor. – Diz Adelina – Senhor... Se trata de Carlinhos! Está muito nervoso, mais nervoso que a Vovó Piedade. A noite não quis dormir, e hoje não queria ir para a escola. Ele está tenso, assustado...

-Pobre Carlinhos. – Responde Carlos Daniel – Esperamos que quando cresça mude! Talvez com uma boa alimentação e praticar algum esporte... Ele nasceu com a doença de sua mãe. Que Deus a tenha!

Na mesma manhã, Paulina procura Paola no hotel onde ela se hospeda.


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Notas finais do capítulo

O que vai acontecer com a mãe de Paulina? E Paola, vai continuar insistindo na usurpação? Dona Piedade vai se curar de seu vício em álcool? Não perca em breve, no próximo capítulo de "A Usurpadora"!



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