Love Alice escrita por Pamela Soares


Capítulo 1
De volta ao país da maravilhas


Notas iniciais do capítulo

Boom Minna, esta é a minha primeira oneshot o/
Não estou muito acostumada com oneshots, pois eu costumo me apegar aos personagens e acabar escrevendo bastante T-T
Espero que gostem e boa leitura *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446306/chapter/1

Onde eu estou? Estaria eu no Pais das Maravilhas? Não, estou em casa, novamente. Frustrada com a triste realidade de que o meu querido País não foi nada além de um bonito sonho.

Como em todas as manhãs, acordo e visto um simples vestido azul, uma meia listrada; da qual minha mãe odiara e sempre dissera-me que aquilo era inapropriado para uma dama; no cabelo, uma simples tiara preta, e me ponho a caminhar pelo jardim. Todas aquelas Margaridas me lembravam as inexistentes flores de meu sonho.

Todos os dias me pego perguntando a mim mesma se tudo aquilo não fora real ( ainda tenho a mesma força do habito de falar comigo mesma). Mas parecia. Eu me lembro de tudo, cada detalhe.

Lembro-me bem de quando um lindo coelho branco passou por mim, em uma bela tarde ensolarada, enquanto estava conversando com Dinah. Lembro-me bem de me perguntar quanto tempo duraria aquela queda. Lembro-me bem daquelas criaturas maravilhosas, que faziam jus ao nome do lugar. De como quase cai de um abismo, e então um lindo garotinho de cabelos prateados e orelhas brancas segurou-me pela mão, salvando-me da morte certa. Jamais irei esquecer tudo aquilo.

“ Morte certa” achava eu. Pois enquanto eu lá vivia, parecia-me real. Porém, quando voltei, frequentemente chamam-me de maluca quando contava minha bela história.

Sorri.

Maluca.. Faz-me lembrar do chapeleiro e seu fiel escudeiro lebre. Eram completamente doidos, apesar de ter um bom coração. Ah.. mas como me faziam falta aqueles amigos! Até mesmo a Sra. Lagarta.

Mas principalmente, não conseguia livrar de meu subconsciente aquele lindo garotinho de cabelos prateado. Ele vivia correndo. Era ocupado. Mas nunca negou a mim nada que eu pedisse. Era atencioso. A principio, me pareceu um tanto covarde, se escondendo atrás da Rainha. Mas quando ele expos sua opinião com louvor, eu me apaixonei. Depois disso ele, Sr. Coelho, vivia brigando com o G. Cheshire, pois ele era muito abusado em relação a mim. Eu me divertia tanto com aquilo... Ainda mais com os malucos gêmeos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum. Ele eram tão engraçados, que mesmo querendo voltar para casa, assustada, me tiravam gargalhadas.

Pensando nisso, faria tudo para voltar ao País das Maravilhas. Se naquele pequenino tempo que lá passei, apenas estava voltada á retornar, já fiquei tão maravilhada, imagine se tentasse viver a vida naquele belíssimo lugar. Quantas coisas e lugares magníficos iria conhecer. Nem mesmo imagino.

Passei oito anos tentando voltar. Sim, atualmente tenho quatorze anos, mas sei tantas coisas, que poderias eu ter trinta. Sempre fui muito esperta e corajosa. Principalmente curiosa, um dos meus maiores defeitos, mas que me levaram a conhecer um mundo totalmente diferente e especial.

Não que eu odeie o mundo em que vivo, mas um lugar como aquele.. quem não gostaria de lá morar?

Tornei ao mundo real, onde meus pensamentos não penetravam. Eu olhava o riacho atentamente, até que..

Avistei um coelho branco, com uma bela gravata vermelha, vestindo um elegante terno. No mesmo momento me dei conta.

- Senhor Coelho, espere. – repeti instintivamente as mesmas palavras de oito anos atrás.

Ele apenas olhou-me, deu-me uma piscadinha e tornou a correr, não mais falando “ É tarde, é tarde, é tarde!” repetidamente. Era como um siga-me. Já havia acontecido de eu avistar coelhos brancos e pensar que era o Sr. Coelho. Mas era impossível não ser desta vez. Que outro coelho, a não ser este, usaria um belo terno?

Ele corria em minha frente, e eu o seguia, tentando não empolgar-me demais. Ele correu para um buraco em baixo de uma gigantesca árvore. Passei por esta. Admito que com uma certa dificuldade, afinal de contas, eu não tenho seis anos. E antes de olhar ao redor, por dentro da mesma, apoiei-me em falso num pequenino pedaço de terra, que deslizou junto a mim.

Não, eu não caia devagar como antes. E quando me dei conta, eu havia pousado em uma espécie de poleiro. Lógico, eu pousara de cabeça para baixo, afinal eu havia passado pelo centro da terra e, certamente, estaria do outro lado. Tentei sair o mais sutilmente possível, mas não sou muito boa em ser sútil. Cai de cara no chão.

- Itaii – suspirei, massageando minha cabeça, ainda dolorida.

Senti um toque leve levantando meu rosto e segurando minha mão.

- Machucou-se, Senhorita?

- Sr. Coelho! – era ele. E puxa.. ele havia crescido bastante, bem mais que eu. ( agora ele já assumia sua forma meio humana, pois pelo que parecia estávamos emWonderland)

- Olá Alice. – disse ele, sorrindo, um pouco corado por seu rosto estar tão próximo do meu. Levou minha mão ao encontro de seu beijo.

- O-Olá Sr. Coelho..- disse meio envergonhada, corada talvez.

- Vamos, temos ainda que passar pela porta. Pegue o frasco que eu pego a chave. – ordenou, lembrando-me abruptamente que ele ainda era um chato mandão.

- Pronto, Sr. Mandão. – brinquei. Ele tomou o frasco de minhas mãos e bebeu a metade, inserindo assim, a outra em minha boca. Corei. Maldito. Poderia simplesmente dar-me o frasco para eu poder bebe-lo.

- Está pronta? – perguntou-me.

- Não..- disse, afinal, já havia passado muito tempo desde a ultima vez que eu encolhera. Já estava me tornando cada vez menor. Sr. Coelho também. Ele segurava minhas mãos.

Quando enfim paramos no tamanho ideal, resmunguei.

- Mesmo encolhendo, você continua maior do que eu.

- Isso é porque você não come cenouras, nunca gostou não é mesmo?!- disse, como se fosse eu uma completa imprudente por tal ato.

- Pelo menos como tomates. – resmunguei irritada com seu sermão.

Ele riu, como se eu tivesse pronunciado a palavra mais esquisita do mundo.

- Baka..- disse, virando-me de lado, entrelaçando meus braços.

Ele apenas coçou minha cabeça, fazendo-me parecer uma criancinha.

Passamos pela porta. Uau! Eu finalmente estou no País das Maravilhas. Mas por quanto tempo? Isso era impossível saber, mas aproveitaria o máximo que pudesse. Antes que eu conseguisse pensar em algo mais que me deixasse aborrecida, Coelho disse.

- Eles estão ansiosos por sua chegada. Não queremos faze-los esperar, certo? – disse docemente.

- Eles quem? – perguntei curiosa.

- Vejo que não conseguiu vencer seu hábitos não é mesmo, Alice? – disse como se desse-me uma bronca.

- Pois é. Graças a ele eu vim parar aqui duas vezes. – balbuciei as palavras, aborrecida.

- Tem de abrir mais a boca para pronunciar as palavras corretamente. – advertiu-me, rindo.

- Cale-se. – ordenei, corada de raiva e vergonha.

Ele me levou até a casa do Chapeleiro. Não pude acreditar no que vi.

- Surpresa!! – gritaram todos em coro.

- Eu não acredito! Todos vocês aqui.. Estou tão feliz! – solucei, tentando impedir que as lágrimas transbordassem de meus olhos.

- Fizemos uma festa surpresa de desaniverssário para você. – completou o chapeleiro, antes que uma insistente tentasse cair.

- Sim, juntamos o pessoal..- disse Tweedle-Dee.

- ..Para podermos comemorar juntos..- completou Tweedle-Dum.

- É logico! – disseram os dois em coro.

- Oh, obrigada pessoal. Mas se me permitem, comemorar exatamente o que? – perguntei curiosa.

- Ora, o dia da sua chegada e escolha final. – disse Cheshire levantando uma de suas sobrancelhas, reaparecendo tão perto, que pude sentir o calor que o mesmo emanava. Corei.

- A-Ahh – disse tentando me afastar, pois aquela situação estava ficando perigosa – Escolha final? O que significa? – perguntei sem entender.

- Significa, claramente, que você terá de escolher entre o seu mundo e o nosso. – disse a lebre tomando seu chá, olhando dentro de meus olhos.

- Não queremos força-lhe a nada, garota. – disse Dodô.

- Mas se depender de mim, farei tudo para que escolha este. – disse Cheshire, colocando suas mãos em minha cintura e pressionado meu corpo contra o seu. Corei a ponto de um tomate – Falando nisso Alice, você talvez tenha crescido. – disse, pegando minhas bochechas e levando meu rosto ao encontro do seu.

- Se não percebeu, Alice continua pequenina como uma flor. – disse Sr. Coelho, afastando-me feroz e velozmente de Cheshire – Não se atreva a tentar tocar seus lábios, Gato.

- Ah, Coelho. Po—antes que ele pudesse terminar alguém interrompeu-o.

- G-Gato? C-Cheshire está aqui? – falou o rato, que por acaso, eu não havia reparado que estava vendado. Cheshire me deixa tão louca que mal pude perceber ~ raiva ~ - E-Eu, a-ah.. Ahhhhh!

Oh não, Sr. Coelho, por acaso pronunciou a palavra gato.

- Oh, mas isto é horrível. Ele sairá gritando maluco por ai, igual a uma escrivaninha. Ou seria um corvo? – disse o Chapeleiro. Ignorei sua maluquice, pois já havia me acostumado, mas era verdade. Se alguém não fizesse nada, ele sairá por ai gritando desesperado. Ele nunca superou seu medo.

- Calma, estou aqui. Ficará tudo bem. Respire.. – disse docemente, enquanto colocava uma colherada de geleia em sua boca e o abraçava. Isso sempre o ajudou a se acalmar.

- O-Obrigado, Alice-chan. – disse, com a respiração bem mais suave do que antes. Ele estava tão rosado, que parecia uma amora. Fiz uma reverencia, e me retirei do abraço, pois Sr. Ciumento já estava me olhando com uma expressão indecifrável, como se eu fosse sua. Maldito seja esse Coelho.

- E então Alice, - disse Tweedle-Dum, agarrando-se em meu pescoço.

- Já tomou sua decisão? – completou Tweedle-Dee, fazendo o mesmo que o irmão

- E-Eu não sei.. Estou confusa. Poderei voltar quando sentir saudades? – perguntei curiosa.

- Não, você será apenas nossa. – disse Cheshire.

- Já sabe o que fará, garota? – perguntou Dodô.

- E-Eu.. e-eu.. preciso pensar. – disse, saindo correndo o mais rápido que pude.

Mas é claro que eu queria voltar para Wonderland. Claro que eu queria viver aqui. Não haveria lugar melhor para mim. Mas.. não poderei voltar. Deixaria tudo para trás. Mamãe, Papai e minhas Irmãs. Por um lado, ficaria muito feliz vivendo aqui. Mas por outro, sentiria saudade.

Preciso ver a Lagarta. Ela é tão sábia. Presente, passado e futuro. Tudo ela poderá esclarecer-me. Coloquei-me no caminho onde eu sabia que a encontraria. Sabia que estava indo na direção certa, pois eu já inalava uma fumaça desagradável.

- Bem vinda de volta, Alice. Todos esperavam ansiosamente sua chegada. – disse a Sra. Lagarta antes mesmo que eu pudesse acha-la em meio de tanta fumaça.

- Obrigada. ~ coff coff ~ Posso lhe perguntar uma coisa? ~ coff coff ~

- Depende.

- De que? ~ coff ~

- Do que perguntarás.

- Certo.. Qual escolha eu devo fazer?

- Que caminho quer seguir?

- Bom.. e-eu..

- Se não sabes que caminho seguir, tanto faz para onde quer ir. – disse ela, dando uma comprida tragada em seu cachimbo – Vejo que não mudou nada desde a última vez, Alice.

- Sim, eu mudei. Não quero ir embora desta vez. – disse irrita com sua resposta anterior.

- Então porque pergunta-me se deves ficar ou ir? Acabastes de dizer-me que não quer ir embora, ou seja, quer ficar. Não pergunte-me coisas que já decidiste. – disse ela, soltando toda aquela fumaça em minha face, fazendo-me tossir fortemente.

É verdade. Eu já decidi dentro de mim. Algo me diz que se eu voltar para casa, jamais conseguiria voltar paraWonderland.

Caminhei a meio à aquele precipício, do qual eu quase caira na primeira vez que vim para meu encantado País. Entre aquele gigantesco abismos, haviam dois caminhos. Que irônico saber que existe uma fenda tão grande quanto esta em meu peito, tentando decidir-se que caminho tomar.

Ouvi passos, virei-me e, como estava escuro e eu não conseguia enxergar ninguém, instantaneamente dei um passo para traz. Desequilibrei-me e vi a mim mesma caindo daquele abismo, e imaginando que desta vez não teria ninguém para salvar-me.

Inesperadamente, senti que minha queda havia parado. Uma mão segurava-me fortemente e puxava-me para cima. Não pude abrir meus olhos, pois estava paralisada de medo. Eu realmente não estava curiosa o suficiente para olhar para cima e ver quem salvou-me.

Já estava sentada no chão, mas ainda não conseguia abri-los. Foi quando senti braços fortes envolvendo-me em um caloroso abraço.

- Você gosta mesmo de adrenalina não é, sua boba. Não faça isso outra vez. Foi muito imprudente de sua parte.

Quando finalmente consegui abrir minhas pálpebras, vi lindos cabelos prateados, que brilhavam sob a luz do luar.

- Desculpe.. – disse, abraçando Sr. Coelho – Perdoe-me por preocupar lhe outra vez. Prometo que não acontecerá de novo.

- Você já prometeu isso, caso não se lembre. Você desonrou sua promessa e agora terá de sofrer as consequências por isso, e por assustar-me desta maneira. – disse advertindo-me

- M-Mas e— antes que eu pudesse terminar, ele puxou meu rosto, empurrando seus lábios contra os meus. Corei tanto que me igualava a cor de sua gravata. Mas foi tão suave que eu não pude me afastar. Ele acalmava-me, mesmo sendo quem mais me irritava com seu jeito autoritário. Era bom estar envolvida em seus fortes braços.

- Temo que já tenha decidido. – disse o Coelho, com uma expressão triste.

- Já..

- E então?

- ... Ficarei. – ele pegou-me no colo, levantando-me e girando comigo em seus braços. Ele parou.

- Mas não ficará infeliz? Sentirá saudades de sua família, Alice. Eu não quero te forçar a nada. Tudo o que eu mais quero é que você seja feliz. – disse, acariciando meu rosto.

- Sim, eu sentirei saudade, muito mesmo. Mas eu ficaria infeliz se continuasse naquele mundo. Eu não me encaixo bem nele. Viverei feliz aqui. Bem mais de que lá fui. – disse, enrolando seus belos fios prateados, que teimavam em ficar lisos.

- Sim, Alice, tenho certeza que sim..- disse-me, segurando minhas mãos e caminhando por Wonderland.

E assim ficamos, até desaparecer completamente entre as altas árvores de meu querido País.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beem, é isso adorados ♥
Espero que tenham gostado *-*
E comentem por favor, façam suas criticas e deem suas opiniões, pois me ajudará em um trabalho futuro ( uma oneshot futura )
Ah, e para quem está lendo e não entendeu algumas palavras que eu coloquei em japonês, aqui vai a tradução:
Itai - é como uma expressão de dor, como um " Ai"
Baka - Idiota, Bobo
Kissus e até a próxima *3*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Alice" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.