Azul
Azul, a cor da nobreza
Azul, a cor do orgulho
Azul, a cor da frieza
Azul, a cor deste planeta
Azul, a cor do céu
Azul, a cor daqueles olhos...
Daqueles olhos que me encantaram,
Daqueles olhos que me tranquilizaram,
Daqueles olhos que me amaram...
Mesmo que eu não quisesse,
Mesmo que eu ignorasse,
Mesmo que eu desprezasse,
Mesmo que eu fugisse...
Em nome do meu orgulho,
Em nome da minha reputação,
Em nome da minha origem,
Em nome do meu título,
Em nome de mim mesmo...
Apesar de tudo, conseguiu se aproximar de mim,
Apesar do meu orgulho,
Apesar da minha arrogância,
Apesar da minha indiferença,
Apesar das barreiras que eu lhe punha.
Mas não dei atenção...
Estava cego pelo orgulho,
Estava cego pelo egoísmo,
Estava cego pela rivalidade,
Estava cego pelo poder,
Estava cego pela vingança...
Percebi agora meu erro...
Muito tarde,
Tarde demais,
Demorei a perceber...
O sol se vai,
As nuvens escuras aparecem,
A chuva começa a cair...
Sobre o meu corpo ferido,
Sobre o meu uniforme desgastado,
Sobre o meu rosto esfolado.
Não posso me mover,
Não posso reagir,
Não posso...
Minha energia me abandona,
Meu corpo não me obedece,
Minha vida está se esvaindo,
Minha consciência pesa cada vez mais.
Não vou mais poder te ver,
Não vou mais poder te ouvir,
Não vou mais poder te tocar...
A barreira se rompe,
A dor me consome,
As lágrimas irrompem...
Sem querer...
Ao me lembrar daquele azul,
O azul daquele olhar...
Daquele olhar que me encantava,
Daquele olhar que me acalmava,
Daquele olhar que me amava...
Daquele olhar que eu amava...
Meu coração bate forte,
Meu coração bate descompassado,
As lágrimas irrompem...
Sem querer...
O céu continua encoberto,
Escuro,
Tenebroso.
A chuva continua a cair.
Por favor, me perdoe,
Estou prestes a partir
E a te deixar, contra minha vontade.
Queria ao menos partir, sob o céu azul,
Mas isso me foi negado.
Por favor, me perdoe,
Não pude me despedir...
Por isso, as lágrimas aparecem,
Junto com a chuva,
Para lavar o meu rosto,
Enquanto adormeço,
Sem me despedir do azul do céu,
Refletido em seu olhar...
