Blood Slaves escrita por Jéssica Aurich


Capítulo 9
Dia seguinte


Notas iniciais do capítulo

Essa semana precisei postar o capítulo mais cedo, para a felicidade de alguns :)

Leiam as notas finais e ME RESPONDAM, não ignorem a autora :(

Boa leitura ♥



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Eles me seguravam com força. Por mais que me contorcesse, não conseguia me soltar. Minha roupa estava completamente rasgada e um deles me apalpava. Eu gritava, mas ninguém aparecia para me salvar.

Acordei ofegante e com os olhos lacrimejando pela milésima vez. Sempre que caía no sono, sonhava com os rapazes do beco e acordava novamente. Pela manhã precisei de uma boa camada de base e corretivo para esconder as olheiras.

Uma neblina terrível cobria tudo do lado de fora, então coloquei uma calça, blusa fina de mangas compridas e calcei botas. Juro que não foi intencional, mas a roupa ficou perfeita com o casaco caramelo de Edward.

Meu pai já tinha saído quando desci. Acabei demorando um pouco mais que o normal, por causa do sono. Preparei algo para ir comendo durante o caminho ou iria me atrasar.

Cheguei e estacionei no lugar de sempre. Quando desci do carro, quase derramei o café da garrafa térmica em cima de mim. Edward estava casualmente encostado no carro ao lado.

— Não me assuste desse jeito!

— Isabella Swan, você foi atropelada, atacada, passou seu tempo com vampiros e se assusta só porque venho te receber?

— Quando você aparece do nada... Sim, me assusto — Ele balançou a cabeça, revirando os olhos. Depois que desci, ele pegou minha mochila.

— Uuh, que cavalheiro.

— Sabe como é, sou de uma época bem diferente. A propósito, ficou linda na minha jaqueta.

Certo, ele precisava parar de me deixar sem graça daquele jeito. Seguimos andando em direção às salas, mas topamos com Jessica no meio do caminho. Seu olhar foi de Edward para mim, e de mim para minha bolsa no ombro dele. O sorrisinho sínico que ela deu dizia que eu ia virar fofoca mais tarde.

— Oi, Bella. Edward.

— Bom dia, Jessica — respondeu ele educadamente, com aquele sorriso que desconcertava as mulheres.

— Voc-você deixou suas coisas no meu carro ontem... — Ela levou os olhos arregalados para mim, tentando organizar os pensamentos.

— Tudo bem se eu pegar no final da aula?

— Claro... Acho que vejo você na trigonometria, então.

— A gente se vê lá.

Ela se afastou, parando duas vezes para nos espiar por sobre o ombro.

— O que vai dizer a ela? — murmurou Edward.

— Ei, pensei que não pudesse ler minha mente! — sibilei.

— Não posso! — disse sobressaltado. Depois a compreensão iluminou seus olhos. — Mas posso ler a dela... Ela vai te pegar de surpresa na sala.

Sabia que ia cair nas garras da Jessica fofoqueira. Acho que ia precisar das minhas meias verdades, novamente.

— Então, o que vai dizer a ela?

— Que tal uma mãozinha? — pedi. — O que ela quer saber?

Ele sacudiu a cabeça, sorrindo com malícia.

— Isso não é justo.

— Falou o cara que rouba as respostas do teste da cabeça do professor.

Ele apenas riu enquanto andávamos. Paramos do lado de fora da porta da minha primeira aula.

— Ela quer saber o que aconteceu ontem, se estamos namorando, e como se sente sobre mim — disse ele por fim.

— Caramba. O que devo dizer? — Tentei manter minha expressão muito inocente. As pessoas passavam diante de nós a caminho da sala, provavelmente nos encarando, mas ele mal percebia a atenção delas.

— Hmmm — Ele pegou uma mecha solta do meu cabelo e colocou atrás da orelha. — Conte o que achar que deve, em relação à primeira pergunta, pode dizer sim à segunda... É mais simples que qualquer outra explicação. Claro, isso se você quiser. — Acho que aquela era a primeira vez que eu o via sem a proteção do sarcasmo.

— Não me importo — eu disse numa voz bem fraquinha.

— E quanto à última pergunta... Estarei ouvindo.

Ele saiu com um sorriso torto nos lábios. Não consegui recuperar o fôlego com rapidez suficiente para responder a essa observação. Sério, o que foi aquilo?

Corri para dentro da sala, corada e irritada. Ele era um trapaceiro e tanto. Eu precisava arrumar algo decente para dizer à Jessica. Como explicar algo a alguém que nem eu mesma entendia?

A aula de inglês passou rápido demais. Conversei com Mike sobre Jessica (eles estavam bem próximos) e o professor corrigiu alguns trabalhos. Foram como segundos. Antes que eu percebesse era Trigonometria.

Edward tinha razão, é claro. Quando entrei na sala, Jessica estava sentada na fila de trás, quase quicando na cadeira de tão agitada. Com relutância, fui me sentar ao lado dela, tentando me convencer de que seria melhor acabar com tudo assim que fosse possível.

— Isabella Swan, pode abrir o bico, quero saber tudo o que aconteceu ontem.

Pensei seriamente em dizer a verdade, mas não estava pronta o suficiente para reviver aquela noite, ainda mais se ela fosse repassada para metade da escola. Foi então que lembrei do joguinho que eu tinha iniciado com Edward. Então o enxerido estaria escutando?

— Bom, eu estava na livraria, como disse que estaria, perdida em relação a qual livro comprar. De repente, quem aparece por lá?

— Ele apareceu do nada?

— Pois é! Quais são as chances? Enfim, a gente acabou andando por aí, e... Bom, você sabe.

— Vocês se beijaram? — Não entendi a cara de espanto dela.

— Foi. É que desde que combinamos de ir ao baile nos aproximamos bastante. Acho que posso dizer que estamos praticamente namorando.

— Mas rolou pedido?

— Não, mas... Certo, não conte a ninguém isso. Alice me contou que ele está louco por mim e que pretende fazer um pedido em breve, só está esperando o momento perfeito.

— Uau! Nunca vi Edward namorar ninguém. Até pensava que ele era gay. — Ela parou um pouco, pensando na próxima pergunta. Tenho certeza de que queria arrancar o máximo de informação possível — E você, gosta dele também?

— Ele é lindo, inteligente, charmoso e tudo o mais, só que é muito egocêntrico e metido. Não sei se vou aceitar o pedido. Acho que ele tem que se esforçar mais para isso.

A minha vontade era a de ser vampira também, um morceguinho escondido no canto da sala dele para ver sua reação. A de Jessica foi bastante gratificante. Quem diria, o cara que provavelmente a rejeitou agora estava sendo rejeitado pela novata.

Jessica ia falar mal de mim, eu tinha certeza.

No intervalo, lá estava ele sentado só na mesa de sempre. Estava com uma sobrancelha levantada e os olhos apertados. Tive que morder os lábios para não rir.

— Então quer dizer que minha beleza e charme não são suficientes para você?

— Sei lá, rola um boato por aí de que você é gay. — Edward revirou os olhos.

— Só porque não vejo muita graça nas humanas não quer dizer que goste de homens. — Foi minha vez de fazer cara de indignada.

— Agora me chama de sem graça?

— Um pouco menos que o normal — brincou.

— Não me importa, ainda quero meu super pedido. Pode caprichar, tenho direito a um presente legal e tudo. — Ele deu uma risada baixa.

— Jessica está nos analisando... Ela vai cair matando em cima de você depois. — Aquilo não me surpreendia nem um pouco. Ele estendeu um pedaço de pizza do seu próprio prato, que só agora eu notava, estava cheio a sua frente. — Aqui, vamos dar material para ela.

Dei uma mordida, entrando na brincadeira.

— E então, agora você pode responder as minhas perguntas difíceis? — Ele fingiu estalar os dedos e o pescoço, como quem se prepara para algo difícil.

— Pode mandar.

— Eu já te fiz essa pergunta, mas não quis me responder. Você disse que o lance dos animais... que era a política do Carlisle... achei que todos vocês... — incomodava-me perguntar aquilo porque eu tinha medo da resposta. Mesmo assim eu precisava saber.

— Carlisle há muito tempo decidiu que não seria como os outros vampiros, ele não seria esse monstro, e optou pela dieta animal. Mas eu não acredito que vampiros sejam monstros só por ter uma dieta singular.

— Entendo o que quer dizer, mosquitos se alimentam de sangue humano e mesmo assim não chamamos eles de monstros.

— Obrigado pela comparação! — Fez cara de indignado.

— Por nada. Mas é que... Vampiros não são como insetos... Eles matam a todos, fazem realmente uma carnificina. — Vi pelo rosto dele que estava exagerando.

— Isabella, volte para a realidade. Você anda assistindo a filmes demais. Vamos voltar ao ponto principal. Eu tentei por muito tempo seguir a dieta do Carlisle, mas sangue animal não nos fortalece como o humano, então logo a abandonei.

— Então você... você... — Eu precisei repetir em minha cabeça várias vezes que ele havia me salvado. Ele me salvou várias vezes. Não havia motivos para ter medo.

— Eu não saio matando pessoas por aí, como deve estar pensando, mas sim, me alimento de sangue humano.

— Se não mata, como...

— Tenho uma doadora — respondeu me interrompendo. — Alguém que oferece seu sangue de boa vontade e conscientemente. De tempo em tempo nos encontramos.

Senti várias coisas ao mesmo tempo e nem todas muito agradáveis. Alivio por saber que ele não matava ninguém, medo por não saber se um dia matou, surpresa, pois aquilo nunca passou pela minha cabeça, e um sentimento desagradável que me assustou: ciúmes. Tentei disfarçar da melhor maneira possível.

— Mas ela não se transformou? — Ele riu da minha pergunta. E eu achando que sentir ciúmes seria constrangedor.

— Não é assim que se transforma alguém. — Esperei pela resposta da pergunta não dita, e ele suspirou. — É preciso que ocorra uma troca de sangue. O humano tem que fazer o que você parece achar tão terrível: tomar o sangue de seu predador.

Aquela conversa me deixou enjoada. Lembrei do cheiro do sangue, imaginei (contra minha vontade) alguém tomando aquilo e meu estomago embrulhou.

— Sabe, senhorita Swan, acho que foi informação o suficiente para um dia. Temos que ir ou vamos chegar atrasados.

Olhei ao meu redor e percebi que éramos os únicos no refeitório. Engraçado, ontem só o pensamento de estar a sós com Edward me dava calafrios. O que me assustava acabou se tornando o alvo da minha curiosidade. E eu definitivamente queria saber mais.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que aconteceu no passado de Edward? Bella se sentiu assustada, por achar que ele já tirou a vida de alguém. Até agora conhecemos o Edward que mora sob as regras do Carlisle, mas e antes? Como acham que ele vivia antes?

Até o próximo, meus amores ♥