Blood Slaves escrita por Jéssica Aurich


Capítulo 31
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E Blood Slaves retorna das cinzas! xD

Há alguns séculos atrás, eu prometi um capítulo bônus. Bom, aqui está. Com muito, muito, muito atraso, mas está. Espero que minhas leitoras ainda queiram lê-lo! (ainda bem que eu finalizei a história).

Ah, e eu estou escrevendo uma nova história, Fatalle, deem uma olhadinha nela:
https://fanfiction.com.br/historia/524020/Fatalle/

Bom, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446223/chapter/31

Alguns anos depois

— Charlote, tudo preparado?

— Sim, chefe. Todos os ingredientes prontos — respondeu minha subchefe, olhando para os cozinheiros que já trabalhavam sem pausa.

— Tem certeza que está pronta para essa noite? Sabe a loucura que isso aqui fica...

— Chefe — A loira riu de mim. — Eu não conquistei minha posição à toa. Sem querer me gabar, sou boa no que faço. Você mais do que ninguém deveria saber. Agora vá aproveitar sua noite, que hoje essa cozinha é minha. — Piscou para mim.

Charlote tinha razão nesse ponto. Ela era ótima, tanto cozinhando quanto comandando uma cozinha, e o mais importante: era de confiança. Como eu podia ter certeza? Edward tinha dado uma sondada na mente dela antes que eu a contratasse. Ele fazia isso com todos os meus funcionários.

Há vários anos, depois que me formei na faculdade, decidi abrir meu próprio restaurante em Nova York. Por pouco mais de um ano trabalhei nele, mas eu sabia que permanecer naquela cidade não era viável. O tempo estava passando e eu não estava envelhecendo, logo alguém notaria isso. Além do mais, Edward já estava cansado daquela cidade. Ele não era do tipo que permanecia por muito tempo em um mesmo lugar.

Decidi então abrir outros restaurantes, em outros lugares. Assim eu resolvia o problema da nossa aparência e do tédio do Edward, além de sempre poder exercer a profissão que amo. Para isso, eu sempre contratava subchefes que atendessem às minhas demandas e mantivessem o padrão dos meus restaurantes.

Nunca pensei que um dia chegaria àquele ponto, dar a volta ao mundo, ter um negócio próprio. Eu era conhecida como a Chefe Misteriosa. Meus restaurantes tinham certa fama, porém eu nunca mostrava meu rosto para a mídia. A única coisa sobre mim à qual o público tinha informação era como eu me chamava, e mesmo assim era um pseudônimo.

Meu mais novo restaurante havia sido inaugurado em Lyon há poucos meses, lugar onde estávamos morando agora, uma grande cidade francesa com ares de interior pela qual me encantei. Uma pena que daqui a mais algum tempo tivéssemos que partir. Charlote que ficaria feliz ao se tornar Chefe do meu amado restaurante.

— Achei que não fosse mais sair. — Edward me recebeu com um beijo rápido quando saí da cozinha.

Ele estava sentado em uma das mesas do restaurante enquanto eu trabalhava um pouco. Já que eu permanecia pouco tempo como chefe dos meus restaurantes, trabalhava o máximo que podia. Naquela noite eu abriria uma exceção, no entanto. Era nosso aniversário de casamento.

— Até parece que eu ia te dar o bolo logo hoje. — Sentei ao seu lado à mesa. — E então, qual será o cardápio da noite? — perguntei baixo, de modo que somente ele ouvisse.

— Casal perto da entrada, a ruiva e o moreno. — Não demorei a encontrar os dois. A moça era esbelta e baixa, o cabelo vermelho chamava atenção. Já o rapaz era alto e levemente rechonchudo.

O que tornava os dois tão interessantes? A pele extremamente branca que os dois tinham, tão alva que era possível ver suas veias sob a pele. Senti minha boca secar e a garganta queimar.

— Uma coisa não posso negar, senhor Cullen, você sabe bem do que eu gosto. — Edward riu de leve.

— Vai querer me trocar por um humano, Bella?

— Até pensei nisso, o rapaz ali é bem bonitinho, mas acho que a ruiva combina mais com ele — brinquei.

O garçom chegou naquele momento com uma garrafa do melhor vinho do restaurante e informou que o jantar não demoraria muito a chegar. Para os meus funcionários, Edward e eu estávamos comemorando a noite com um jantar romântico. Bom, realmente teríamos um jantar romântico, mas esse seria reservado para mais tarde e não seria na presença de outras pessoas.

— Os dois vão voltar andando para casa hoje. Esqueceram que as ruas de Lyon são desertas à noite — Edward brincou. — E a noite guarda muitos perigos.

— Então é melhor que façamos companhia para eles. Quer proteção melhor que a nossa? — Edward deu aquele sorriso torto que eu amava desde a primeira vez em que o vi.

Quando pequena, sempre sonhei com aqueles casamentos tradicionais de contos de fadas. Meu pensamento mudou um pouco quando decidi passar minha existência ao lado do Edward. Há muitos séculos ele havia deixado de ser aquela pessoa tradicional, e por esse motivo eu até tinha desistido da ideia de um dia me casar. Quer dizer, para um relacionamento dar certo, as duas partes devem ceder. Ele mudou tanto por mim, eu podia mudar por ele também. Até me assustei com a facilidade com a qual aceitei isso.

Por isso mesmo o dia do nosso casamento foi surpreendente. Pensando melhor, o dia seguinte foi surpreendente, nosso casamento foi um tanto quanto clichê. Nós estávamos passando um feriado em Vegas, porque... Bom, eu nunca fui a Vegas e precisava jogar jogos de azar pelo menos uma vez na minha existência.

Estávamos no meio de um jogo de Poker com vários desconhecidos bêbados quando Edward e eu decidimos que seria interessante levar o jogo para o nosso quarto. A verdade? Estávamos com sede e aquelas pessoas estavam dando sopa bem na nossa frente. Porém nenhum de nós dois podia prever o que estava por acontecer, já que Edward nunca passou por aquela situação antes.

Acontece que quando um vampiro bebe o sangue de alguém alcoolizado, esse vampiro fica alcoolizado também. Ou, no nosso caso, extremamente alcoolizados.

O resto todos já sabem: curtimos bastante, fizemos muita coisa ilegal, e acabamos como Sr. e Sra. Cullen. Só quando o efeito do álcool começou a passar, percebemos o que fizemos. Alice, é claro, ligou para nós para reclamar. Ela queria ter preparado o casamento dos sonhos, convidado não sei quantas pessoas e todos aqueles frufrus que eventos preparados por Alice devem ter. Deixe eu contar um segredo sobre ela: a baixinha sabe gritar.

— Bella, vamos? — Edward perguntou.

Já havíamos terminado nossa refeição e aparentemente o casal perto da porta também. Da cozinha era possível ver o resto do restaurante, então acenei para os meus cozinheiros antes de sair.

Seguimos os dois à distância e, quando já estávamos longe do restaurante, iniciamos a nossa caça. Escondidos das sombras, começamos a criar o clima. Nossos passos se tornaram mais barulhentos, derrubamos uma lata de lixo e corremos em alta velocidade atrás dos dois, causando um vento frio. O casal olhava a todo momento para trás, sem saber se estavam ou não sendo seguidos. Era possível escutar o coração dos dois batendo mais rápido, o cheiro do medo na pele deles.

Talvez em alguma época da minha vida eu tenha achado terrível a ideia da caça humana (os Cullen ainda acham, tanto que seguem com sua dieta), porém isso foi mudando conforme minha humanidade foi ficando para trás. A emoção de escolher e perseguir uma presa, o medo que faz com que o coração da mesma bombardeie sangue com maior pressa, a surpresa na hora do ataque... Tudo isso excita. É um prazer tão grande quanto o de comer após dias de jejum.

Claro, nós não matamos nossas vítimas. E controlamos a mente delas depois, para que não se lembrem de nada. Eu ainda valorizo demais a vida humana. Eu já fui uma. Também não nos damos o luxo de caçar sempre, normalmente preferimos os nossos doces escravos de sangue.

Mas um dia tão especial quanto aquele merecia uma comemoração especial.

O moreno e a ruiva apressaram o passo à nossa frente, estavam quase correndo. Não era preciso ler mentes como o meu marido para saber que estavam pensando na péssima ideia que foi voltar para casa andando.

Quando entramos em um beco, Edward olhou para mim com um sorriso no rosto. Era a hora.

Eu pulei para cima do rapaz, prensando-o contra a parede e cravando minhas presas em sua jugular. Tomei cuidado para não feri-lo tanto, ficar no limiar entre a dor e o prazer, e logo seus gritos foram substituídos por gemidos. Seu sangue era tão doce quanto aparentava ser. Tive que me controlar para não drená-lo.

Quando separei-me dele, Edward estava terminando de controlar a mente da ruiva. Fiz o mesmo com o moreno e logo os dois estavam de volta ao seu caminho, levemente tontos, porém sem desconfiar do que havia acontecido.

— Eu estou com sede de outra coisa agora.

Edward lançou um olhar predador em minha direção. Sua boca ainda estava suja de sangue. Aproximei-me e passei minha língua por seus lábios.

— Seu desejo é uma ordem. — Ele me pegou no colo e correu em direção à nossa casa, que era bem afastada da cidade.

Nós mal fechamos a porta atrás de nós e já nos perdemos nos lábios e nos corpos um do outro, sem qualquer pudor, sem qualquer limite. O vestido vermelho que eu comprara especialmente para aquela noite fora completamente rasgado na pressa de Edward de encontrar minha pele.

— Feliz aniversário, meu vampiro idiota — sussurrei em seu ouvido.

— Feliz aniversário, minha Bella.

E então nos entregamos completamente aos nossos instintos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood Slaves" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.