Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 28
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Yo, no próximo cap começa a guerra *-*
Ah, coloquei uma citaçãozinha do livro Eclipse no final, pois achei que ficaria bonitinha em relação à Shellby com o Alec. ;*



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Hakuna POV On.


 


 


         No final de contas, o honrável Conselheiro Verkan havia tomado mais de meu tempo do que eu realmente imaginava. Tudo devia ser precisamente catalogado, oficializado e planejado. Eu e Mystic éramos as únicas até então a ver o temível Fury, e como minha peculiar colega de missão havia sumido, tudo ficara em minhas mãos. Justamente eu, que já não suportava a ausência de Mizu.


         Quando finalmente Verkan me dispensou de sua série de perguntas inadiáveis em Navisko, a noite já havia caído. Um vento frio tomava conta do deserto, arrastando aquele uivo árido para muito longe. O céu estava encoberto, assombrosamente. Eu sabia que logo o inimigo chegaria, mas rezei para que antes disso eu pudesse estar com meu amado. Corri para o portal da cidade, lançando-me sobre ele e desaparecendo quando os raios de luz me engoliram, transportando-me para Pillai. Durante todos os anos em que eu vivera naquela bela e pacífica cidade, jamais imaginara que um dia eu a encontraria em tal estado. Tudo se apagara ali, como se de fato não passasse de uma lembrança que em uma noite fora esquecida. Oh, como era triste perambular pelas ruas vazias e quietas!


         Mas felizmente, eu o encontrei. A única luz que não se apagaria em Pillai, a única estrela. Sentado em nossa varanda, com o corpo curvado sobre os joelhos e o rosto baixo, ele tristemente não havia me visto chegar. Senti como se a chama da esperança no coração de Mizu estivesse tênue, desgastada pelo tempo e pelos pensamentos corrosivos. Franzi o cenho, designando-me culpada pelo seu sofrimento. Um sorriso melancólico nasceu em meu rosto quando medi as dimensões gigantescas daquele amor. Aproximei-me de Mizu, lentamente. Ele permanecia tão profundo em seus pensamentos que não fazia questão de erguer o rosto. Pousei então minha mão no alto de seu ombro tenso, e foi somente em tal momento que pude fitar seus profundos olhos azuis, especialmente dramáticos. Mizu pareceu uma criança debaixo de meus olhos, como todo homem um dia deve parecer ao olhar de sua amada.


 


- Você demorou. - disse ele após uma longa pausa, abrindo um tímido sorriso enquanto sua mão tocava a minha em um ato protetor


 


- Venha, querido. - sorri docemente, afagando a maçã corada de seu rosto - Vamos entrar. - disse, conduzindo-o pela mão casa adentro.


 


         Ele me seguiu, e eu soube que seu coração se encontrava em êxtase. Tínhamos pouco tempo para palavras bonitas, muito pouco tempo.


 


 


Hakuna POV Off. Lady Die POV On.


 


 


         Abri os olhos, sem ao menos ter motivos. O sono vazio era muito mais agradável do que a visão tortuosa que tive da janela. As nuvens escuras se moviam violentamente no céu, como se fossem empurradas por um sopro agressivo. Então já ia começar? A madrugada mal havia passado das quatro horas. A sala, ainda estávamos na sala. Lembrei em um silvo, fazendo injetar minhas pupilas douradas num rosto agora corado. Antes de chegar ao seu destino final, meus olhos tracejaram um caminho pela sala. A penumbra se intensificava; no chão, sobre o tapete desalinhado, peças de minha armadura e uma longa capa jaziam extraviados; ao pé do sofá, cacos de um abajur que costumava ficar sobre uma mesinha, mas que por algum motivo havia sido lançado para longe. E finalmente, Murdoc estava deitado ao meu lado no sofá. Naquele espaço tão pequeno, nossos corpos eram obrigados a contrariar a lei da física, provando que duas matérias podem ocupar sim o mesmo local. Corei violentamente ao perceber que sobre nossos corpos havia apenas o manto ralo do sofá, cobrindo-nos fragilmente. Eu estava entre os braços fortes e quentes de Murdoc, e seu peito palpitante podia ser sentido no meu. O rosto másculo daquele Fighter, agora tão desarmado e sereno, repousava na curva sinuosa de meu pescoço e ombro. Pela primeira vez, eu não senti vontade de me afastar. Eu estava gostando.


 


- Lady? - ele abriu seus olhos castanhos, fitando-me afavelmente enquanto sua grande mão acariciava a curva de minhas costas; só então eu percebia como era deliciosa sua voz rouca ao despertar


 


- Hum? - murmurei, e creio que ele devesse ter ficado espantado com meu tom amistoso; meus olhos afagavam seu peito rígido


 


- Olhe. - disse ele, indicando a janela com seu olhar mais sério do que de costume; eu espantei-me ao notar que o céu havia ficado tão mais escuro em meros cinco minutos


 


- É, eu vi. - assenti, retornando meu olhar tenso para Murdoc - Vamos, está na hora. - disse, perdendo repentinamente a vergonha ao erguer-me do sofá sem o manto e vestir minha cruel armadura; não tínhamos tempo para detalhes.


 


 


Lady Die POV Off. Seth POV On.


 


 


         Era estranho, mas em meu leve sono, senti como se os deuses estivessem me chamando. "Acorde, Seth. Está na hora de punir os pecadores. Eu lhe dei o poder de um Deus, agora vá e derrame sua divina justiça sobre aqueles que se desviaram do caminho da luz. Levante sua espada aos céus, e eu lhe mostrarei o caminho." Em meus suaves sonhos, eu recebia o santo chamado de Deus. Aquilo queria dizer que eu precisava afastar-me de Ariel por alguns instantes, não é?


         Silenciosamente, abri meus olhos de encontro à escuridão. Ainda era madrugada, mas eu precisava ir. Meus superiores haviam me chamado, e eu prometera jamais negar o meu destino. Por outro lado, minha doce Ariel dormia tão delicadamente na cama ao meu lado, que tornou-se difícil e doloroso abandoná-la naquele momento. Seu corpo pequeno repousava ao meu lado, coberto pelo lençol azul que permanecia desfigurado sobre o colchão também descomposto. Seus longos cabelos cor de nuvem esparramavam-se sobre o macio travesseiro, colorindo a palidez daquele tecido. E infelizmente, eu precisava partir.


         Cuidadosamente, levantei da cama vestindo apenas a calça de tecido desbotado. Ia vestir a armadura que aguardava sobre a poltrona no canto de meu quarto - de nosso quarto - quando logo precisei retornar à cama. Uma mão pequena e sonolenta impediu-me de partir, segurando-me pela barra da calça.


 


- Onde vai? - perguntou ela de olhos semi-cerrados quando voltei a sentar na cama, passando meu braço sobre a cintura fina dela


 


- Preciso ir para Navisko, amor. Mas não se preocupe, fique aqui dormindo e logo eu estarei de volta. - prometi sorridente, desferindo breves beijos sobre o ombro e braço de Ariel


 


- Navisko? Mas... - ela então entendeu o motivo de minha partida, arregalando seus olhos azuis e assustados para mim - A guerra! - vociferou em pânico, sentando-se em um pulo na cama com os braços a segurar o lençol em frente ao peito


 


- Ariel, quero que fique aqui, está bem? - pedi sério, afagando seu rosto com minha mão quente - É tudo o que lhe peço. - fitei-a


 


- Hunf... - ela suspirou quase inaudível, cabisbaixa - Tudo bem. - assentiu, visivelmente derrotada


 


- Eu a amo. - sorri gracioso, então me afastando contra a sua vontade


 


         Eu sabia que aquela concordância era óbvia demais, e que Ariel não costumava ser tão fácil em questão de negociação. Para tê-la para mim, precisei derrotar um demônio, e certamente para mantê-la naquele quarto enquanto uma guerra estourava em Navisko, eu precisaria de muito mais. Não acreditei que ela realmente fosse obedecer ao meu pedido, mas o que eu poderia fazer? Meu coração estava totalmente rendido àquela mulher.


 


 


Seth POV Off. Mystic POV On.


 


 


         Acordei sobressaltada ao ouvir o grito estridente de uma águia em minha mente. Meu coração batia desenfreado enquanto minhas mãos permaneciam apertadas em punhos no lençol da cama. Não havia águia alguma naquele quarto escuro, e certamente eu fora alertada sobre um mau sinal. A janela do quarto estava entre-aberta, e por ela eu podia perceber as sombras que desciam sobre Richarten. Então, não se tratava apenas de um mau sinal, mas sim de um aviso real. Eu precisava correr até Navisko, assim como o homem que dormia ao meu lado.


         Zelando para que Justine não fosse acordada, já que ela dormia no chão ao lado de minha cama, sacudi sutilmente Electro pelo ombro. Ele gemeu sonolento, mas não acordou. Bufei, sacudindo-lhe fortemente mais uma vez. Pelo fato de Justine estar dormindo em meu quarto, neguei veementemente à Electro a idéia de que fizéssemos qualquer coisa ali, o que o deixou um tanto furioso e teimasse em dormir ao meu lado. Ele lentamente virou-se de lado, ficando de costas para mim. Revirei os olhos, insistindo em lhe sacudir pelo braço. Finalmente, com seu olhar indolente, ele despertou.


 


- Electro, temos que ir. - sussurrei, saindo da cama e vestindo minha armadura apressadamente


 


- Hum..? - ele olhou-me de soslaio ainda sonolento, encarando-me com curiosidade


 


- Vamos logo, a guerra vai começar..! - lhe puxei da cama pela perna, colocando meu dedo indicador sobre os lábios em sinal de silêncio devido à Justine


 


         Ele olhou-me atônito, finalmente parecendo entender o que eu dissera. Nossos olhares se tornaram pesarosos quando se encontraram em um mesmo ponto: Justine. Assim como eu, Electro temia deixar a menina sozinha em um momento caótico como o que estávamos prestes a enfrentar. E então eu soube, docemente, que naquela noite ele se tornara o pai de minha filha.


 


 


Mystic POV Off. Shellby POV On.


 


 


         O tempo era tão escasso que eu não conseguira dormir naquela noite. O calor do sono calmo de Alec me acalentava enquanto meus pensamentos eram os mais dolorosos possíveis. Eu teria que deixá-lo ir quando a hora chegasse, e pateticamente eu nada poderia fazer para lhe ajudar contra aquele terrível inimigo. Pensei, cruelmente, em qualquer coisa para qual eu servisse. Porém, meus dons como feiticeira há tanto tempo estavam esquecidos, que duvidei que pudessem funcionar sob pressão.


         A porta da barraca esvoaçou violentamente com um tufo agressivo de vento, e quando o tecido da fenda dançou no ar, meus olhos visualizaram o terror que crescia do lado de fora. Era como se uma tempestade horrenda estivesse pronta para arrasar com o Battle Castle, uma tempestade que não passaria. Uma tempestade que me assustava.


         Delicadamente, eu afagava os cabelos verdejantes de Alec, que dormia rente ao meu corpo. Seus braços estavam envoltos em meu desnudo tronco, cobrindo-me em uma atitude protetora. Havia algumas horas desde que eu me tornara sua, mas eu ainda não conseguia entender como poderia lhe ser útil naquela guerra. Afinal, mulheres deveriam estar com seus amados até mesmo nos momentos árduos, não é mesmo? Eu precisava acordá-lo para aquela realidade, embora não fosse a minha vontade.


 


- Alec... - murmurei em seu ouvido, ajeitando-me na pequena cama junto ao seu corpo sonolento; minha mão ainda passeava por seus cabelos - Alec, acorde... - dei-lhe um beijo na face, acariciando-o com carinho


 


- Shellby..? - ele abriu os olhos por curtos segundos, voltando a fechá-los - O que foi? - perguntou sorridente, abraçando-me


 


- Você precisa levantar agora. - avisei, mas meus braços o prendiam junto ao meu peito, recusando-se em soltá-lo dali; tentei esconder as lágrimas que brotavam de meus olhos ao pousar meu rosto no pescoço quente de Alec


 


- Mas ainda não amanheceu. - argumentou ele, inocente - O que houve? - sondou, acariciando-me com ternura


 


- É a guerra... - murmurei com pesar, pressionando meus olhos fechados na tentativa de reprimir o pranto - Você precisa ir para Navisko... - minha voz falhou na última palavra, denunciando minha fraqueza


 


- Você está chorando..? - sondou preocupado, rapidamente segurando meu rosto rente ao seu para que pudesse me olhar; meus olhos estavam molhados e meu rosto evidenciava meu sofrimento - Ei, não quero que fique assim. - disse ele, sério


 


- Desculpe, eu sou fraca. - escondi meu rosto novamente na curva de sua garganta, deliciando-me com aquele último abraço antes da partida de meu amado - Eu quero ir com você. - disse, receosa


 


- De jeito algum! - negou ele, irredutível - Não há nada que você possa fazer, meu amor. Isso é assunto para os guerreiros da elite, então não se preocupe. - ele confortou-me, despejando em meu rosto uma série de beijos macios, que por hora me acalmaram - Quero que fique aqui, segura. Eu irei lhe proteger, foi o que eu prometi, lembra? - sorriu ele, mas eu podia identificar a tristeza naqueles lábios curvados


 


- Mas, Alec..! - protestei insistente, apertando minhas mãos fechadas em seus cabelos desgrenhados; eu estava desesperada - Eu quero ajudar em alguma coisa! Eu quero estar lá se você precisar de mim! - e as lágrimas desceram por meu rosto


 


- Shellby... - murmurou Alec, serenamente sorridente - Como eu me sentirei se você for ferida? Como você acha que eu me sentirei se você se machucar, e eu não puder fazer nada?! - vociferou ele, e pela primeira vez eu pude sentir o quanto ele estava aflito


 


- Eu só quero... - sibilei cabisbaixa, mas sua voz deliciosa sobrepôs-se à minha, graciosamente


 


- Ei, não me faça sofrer, certo? - pediu ele sorridente enquanto seus dedos erguiam meu queixo de encontro ao seu; como eu poderia resistir àquela candura masculina?


 


- Hum. - assenti silenciosa, imersa naquele olhar verdejante que brilhava na penumbra de minha barraca


 


         Eu o vi partir com a promessa de que voltaria logo. Aquilo não me bastava, praticamente me sufocava enquanto a aflição tomava conta de meu coração. Alec me perdoaria, eu tinha certeza. Eu só precisava estar lá para quando ele precisasse, para quando ele desejasse encontrar o meu olhar.


 


 


Shellby POV Off.


 


 


 


        


         "Todos os subterfúgios que tentamos foram em vão. Com gelo no coração, eu o vi se preparar para me defender. Sua intensa concentração não demonstrava sinal algum de dúvida, embora eles estivessem em maior número. Eu sabia que não podíamos esperar qualquer ajuda — naquele momento, era certo que a família dele lutava pela própria vida assim como ele lutava pela nossa."


 



 


(Eclipse, de Stephenie Meyer) 


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