Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Agora sim, começa a história. :)
Deixem reviews, please ;*



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         Mystic POV On

 

 

         Naquele momento, eu fiquei realmente furiosa. Não é da natureza de uma Archer conceber espaço para a fúria descontrolada em sua mente, e por isso eu lutei comigo mesma para manter a calma. Por um instante, eu quis que minha calma fosse para o espaço, junto com Murdoc. Aquele Fighter, maldito Fighter, havia quebrado ao meio meu novo Wyvern Bow (arco). Após tanto tempo para conseguir aquela preciosidade, minha arma superior havia sido simplesmente inutilizada por um machado brutalmente metálico. Oh, como eu odiava aquela classe tacanha dos Fighters.

        

         "O Battle Castle, ou como todos chamam, BC, estava se tornando uma verdadeira arena naquele fim de tarde. Eu e Murdoc estávamos transformando matéria sólida em simples poeira no ar. Treinamento, como nós gostávamos de praticar. E para finalizar aquilo, eu sorri ao lançar meu mais potente Phoenix Shot (Tiro da Fênix) contra ele, e aquela ave dourada rasgou o ar, incendiando tudo o que estivesse no caminho para Murdoc. No entanto, o Fighter era uma criatura voraz, e infelizmente, resistente ao fogo. Eu só fora descobrir aquilo naquele instante, quando soube que estava perdida naquele duelo. Sem perder a chance de me nocautear, Murdoc saltou pela minha flecha incandescente como se ela não existisse, e me derrotou com o Destroyer. Simples, rápido e letal. Três golpes derradeiros que me atingiram em cheio, provocando uma sutil rachadura em minha armadura de peito. Assustadoramente, ele teria partido meu corpo em três pedaços se eu estivesse desprotegida. Era essa a força mortal de um Fighter, vulgo FS. Só depois fui perceber que meu arco estava no chão, partido em dois pedaços. Quando ele tinha atingido meu Wyvern?"

 

         Na tentativa de não saltar contra Murdoc com toda a minha fúria, vasculhei o compartimento interno de minha armadura vermelha e peguei um Core para Richarten, a cidade do comércio. Core é um tipo de pergaminho, capaz de me teletransportar imediatamente para qualquer lugar. Sumi daquela arena antes que algum despreocupado com sua vida zombasse de minha derrota contra o Fighter, e minha imagem surgiu na entrada de Richarten. Como sempre, a cidade do comércio estava tumultuada e era impossível não encontrar o que se procura naquele lugar. Um lugar tipicamente medieval, preservado desde que os grandes deuses de Priston deram a vida à nós, guerreiros e habitantes do continente.

         Devido ao grande volume de transeuntes e vendedores pelas ruas da agitada Richarten, precisei de minha agilidade audaz para correr por entre os "obstáculos" sem esbarrar nos mesmos. O pessoal dali era um pouco irritado, e mesmo sendo uma guerreira de elite de minha classe, eu fora ensinada a manter a paz no continente. Aquela era a minha missão como uma Archer.

         Meus cabelos curtos e azulados agitavam-se em minha cabeça ornada por um fino elo de metal, presente de uma de minhas missões bem sucedidas. Enquanto corria, vasculhava a cidade com meus olhos azuis profundos, carregando um espaço vazio e perturbador em minhas costas. Eu estava sem um arco, e precisava comprar outro, imediatamente. Com o dinheiro já em mãos, adentrei o centro alvoroçado de Richarten. Oh, como era difícil se locomover livremente naquele meio. Vendedores e compradores já não tinham mais espaço para caminhar por ali sem esbarrar nas outras pessoas, mas eu já estava acostumada, afinal, desde o princípio dos tempos havia sido do mesmo modo. Comecei a parar nos vendedores que mais me atraíam com suas ofertas peculiares. "Inferna Bow limpo e barato!", "Itens Archer por menos de 2kk", "Arcos limpos e com mix", "Immortal Bow e Armor AS". Apenas para especificar, AS é o mesmo que Archer. Me interessei pela última oferta pela qual passei, pois além da vendedora ser estranhamente uma Sacerdotisa, o anúncio pareceu convidativo. Uma Sacerdotisa devia estar vendendo Orbs e aquelas parafernálias de magos, mas a oferta era exatamente o oposto. Parei em frente à delicada guerreira, que vestia seu robe rosado e tinha os cabelos da mesma cor, em suaves ondas que desciam até a cintura pequena. Ela me olhou com satisfação e abriu um sorriso, o mais doce que uma sacerdotisa poderia abrir.

 

- Quero ver o arco. Ainda tem? - perguntei, pousando minhas mãos em minha cintura

 

- Claro. Espero que goste. - ela cantou com sua voz melodiosa e ergueu as mãos pálidas para frente, fazendo surgir com sua mágica divina a imagem de um grandioso arco - É um Immortal, como pode ver. Tem 13 pontos de mix de Enigma, uma pedra rara que ajuda na regeneração de Mana e de vitalidade. Quer pegar? - perguntou a jovem Sacerdotisa gentilmente

 

- Hum, sim. - assenti ao pegar o arco. Era incrivelmente grande e bonito, de um tom avermelhado, com pontas retorcidas sutilmente - Nossa, é perfeito. - eu disse maravilhada enquanto ajustava o arco em minhas mãos, treinando posições com ele junto aos meus braços

 

- Ele era de uma amiga muito importante para mim, mas que infelizmente não resistiu em uma batalha. - ela baixou o rosto, deixando os cabelos rosados e macios deslizarem para a frente dos ombros, depois voltou a me olhar com ternura - Espero que possa ficar com o arco.

 

- Ah, eu sinto muito pela sua amiga. - fui gentil, sem tirar os olhos do poderoso arco - Mas então, por quanto está vendendo?

 

- 9kk. Pode parecer caro, mas é um dos melhores arcos que já foram criados recentemente. - ela explicou calmamente

 

- 9kk? - eu a olhei erguendo as sobrancelhas enquanto minha garganta engoliu à seco, afinal, eu não tinha aquele dinheiro

 

- Sim. Eu não posso vender por menos, já estou fazendo um preço acessível. - a Sacerdotisa deu de ombros delicadamente

 

- Olha, eu tenha 8kk. Que tal negociarmos? - eu propus

 

- Hum, o que você tem para negociar? - ela olhou para todo o meu corpo, incrédula, percebendo a rachadura em minha armadura

 

- Bom, eu lhe dou esse bracelete junto com o dinheiro. - imediatamente, tirei o bracelete e o estendi para a comerciante

 

- Um Wyvern Bracelet, parece bom. - ela pegou o bracelete de metal dourado e o analisou por um instante - É de Archer mesmo?

 

- Sim, e está em ótimas condições. O que acha? - a encarei com expectativa

 

- Negócio fechado. O Immortal Bow é seu. - ela abriu um sorriso e assentiu docemente, guardando o bracelete

 

- Perfeito! - sorri entusiasmada, guardando o arco nas costas e sentindo o prestígio que ele me proporcionava - Ah, o dinheiro. - lembrei animada, entregando todo o dinheiro que tinha para a Sacerdotisa, que pareceu satisfeita

 

- Obrigado pela compra. Como é o seu nome, se me permite? - ela perguntou amigável

 

- Mystic. E o seu? - perguntei, ainda anestesiada com o brilho de meu novo arco

 

- Hakuna, prazer. - ela estendeu-me a mão

 

- Hum, prazer. - eu apertei levemente aquela mão pequena

 

 

         Mystic POV Off. Electro POV On.

 

        

         Eu larguei meu posto de vendedor no exato momento em que a vi. Oh, como ela era bela e doce aos meus olhos púrpuros. A cor clara que irradiava daquela garota era encantadora, e tudo em seu semblante delicado me era convidativo. Imediatamente, eu quis correr alguns metros até ela e abraçar seu corpo pequeno e quente, sentindo o perfume de seus cabelos. Eu estava mesmo alucinado por aquela Sacerdotisa de longos cabelos rosados, mesmo que aquela fosse a primeira vez que eu a via na minha frente. Amor à primeira vista, poderia ser? Nunca pensei que essas coisas poderiam existir, mas aquela desconhecida me fizera mudar de opinião. Fiquei observando por algum tempo, estudando docemente as feições sutis e movimentos delicados da jovem que tanto me encantava. Ela negociava com uma Archer, a qual eu não prestei muita atenção. Eu apenas queria admirar a Sacerdotisa pela qual meu coração de Pike chamava. E quando enfim tomei coragem para me aproximar da bela feiticeira, não consegui medir o tempo de quanto eu havia permanecido ali, a fantasiar um peculiar casal de um Pike e uma Sacerdotisa.

         Não me importei se iria atrapalhar a conversa de minha musa com a Archer. Eu apenas queria estar perto daquele anjo rosado, porque eu, Electro, era um homem que devaneava muito mais do que o normal. Caminhei vacilante até as duas jovens, desviando furtivamente das pessoas no meu trajeto, e então parei em frente a elas. A Archer recém colocara um arco grandioso nas costas, e agora me olhava como se eu fosse um intruso mudo, que estava ali há dois minutos sem saber o que falar. A Sacerdotisa de meus olhos, de meu coração, me olhou curiosa, e eu desejei roubá-la somente para mim. Demorei demais para planejar minhas palavras, e aquele fora o meu erro.

 

- Então, já vou indo. Bom uso com o arco. - a linda Sacerdotisa sorriu, e eu me derreti por completo ao ver a imagem dela sumindo em um flash de luz rosada

 

         Tateei o ar inutilmente. Ela não estava mais ali, não estava mais diante de meus olhos. Se eu pudesse pensar direito naquele momento, lembraria de não ficar tanto tempo com aquela expressão apavorada no rosto, tal como fiquei perante à Archer. Quando a olhei, ela parecia confusa com o meu movimento de agarrar o ar. Tinha uma mão na cintura e as sobrancelhas erguidas para o meu rosto, esperando de mim alguma palavra para saber que eu não era deficiente mental. Eu fora patético.

 

- Você quer alguma coisa, Pike? - ela perguntou, achando alguma graça pela minha expressão aturdida

 

- Ahn, não. - eu disse, puxando para cima de meu nariz a máscara de tecido azul que havia caído de meu rosto

 

- Está se sentindo mal? - ela inclinou-se curiosamente para mim, como se então eu estivesse morrendo ali

 

- Eu estou bem, não se preocupe. - eu prometi, tentando não parecer abalado pela situação

 

- Então tudo bem. - ela virou as costas para mim e se pôs a andar para o meio da multidão daquela cidade

 

- Ei, espere! Archer! - eu corri dois ou três passos na direção dela, mas minha voz devia ter soado como urros desesperados

 

- O que foi? - ela parou e virou o rosto para mim, curiosa

 

- Quem era aquela Sacerdotisa que lhe vendeu o arco? - eu perguntei, e senti que minha máscara havia escondido meu rubor

 

- Hum, não sei direito. Seu nome é Hakuna, mas não a conheço. - ela respondeu calmamente

 

- Sabe onde posso encontrá-la? - eu insisti, aproximando-me mais da Archer

 

- Talvez em Pillai. Você sabe, é a cidade dos místicos. - ela fez o favor de lembrar-me

 

- Ah, obrigado. - eu senti uma chama de esperança ascender dentro de mim, dentro de meus olhos

 

- Certo. - ela deu de ombros como se achasse que eu era louco e dessa vez desapareceu na multidão de Richarten

 

 

         Hakuna. Aquele nome não saía de minha mente. Era como se eu pudesse ter certeza do que eu queria, mais do que nunca. Eu sabia o que era aquilo que eu sentia, eu sabia como se chamava. Amor, talvez platônico, mas amor. Eu não me importava com a tradição milenar de que as Sacerdotisas deviam se casar com Magos. Eu não me importava de ser um Pike com uma foice estúpida capaz de cortar pessoas ao meio. Eu não me importava com mais nada, muito menos com a tradição. Eu só queria que aquela Sacerdotisa fosse minha, e eu dela.

         Saltei para cima da base de um muro e corri por ele até chegar ao portal de Richarten. Praticamente atropelei quem estava sobre o portal, esperando sua vez, e me teletransportei para o portal de Pillai. A cidade dos místicos era exatamente o oposto de Richarten. Um lugar coberto por árvores verdejantes, ornado com flores perfumadas e repleto de pequenas e encantadoras casas. Pillai era como um refúgio de paz, um local para meditar, para saborear o silêncio agradável. Cascatas de água desciam das fontes de pedra de Pillai, provocando aos meus ouvidos o som macio daquela serenidade.

         Com minha enorme Sickle Of Death (Foice da Morte) nas costas, quase a tocar a lâmina no chão atrás de meus pés, eu me senti alguém impróprio para andar naquela cidade tão pura. Embora fosse normal que guerreiros de Tempskrons como eu visitassem a cidade dos Morions, Pillai, eu não conseguia me sentir totalmente à vontade com aquela foice monstruosa nas costas. Era como um insulto para os zeladores da paz que ali moravam, mas eu não podia andar sem minha arma, assim como os outros guerreiros.

         Corri ansiosamente por toda a cidade, e nenhum sinal da Sacerdotisa chegou aos meus olhos. Outras Sacerdotisas passaram por mim, mas a que eu estava procurando era totalmente diferente. Uma guerreira da elite de Pillai, talvez. Não consegui explicar o tamanho da adoração que eu tinha por ela. Senti como se tivesse voltado aos quinze anos de idade, em meus namoricos de adolescente. Nada adiantou. No final da tarde eu estava sentado na orla da fonte de água de Pillai, com as mãos nos joelhos e a cabeça baixa. Meus longos cabelos azuis desciam por meus ombros, úmidos de suor. Na minha mente, apenas um nome, apenas aquele nome, mas eu não havia a encontrado. Tive a terrível sensação de que nunca mais eu a encontraria. E como sempre, eu era apenas um Pike, eu era apenas o Electro que não tinha sorte com o amor. 


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Notas finais do capítulo

Obs: 'K' é a unidade de dinheiro usada em Priston. Exemplo, 10k é 10,00. 10kk é 100,00. 10kkk é 1.000, e assim por diante.



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