O Sacrifício - Jogos Vorazes escrita por Tiago Pereira


Capítulo 21
PARTE III, O Vencedor. 21


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá, parte III.



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Não tinha como ficar feliz dentro da arena, nós iríamos ter de matar um ao outro durante esse fim dos Jogos. Dentro da sacola haviam máscaras. Ela cobriam nosso nariz e boca. Só haviam duas, uma em cada sacola. Não sabíamos o motivo disso. Na última noite um alívio, o rosto da garota do 1 apareceu, morta por Magnus.
Nesta manhã nós preferimos ficar onde estávamos alojados. Acordei mal, estava com a perna latejando. A ferida se abriu um pouco. Mas este pouco já foi suficiente para me dar febre. "Você tem que descansar, Huck, você continua mal", disse Juniper. "Nós vamos caçar algo, quem sabe nós consigamos matar algum carreirista".
"Vocês não podem fazer isso, não mesmo, eu me recuso a fazer isso", Juniper me calou com um beijo. Eu fiquei encantado. "Vocês não podem eu preciso de vocês, vocês são a minha família". "E família significa confiar uns nos outros", disse Hadrian. Isso me fez refletir. "Katniss me ensinou um sinal, mas precisamos no mínimo de Gaios Tagarelas aqui", disse Juniper. Ela assobiou uma música de quatro notas, simples, inconfundível. Estava encostado no tronco da árvore, sentado. Algumas folhas caíram, os tordos voaram, reproduzindo a música.
"Ótimo, podemos nos comunicar assim, dizer que estamos bem", eu completei. E elas se foram. Seguiram caminhos diferentes. Elas deixaram um pote com remédio, que eu passei umas sete vezes, tentando aliviar a dor. Meu corpo estava quente.
Juniper levou sua máscara, porém Hadrian não. Neste momento me senti triste, triste em saber que Hadrian cuidava mais de mim do que eu cuidava dela. Em uma curta distância de tempo, eu assobiava a música de quatro notas, informando que eu estava bem.
Os tordos também informavam que elas estavam bem. A manhã se passou, bebi um pouco da água na minha garrafa. Eu mandei o sinal. O silêncio. "Huck! Huck!", uma voz me chamou.
Com o corpo molenga, me ergui, peguei a máscara. A lança na mão. Andei na direção da voz, suando frio. Um doce aroma me atraiu. Foi aí que percebi: um doce aroma que atraia as pessoas para a morte.
Coloquei a máscara, evitando aspirar o aroma. "Hadrian!", deambulei pelo ambiente, a procura da voz da garota. Um enorme campo estava perto, cheio de flores, rosas brancas, de aroma doce que se sentia de longe.
Meu peito começou a doer, uma pontada no meu coração. Hadrian estava nesse campo, presa por raízes que a puxavam seu pé. Ela estava com insuficiência respiratória devido ao aroma venenoso das rosas.
Fui até ela, peguei sua faca e comecei a cortar a raiz Consegui cortá-las sem grandes dificuldades. Tirei a máscara e entreguei à Hadrian. Ela usou. Elevei a camisa até minhas narinas, tentando evitar aspirar o veneno.
Inevitavelmente, eu sentia o veneno adentrar meu nariz, mexer com minha mente. Eu prometi proteger Hadrian, e assim irei fazer. Ela se ergue e eu ouço com o ouvido bom "Vou chamar a Juniper", então um baque surdo. Um corpo estatelado no chão. Gritos, um zumbido e outro corpo caindo no chão.
Já não enxergava mais nada, sentia a morte próxima. Juniper tirou a máscara de Hadrian e veio até mim. Eu queria gritar, forçar um tremendo grito, mas eu não conseguia, a voz não saía. Então ela colocou a máscara em mim. Carregou o corpo de alguém. Reconheci ser de Hadrian. Em pânico, observei nauseado o sangue escorrer de seu estômago.
Com maior lucidez para enxergar, tirei sua blusa e coloquei sobre sua barriga. As lágrimas saíram do meu rosto. Um momento inevitável de minha comoção. "Eu prometi de de proteger, eu prometi, eu jurei. E eu não consegui... me desculpa. Você foi minha família, eu não queria que isso acontecesse", eu disse, em meio a soluços. Neste momento quem deveria estar morrendo era eu.
"Huck, seu cabeça dura", ela sorriu. A luz deixou seus olhos, olhos vítreos fitando o horizonte. Alma vagando o paraíso, com flores de verdade, aquelas que não iria matá-la. Fechei os seus olhos, retirando algumas flores sem aroma, não-fatais. Juniper e eu ajeitamos seu corpo, o rodeando de flores. Uma rosa, vermelha foi posta nas suas madeixas. Estávamos ajoelhado sobre o corpo de uma irmã. Eu prometi cuidar dela. Mas foi ela quem me protegeu eu me regeu.
"Eu irei carregar o seu mundo e a sua dor eternamente, Hadrian Greenlaw", eu disse. Levantei-me. Assim como no dia da Colheita ou na morte de Spens, beijei meus três dedos do meio e os ergui. Eu sabia que o distrito 8 estava fazendo a mesma coisa. A Capital talvez estivesse comovida, porém, neste momento eu já não queria mais viver.


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Notas finais do capítulo

Desculpe à vocês, leitores. Este momento é muito emotivo para mim. Quando escrevi isto no manuscrito foi pior, mas não faz mal, tudo é para o bem da estória.



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