Visita Noturna escrita por Shianny


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem, ;w;, eu não planejava escrever essa fic. (Não me mate se estiver lendo isso, Queen. SEE)
Ela nasceu de uma troca de mp's loucas do dia que conheci uma amiga querida que agora é mais ou menos minha outra mamai. 'u'
E eu fiz isso aqui pelo aniversário dela. ♥
Espero que você goste, Beels! *33*
E parabéns pra você! )O)



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O silêncio.

Era tudo e apenas isto que inundavam cada cômodo daquele imenso casarão arrancado da cidade e perdido à distância. Vinhas serpenteavam por entre pedaços de madeira e rochas que traçavam os muros altos de tal estrutura, assim como rachaduras traçavam caminho nos vitrais expostos à frente da mansão.

O céu jazia chamuscado por traços brancos e cinzas que mais pareciam fofos algodões atraídos pelos limites da atmosfera terrestre. O astro noturno, iluminando parcamente a imensidão enegrecida que era a metade do planeta, assoprava tremores e medo a quaisquer um que por ruas e estradas ainda caminhassem. E era este mesmo astro que cuspia sua luz contra os vitrais, transpassando-o parcialmente e iluminando seu interior com mínima opacidade, testemunhando contra grãos de poeira que rodopiavam pelo ar caso atiçados por alguma brisa mais forte.

Cada cômodo do local era estritamente mobiliado em estilo Vitoriano. Abandonado há décadas, incrivelmente não existiam danos graves na construção. Estava desprovido de vida... Ou deveria estar. Atravessando diversas escadarias, uma única figura a destoar da atmosfera morta e esquecida no tempo.

Quem crê que estava calma, erra profundamente. Ela estava inquieta, os dedos a macular os lençóis antes perfeitamente lisos. Rugas pelos panos da cama, que era onde a jovem mulher se acomodava quase na posição de um feto. No canto, um relógio antiquado ainda dava gemidos de vida, deslizando em sua caixa de madeira em um suave sentido leste-oeste.

Tique-Taque.

Em contraste com a área ao redor de seu corpo, a mente da invasora rodopiava e martirizava a menor. Diversos ênfases em erros que poderiam ter sido os culpados por tudo que estava passando agora. Não era o fim do mundo mas, para uma jovem na flor dos catorze anos, creio poder dizer que as coisas duplicavam de sua realidade.

Era irônico apaixonar-se tão repentinamente durante apenas uma única saída ao mercado. E pior, esta era uma pessoa que julgava que nunca se apaixonaria. Que jamais seria correspondida se um dia, quando a Terra explodisse, fosse capaz de amar alguém. Mesmo assim, ali estava. Soluçando por um coração estupidamente despedaçado, torturando-se nas próprias ideias de que havia perdido a única pessoa que poderia fazê-la feliz. Ah, uma mente tão pequena. Uma garota tão incrivelmente frágil que se ocultara por tanto tempo em grossa camada do mais puro diamante. E uma barreira que ao longo dos anos apenas se fortificara, fora estilhaçada por um único olhar ao inimaginável.

As lágrimas quentes traçavam caminho por sua face, e ela sentia como se dois raladores de queijo estivessem ali para destroçar e mutilar seu pobre corpo infeliz. O corpo onde a alma apenas retorcia-se para escapar no exato momento em que vivia. A casca vazia e entupida ao mesmo tempo. Seu sofrimento transbordava em silêncio. Questionava a si mesma por quanto tempo manteria aquilo.

Aquele romance proibido.

Porém, pergunto-me se suas reações seriam estas se a jovem soubesse.

Se ela tivesse a consciência dos orbes dourados como o mais puro ouro, comparáveis facilmente aos de um felino, fitando-a predadoramente no canto mais afastado e oculto pelas sombras que jazia em tal cômodo. Para ela, apenas a solidão parecia serpentear pelo chão de madeira envelhecida. Além disso, o pútrido odor de mofo invadia-lhe os pulmões e roubava-lhe parte da razão enquanto parte de seu corpo pensava em lutar para fugir. Em fugir para a própria sobrevivência.

Um edredom de tons monocromáticos repousou-lhe por sob os ombros. Se isto ocasionara susto e medo na morena? Não sei. Só sei que o ato a fez encolher-se ainda mais em tal estranha posição, e seus dedos apertaram o tecido do cobertor sob seu corpo. Suaves tremores invadiam-lhe os músculos e sua pele conheceu o toque de seda dos dedos do invasor, que agora percorriam sua face. A menor esquivou lentamente o olhar para cima, o rosto torneado pelos cachos castanhos que provinham do topo de sua cabeça.

Mas, como sempre, não havia ninguém ali. Ela piscou, cobrindo momentaneamente os orbes castanhos com a pele... E cerrou as pálpebras, o rosto em suave inclinação para o teto. Após tal ato, sentiu o impacto contra seus lábios avermelhados e a maciez do obstáculo à frente. E aquele selar estranho que nunca pudera ver na vida arrancou-lhe por completo as preocupações do peito. Aquela suave pressão em sua boca que começara a se entreabrir... Pouco antes que o contato fosse rompido por completo, e apenas restasse a respiração quente e predadora que impactava como pluma sob suas bochechas.

Encolheu-se, a despreocupação dando lugar a um suave temor. E ouviu o riso abafado e rouco que se opunha à si própria, bem em sua frente. E ironicamente, a tal proximidade era equivalente à gigantesca distância. Jamais, questionava-se na solidão, poderia ver a face real de seu hipnotizante enamorado? Seu peito inflou e desinflou, seguindo o baile de sua respiração. Mas, ah, ao ouvir aquele precioso timbre enluvado, o medo dissipou-se de seu corpo, para que apenas um tom escarlate pintasse suas bochechas alvas.

- Tens tanto medo, mas... No final, sempre desejas o meu retorno... - Fora o que o intruso sussurrara à beira de seu ouvido, os lábios roçando por sob o lóbulo da pobre vítima, este desprovido de quaisquer joias ou bijuterias. A voz que mantinha uma frieza indomada, frieza esta que, a jovem torcia, ocultava uma paixão inflamável no peito oposto ao seu - Puro capricho de tua parte. Até porque, eu sempre consigo o que quero. - Um murmúrio ainda mais baixo, quase ensandecido.

E tal frase ocasionou um dedo gélido deslizando por sob a espinha da garota, cuja garganta equivaleu-se à um deserto árido, demonstrando oásis não-existentes ali. Mas... Quem se importava?! Para a jovem, tal encontro e contatos eram apenas... Calor.

Ele era um ser as trevas mas, apesar disto, mantinha o cargo da companhia que traçava o ponto alto do bolo, aquele especial morango que pacientemente observa ao redor enquanto as pessoas lutam para tê-lo. A respiração quente roçava-lhe o pescoço e a pele pálida dos dedos deslizava e envolvia-se com os cachos das mechas morenas da menor ali.

Os dentes perfeitos brincavam com sua pele em contatos tênues, leves raspões na pele da nuca que traziam contorções aos músculos da garota. O ar pesado, o calor a inundar a alma de ambos os... amantes, se é que assim poderiam ser considerados..

- Eu preciso de você comigo... - A voz rouca da morena sussurrou e perdeu-se no ar, e tal timbre marcou a separação de ambos os corpos. O abandono a fez atingir suavemente os próprios lábios em uma mordida inconsciente e quase arrependida, mas apenas pôde engolir a seco.

O queixo arredondado pousou-lhe sob o ombro, a respiração quente a brincar com os formigamentos que se formavam em sua pele alva. Suas pálpebras entreabriram-se e o foco do olhar desviou-se lateralmente, observando uma imagem difusa. O que conseguia distinguir era o forte tom pálido da pele do invasor, mas apenas isso contentou-a e a motivou a permanecer em silêncio profundo. Mas... Ela sorriu. Finalmente, uma visão privilegiada da face oposta. Mesmo que sequer pudesse focar seus traços.

E foi isso que perdurou-se novamente ali, quando o Incógnita local afastou-se em sepulcral silêncio. Quando o coração da donzela sofreu uma taquicardia pela simples ilusão da possibilidade de perder aquela joia por entre seus dedos.

Virou-se.

Apenas se deparou com a janela aberta, as cortinas esvoaçando com a brisa que invadia o cômodo. Ergueu-se e até ali caminhou, apoiando os dedos trêmulos no parapeito de madeira envelhecida e inclinando-se para fora.

Seu corpo foi atingido pela luz lunar, e um suspiro deslizou por seus lábios quando apenas encontrou o silêncio e solidão ali fora.

Novamente, sozinha.

Ela desabou no chão e, então, pôs-se a chorar, embora soubesse.

Era apenas um brinquedo, e mesmo que fosse abandonada agora, não seria jogada fora. Não ainda. Seria depois, sem sombra de dúvidas, mas... Enquanto ele... Ela? Voltasse, não importaria.

Afinal, não era de qualquer modo sua eterna prisioneira...

...De corpo e alma?...


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Notas finais do capítulo

Táqui seu bolo u3u: http://family.go.com/images/cms/disney/fairies/tinker-bell-fairy-wings-cake/fairy-wing-cake-recipe-photo-260x260-clittlefield-A.jpg
(Google. ;u; )



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