Para Sempre — Fred e Jorge Weasley escrita por Tereza Magda


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Amo escrever sobre esses gêmeos e quem tiver alguma ideia que gostaria que eu colocasse em prática, estou pronta pra ouvi-los. Mande sua ideia por MP ou comentário mesmo.

Enjoy



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— Querido, suas vestes ficaram prontas — vi a cabeleira ruiva de mamãe invadir nosso quarto sem bater, como de costume.

— Mamãe! Sabe que odiamos que entre assim! — resmunguei, e me cobri rapidamente com o lençol do beliche de baixo.

Vi seus olhos azuis encherem-se de lágrimas, e me senti automaticamente culpado.

— Ok, ok, me desculpe. Eu não quis ser grosso, é que estou de cuecas.

— Não é isso, Jorge, querido. O que quis dizer ao falar que odeiam que entrem sem bater no seu quarto?

E eu compreendi. Fiz novamente. Pela terceira vez em dois dias, eu agi como se o Fred nunca houvesse partido. Minha família estava ficando preocupada.

— Não quis dizer o Fred, mamãe, eu só... estou me sentindo estranho. Não precisa me internar, não fique maluco. Ainda — tentei fazer piada, e mamãe sorriu amarelo. Ela acariciou meus fios ruivos onde faltava uma orelha. — Está tudo bem. Eu vou ficar bem. Todos nós vamos.

— Está sentindo falta dele?

— Como nunca, mãe — suspirei, e desabei sobre o beliche. — Sinto como se roubasse a mulher do Fred. O que eu estou fazendo com a Angelina, afinal? Isso tudo é errado, tão errado...

— Jorge, querido — ela deu seu sorriso maternal que sempre fazia todos se sentirem melhor. — Não é errado quando se há amor. Você e Angelina foram unidos por um amor em comum. Ambos amam Fred. Como isso poderia ser traição?

— Obrigado, mamãe.

Ela beijou minha bochecha e saiu do quarto.

Caminhei até o espelho — como já era costume, desde a guerra — e encarei o reflexo como se olhasse dentro dos olhos verdes de Fred.

— Como pôde me abandonar? Como pôde me deixar sozinho, Fred? — olhei meus olhos furiosos no espelho — os olhos de Fred — e tive vontade de socá-lo como nunca antes — nem quando ele quebrou o cabo da minha vassoura. Nem quando ele tingiu meus cabelos de azul. Nem quando eu acordei e estava no dormitório da Sonserina.

Aproximei minha mão do espelho e a mão de Fred repetiu o movimento. Quando nos tocamos, não senti a mão quente de Fred, mas uma superfície plana e fria.

E então a primeira lágrima. Tirei a mão do espelho e sequei-a.

— Você é o traidor! — berrei para mim mesmo, no reflexo. — Prometeu que ficaríamos juntos para sempre! Que íamos impedir Gina de casar com o quatro olhos e veja onde ela está! Está esperando um filho dele! Sem você, eu não pude impedir nossa irmãzinha de ser desvirtuada, seu imbecil! — e com isso soquei com toda a minha força Fred, mas ele se estilhaçou em vários pedaços e minha mão começou a sangrar sem parar. — Droga! — peguei minha varinha sobre a mesinha e pronunciei: — Reparo!

Observei o espelho voltar a sua forma original e olhei para a minha mão.

— Talvez eu já esteja louco, e sequer percebi — mirei a varinha para a palma machucada e falei: — Episkey!

Vi um reflexo no espelho recém consertado, e me arrependi de não ter fechado a porta antes de ter uma dessas crises de histeria.

— Jorge? — Gina parecia assustada. — Você está bem?

— Entra Ginevra — suas bochechas adquiriram um tom vermelho raivoso ao ouvir seu próprio nome.

— Não me chama assim, seu idiota, sabe o quanto eu odeio — falou frustrada, mas entrou e fechou a porta. — E aí, quer conversar antes da mamãe te internar no St. Mungus?

— Engraçadinha — fiz careta. — Quer roubar noss... meu lugar na família?

Gina fingiu não reparar quando eu parei a frase na metade para trocar o pronome, mas vi seus lábios levemente franzidos.

— E aí, Jorge?

— Estou bem — falei e deitei na cama. — Só quero descansar. Amanhã vou ter um longo dia.

— Você quem sabe — ela já saía, mas parou na porta e se virou. — Sabe que sempre estarei aqui por você, não é? Todos nós?

— Sim, eu sei. Obrigada.

Gina saiu e fechou a porta por fora com um feitiço. Talvez ela soubesse o quanto eu precisava chorar em paz.

E foi isso o que eu fiz. Pelo que pareceram horas, eu deixei toda a minha mágoa se desfazer em lágrimas quentes. Deixei-as lavarem minha alma, e transformei-as na saudade, deixando-as partirem.

Claro, sempre havia mais. A saudade que eu sentia por aquele cabeça-de-cenoura idiota não tinha tamanho. Nada poderia se comparar.

Mas agora eu tinha Ange. E um bebê, que resolveu ser concebido antes do casamento. Mamãe ficaria louca se soubesse.

Claro que esse não era o único motivo para eu pedi-la em casamento, mas se a barriga começasse a se pronunciar antes de termos algum compromisso... nem gosto imaginar a reação da Sra. Weasley!

Acordei com a luz invadindo a janela e percebi que havia dormido a noite inteira como há muito não conseguia.

— Jorge, querido, se café está posto — mamãe gritou, dois andares abaixo.

— Estou descendo. — vesti algo maior do que a cueca que vestia quando mamãe invadiu meu quarto, e lavei o rosto. — Bom dia.

— Bom dia, querido. Ah, e Angelina deixou um recado, mas receio não ter compreendido muito bem...

— Qual?

— Ela pediu para avisar que você não tente invadir a casa dela para bisbilhotar o vestido, ou vai passar a lua-de-mel com a cenoura em coma.

Engasguei ao ouvir a piada chula que Ange e eu havíamos inventado em nossos momentos mais íntimos. E então, tive uma crise de risos.

— Muito obrigada, mamãe, acho que sei o que ela quis dizer — falei ainda em meio a risos.

— Perfeito. Seu pai, Gui, Harry e Ronald já estão erguendo a tenda.

— Devo ajudá-los?

— Não é necessário. Hoje é seu dia. Seu e de Angelina — ela colocou mais panquecas de abóbora no meu prato. — Apenas coma seu café, sua irmã, Hermione e Fleur estão ajudando sua noiva.

— Então para que Ange se deu ao trabalho de me ameaçar? — resmunguei. — Hermione provavelmente encheu aquela casa com todos os feitiços de proteção existentes no mundo mágico. Rata de biblioteca.

Mamãe riu um pouco e eu me senti estranho por fazer alguém rir sem a ajuda do Fred. Ele devia ter começado a piada e eu a finalizaria em grande estilo. Bem como sempre fora com os gêmeos Weasley. Até ele morrer. Por culpa aquele cara de cobra imbecil.

Ao pensar nisso, senti toda a minha fome ir embora, junto a meu bom-humor. Mexi no prato e quando mamãe se virou, fiz um movimento com a varinha sob a mesa e logo todo o conteúdo do prato já estava dentro da toca dos gnomos de jardim. Eles encontrariam em um ou dois dias, quando retornassem. Agora, deviam estar totalmente perdidos pelo arremesso de gnomos, como eu e Fred chamávamos. Era nosso segundo esporte favorito, perdendo apenas para Quadribol, é claro.

Subi e entrei no banheiro para tentar acalmar meus pensamentos. Com um breve movimento de varinha minhas roupas foram levadas ao quarto e eu entrei debaixo do chuveiro.

Sua namorada.

Minha noiva.

Meu casamento.

Era certo?

Parecia tão errado...

Eu não sabia mais diferenciar a água das lágrimas.

Seu sorriso.

Seu cabelo ruivo dois tons mais claro que o meu.

Seus olhos.

Sua risada.

Seu humor.

Suas ideias.

A cadeira vazia, no lugar dos padrinhos.

O vazio dentro de mim.

Meu irmão.

Meu gêmeo.

Minha metade.

O que eu faria sem ele o resto da vida?

Eu já estava sentado no chão frio do banheiro pronto para desistir de todo aquela farsa que era meu casamento quando eu vi. Letra por letra. Formando uma palavra no vapor do banho.

“Viva”.

Eu olhei para os lados, procurando pelo idiota que resolvera brincar com este assunto tão sério.

Ninguém. Eu estava sozinho.

— Fred?

Louco? Talvez. Muito provavelmente eu já esteja completamente fora de mim. Mas vivemos em um mundo onde mágica existe. Trouxas duvidam de tudo a sua volta e por isso não percebem a obviedade que está sob seus narizes: magia.

“Viva”. A palavra já se desfazia, mas estava bem gravada em minha mente.

Eu iria viver.

Por mim, por Fred. Tinha um filho, uma responsabilidade. Antes de mim, agora vinha aquele novo serzinho ruivo que estava a caminho. E assim seria. Pelo resto da minha vida.

— Obrigado, maninho — falei para Fred, sabendo que onde quer que ele viva agora, com certeza viria ao meu casamento e estaria feliz a me ver seguindo e ajudando Ange a seguir também.

Se o esqueceríamos? Jamais. Quem conheceu o cara que Fred foi muito provavelmente jamais esqueça a sua risada exultante. Chacoalhava a alma.

Trazia alegria até a coisa mais miserável e triste deste e de outros mundos. Fred faria um dementador sorrir sem fazer muito esforço. Assim era ele.

E naquele momento, eu prometi a mim que eu nunca mais desonraria a memória de Fred trazendo tristeza.

— Você sempre teve a resposta pra tudo, não é mesmo? — sussurrei e pude jurar ter ouvido a risada clara e límpida de Fred na minha cabeça, indicando que a resposta era sim.


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Notas finais do capítulo

Adorei escrever essa história e espero que tenham gostado de lê-la também.xoxo



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