A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 35
Esperança... ou não.




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Eu estava completamente ofegante, não tinha mais forças nem para gritar. Podia sentir que boa parte do meu corpo estava aberta pelas facadas de Angelina. Em nenhum segundo ela tirou o sorriso do rosto.

Após terminar, Angelina pegou uma câmera fotográfica e começou a tirar fotos dos cortes. Enquanto isso os outros dois seguranças se aproximaram e me colocaram na mesma posição de antes, para que um senhor jogasse mais vodka na minha boca.

As dores de cabeça estavam cada vez mais forte. Meu corpo estava cansado e completamente machucado. Eu estava nutrindo um ódio por cada uma daquelas pessoas ali, que ficavam apenas vendo, sorrindo, e fazendo anotações.

–Aonde esperam que isso leve vocês?-Perguntei com a voz praticamente falhando.

–Isso seria a maior descoberta do mundo. –A japonesa falou.

–Sim, mas nós ainda não vimos como ela é feita por dentro. –Um outro homem careca falou.

–Ela tem os mesmo órgãos que nós temos. Mas os dela são feitos de uma massa especial. Edgard não disse qual era em suas anotações. –Angelina disse tirando uma foto do meu rosto.

–Porque ele a fez com essa caveira mexicana no rosto? –O homem careca perguntou.

–Ele não fez. Era para ela ter o rosto perfeito, mas simplesmente jogou fora quando tatuou essa coisa horrível! –Angelina responde pegando meu rosto para analisar os desenhos.

–Cala a boca! –Foi tudo que consegui dizer antes de receber outro tapa dela.

Meus olhos estavam cada vez mais pesados e as vozes das pessoas iam sumindo conforme a dor aumentava.

Tudo ficou em silencio. Abri um pouco meus olhos e não vi o vulto de ninguém, o que foi um alivio, eu finalmente estava sozinha. Ou pelo menos era o que eu pensava. Senti algo gelado na palma da minha mão.

–Ela precisa de um psiquiatra. –Killan estava passando alguma coisa em mim. Eu queria agradecer, mas não tinha forças. –Sinto muito você ter que passar por isso. –Eu não sei o que ele estava fazendo, mas aquilo me fez sentir um alivio enorme.

Ele continuou a passar aquela pasta branca por todos os cortes, mas eles ainda estavam ali, menos doloridos, mas ainda ali. Meus pensamentos começaram a ir para a imagem do Henry. Eu sabia que tinha recuperado parte do que eu era antes, logo a preocupação com ele era inevitável, mas eu não poderia pensar, se pensasse meu coração bateria e Angelina iria ver, o que não iria ser nada bom.

–Acho que isso deve ajudar você a se sentir um pouco melhor. –Killan disse. –Os desenhos no seu rosto são muito bonitos, e bem feitos também.

–Obrigada. –Consegui falar, de um jeito bem baixo, mas já era alguma coisa.

–Poupe suas forças. Logo eles vão estar de volta e acho que estão planejando fazer algo um pouco pior. –Ele se aproximou e baixou o tom de voz. –Parece que eles querem despertar outros sentimentos em você e acho que pode ser bem doloroso, por isso seja forte, tanto fisicamente quanto mentalmente. –Eu não entendia o porque dele me ajudar mas estava imensamente grata.

Killan saiu e me deixou sozinha. O fato de Angelina querer esses outros sentimentos é que me preocupa. Eu sei quais são os meus pontos fracos e torço para que ela não os encontre. Preciso mostrar que não estou ligando para qualquer coisa que ela disser. Mostrar que ela só pode me causar a dor física e não a emocional, que é o pior tipo de dor.

Alguns minutos depois todos estavam de volta, inclusive Angelina. Ela tinha uma pasta nas mãos. Sentou em um banquinho e da pasta ela tirou a foto que ficava no quarto de Edgard.

–Sabe Margot, devo admitir que Edgard fez um excelente trabalho com você. Pena que pra ele você era apenas uma boneca. Mas essa foi a melhor coisa que alguém já sentiu por você certo? –Ela pegou um pedaço do diário de Edgard e começou a rir. –Pobre coitada. Rejeitada pelas crianças. Dizem que crianças são maldosas por não pensar antes de falar, mas acho que elas simplesmente são verdadeiras.

Ela estava usando as histórias do meu passado para me atingir, usando o meu primeiro dia de aula como dispositivo para ver se eu tenho alguma reação. Infelizmente, pra ela, eu já superei isso.

–Está um pouco atrasa em relação a minha vida Angelina.

–Aberração certo? Era assim que elas ti viam? Pelo menos é assim que eu te vejo. –Ela deu uma risada extremamente alta. – Sempre um simples projeto. Você realmente acha que significou algo para essas pessoas? Algo que não tenha sido fama ou dinheiro, claro. –Ela me olhava nos olhos e passava a mão pelo meu cabelo. –Exato. Você nunca significou. Assim como agora.

Edgard nunca demostrava qualquer afeto por mim, a menos que eu fizesse algo realmente incrível, ele me parabenizava com um tapinha no ombro e um longo suspiro. Mas Ariele nutria sentimentos por mim. Ela e Paolo não podiam ter filhos e sempre notei que ela via em mim uma oportunidade de realizar esse desejo.

Se hoje em dia eu uso essas roupas, me comporto deste jeito, se hoje sou quem sou é tudo graças a essas três pessoas. Angelina pode dizer o que quiser em relação a eles, pois eu sei que eles me amavam, do jeito deles, assim como eu os amava sem saber.

–Desiste. Eu pouco me importo com eles. –Menti mantendo a voz o mais fria possível. Ela não podia saber que eu estava voltando.

–Você não me deixa outra escolha então. –Angelina amarrou minha cabeça e me deu mais bebida. Desta vez ela tinha uma furadeira na mão.

–o que vai fazer com isso? –Perguntei tentando esconder o medo, mas era difícil.

–Vejamos o que se passa ai dentro. –Eu podia ouvir o barulho da furadeira ligando, já comecei a me preparar para a dor quando alguém abriu a porta da sala onde estávamos.

–Doutora, achamos eles tentando invadir a casa. –O homem careca falou.

–Tragam aqui. –Angelina disse deixando a furadeira em uma mesa.

E então eles apareceram. Alex, Brenda, Samuel e Henry. Todos sendo segurados por seguranças. Um calor extremamente bom tomou conta de mim ao ver seus rostos, mas logo o calor foi embora quando a maquina da batimentos cardíacos apitou, mostrando meu batimento.


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