A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 33
Verdades




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Angelina também usava um jaleco branco. Eu não esperava que ela fosse a mandante disso tudo.

–Olha Margot eu devo admitir, achar você foi difícil mas agora que eu consegui não pretendo de soltar tão rápido.

–Tudo isso por dinheiro? –Falei com um tom nervoso.

–Eu não preciso de dinheiro. Sabe, acho que vou te contar uma historinha. –Ela puxou um banco e se sentou na minha frente. – Alguns anos atrás um médico chamando Gaston Cast decidiu fazer mestrado na área de anatomia humana. Quando ele chegou no curso conheceu um outro médico, chamado Edgard Virtanen. Os dois se tornaram grandes amigos e um dia os dois decidiram fazer um projeto juntos, o de criar a mulher perfeita. Pois bem, Gaston ficou responsável pelo desenho da mulher, os detalhes do corpo e tudo mais, Edgard ficou com a parte de como ela seria feita. Mas quando o projeto ficou pronto Edgard o roubou e sumiu do mapa. –Ela se levantou e foi falar com um dos médicos.

Angelina estava me contanto a história do Edgard, mas eu nunca ouvi falar sobre o outro homem. Se o que ela diz é verdade então eu sou criação deste homem também.

–Meu pai era um homem bom Margot. –Angelina estava de volta ao seu banco me encarando. – E o seu criador o traiu, roubando o maior projeto já feito. Quando ele morreu eu jurei que iria achar o Edgard e lhe causar a mesma dor que causou no meu pai, mas eu não sabia onde ele estava. Até que uma mulher ligou na minha casa e disse que ele estava muito doente. Não pensei duas vezes, vim correndo pra Finlândia. Quando cheguei aqui vi o Henry parado na porta, ele iria ser a melhor forma de me aproximar desta casa. Homens são tão previsíveis, eu só precisei usar um decote e ele já veio todo babão pra cima de mim. Mas eu não conseguia achar as coisas que eu queria. Até que você apareceu, tão linda e tão diferente.

–O que você quer de mim? –Perguntei.

–Eu ainda não terminei Margot, seja educada. –Ela levantou e começou a passar a mão no meu rosto e nos meus lábios. –Meu pai te desenhou perfeita mesmo.

–Você nunca ficou interessada no Henry, era a mim que você queria.

–Além de linda é inteligente. –Ela me soltou e voltou a se sentar. – Eu desconfiava de algumas coisas. Mas quando o Henry ficou doente eu encontrei esse lugar e tudo sobre você estava bem aqui, em cima de uma mesa. Quando eu li quase não acreditei que Edgard tinha mesmo feito você. Então na festa, quando eu te embebedei e cortei o seu rosto com as unhas, percebi que não tinha sangue. Você não tem ideia de como eu me senti feliz com isso! Agora que você está sobre meus domínios, eu e minha equipe vamos estuda-la. Quero saber tudo sobre você Margot. Tudo.

Três pessoas se aproximaram de mim, cada uma carregava uma bandeja de metal com instrumentos dentro. Bisturis, agulhas, gases. Eu já tinha visto aquela cena antes.

–Senhorita. O sujeito escapou. –Um dos homens que tinha me segurado antes falou para Angelina.

–Não tem problema. Ele é só um rapaz, não pode fazer nada. –Ela se virou e mais quatro homens usando ternos pretos apareceram. –Ninguém, exatamente ninguém, pode entrar nessa casa. Fui clara?

–Sim senhora! –Todos eles falaram juntos antes de saírem.

Henry tinha escapado, pelo menos agora ele poderia seguir uma vida normal. Sempre causei dor as pessoas que conviviam comigo, e fui abandonada por todas elas. Nãos as culpo, se eu pudesse também fugiria de mim mesma.

Um dos caras de jaleco colocou dois fios no lugar onde fica o coração, os fios ligavam a uma maquina que mostrava meus batimentos. Pelo menos essa é a função da máquina, mas eu não tenho batimentos.

–Fascinante! –Disse o homem. –Você não tem batimentos. Como está viva? –Ele disse pra mim.

–Eu não sei. –Respondi fria.

–Margot, eu notei que você não tem mais sorrido, e nem ao menos expressou alguma reação quando meu segurança veio dizer que o Henry tinha fugido. –Angelina falou enquanto pegava um bisturi.

–Não sei você lembra, mas eu não sou humana, não tenho sentimentos. –Ela deu um tapa no meu rosto e depois se afastou.

–Não subestime a minha inteligência. Vi o modo como você se comportava com as pessoas, só um humano poderia agir daquele jeito. Mas se você não quer me dizer o que aconteceu, não tem problema, vou descobrir do pior jeito, pior pra você, divertido pra mim.

Uma mulher prendeu as minhas mãos de um jeito mais forte e meus pés também. Eu estava completamente nua, amarrada na frente deles. Me sentia aquelas pessoas que existiam nos circos de horrores, praticamente uma aberração.

–Sabe o porque eu fiz você passar vergonha na frente dos outros? Ou o por que de eu ter fingido que queria o Henry? –Angelina perguntou enquanto examinava o bisturi.

–Porque você é uma vadia. –Respondi. Algumas pessoas na sala deram risada, mas foi bem baixinho e eles estavam de costas para Angelina.

–Resposta errada. Foi porque eu queria ver se a bonequinha tinha sentimentos. E eu seu sei que você tem Margot. Mas não se preocupe querida, vamos fazer vocês nos mostrar eles.

–Doutora, iremos aplicar um sedativo nela? –Uma japonesa perguntou.

–Não. Precisamos dela bem acordada. – Agora todos os médicos estavam me olhando.

Alguns tinham câmeras nas mãos, outros cadernos, outros instrumentos usados apenas em cirurgia, outros ligavam alguns aparelhos ao meu corpo e Angelina estava a frente de todos eles. Ela fazia questão de me olhar nos olhos, mas eu sabia que isso tudo seria uma perda de tempo. Eu não iria sentir dor, meu corpo já está acostumado com essas agulhas que nem ao menos me fazem cocegas. Mas achei interessante não falar, só para ver até onde ela iria ir e para poder ver a cara de decepção dela quando visse que eu não sinto as mesmas coisas de antes.

–Chaga de conversa. Hora do show. –Angelina colocou a ponto do bisturi no meu braço e então o deslizou pela minha pele.


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