Passei a noite inteira fazendo nossas fantasias. Henry já tinha escolhido o que queria. Mas a minha tinha sido a mais difícil de fazer.

Eu estava sentada em frente ao espelho terminando de fazer a minha maquiagem. Aquele pó que Alex tinha me emprestado realmente tinha feito a caveira sumir do meu rosto, e eu tinha gostado de como meu rosto estava sem os desenhos, mas eu ainda podia sentir as cicatrizes na pele.

Fiz toda a maquiagem conforme um dos vídeos tinha me ensinado, apesar de que eu lembrava muito bem de como é o rosto da Emily, a noiva cadáver.

Coloquei o vestido branco, todo rasgado e com os desenhos dos ossos dela. Coloquei a coroa de flores e o véu da noiva. Fiquei parada em frente ao espelho observando o modo como eu tinha ficado extremamente parecida com a minha personagem favorita.

–Como estou? –Olhei em direção ao som da voz e vi Henry parado na porta do banheiro.

Ele estava de fantasma da ópera. Calça, capa e coletes pretos, com uma camisa branca e a tão famosa máscara do fantasma. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo e até assim ele ficava lindo.

–Particularmente prefiro o cabelo solto. –Falei.

–Particularmente prefiro minha caveira mexicana. –Ele deu um beijo na ponta do meu nariz e ficamos lado a lado de frente para o espelho.

Nós até que parecíamos um casal normal, mas tenho certeza de que nunca seremos um casal normal.

–Você fez um excelente trabalho amor. –Ele falou.

–Obrigada – A campainha tocou e descemos para atender.

Quando Henry abriu a porta uma figura de cabelos verdes pulou para dentro de casa.

–Olá meus queridos! –Alex estava exatamente igual ao curinga, o grande vilão do Batman.

–Bela fantasia. –Falei.

–A sua também Noiva cadáver. –Ele sorriu e logo tirou o celular do bolso para tirar uma foto nossa.

–Caramba! –Henry falou bem alto.

–O que foi? –Desviei os olhos do celular de Alex para ver a figura de uma caveira mexicana parada na porta. –Como assim? –Falei.

–Tambem fiquei chocado tchuca. Mas é a Brenda. Ela queria ser uma caveira mexicana, mas ficou assustadora. –Olhar pra aquela caveira me fez pensar se era assim que as pessoas me viam.

–Você está medonha- Henry falou. Será que ele me via medonha também.

–Obrigada. Agora vamos logo. –Os desenhos no rosto ela eram diferentes do meu, por mais que tivessem cor ainda davam medo, principalmente a boca, o desenho de vários dentes, minha boca não é assim.

Eu ainda não conseguia falar. Quando chegamos ao endereço quase não acreditei. A casa toda estava enfeitada com aboboras, esqueletos, morcegos, e muito, mais muito, sangue falso.

A faculdade inteira estava lá dentro, pessoas de vários cursos, por sorte a casa era bem grande.

–Henry garotão! –Um cara vestido de múmia, ou era pra ser, seu peito estava nu mas a parte de baixo estava um pouco enrolada, ainda sum dava pra ver as coxas do rapaz.

–Mike!! –Eles dois se cumprimentaram e começaram a conversar sobre futebol.

–Margot, vem! –Alex me puxou pela não e fomos explorar a casa.

Eu não conhecia todo mundo mas a maioria me parava para elogiar a minha fantasia. Até que uma mão me puxou e eu perdi Alex e Brenda de vista.

Um homem de máscara e chapéu estava na minha frente. Ele não falava apenas me olhava e isso começou a me assustar.

–Oi Margot!- Quando ele levantou a máscara fiquei bem aliviada em ver o rosto do Samuel.

–Que susto.

–Ah me desculpas. Gostei da fantasia. –Ele falou. Nós estávamos mais próximos que o normal.

–Obrigada. Gostei da sua também.

–É um pouco difícil comer com ela. Henry veio com você?

–Sim, mas ele ficou conversando com um amigo.

–Quer alguma coisa, uma bebida?

–Por enquanto não, obrigada.

–Margot eu preciso te contar uma coisa. –Ele estava sério e me olhava diretamente nos olhos. –Mas aqui não é o melhor lugar.

–Samuel? –Uma garota vestida de vampira chamava por ele.

–Eu já volto. –Ele deu um beijo na minha testa e saiu andando.

Ele estava mais sério que de costume e isso me preocupava um pouco

–Margot, querida! –Ahh essa voz de gralha, nem precisei me virar para ver quem era.

–Oi Angelina. –Me virei e vi que meus ouvidos não se enganaram.

Ela estava vestida de diabinha. Um vestido vermelho muito curto e com decote que descia até a sua barriga. E em cima da cabeça um par de chifrinhos vermelho. Ela realmente parecia o capeta, e a julgar pelo modo como os caras estavam olhando pra ela, todos eles queriam ir para o inferno.

–Toma, como símbolo da minha trégua. –Ela me entregou um copo com um líquido transparente.

–Obrigada. –Falei pegando o copo e tomando um gole. Edgard sempre me ensinou que as pessoas podem mudar, e u acho que ela realmente quer paz entre nós duas.

O liquido era forte e me fez sentir um calor pelo corpo inteiro.

–O que você acha da gente fazer uma brincadeira? –Ela falou com um sorriso no rosto.

–Claro. – Acho que finalmente ela parou com as implicâncias.

Angelina me levou para o jardim, durante o caminho ela me fez tomar mais três copos daquele liquido. Minha cabeça começava a doer e eu me sentia um pouco tonta, mas ela disse que era normal.

Ficamos paradas e logo um grupo de pessoas apareceu. Eles nos fecharam dentro de um circulo, todo estavam de capas pretas, não conseguia ver o rosto deles mas uma onda de medo tomou conta de mim.

–Acha mesmo que o Henry vai querer uma esquisita como você? Se enxerga garota, você é ridícula. –Ela pegou meu rosto com uma das mãos e eu sentia as unhas falsas dele entrando na minha pele. –Fica longe do Henry. É a ultima vez que eu te falo isso, a próxima eu não vou deixar você viva. –Angelina afundava ainda mais as unhas no meu rosto.

Mas expressão no rosto dela mudou. Ela começou a me encarar de um forma diferente, como se eu fosse a maior descoberta da sua vida. Angelina me empurrou e eu fiquei caída no chão. Não tinha mais forças pra levantar e tudo estava girando.

Eu só conseguia ver ela e o grupo de pessoas se afastando, depois tudo ficou preto.