Simplesmente Complicado escrita por Samy Ogawa
Notas iniciais do capítulo
Olha sóóóó, o capítulo foi rápido e não foi curto! Espero que isso perdoe as minhas vezes que fiquei um tempo enorme sem postar...
Espero que gostemm
Quando chegamos ao hospital, já eram quase 7h da manhã, estávamos exaustos e sonolentos. Jin havia feito um esforço sobrenatural para não dormir enquanto dirigia. Já eu, por mais que quisesse ter dormido, o vento na minha cara e aquele frio desgraçado não deixaram nem eu pensar em dormir.
– Moça, por favor, o quarto do Sr.Aruha – perguntei para a recepcionista enquanto Jin estacionava a moto do lado de fora.
– Tem cadastro? – perguntou a moça com desdém.
– Cadastro? Eu não posso fazer depois? – dei um sorrisinho
– Não – respondeu secamente. – Sem cadastro a senhora não pode entrar, sinto muito.
– Eu passei horas viajando aqui, não tenho tempo pra fazer uma droga de cadastro – bati no balcão com força – Meu pai está em coma e eu preciso vê-lo. Agora.
– Senhora, se não se acalmar vou pedir que se retire.
– O que? – gritei segurando forte o capacete – Você só pode estar brincando né? Que droga de palhaçada é essa de cadastro? Por que raios...
– Amy – Jin pôs a mão no meu ombro – Deixa que eu cuido disso, eu faço o nosso cadastro. – ele olhou para a recepcionista, que deu de ombros e assentiu – Agora vá ver seu pai.
– Obrigada Jin – abri um sorriso e olhei para a recepcionista, que apontou para o final do corredor, a sala de numero 71. Corri o mais rápido que pude.
Quando cheguei em frente a porta de nº71, fiquei fitando a maçaneta por alguns minutos. Dali em diante, várias coisas mudariam, e não seria apenas por ver meu pai em pleno coma.
Por fim, respirei fundo e abri a porta devagar. Lá estava meu pai, deitado com os olhos fechados e cheio de tubos e fios ligando seu corpo a máquinas e sacos de oxigênio. Aquilo era chocante demais. E logo do lado, em um sofá não muito grande, estava uma mulher com os olhos cravados em mim, como se tivesse visto um fantasma e não estivesse acreditando no que via. Seu rosto estava pálido e cansado, sinal de que não havia dormido nada durante a noite. Provavelmente meu rosto estava bem parecido.
– Mãe eu... Eu sinto muito... eu – meus olhos umedeceram e eu comecei a chorar – Me desculpa mãe...
Ela se levantou, correu até mim e me envolveu com seus braços, abraçando o mais forte que pode.
– Amy.. – seus olhos estavam úmidos - Senti sua falta, filha – disse entre soluços, me abraçando mais forte – Você não faz ideia do quanto.
E assim eu comecei a chorar mais ainda. Pelo fato de ter fugido, por ter feito ela sofrer com a minha saída, e por ver meu pai naquele estado. Ficamos assim por algum tempo, até sentarmos no sofá. Meu pai estava com várias feridas espalhadas no rosto e no braço, era difícil pra minha mãe ver tudo aquilo, mas ela fitava meu pai o tempo todo. Ouvimos a maçaneta girar e olhamos para ver quem estava entrando.
– Olá Sra.Aruha – sorriu Jin, que chegou até nós e a cumprimentou com um abraço, depois levando seu olhar para mim, levantou meu queixo – Como ele está?
– Bom... – sorri um pouco e ele se sentou no braço do sofá – Ele está respirando.
– Já é algo ótimo – disse, depois levou seu olhar para minha mãe e abaixou um pouco a cabeça, estava arrependido – Sra.Aruha, quero pedir desculpas por ter levado a Amy junto comigo e ter feito vocês brigarem daquele jeito, foi totalmente irresponsável da nossa parte, principalmente da minha... Sinto muito mesmo.
– Não se preocupe com isso Jin – minha mãe sorriu um pouco – Eu entendo o lado de vocês, já estavam grandes o suficiente para tomar as próprias decisões, o problema é que isso foi novidade demais pro pai da Amy. E para os seus pais também
Jin passou a mão pelo cabelo e suspirou.
– Eu preciso falar com eles sobre isso.
– Eles me ligaram e vão vir às 8h – ela o informou – Vocês terão bastante tempo para conversar.
Jin sorriu e assentiu. Segurei as mãos dele e sorrimos.
Algum tempo depois os pais de Jin chegaram e eles foram conversar no corredor. Eles não tiveram a mesma reação que a minha mãe, estavam frustrados e chateados. Nem se quer ouviam o que Jin tinha para dizer, apenas despencavam palavras para cima dele. Dava para ver tudo de dentro do quarto - pelo fato da porte ter um lado de vidro - Mas tudo o que era dito do lado de fora não ultrapassava o quarto. E assim que a conversa deles terminou, apenas seus pais adentraram no quarto, e me cumprimentaram apenas por compaixão ao meu pai. Eles passaram a confortar minha mãe e eu fui para o corredor. Jin estava sentado em uma cadeira na cantina com os braços apoiados nas pernas.
– Como foi com eles Jin? – me sentei em uma cadeira ao seu lado.
– A mesma coisa de sempre – respondeu decepcionado – Eles nunca vão entender.
– Ora Jin, não seja pessimista, as coisas podem melhorar. – tentei conforta-lo, mas ele já parecia ter se conformado.
– Amy, me diga, eu pareço ter cara de médico?
– Não mesmo – sorri.
– Exatamente – ele passou a mão na testa – Mas eles não veem isso, não querem enxergar que eu não quero fazer a maldita faculdade de medicina e sim me tornar um músico. – ele deu uma pausa – Eles não enxergam que eu não sou o meu irmão.
Passei as mãos nas costas do ruivo para conforta-lo. Desde sempre o irmão do Jin passava em primeiro lugar em tudo, era o filho que todo pai queria ter, e seus pais se orgulhavam muito disso. Já Jin era diferente, passava horas tocando em vez de estudar, adorava cantar e sair farreando para todo lugar, era diferente demais de Azin. E isso os incomodava de uma forma tão grande que não conseguiam ver as enormes qualidades que Jin possuía. Ele não era um Azin, e isso já era suficientemente frustrante para eles.
– Amy? É você? – perguntou uma voz atrás de nós
Me virei para trás e abri um sorriso enorme.
– Pirralho!!!!! – saltei da cadeira e corri para abraça-lo – Você cresceu!
– Já te disse para não me chamar de pirralho, seu bicho rosa – resmungou Dio, que tentava se livrar do meu abraço apertado e meloso. – E pelo jeito só eu cresci, você continua uma nanica.
– Dio! – rosnei batendo em seu braço – Não nos vemos há 2 anos, seja legal.
– Desculpa – sorriu Dio e me abraçou de volta – Senti sua falta, Amy.
– Eu também senti a sua – sorri olhando para cima – Você cresceu demais...
Dio sorriu orgulhoso, ele adorava se sentir superior às vezes. Jin se levantou e abriu um sorriso.
– Caaara, você ta enorme! Mais um pouco e você chega no meu tamanho – riu dando um pequeno abraço no garoto. – Nem parece que você só tem 12 anos.
– Aproveite seu tamanho enquanto pode Jin, eu ainda vou te passar – sorriu determinado.
– Isso é o que veremos – sorriu Jin com um olhar desafiador.
Quando fui voltar a abraça-lo, uma garota de cabelos rosa chegou correndo na porta do hospital, e quando avistou Dio saiu em disparada até ele.
– Dio! – gritou a garota acenando, parando na frente dele – Você ta bem? Como está seu pai?
– Rey?? – Dio arregalou os olhos ao ver a garota, corando um pouco – O que você esta fazendo aqui? Você precisa ir pra aula!
– Eu não vou para a aula enquanto você não for – cruzou os braços – Ainda mais quando você esta passando por um momento desses
– Awn – murmurei para Jin, que abafou a risada.
– Não Rey, você vai pra aula. Você já tem problemas demais na escola, não vou deixar que mate aula pra ter mais outros – respondeu Dio colocando os dedos na testa.
– Mas Dio...
– Rey – ele suspirou – Vá pra aula, não quero que você tenha problemas por causa de mim de novo, por favor.
– Tudo bem – resmungou a garota – Mas com uma condição.
– Qual? – levantou o olhar.
Rey saltitou até Dio e lhe deu um beijo na bochecha, deixando uma marca de batom rosa.
– Que você deixe essa marca de batom pro resto do dia – sorriu contente.
– Maldita Rey! – bufou Dio se segurando para não esfregar o rosto.
– A gente se vê depois, Dio – sorriu a garota já indo para a saída
Acenamos até que ela saiu porta a fora, e segundos após isso Dio começou a esfregar a mão na bochecha desesperadamente. Jin e eu nos entreolhamos e demos um sorrisinho.
– Hmmmmmmmmmmmmmmmm
– NEM VEM – explodiu cerrando os punhos, com o rosto avermelhado
– Que fofo o pirralho com vergonha – sorri puxando sua bochecha de um lado para o outro
– Ela é sua namorada, Dio? – perguntou Jin, impressionado pela beleza da garota mais nova.
– Ela não é minha namorada – gritou Dio, depois se virou pra mim e segurou meu braço – Da pra parar de estourar a minha bochecha?
– Mas ela é tããão macia – fiz um bico enorme, e Jin riu.
– Você não se cansa de fazer essas coisas?
– Não mesmo – abri um sorrisão
– Retiro o que eu disse sobre ter sentido a sua falta – suspirou Dio
– Que cruel, Dio! – choraminguei – Aposto que chorou quando eu fui embora.
– Claro Amy, chorei a noite toda...
– Jin, olha ele – apontei pro asmodiano, fazendo um bico maior ainda – Fala pra ele parar de ser mau!
– Continua assim, Dio – sorriu Jin – Ta bem legal.
– Traidor! Depois quer que eu me case com você e...
Jin arregalou os olhos e eu tapei a boca. Dio nos encarou e estreitou os olhos ao mesmo tempo.
– Casar? Vocês vão se casar?
Jin me olhou como se eu fosse a pessoa mais lerda do mundo.
– Casar? Eu disse que eu ia casar com ele? Não vou me casar com ele – engasguei com as palavras – Eu quis dizer que ele vai se casar com uma amiga minha chamada Lin.
Jin quase caiu da cadeira e me olhou de novo, dessa vez com uma expressão de “QUAL É O SEU PROBLEMA??”.
– Jura? – Dio pareceu surpreso e olhou Jin, que tentava se recompor na cadeira. Ele não tinha outra saída a não ser confirmar o que eu tinha dito.
– Sim... – Jin tossiu, depois me olhou com uma expressão de raiva súbita – Mas era pra ser um segredo.
– Desculpa – tentei sorrir
– Uau, isso é revelador – Dio passou as mãos no queixo – Seria uma pena se eu contasse isso pros seus pais...
– DIO!
– Que foi? Eu preciso garantir uma vida aqui, Amy – balançou a cabeça.
– O Jin é seu amigo! – dei um peteleco em sua cabeça
– Pode até dizer, mas seria uma pena se eu contasse pros seus pais que foi você que pôs fogo no jardim da sua mãe e não eu – Jin deu um sorriso atravessado, que fez Dio bater a cabeça na mesa, derrotado.
– Ta bem ta bem, você ganhou, eu não vou contar nada – resmungou, mas depois tomou uma expressão mais normal – É sério isso de você casar, Jin?
– Pelo jeito sim – Jin me fuzilou com os olhos.
Fiz um gesto de desculpas de novo, o nome da Lin tinha sido o primeiro a minha mente, e eu não sabia o que dizer.
– E quando vocês pretendem se casar?
Jin me olhou com aquele olhar de “nunca” e eu ri.
– Daqui a alguns anos. – sorriu Jin, apoiando seus cotovelos na mesa – Mas é um segredo ta? Só você e a Amy sabem disso.
– Já admiti a derrota mesmo...
Ficamos conversando um tempo sobre o suposto casamento de mentira de Jin com a louca da Lin até que minha mãe apareceu na cantina. Seu rosto estava tão cansado que chegou a dar um aperto no coração.
– Dio – ela se virou para ele e pôs a mão em seu ombro, tentando abrir um sorriso aconchegante – Você pode acompanhar os dois até em casa? Imagino como a viagem deles tenha sido cansativa.
– Mas mãe! – tentou se impor – Eu acabei de chegar, nem vi o papai ainda.
– Dio – ela apertou um pouco em seu ombro – Por favor.
Dio deu um longo e tedioso suspiro e se levantou.
– Vou chamar um táxi.
Minha mãe assentiu e disse um “obrigada” para ele, depois se virou para nós dois e sorriu.
– Tentem descansar, não quero vocês dois doentes também.
– Pode deixar – afirmou Jin, se levantando e me ajudando a levantar. Quando já estávamos na porta, minha mãe o chamou para perto e eu pude ouvir o sussurro que ela disse.
– Obrigada por cuidar dela, Jin – disse ela em voz baixa
– Eu não seria eu mesmo se não cuidasse dela – sorriu para ela, que ficou aliviada e voltou para dentro.
E assim, ao chegar o táxi, fomos eu, Jin e Dio rumo a minha enorme, nostálgica e problemática casa.
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Aos que ainda acompanham, por um divino milagre, o que acharam?