Recôndito escrita por nanetys


Capítulo 1
Recôndito


Notas iniciais do capítulo

Bom, minha primeiríssima fanfic do nyah.
Enfim; é uma fic que eu já tenho há bastante tempo, mas só agora criei vergonha na cara para postar. Espero que gostem.



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O fio que estava prestes a se soltar, arrebentou-se
E dormiu junto com as palavras que juntei
Aquilo que transbordou e se foi com a correnteza
Deve ser muito parecido com você

(Regret – the Gazette)

-

            O vento ficou mais forte quando Cissnei chegou à praia, fazendo seus cabelos chicotearem seu rosto. Ela abraçou o próprio peito, e continuou caminhando. A praia estava deserta, possivelmente por ser tão tarde e por estar ventando tanto. As águas estavam revoltas e nada convidativas. Visivelmente, uma tempestade estava a caminho, mas ainda assim ela se sentou na areia e abraçou as pernas, escondendo o rosto entre os joelhos. Logo, pôde ouvir trovões e sentiu a chuva lhe atingir o corpo, com força. Mesmo assim, continuou ali, sem mover um músculo. Em pouquíssimo tempo, suas roupas estavam encharcadas. Seu corpo estava gelado e dolorido, mas ela não se importava com isso.

            Finalmente, se cansou. Colocou-se de pé, com o rosto fechado, e decidiu ir embora. Tinha que controlar suas emoções, e não se deixar dominar por elas. Era uma Turk, afinal de contas. Pensou em tirar seu casaco e o colocar sobre a cabeça, mas acabou mudando de idéia – já que aquilo seria inútil, uma vez que ela já estava encharcada. Tentou se concentrar no chão onde pisava, como se quisesse decorá-lo, mas logo sua mente estava vagando mais uma vez, e logo ela havia parado, quase sem sentir a chuva que caía sobre ela.

            O caminho para casa era longo. Ficar andando na rua não era nem melhor nem pior. O bom é que aquela chuva forte impedia as coisas de ficarem mais dolorosas; a chuva deixava bem claro que, naquele momento, ninguém seria tão insano para querer sair – nem mesmo Zack. Então estava tudo bem, porque ela poderia pensar que ele não estaria com ela naquela noite, mesmo. Porém, em noites estreladas, com a Lua Cheia despontando no céu, ela preferia sinceramente se trancar no seu quarto – espaçoso demais e doloroso demais, sem o Zack – a sair naquele ambiente sufocador de tão romântico que a fazia pensar ainda mais nele.

Eram tantas coisas que ela não deveria sentir, tantas coisas que ela deveria ignorar. Ergueu o rosto para cima, para que a chuva o molhasse o suficiente para que ninguém reparasse em suas lágrimas. Depois, cobriu o rosto com uma das mãos, envergonhada. O que estava fazendo? Chorando? Por causa de um homem?

            Mas não é um homem qualquer. É o Zack.

            Balançou a cabeça. Zack... Zack não estava mais lá – nem nunca mais estaria. Zack estava muito longe. Era menos doloroso saber que ele preferia Aeris. Na verdade, ela agora daria de tudo para que ele apenas a trocasse por outra. Ele estar morto era muito, muito pior.

            Eram muitas emoções – mais do que ela podia suportar. Todas avassaladoras demais. E não havia mais como tirá-las de lá. Não havia. Elas iam ficar guardadas, lá dentro, a assombrando em todas as noites – como aquela. E todas as noites ela ia sentir que seu quarto era muito solitário e que sua cama era grande demais; todas as noites ela ia sonhar com um Zack ensangüentado e ferido, lhe estendendo a mão – mão que ela nunca conseguia alcançar; e todas as noites ela ia sair, sozinha, porque, se alguém fosse com ela, ela iria ficar pensando “por que não é o Zack que está aqui?” e aquilo iria machucá-la ainda mais.

            E ela não queria nada daquilo. Ela queria sonhar com um Zack sorridente, cuja mão ela alcançava; um Zack quente e aconchegante. O Zack que ela sempre seguiria; o Zack que ela sempre iria querer tocar, só para saber a textura de sua pele, mas que ela nunca tocaria por medo de estar violando algo que não era seu. E – agora ela via – aquilo fora totalmente idiota. Deveria tê-lo tocado, tê-lo agarrado, ter ignorado toda aquela história de honra e o que mais fosse, deveria ter dito seu nome a ele, para ouvi-lo ser dito por aquela voz que a encantava. Deveria ter aproveitado cada chance que teve de simplesmente tocar em seu rosto.

            Estava tão perdida em pensamentos que sequer reparou quando a chuva parou. Só se deu conta quando já estava quase em casa. Então, ergueu os olhos para o céu – céu que ela amava tanto quanto amava Zack. O céu era onde os anjos ficavam, certo? Então Zack devia estar lá. E sentiu-se entristecida ao pensar que, se tivesse asas, poderia alcançar as duas coisas que mais amava. Fechou os olhos, imaginando que voava – desde criança fazia aquilo, quando estava triste. E imaginou que, no céu ensolarado e amplo, Zack a esperava, de braços abertos, ainda distante demais para que ela o tocasse.

            Mas não tinha problema. Um dia, ela teria asas, e iria até ele. Iria segui-lo, como sempre havia feito. E então, iria alcançar a mão de seu amado e sua tão sonhada liberdade. E quando isso acontecesse, seu coração também seria livre. E enquanto esse dia não chegasse, ela iria continuar sonhando com suas asas – e com sua liberdade, e com seu amor, e com as únicas coisas que ela desejava mais do que sequer viver. Zack e Asas – quase sinônimos.

 


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Notas finais do capítulo

Enfim, aí está. Espero que tenha ficado boa.
Eu sei que a Cissnei não é assim suuuper-popular ou conhecida - pelo menos, não tanta quanto a Tifa ou a Aeris - mas eu gosto muito dela. Ela é legal.
De qualquer maneira, não deixem de comentar falando o que acharam. Beijos!