Boneca de Porcelana escrita por Ceifadora


Capítulo 1
A Boneca ganha Liberdade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/445975/chapter/1

Minha irmã e eu estávamos no parque, July quis ir ao lago, eu a acompanhei, ela viu que o lago estava congelado e quis andar sobre ele, eu ia impedi-la mas achei que não fosse perigoso e fui com ela. Quando July chegou ao centro do lago, a camada de gelo se partiu, quebrando sob ela. Vi minha irmã se debatendo e gritando por ajuda, porém, fiquei parada olhando-a sem mover um músculo para salvá-la. Algumas pessoas que passavam por lá ouviram os gritos e correram para ajuda-la, um homem de cabelos grisalhos e olhos negros tirou July da água e correu com ela para o hospital, uma mulher que o acompanhava me puxou pelo braço e fomos atrás deles.

July chegou a ser atendida, mas não demorou muito e ela morreu. Quando mamãe e papai souberam da notícia, correram para o hospital, mas ela já estava morta, mamãe gritava muito e papai apenas chorava em silêncio, ambos nem se preocuparam comigo.

Sai do hospital e voltei ao parque, me sentei no balanço e lá fiquei.

Apesar de sermos gêmeas, July sempre foi melhor em tudo, ela era a mais bonita com seus cabelos longos, negros e brilhantes, olhos lindos e azuis como o céu numa manhã ensolarada e eu com meus cabelos curtos, negros e sem vida, meus tristes olhos azuis como o céu de uma noite de tempestades. July tocava piano, violino e ia bem na escola, eu nunca me destaquei em nada. Todos sempre a tratavam muito bem, com muita delicadeza e educação, já eu, eles tratavam com frieza, agiam como se eu fosse uma estranha, muitas vezes como se eu não existisse.

No enterro de July, mamãe me trancou no porão dizendo que eu era um monstro por não ter ajudado July e papai dizia que eu devia ter me afogado no lugar dela.

Não que o porão seja um péssimo lugar, ele até que é agradável aos meus olhos, o problema é que o sol não consegue me ver. O fato de eu gostar da escuridão não significa que eu não goste de luz.

Mamãe me deixou trancada lá depois da morte de July, ela me faz ir ao parque toda semana, mais precisamente ao lago, para que eu me lembre do monstro que sou.

O lago é um lugar agradável para mim, agora que já se passou mais de um mês após a morte de minha irmã que quase não consigo me lembrar do jeito dela.

Mamãe me faz trazer ao lago a caixinha de música da July, a qual tocava a música que ela mais gostava, a música que ela estava cantando antes de cair no lago.

Aproveito o passeio para ver a lua e a estrela pois a pequena janela do porão é tão suja que não se consegue ver do lado de fora.

Antes de dormir, mamãe sempre desce até o porão para apagar o lampião, a única fonte de luz que eu tinha, antes de trancar a porta, para que eu não fuja, ela, do alto da escada, grita “Sonhe com July sua monstra.”. Papai nem se quer olha para mim, prefere evitar contato visual com sua “filha monstra” toda vez que saio para ir ao parque.

Isso sempre me magoou muito, eu sempre vi minha irmã recebendo atenção de todos enquanto eu a admirava, sei que ela não fazia por mal, mas, mesmo assim, a odiava.

Hoje, a noite será diferente, antes de a mamãe descer para me “dar boa noite” eu coloquei uma trava na porta para que eu pudesse abri-la.

Depois que sai do porão, fui até o quarto de July, que ainda estava como ela o deixou, e peguei sua boneca favorita. Fui até o carro do papai, em silêncio, e peguei o garrafão de gasolina que ele guardava no porta-malas. Abri-o e esparramei-o por toda a casa, com cuidado, fiz um caminho até o jardim e joguei o resto sobre as violetas, flores favoritas da minha irmã, depois disso joguei o fósforo aceso e vi a casa toda pegar fogo.

Com a boneca na mão eu fui até o parque, fui ao lago e me joguei.

Você deve estar se perguntando “Você não amava seus pais?”.

A resposta é simples, eu não tenho o direito de amar alguém porque o amor é um sentimento humano, logo eu, considerada um monstro pela própria família, sou incapaz de ter esse tipo de sentimento...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ótimo começo, péssimo final, apenas...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Boneca de Porcelana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.