A História De Jasper Whitkock escrita por Alice Whitlock


Capítulo 3
Capitulo 3 – Isto não é vida ou se calhar é


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Capitulo 3 – Isto não é vida ou se calhar é

– Isto não é vida. – Lamentei-me enquanto a minha mãe arranjava um estúpido lenço no meu pescoço.

Íamos ao um jantar super chique que uma das minhas tias, que eu nem conheço, resolveu organizar e convidar a minha família quase toda e várias figuras importantes da cidade.

– Para com isso Jasper Whitlock. – Repreendeu a minha mãe. – Segue o exemplo do teu irmão que ainda não fez nada.

– Tens razão… AINDA não fez. – Disse ressaltando o ainda.

– VENHA CÁ, MENINO! – Ouvimos Nair gritar.

– NÃO VOU VESTIR ISSO! – O meu irmão gritou.

– Eu não disse? Ele ainda não tinha feito nada. – Disse com ar de superioridade.

A minha mãe bufou, todos diziam que era feio de ver uma senhorita a bufar mas quando estávamos só eu e ela, ou eu, ela e o meu irmão e algumas vezes Nair ela fazia sem se importar. Ela abriu a porta do quarto a tempo de ver Erick disparar pela escada a baixo e Nair correr atrás dele que mais parecia que lhe daria um ataque.

– Deixa que eu resolvo. – Sorri.

Disparei porta fora, passei por Nair descendo as escadas a correr e alcancei o meu irmão num piscar de olhos, agarrei-o por um braço.

– Traidor! – Rosnou por entre dentes.

Disparei para o jardim, pois como ele, eu também não queria ir e não iria ser eu a obriga-lo a ir.

– Vamos, sei onde nos havemos de esconder. – Ofeguei cansado.

Ele nada disse e correu atrás de mim, passamos pelas plantações, onde vários homens negros trabalhavam e cantavam, depois da zona das plantações havia um barracão onde guardavam as ferramentas do trabalho agrícola, era lá que eu me escondia quando queria estar só.

O barracão era de madeira, com dois andares, mesmo assim era baixo. O andar de cima tinha feno e palha espalhada e era rente ao tecto.

– Sobe, ninguém se vai lembrar de nos procurar aqui. – Disse a subir a escadinha.

Ele seguiu-me.

– Pensei que me fosses levar de voltar para a tortura. – Confessou.

– Achas, eu estou muito pior que tu. Tens a Nair a ajudar-te a arranjar-te, eu tenho a mãe. É pior.

– Isto está a dar-me cabo das costas. – Ouvimos a voz de um dos homens que estavam a trabalhar nas plantações.

– Pelo menos aqui estamos melhor que no outro dono. – Disse outro. – Aqui ao menos temos condições e podemos cantar e dançar no meio do trabalho. – Riu.

– O Charles é bom homem. – Disse o primeiro.

– Olá garotos, outra vez a esconderem-se da mãe? – Perguntou o segundo, para… NÓS.

– Sim. – Disse debruçando-me na beira da escada e vi Martinez e Andrés.

– Sempre nisto. Têm de dar uma folga a vossa mãe. – Disse Martinez.

– Não vamos dizer nada, desde que se forem apanhados não disserem que os vimos. – Negociou Andrés.

– Fechado. – Dissemos em coro.

Eles saíram a rir.

– Será que assim vamos prejudicar o jantar da tia solteirona? – Perguntei.

– Não sejas medricas. – Desviou da minha pergunta.

Revirei os olhos.

– A colheita está muito boa. – Era o nosso pai a entrar no barracão. – Os escravos são maravilhosos.

– Ainda bem. Pensei que lhe dariam problema. – Uma voz que não reconheci falou.

– Não deram, eles são até muito bons, alegres e sempre na cantoria. Eu gosto de gente alegre. – Afirmou.

Vi o meu irmão segurar-se para não espilrar e deitar o nosso disfarce por água abaixo, mas não foi ele que o fez fui eu.

Comecei a ficar com vontade de espilrar e saiu.

– Atchim!

– Quem está ai? – Perguntou o meu pai.

– Atchim!

Agora foi o meu irmão, pois é já fomos.

– Meninos que fazem ai? A vossa mãe está fula a vossa procura. – Repreendeu-nos.

Descemos as escadas com sorrisos amarelos no rosto e seguimos o nosso pai até casa sem nem trocarmos uma palavra.

Chegamos a porta de casa e a minha mãe e Nair estavam á porta com cara de quem íamos ouvir uma descasca.

– Mãe… - Comecei a tentar apaziguar as coisas.

– Cala-te, eu não tenho paciência só que subam agora e acabem de se arranjar. – Interrompeu-me levando uma mão a cabeça. – AGORA! – Gritou.

Subimos a escada a correr, raramente ouvíamos a mãe a gritar.

Entrei no meu quarto e Erick no dele, peguei na roupa que estava em cima da cama, pois a que eu tinha vestido estava toda suja, e a mãe devia de ter previsto isso e caminhei para o quarto do meu irmão.

– Ajuda ai. – Pediu quando eu entrei.

Ajudei-o a vestir aquela roupa horrível e de mau gosto e comecei a vestir a minha.

Demorei mais pois não queria ajuda e estava de trombas por gritarem comigo isso nunca tinha acontecido. O meu pai dizia que era porque eu era demasiado carismático e induzia calma a todos, eu não acredito em nada disso.

(N/A: Vais passar a acreditar quando te transformares. Kkkk Pronto vou parar de interromper. :P)

Fui até a casa de banho quando o meu irmão saiu e comecei a tirar a palha do cabelo, muito má ideia aquele esconderijo hoje.

– Já estás? – Perguntou á porta de casa de banho.

– Infelizmente. – Lamentei-me.

– Pelo menos não levamos nenhuma reprimenda. – Riu.

Bateram a porta e logo em seguida a minha mãe entrou toda arranjada.

– O que é que vos deu? – Perguntou fula.

Olhei para o meu irmão como quem diz “Para a próxima mantem a boca fechada.”

– Erick, Jasper vocês já são grandinhos para tomarem consciência dos vossos atos. – Xiii lá vem reprimenda. – Mesmo assim, Erick, és o mais novo, é normal que queiras divertir-te e faças tolices mas é normal na tua idade. – Reconfortou-o, porque é que sobra sempre para mim? – Mas Jasper, és o mais velho, devias ser mais responsável, e devias ver que as tuas atitudes têm consequências, não devias de arrastar o teu irmão para maus caminhos. O que fizeste foi de uma tremenda irresponsabilidade e não deverias de arrastar o teu irmão para isso.

Eu não disse? Sobra sempre para mim, sempre para o Jasper. Eu é que sou o irresponsável. O mau da fita.

– Vamos, já estamos atrasados. Temos de pensar numa desculpa. – Pensou Alto.

Descemos as escadas com a mãe a frente.

Fomos para o jardim onde estava uma carruagem a nossa espera.

O meu pai pegou numa das mãos da minha mãe para a ajudar a subir, o rapaz que segurava a porta ia pegar na outra mas eu adietei-me e peguei.

Ela olhou-me a sorrir e subiu.

O meu pai deu-nos passagem que o meu irmão aceitou mas eu não insistindo para ele passar primeiro e subi por último.

Dentro da carruagem e minha mãe riu baixinho, olhei-a com ar interrogativo.

– Estás a tentar engraxar a tua mãe, Jasper? – Perguntou o meu pai. – E a mim também?

– Não, estou a desculpar-me por tudo. – Respondi.

Mal eles sabiam o que eu andava a planear.

***

O jantar já tinha começado e arranjamos uma desculpa de que o vestido da minha mãe sujou-se ao entrar na carruagem e ela teve que trocar, preferia diz a verdade mas em fim.

Estávamos todos sentados calmamente á mesa, os adultos conversavam, as meninas riam e apontavam para alguns rapazes discretamente, os rapazes cochichavam sobre as raparigas o meu irmão não tirava os olhos de uma loira e eu estava a seca.

Jantar prefeito! (sintam a ironia)

Algumas mocinhas começaram a pedir permissão para se levantarem e irem passear pelos jardins da casa e os rapazes juntaram-se em grupos para falarem delas.

Sempre o mesmo. -.-

Hora perfeita para por os meus planos em prática.

Mandei uma cotovelada discreta ao meu irmão que olhou para mim, como eu queria.

– Vamos, tenho um plano que vai animar este jantar. – Sussurrei ao seu ouvido. – Mãe, pai, desculpem interromper a conversa mas queríamos pedir a vossa permissão para sair da mesa. – Pedi com toda a educação que me deram.

– Claro, mas não façam disparates. – Aconselhou a minha mãe.

– Que filhos mais educados e encantadores. – Sussurrou uma das minhas tias, mas mesmo com o tom baixo eu ouvi.

– Que vamos fazer? – Perguntou quando já estávamos afastados o suficiente para ninguém nos ouvir.

– Já vais ver… - Ri.

***

– RATO! RATO! TIREM-NO DAQUI! – Uma mulher gritou ao olhar para baixo da mesa.

– BARATA! AHHHH! BARATAS! – Gritou uma menina com uns 4 anos.

– Isto é… MINHOCAS! AHHHHHHH! – Ouviu-se uma senhora gritar.

– Onde está o rato? – Perguntou a minha mãe á minha tia.

– No teu vestido. – Respondeu-lhe.

– AHHHHHHHH! – E mais gritos da minha mãe

Foi a maior confusão, todas as meninas, senhoritas e senhoras gritavam e pulavam para tentar matar os bichos.

Os homens tentavam acalmar as esposas e filhas e matar os bichos.

Alguns rapazes também tremiam de medo dos bichos.

Eu e o meu irmão estávamos escondidos a rir que nem perdidos, afinal fomos nós que fizemos isto, espero só não ter prejudicado a cozinheira… que nada as minhas tias é que cozinharam e eu não vou com a cara delas.

Saímos do esconderijo antes que dessem pela nossa falta e ajudamos a minha mãe a livrar-se do rato que segurava-se com unhas e dentes ao laço rosa nas costas do vestido.

Gente em pé, comida a voar, gritos e correrias, palavrões, choros dos mais novos e risos de alguns que estavam a adorar aquilo, claro que o meu riso e o do meu irmão faziam parte deles.

– AJUDEM! BARATAS! – Gritou a minha avó com as mãos no cabelo, ai que ataque de risos.

Corri para ela e livrei-a da barata que estava no cabelo, já que o meu avô ria e nem se levantou do sítio onde estava.

– COBRA! – Gritaram.

Espera ai… nós não posemos nenhuma cobra ali.

Olhei para o meu irmão que também arregalou os lhos quando percebeu.

– Foste tu? – Perguntei ao seu ouvido.

– Não e tu?

– Não.

Mas era verdade uma cobra grande e verde rastejava por todo o lado a apanhar e comer os ratos, o pior é que não sabíamos se era venenosa.

E finalmente o meu avô levantou-se, pegou numa garrafa de vidro de cima da mesa e atirou a cobra que ficou imóvel.

Todos suspiraram e logo depois mais gitos pelos restantes bichos.

***

– Se eu descubro que aqueles animais nojentos foram postos por vocês dois… - Ameaçou a nossa mãe, já na carruagem, toda suja de terra e comida.

– Não fomos nós, juro. – Disse cruzando os dedos discretamente.

– Está bem, acredito. – Rendeu-se.

A carruagem parou e saímos dela.

– Oh meu Deus! Senhora, Senhor, meninos, o que vos aconteceu? – Perguntou Nair vindo apoiar a minha mãe que parecia que ia cair a qualquer momento.

– Já lhe disse para tratar-me por Elisabeth e ao meu marido por Charles. E apareceram uns animais nojentos no jantar. – Lamentou-se – Arruinaram-no.

Nair acompanhou a minha mãe pelo braço até ao seu quarto onde a deixou ao cuidado da outra criada e veio ajudar-nos.

– Não me digam que foram vocês que puseram os animais. – Chegou logo ao meu quarto a acusar-me baixinho.

Para Nair eu não tinha segredos.

– Fomos… - Ri. – Não contes nada a mãe nem ao pai. Por favor.

– Acha, menino? Conhecendo a sua tia como conheço aquilo lá deveria de estar um grande tédio. – Disse.

– E estava. – Ri novamente.

– Vá lá menino, a banheira já tem água quente, vá tomar banho, que eu vou encher a do seu irmão e já venho. – Disse-me saindo do quarto.

Despi-me, caminhei para a banheira e tomei um banho longo e relaxante até a pele dos meus dedos ficar enrugada, eu gosto disso, podem dizer o que quiserem mas eu gosto.

Ao final desse tempo a minha mãe apareceu para me deitar, como ela fazia todos os dias.

– Boa noite, meu anjinho. – Disse aconchegando as cobertas e dando-me um beijo na testa.

Saiu para o quarto do meu irmão.

– O anjinho está mais para capetinha! – Murmurei para mim mesmo.

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Leiam as notas finais.


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Notas finais do capítulo

Olá, decidi postar mais cedo o capítulo da história, demorei mais a escrever e não só por isso, eu não tenho comentário na fic e isso desanima, sabiam?
São leitores, deixam comentário, é tão dificil escrever apenas um "Li" ou um "Continue" se querem que a fic continue?
Desanima não haver comentários.
Então peço que comentem.



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