P.O.V. NIMBUS

Cheguei em casa e a única coisa que eu conseguia pensar era em dormir e apagar aquele beijo da minha memória. Eu já havia beijado muitas mulheres na minha vida, mas nenhuma me deixava como a Magali. Eu queria mais e mais daquilo e se eu pudesse iria correr até a casa dela e arrancar o que eu queria a força, mas eu não podia fazer isso, então simplesmente fui até o banheiro, tomei uma ducha bem gelada e fui para p meu quarto dormir. Uma boa noite de sono era só disso que eu precisava e eu voltaria ao meu plano infalível de ignorar a Magali e fazer ela me odiar. Deitei na cama e rapidamente fechei os olhos.

Sonho on

Eu estava no primeiro andar de uma casa que a qual eu não conhecia, desci as escada e me deparei com um grupo de meninas sentada no centro da sala, eram as amigas da Magali e ela... Elas riam e conversavam pareciam descontraídas e despreocupadas. Eu queria ficar mais perto dela pelo menos em sonho, mesmo que ela não pudesse me ver ou sentir. Então cheguei mais perto e me sentei ao seu lado e comecei a escutar a conversa.

– Magali, eu te desafio a ir lá fora e se deitar no meio do cruzamento – a garota de Maria chiquinhas que eu tinha quase certeza que se chamava denise falou

– Você é louca Dê? Me deitar no meio de um cruzamento? Eu ainda quero viver muito tempo.

– Ai Magali, deixa de ser medrosa, essa hora nem passa carro na rua e é só um minuto - uma garota de franjinha e cabelos ruivos falou

– Quer saber? Você é a maior medrosa

– Eu não sou medrosa e eu vou te provar isso agora – Magali foi como um furacão até a porta e eu fui atrás dela, sentia que aquilo ali não era uma boa ideia

A garota magra, de pele branca e longos cabelos pretos se destacava facilmente na penumbra da noite. A visão dela iluminada pela luz do luar me parecia algo que eu gostaria de ver pelo resto da minha vida. Ela se deitou no chão e então respirou fundo e eu pude notar que ela começou a contar e fechou os olhos. Mas aquela calma durou apenas alguns segundos, logo eu vi dois faróis altos se aproximando de onde ela estava. Eu tentei gritar e puxá-la, mas nada do que fazia tinha efeito e então eu vi a cena. Ela escutou o barulho dos carros e tentou se levantar, mas eles já estavam perto demais e não deu tempo, eles bateram em cheio nela e a última visão que eu tive foi do seu corpo magro voando em direção ao pára-brisas do carro e então a cena mudou.

Tudo ficou preto e de repente eu estava em um caverna escura e fedida e alguém chamava meu nome

– QUEM É? – eu perguntei com todas as minhas forças, mas ninguém respondeu. Eu sentia raiva, tristeza e culpa ao mesmo tempo. Ela... A menina dos meus sonhos havia morrido

– É tão ruim perder alguém que nós amamos não é Nimbus? – eu reconhecia aquela voz

– Pandora?! – eu gritei

– Quem mais poderia ser meu caro... - ela finalmente saiu das sombras

– Sua bruxa maldita! Traga ela de volta! Traga agora! Eu sei que você pode fazer isso. Ela não tem culpa de nada!! – lágrimas começavam a brotar de meus olhos

– Ela não morreu Nimbus, você sabe muito bem que isso é um sonho e que eu não vou permitir que nada aconteça.você sabe que é você quem tem que trazê-la para o sacrifício. – Pandora falava calma e se movia de um lado para outro do aposente fedido e escuro

– Eu jamais vou fazer isso! JAMAIS! Sem falar... Que eu não a amo!

– Bom Nimbus, você não precisa fazer esse teatro pra mim, sabes que eu entendo mais de sentimentos humanos do que os próprios. Enfim, você me prometeu uma coisa e eu vou até o final para obter meu pagamento. Mas antes preciso que você salve a vida da sua ratinha para que eu possa brincar mais quando você trouxer ela até mim. Você tem meia hora ouentão a cena do sonho vai acontecer. Quem sabe é vc meu caro

– Mas...– eu tentei falar mais me parecia tarde demais

– ACORDE!! – ela gritou e tudo ficou preto novamente

SONHO OFF

Acordei ofegante e suado. Rapidamente levantei da cama e vesti uma roupa qualquer. Eu precisava chegar na Magali o mais rápido possível e impedir ela de se deitar naquela rua. Abri a porta de meu quarto e sai como um furacão, mas esbarrei em algo pelo caminho

– Saindo tarde da noite assim maninho? – era o DC, mas eu estava sem tempo para as brincadeiras dele

– Me desculpa brother, mas eu não posso falar agora. Um amigo meu ta em apuros e eu vou lá resolver a bronca dele

– Poxa Nimbus, eu ia te chamar pra ir até a casa da Mônica... Parece que elas tão fazendo uma reunião de garotas ou algo do tipo e os meninos querem fazer uma brincadeira. Eu não ia, mas...

– CASA DA MÔNICA? – eu gritei sem nem perceber

– É cara... Você parece que viu um fantasma

– Talvez eu tenha visto mesmo...

– Que? Até pra mim esse teu papo ta ficando confuso

– Não é nada mano, só uma brincadeira – desconversei – Eu acho que esse meu parceiro pode esperar, curti essa idéia de zoar com as meninas. O que você e os caras pretendem fazer?

– Eu vou te explicando no caminho, você dirige

P.O.V MÔNICA

Assim que acabei de avisar a todas as meninas me vesti e fui em direção ao supermercado, comprei tudo que necessitava. Voltei para casa e logo que cheguei vi que a Magali me esperava cheia de sacolas, ela parecia nervosa.

– BU! – ela se assustou

– Porra Mônica! Você quer me matar?

– O que foi? Tá devendo?

– Eu devendo e você parece que viu o passarinho mágico

– Talvez...

– Ok Mô! Entra logo que eu preciso estar em um lugar seguro pra te contar a bomba! – eu abri a porta e ela foi me empurrando

– Pronto, agora desembucha!

– Sei nem como te contar isso, mas...

– Mas...?

– EubeijeioNimbus – ela falou tão rápido que eu quase não entendi

– O QUE? MAS VOCÊS SE ODEIAM!

– Eu sei... Mas rolou

– Vamos pra cozinha, lá você me conta tudo e a gente guarda essas sacolas – fomos para cozinha e lá ela me contou tudo, eu quase não acreditava no que eu escutava

– Só tenho uma coisa a te dizer...

– O que?

– Os cúpidos de vocês são muito esforçados – nós duas rimos

– Idiota!

– Agora me diz uma coisa... O Nimbus é tudo isso que todas falam?

– É difícil admitir isso, mas ele é tudo e muito mais! Agora eu entendo o sucesso dele – ela falou com um sorriso malicioso

– O bofe é poderoso mesmo!

– O que você tinha pra me falar? Eu lembro quando você disse que tinha algo importante no telefone

– Te conto tudo se você me ajudar a preparar as coisas. Noite das garotas é noite de sair do regime

– Ok – Magali colocava os ingredientes no recipiente e mexia – Vai me contar ou não?

– Ah sim! O DC me beijou...

– Já tava na hora né! Vocês dois ficam se comendo com os olhos há meses!

– Que mentira!

– Eu não minto... – ela riu, ter amiga certinha não é fácil viu – Então quer dizer que você conseguiu conquistar o gato mais difícil do colégio, parabéns!

– Agora me diz uma coisa... A boa pegada é de família?

– Pelo que você fala do Nimbus, é sim! – quem riu maliciosamente dessa vez fui eu

– Onde a gente foi se meter hein... Esses irmãos são encrenca, to sentindo isso

– Não sei onde a gente foi se meter, mas to gostando

Passamos horas conversando sobre os irmãos mestiços e cozinhando até que a campainha tocou, fomos lá atender a primeira a chegar foi a Marina, depois dela chegaram Maria Mello, Denise, Tikara e Aninha. Quando terminamos tudo afastamos os móveis e fizemos um circulo

– Achei que Carmem, Cascuda, Irene, Isa e Dorinha vinham... – a Aninha falou

– Carmem está viajando, Irene está doente, Cascuda acabou com o Cascão, Dorinha e Isa estão estudando

– Às vezes o fato de você saber de tudo me irrita, Denise – eu afirmei

– A Cascuda acabou com o Cascão? – a Magali perguntou surpresa impedindo que a Denise me respondesse

– Isso mesmo, parece que os interesses deles estavam muito diferentes...

– Como assim?

– Resumindo: ele queria namorar e ela pegar o Nimbus

– COMO? Ela é tão certinha... – não se entrega Magali, não se entrega...

– Parece que ela tá louca para entrar na lista particular dele

– Esse garoto nem é tudo isso – a Magali estava vermelha, a coisa tava começando a ficar engraçada

– É isso tudo e muito mais – todas suspiraram menos eu e a Magali

– Vamos mudar o tópico... Que tal o Xaveco?

– Engraçadinha! Sou mais o Titi

– Só não é mais galinha que o Nimbus – a Aninha afirmou

– E você o ama mesmo assim, deixa de ser trouxa fofis – alguém dá uma tapa na cara da Denise?

– Esse tipo de coisa não se escolhe – coitada da Aninha, agora tava super pra baixo

– Quando eu ia dar um fora na Denise alguém começou a bater na porta. Todas nos entreolhamos com medo

– Eu vou lá abrir – falei

– Você ta doida Mônica? Já é tarde, pelos meus poderes de dedução pessoas normais não batem na casa de alguém há essa hora!

– Denise deixa de ser medrosa! Já disse que vou lá abrir!

– Bom fofa, depois não diz que eu não avisei. Eu tenho muitas horas de filme de terror para estar errada

Ignorei a última fala da Denise e fui até a porta, quando a abri não tinha ninguém na rua e de repente ouve um barulho forte e a casa ficou sem luz, pude escutar o grito de todas as meninas e até eu fiquei com medo.

– MEU DEUS, NÓS VAMOS TODAS MORRER! – Aninha gritou desesperada

Meninas, eu acho melhor nós subirmos para os quartos, o andar de cima é mais seguro. Devemos ficar todas juntas... – antes que eu pudesse terminar o que falava escutei outro barulho e todas as meninas saíram desgovernadas para o andar de cima o plano de ficarmos juntas havia ido por água abaixo.

Fui até a dispensa pegar a lanterna e foi aqui que eu vi um vulto vindo em minha direção, toda a musculatura do meu corpo travou e eu não conseguia nem falar. O que seria aquilo?