Pov' Roberta
Acordei bem cedo, alias mal dormi essa noite, maldita insonia. Me arrumei, arrumei os bebês, os amamentei e desci pra ver se minha mãe já estava pronta. Diego vai me esperar já no consultório já que é caminho do trabalho do pai, ele pegara um carona ate la
― Pronta, Roberta?
― Prontissima, preciso mesmo ir mãe?
― Sim ―
Coloquei os bebês no bebê conforto no banco traseiro e fomos ate o consultório, minha mãe foi dirigindo. Em coisa de 40 minutos por causa do transito chegamos ao consultório, primeiro eu passaria pelo medico em seguida iriamos levar os bebês ao pediatra. Conversei com a recepcionista, esperamos algumas pessoas que estavam na minha frente ser atendidas e logo fui chamada.
Minhas mãos estavam suadas, não acho que haja necessidade de passar por uma consulta com um psiquiatra, se tudo isso é porque estou magra deveria ter ido em um outro medico não é?...
― Bom dia. ― Doutor educado nos cumprimentou. Minha mãe entrou comigo e Diego ficou do lado de fora com os bebês.―
― Bom dia. ― Respondemos―
― O que fez vocês procurarem minha ajuda?
― Então doutor, eu venho notando minha filha um pouco estranha nesses últimos dias, ela emagreceu muito e tem uma super proteção com os filhos, está com insonia faz quase um mês
― Mãe, eu não tenho super proteção com eles, eu só cuido, eles precisam de mim. ― O Medico ia anotando tudo em um papel, a impressão que eu tinha é que ele me observava o tempo todo.―
― Por que você não está dormindo? ― Ele me perguntou e tive que me segurar pra não ser grossa com ele e o mandar pra puta que pariu, se eu soubesse o porque não durmo eu teria resolvido isso sozinha.―
― Não tenho sono.
― Doutor ela fica velando o sono dos filhos dela. Eles demoram a pegar no sono, e quando dormem ela fica olhando eles dormirem.. ― Ele anotou algo no papel.―
― Tenho medo que algo aconteça com eles ― respirei fundo.― Só isso.
― Sei ...― anotou mais uma vez algo naquele papel, estava a ponto de tirar da mão dele e ver o que ele tanto anotava la.― E por que você não come?
― As vezes eu ate esqueço que preciso comer, é tanta coisa pra fazer.. Cuido deles o dia todo Doutor, tenho gêmeos. ― Ele ergueu uma das sobrancelhas.―
― Quanto anos tem seus filhos?
― Sãos bebês ainda, tem dois meses. ― Fez um " hmmmm" com a boca e voltou a anotar.
― Deixa eu ver se entendi... Então você esquece de comer porque fica o tempo todo cuidando deles, não dorme porque fica velando o sono deles. Sua mãe me disse que queria arrumar uma pessoa pra te ajudar com eles e você não aceitou
― Tenho medo que não cuidem deles assim como eu cuido..
― Você tem ansiedade pós parto
― QUE? ― Perguntei quase que em um grito.―
― Você não come, não dorme, não permiti que alguém te ajude pelo fato.. pelo medo de perder algo novo que seus filhos façam. Você é super protetora sim, e se não cuidarmos disso essa ansiedade pode evoluir pra uma doença TOC que é o transtorno obsessivo compulsivo.
― E agora doutor? ― Minha mãe ficou arrasada.―
― Vamos ter que tratar com ansiolíticos.. ― Começou a escrever na receita o nome do remédio.― Pode ser que no inicio você fique meio sonolenta, mas ate você se acostumar. Vou pedir uma dose maior a noite porque assim você dormirá
― Eu não vou tomar ― ele olhou pra minha mãe―
― Vai sim doutor, pode receitar que hoje mesmo eu passo pra comprar esse remédio, se vai fazer bem ela tomará.
― Ah, uma coisa importante. Você amamenta?
― SIM ― Eu ja estava nervosa, ele ta achando que eu sou louca?―
― Você vai parar! Os remédios são fortes e jamais os bebês poderão mamar ― Senti meus olhos arderem, eu já segurava o choro. Como assim esse idiota quer que eu não amamente meus filhos?― Vou pedir um exame de sangue também, vamos ver o porquê de estar tão magrinha assim. ― Entregou a receita pra minha mãe.― Mais alguma duvida?
― Não, obrigada doutor. ―
― Espero vocês no próximo mês então.
Sai daquele consultório com um bico do tamanho do mundo, entrei no carro e nem percebi quando Diego entrou com as crianças.
― O que foi meu amor?
― NADA! ― virei meu rosto pro lado e fomos ate o pediatra dos bebês em absoluto silencio ―
Eu me recusei a entrar naquele consultório, minha mãe entrou com Diego e eu fiquei aguardando no carro. Depois de quase uma hora voltaram ja com um nome de um leite que a medica orientou a comprar pros bebês, pelo jeito minha mãe contou tudo a Diego porque ele me olhava com cara de pena.
Passamos em frente a uma farmácia e minha mãe estacionou o carro, logo me veio a cabeça o remédio que aquele velho havia me dado.
― Não adianta comprar, eu não tomar!
― Ah vai, é pro seu bem. ― Voltei a chorar quieta. Diego estava respeitando meu momento, preferiu não falar nada.―
Saiu do carro e logo voltou com uma sacola em mãos. Fomos pra minha casa chegando lá fui direto amamentar meus filhos, eles mamavam muito rápido,escorria leite de suas boquinhas. Tão novinhos e eu já tiraria eles do peito? Jamais! Comecei a chorar mais uma vez enquanto os amamentava...
― Roberta sua mãe... ― Diego entrou no meu quarto falando e logo parou de falar ao me ver chorando....