Pov's Diego
Estávamos todos sentados na mesma mesa no final do enorme patio da escola, como sempre de manha tinha aquele ventinho frio, normal. Roberta se sentou na mesa do lado de Carla aparentava estar triste, estava pálida, olhos inchados. Ela vestia uma calça de moletom, e uma blusa de mangas compridas pelo menos duas vezes maior que ela.
― O que você tem? ― Enquanto conversamos ouvi Carla e ela conversando baixinho, ela ja tinha sua cabeça encostada no braço da amiga.― Você ta estranha, eu te conheço.. Por que esta vestindo essa roupa?
― Ta frio, Carlinha. ― Disse em um sussurro.―
― Fala a verdade.
― Só estou enjoada.
Enquanto elas conversavam eu dava uma olhada em Roberta, ela estava realmente estranha. Olhei em suas mãos e vi que estava machucada,achei estranho sem pensar na reação dela, peguei na mão dela e subi a manga de sua blusa e vi que seus braços estavam cheios de hematomas, ela tentou descer as mangas pra que ninguém visse mais eu não deixei.
―ME SOLTA. ― Eu segurava os braços dela observando. Carla ficou impressionada ao ver o corpo dela daquela maneira. Roberta começou a chorar.―
― O que é isso? ― A impressão de quem via é que ela teria apanhado de umas 3 pessoas, como ela é branquinha os hematomas apareceram mais ainda.―
― Nada, eu ja disse que nada, e me solta.

― QUEM TE BATEU?
― VOCÊ QUER MESMO SABER O QUE É ISSO, DIEGO? ISSO É O RESULTADO DA NOSSA BRINCADEIRA NAQUELA NOITE, RESULTADO DO " SER MÃE SOLTEIRA" ― Carla a abraçou.― OLHA COMO MEU PAI ACEITOU BEM MINHA GRAVIDEZ.
― Ele te bateu amiga?
― Muito, se minha mãe não estivesse la não sei o que aconteceria. Ele não me quer mais como filha dele, deixou isso bem claro. Eu preciso sair daquela casa, mas preciso arrumar pra onde ir
― Ele não pode fazer isso.
― Você cala a boca que nem homem de assumir seus filhos você foi. ― Lua estava furiosa.― Tudo isso é culpa sua, seu idiota.
― Ele machucou sua barriga? Deixa eu ver seu corpo.
― Carla eu não vou tirar a roupa aqui.
― ROBERTA DEIXA EU VER SUA BARRIGA, ELE NÃO FEZ NADA COM ELA, FEZ? ― Nunca vi Carla falar daquele jeito com ela.Só levanta a blusa.―
Não acreditei no que vi quando Roberta subiu a blusa, suas costas tinham hematomas enormes e algumas escoriações parecia que ela havia batido em algo. Não se via mais nenhuma pele branca em seus braços, apenas o roxo. Carla foi vendo tudo quando chegou na parte da frente viu que apenas a parte de baixo da barriga estava marcada.
― Como ele bateu só aqui ?
― Na verdade ele bateu em tudo, só que eu protegi a barriga com os braços por isso eles estão assim.
Não consegui conter o choro, esqueci da pose de homem forte e desabei a chorar, não acredito que eu causei tudo aquilo nela, tão pequena, tão frágil e apanhando daquela forma e o pior de tudo, ela estava pagando por um erro de nós dois que eu fiz questão de pular fora. Que tipo de homem eu sou? Engravido ela, não assumo a gravidez e ainda deixo ela apanhar.
― Não chora, Diego, desculpa por ser grossa com você.
Me senti pior ainda, alem de ter apanhado daquela forma por um erro nosso ela ainda estava mal por me ver chorando.
― Eu disse sem pensar, agora ja passou. Me perdoa.
― Vem aqui, deixa eu passar um pomada pra amenizar a dor e esses hematomas.
Como jogo futebol depois da aula tenho sempre na bolsa, era uma exigência do colégio pra quem fosse jogador.
― Não precisa, logo vai passar a dor.
Me levantei com a pomada em mãos, Carla me deu lugar no banco que ela estava, ela se sentou de costas viradas pra mim, Pedi que ela tirasse o moletom, ela ficou apenas com uma pequena blusa.
― Se doer você me fala.― ela assentiu.―
Passei a pomada massageando cada hematoma daquele pequeno corpo, alguns lugares estavam com manchas arrendondadas enormes que somente colocar a pomada sobre ele ja era o suficiente pra faze-la gemer de dor. Ver aquilo me matava por dentro, minha consciência me dizia o quão culpado eu era de tudo aquilo, ver ela gemendo de dor....Pedi que ela virasse de frente a mim pra que eu colocasse a pomada em seus braços e na barriga, assim ela fez. Coloquei a pomada em minha mãe e passei por toda a extensão de seus braços, dessa vez fui pra sua barriga, ela se arrepiou quando me sentiu tocar
― Deixa que eu passo aqui, Diego. ― Pegou a pomada passando por sua barriga.―
― Hoje vou falar com meus pais, quero que você vá morar em casa.
― Ta louco, Diego? Eu não vou pra sua casa, eu me viro pode viver sua vida.
― Por que você não quer morar la?
― Diego você não gosta dos meus bebês muito menos de mim, eu não vou pra sua casa.
― Esses bebês são meus
― Não são, a partir da hora que você os rejeitou eles não são seus!
― Calma! Não acha que ja passou por muitas emoções? Vou falar com minha mãe e você fica em casa por um tempo.
― Carla minha mãe não deixaria eu ficar em outra a não ser na dela.
―Assim que sairmos do colégio eu vou pra sua casa e falamos com ela. Você comeu? To achando você pálida demais.
― Não to conseguindo comer desde ontem.
Quando ouvi isso levantei e fui ate a cantina comprar algumas coisas pra ela comer. Não sei direito o que esta acontecendo comigo, sei que não consigo ver ela sofrer dessa forma, esta doendo tanto em mim. Minha vontade é de pegar ela no colo e leva-la pra minha casa.
― Coma tudo. ― Ela me olhou seria.―
― To sem fome, Diego, obrigada.
― Come amiga, eles devem estar com fome.
― Voces não vão assistir a aula? Ja bateu o sinal
― Não, vamos ficar com você.
― Roberta minha mãe tem uma casinha que esta vazia, eu posso falar com ela pra você ficar la. ― Alice que se mantinha calada agarrada ao Pedro disse.― Você só teria que pagar a energia, nada mais que isso.
― Jura? Fala com ela ainda hoje? Vou falar com minha mãe
― Eu vou ligar pra ela no intervalo, mas ja adianto que a casa não é grandona, tem apenas dois quartos, sala, cozinha e um banheiro pequeno.
― Esta de bom tamanho, ate agora eu nem tinha onde ficar.
― Ok, assim que eu falar com ela eu ja te dou um toque, agora preciso ir pra sala, to péssima nas notas.
Todos saíram de la indo cada um pra sua sala, restou apenas eu e Lua.
― Roberta fica na minha casa?
― Diego nos nem nos damos bem, o que eu vou fazer na sua casa? Eu nem sei se minha mãe vai deixar eu ficar nessa casa da Sophia.
― Tudo bem, qualquer coisa você pode me falar e ficar em casa...― Olhei para ela e os olhinhos tristes dela ja estavam cheios de lagrimas novamente, fui ate ela e a abracei.― Desculpa fazer você sofrer assim, se eu tivesse usado camisinha.
― Agora ja foi, Diego. Eles estão aqui dentro e agora nada posso fazer mais.