Between Heaven Hell escrita por , Duquesa da Noite


Capítulo 8
Capítulo Sete - Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Je - Esse capitulo foi complicado escrever, porque na situação lembrei de minha mãe que morreu vai fazer 3 anos. E foi complicado escrever ao mesmo tempo me recordar de coisas que aconteceram, coisas que eu queria ter dito, imaginar como seria se ela estivesse ainda comigo, essas coisas de mãe e filho. Enfim, mas eu consegui terminar. Desculpe se tiver erro, to editando de madrugada e com um pouco de sono. Esse capitulo foi muito especial para mim e espero que também gostem. UM abraço apertado e fiquem com Deus.

OBS: Leiam ouvindo: Simple Plan - Untitled. Me inspirou bastante neste capitulo.

Kah - Me senti homenageada por participar desse capitulo com ele por ser especial para ele e acabou sendo para mim também, espero que se emocionem tanto quanto eu. Bjosssss



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P.O.V JIN

Sempre tive duvidas de como era a morte, se era tão dolorosa como todos imaginam, ou se era pacífica e calma. Acho que posso colocar como as duas coisas. Por um lado tudo é sereno, e por outro vem à dor de deixar pessoas amadas para trás.

As pessoas pensam, porque eu? Porque agora? É difícil para todos aceitarem que chegou sua hora. Eu morri, ou estou morrendo. Não sei. Está tudo escuro, não vejo nem escuto nada. Tudo está calmo. Tantas vezes escapei da morte, uma hora ela iria me pegar.

Uma pena que vou ter que deixar Lyn seguir sem mim. Espero que ela fique na cidade e esqueça de ir atrás do papai. Isso não é vida para ela, não deveria ter voltado, devia ter seguido só, mas por outro lado sem mim o demônio ia chegar a ela com tanta facilidade, nem quero imaginar o que aconteceria. Então por um lado foi bom ter voltado.

Suspiro. Se morrer for só isso, está muito chato.

De repente ouço um barulho, e vários vultos me cercam. O cenário muda, me vejo novamente numa floresta morta, ainda pior que a que Thiago estava. Essa é toda preta, as arvores são apenas cotocos pretos, parece que foi tudo queimado. Os vultos pretos me encaram, depois tomam minha forma e dão um sorriso maléfico. Epa, o meu é mais malvado que esse.

– Se vieram me levar para o inferno façam isso logo – eu já morri, não há porque lutar.

Eles sussurram algumas palavras em um idioma que desconheço fazendo abrir um portal as minhas costas. Os seis demônios me acompanham até o portal. Ando sem reclamar. Uma pena que tudo vai acabar assim. O que eu esperava? Ir para o céu? Sou meio demônio, nunca tive escolha.

Falta apenas um metro. Adeus... Fecho os olhos e dou um passo para frente, mas não consigo me mexer. Algo me puxa pela cintura e sinto o chão ficar distante. Abro os olhos, estou voando. Alguma coisa me salvou, a floresta escura não tem fim, mas sinto que quem esta me segundo começa a baixar a altitude. É um anjo. Descemos numa clareira, seria um lugar bonito se não estivesse destruído.

Quando o anjo toca o chão à clareira começa a se modificar, tudo fica vivo, flores nascem onde antes era cinza, as arvores que protegem o lugar ficam vivas novamente, tudo ganha cor e vitalidade. Uau, é muito lindo. Finalmente tomo coragem e olho para o anjo que me livrou do inferno parcialmente.

– Não, não pode ser.

– Oi, meu bebe – o anjo sorriu.

– M-m-mãe? – Lagrimas surgiram em meus olhos e logo desceram por minha face.

Era ela, mesmo rosto lindo. Branca igual a Lyn, os olhos são iguais também. O sorriso dela é único, os cabelos escuros e ondulados batem nas costas. E as asas, são lindas, meio brancas com brilho dourado e prateado.

– Não temos muito tempo, meu filho – vejo lagrimas caírem de seus olhos.

Corro a abraço-a. O abraço mais confortável que existe. Isso faz minha morte ter valido a pena. Poder toca-la novamente, sentir seu cheiro de flor do campo, sentir o calor do seu abraço. Me lembra uma vez que estava chovendo. Lyn tinha apenas 4 anos, e estava chovendo muito. Tudo vem tão claro em minha mente...

“– Está tarde, hora de dormir – ela falou. Minha mãe sempre foi linda.

– Só mais um pouco mamãe – era eu, um pedaço de gente ainda.

– Nada disso, vamos os dois.

– Tá bom.

Ela desliga a TV e pega a pequena Lyn no colo. Segurando minha mão ela me leva até o nosso quarto, no segundo andar da casa. Minha cama ficava ao lado da Lyn. Eu já tinha idade para ter meu próprio quarto, mas ela tinha medo de dormir sozinha. Quando era pequeno não entendia, mas agora entendo o motivo.

Ela nos coloca cada um em sua cama, da seu beijo de boa noite em ambos e desliga a luz. Um relâmpago clareia todo quarto e a chuva começava a cair forte, trovões constantes não me deixavam dormir.

– Imão, não consigo mimi – Lyn falou.

– Tá bom. Vou ficar com você ai, mas só hoje.

Saiu da minha cama e deito ao lado dela e me enrolo com a mesma coberta dela.

Os trovões não param, até eu estava com um pouco de medo. A porta se abre e nos dois puxamos a coberta para tampar nossas cabeças.

– Ei, vocês não conseguem dormir não é? – Era ela. Sempre sabia quando precisávamos dela. Era sempre cuidadosa ao extremo.

_ Não – falamos juntos.

Mamãe se deita na cama da Lyn, fica entre nós dois e nos abraça.

– Então não vou sair de perto de vocês hoje, nem amanha, nunca. Vocês dois são minha vida”

E agora ela ainda cuidando de mim. Me protegendo. Como ela disse, para sempre.

– Filho, eu sinto muito. Por tudo. Por não poder te salvar, por ter deixado você e sua irmã, por não poder evitar que eles venham te pegar – ela diz meio a lagrimas e ao abraço apertado.

– O que aconteceu mãe, onde você está? Eu e o papai estamos te procurando por tudo quanto é lugar, estávamos, na verdade – falo.

– Jin a historia e longa e não temos tempo, eles vão voltar meu filho, não posso te proteger.

– Conte – peço.

Ela suspira, mas seu rosto mostra a importância de eu saber disso. Ela vai contar.

– Eu e seu pai éramos arcanjos, arcanjos da guarda divina. Em meio a essa guerra entre o céu e o inferno, precisávamos de uma espécie de infiltrado. Gabriel, o chefe dos arcanjos, enviou seu pai a terra, não em forma de anjo, mas como humano, ele nunca teve escolha Jin, servimos a algo maior. Eu era contra, mas não consegui mudar.

– Continue mãe – sinto a escuridão se aproximando novamente.

– Seu pai virou humano, e fez tudo de errado, até mesmo matar. Ele conseguiu cumprir o objetivo, foi levado para o inferno. Lá ele conseguiu informações e a confiança de Lúcifer. Depois ele conseguiu poder, e então abriu um portal e seu espírito voltou para terra, ele nasceu de novo. Um bebe. Ele cresceu, passou pelas fazes da vida e quando completou vinte e um anos, sua memória voltou, tudo, desde sua vida no céu até virar um demônio e então voltar a terra.

– Demônios podem fazer isso?

– Ele tinha um selo divino em seu espírito, foi uma dádiva de Deus, uma válvula de escape, digamos. Que o livraria do inferno na hora certa. Mesmo que com poderes demoníacos, seu pai continuou sendo ele mesmo. Quando ele se lembrou de tudo, passou toda informação para os anjos.

– E como fica vocês dois juntos nisso tudo? – Indago.

– Como recompensa, Deus me mandou a terra. Eu nasci de novo, porem Deus me deu a graça de envelhecer rapidamente até os 21. Em menos de 2 anos eu alcancei essa idade. Seu pai tinha 23. Iríamos passar a vida juntos e depois, na hora certa, morrermos e voltarmos juntos ao céu, como arcanjos. Mas éramos humanos, temos desejos e você nasceu, depois sua irmã, cada um com um pouco de nos. Você meio demônio, já que o espírito de seu pai só iria ser perdoado no fim da vida. Lyn ficou com um pedaço de mim, uma anjinha.

– Certo – muita coisa para digerir.

Eles estão perto, pois a cada minuto sinto um vazio e o medo crescendo dentro de mim.

– Jin, Lúcifer nunca soube que seu pai foi arcanjo, e que era um espião. Mas achou que ele o traiu, e mais tarde que se relacionou com um anjo. Por isso ele mandou demônios atrás de mim. E de seu pai, eu não tive escolha, não podia deixar vocês em perigo.

– Onde você está mãe? – Perguntei.

– Eles estão vindo filho. Perdoe-me – ela beija minha testa. – Meu tempo acabou, não tenho mais forças.

– Mãe, por favor... – Eu precisava saber de mais.

Mas ela sumiu, em uma explosão de luz. E a clareira morreu novamente. Ajoelho no chão chorando.

– Mãe, pai... Lyn.

Os demônios chegam e abrem novamente o portal. Sinto ganchos penetrarem minha pele, vários deles, a dor é forte, mas eu aguento. Os ganchos estão ligados ao portal, e vão me puxando para dentro dele. Ajoelhado vou sendo arrastado para dentro do inferno, o portal se aproxima, evito olhar para ele, mas sei que estou perto pelo calor que ele exala, está queimando minhas costas praticamente.

Uma pequena luz brota em minha frente. O portal continua a me puxar, os demônios ficam imóveis, parece não enxergar a pequena luz que vai aumentando, aumentando até formar outro pequeno portal, esse branco e dourado exalando uma luz serena e calma.

Será que mudaram meus planos e Deus resolveu me levar para paraíso?

Um braço atravessa o portal, não consigo identificar de quem é porque brilha em um branco muito intenso. Seguro na mão dele, que me puxa com pressão.

– Jin acorda, por favor, não morra, preciso de você – é a voz da Lyn.

Estou flutuando no teto do quarto. O portal de luz some as minhas costas. Vejo Lyn pressionando meu coração com as duas mãos brilhando tão forte que Thiago protege seus olhos com o braço.

– Você prometeu cuidar de mim, lembra? Quando éramos pequenos, disse que sempre ia está comigo – ela chorava, e ao mesmo tempo insistia em me salvar.

A mão que me puxou, a fonte dela é a luz que saem das mãos de minha irmã, ela me salvou... Lentamente e mão vai me puxando para baixo, levando meu espírito de volta ao meu corpo. É estranho ver meu corpo morto no chão, é agonizante. Estou perto, estou perto, finalmente posso tocar meu corpo, então o faço.

Abro os olhos e puxo o ar com toda minha força, meu coração volta a bater cheio de vida.

– Assim você me cega maninha – falo.

As mãos dela apagam no susto, ela olha para mim, seus olhos inchados e seu rosto todo marcado pelo choro.

– Idiota, você é idiota demais, te odeio Jin te odeio seu idiota, seu imbecil – ela se joga em cima de mim me abraçando forte.

– Obrigada por me salvar – sussurro.


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Notas finais do capítulo

Perder alguém especial... é como se naquele momento essa pessoa representasse o mundo para nós. A razão da nossa existência... De repente deixamos de sentir o tempo passar, deixamos de reparar no anoitecer ou no amanhecer, e dormir já não faz sentido, é como se viver fosse só num dia. Nem a meteorologia nos representa algo... A chuva, o vento, sol, calor, frio, trovoada, etc. nada significa. Apenas é um fundo vazio que em nada preenche a nossa alma magoada. Parece que os nossos olhos, abertos ou fechados, apenas vêm momentos dessa pessoa e nada mais à sua frente. Queremos tentar não chorar mas parece que há um impulso dentro de nós que tenta sair por encher o nosso vazio de sofrimento. Após o choro sentimos um certo vazio frio na barriga e ao mesmo tempo um incomodo na garganta e na cabeça, como uma dor. Apercebemo-nos de que daqui por diante nada seremos sem aquela pessoa e longos tempos infinitos se aproximam para acompanhar este nosso sofrimento solitário.
— Pensamentos de Bruno Sousa



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