O ânimo pro jogo durou até chegarmos no campo, Akira estava com uma cara horrível de quem planejava um massacre e Gaby não ficava muito atrás, até mesmo Heitor que era mais na dele parecia querer vencer a qualquer custo, enquanto eu... Bem, não que eu nunca tenha jogado paintball, mas ficaria muito satisfeito em apenas sair vivo.
Um homem de cabelos brancos e usando um enorme óculos de plástico sujo de tinta começou a gritar as regras básicas do jogo.

Homem:-é isso ai galera, cada um vai pegar um par de óculos, um colete e escolher uma arma.os grupos serão divididos em duas equipes, a vermelha,-Jogou um colete da cor para Akira.- e Azul!-Dessa vez para Heitor.

Minha alma gelou quando ele disse que as equipes seriam divididas, e não de nossa escolha.

Homem:-Quero um jogo justo, focado na mira, estratégia e reflexos. Sem combate corpo-a-corpo, o jogo deve durar até só restar uma equipe, a vencedora irá receber um agrado mais tarde,a perdedora vai limpar o campo. Qualquer pessoa que infligir as regras vai causar perda automática da equipe!

Acabamos ficando todos no time azul, uma sorte tremenda que parece não ir se repetir.

A maioria das armas pareciam extremamente realistas, tirando o cabo que era um pouco exagerado demais. Havia opção de espingardas ou pistolas automáticas ou semi-automáticas.
Escolhi uma pistola menor que tinha um peso bastante razoável e rezei para conseguir uma mira descente, meu colete azul vinha com um alvo pintado na frente e trás e um cinto com munição igualmente azul. Heitor escolheu uma arma bem parecida com a minha, enquanto Gaby acabou escolhendo uma espingarda e foram checar os companheiros da equipe.

O jogo seria dentro de uma mata fechada, para dificultar as coisas e parecer uma experiência real dentro de uma guerra. Um time ficaria de um lado do bosque e o outro time do outro lado e teríamos que nos dividir e tentar invadir o acampamento do outro time para roubar a bandeira que seria guardada. Pelo que parecia esse tipo de coisa durava alguns dias, por que estávamos levando suprimentos e munição extra.

Homem:-Relembrando...-Gritou o homem enquanto entregava os óculos.-Quero um jogo limpo, caso não tenham percebido, o alvo em seus coletes irão denunciar suas miras e com base nisso faremos uma pontuação individual, as 5 maiores pontuações vão ter uma comida especial no refeitório.-Ok, agora é preciso colocar tudo de mim, não aguento mais sopa de legumes!

Cada jogador foi posicionado no centro do campo, onde não haviam blocos para nos proteger, time frente a time, olhares que desejavam sorte para os aliados e que intimidavam os oponentes, tentava respirar fundo, guardando o oxigênio que sei que vai me faltar, uma contagem regressiva...5...4...3...2... 1

O sinal foi dado e as duas esquipes seguiram em fila para dentro da floresta onde seria o jogo.

Demorou cerca de duas horas para chegarmos no nosso acampamento. Já havia escurecido e todos arrumavam as coisas para dormir lá.

Gaby:-Eai?! Empolgado? O jogo já está rolando, não pode vacilar. Quer ficar com o turno da noite?-Disse quando chegou e se sentou perto de mim. Sorri pra ela e respondi:

Eu:-Estou meio nervoso, isso realmente é uma experiência bem realista né?... Acho que não me darei bem com o turno da noite não.

Gaby:-Saquei!-Riu.-Sim é mesmo... Tudo bem, você pode ir dormir então com Heitor e o resto, eu e mais alguns vamos ficar de vigiá a noite e outra parte vai atrás do outro time vigiar a área. É nossa estratégia.

Eu:-Entendo, parece bom, mas não vai ficar cansada no outro dia?

Gaby:-Que nada. Tem vários turnos a noite, ficamos acordados por no máximo 2 horas e meia e depois trocamos de lugar com alguém que estava dormindo!-Explicou.

Eu:-Isso parece bem melhor!-Ri.

Heitor:-Pode até ser mas... Tem algo que ta me incomodando.-Ele segurava um canivete numa mão e esculpia algo em madeira na outra. Perguntamos o que era pra ele.-Esse seu cabelo... Não ta meio cumprido não? Tipo... Não acha que deveria cortar?

Eu:-C-Cortar meu cabelo?-Disse assustado.

Gaby:-Ele está certo. Está meio cumprido demais, isso pode te atrapalhar.

Heitor:-Vem aqui! Eu sei como resolver isso!-Me puxou se colocando atrás de mim e usou o canivete pra cortar meu cabelo.

Eu bem sabia mais o que estava acontecendo, quando me toquei vi que estava bem mais curto, completamente desregular os fios, bagunçados e meio espetados. Parecia até outra pessoa!(é o cabelo do Kentin já)

Gaby:-Ficou bom!-Elogiou.

Heitor:-Ficou mesmo, eai, gostou?

Eu:-Isso é muito estranho.

Demoraria muito tempo para me acostumar com o novo corte, sentia falta do tamanho antigo e quase não me reconhecia no reflexo, mas tínhamos que ganhar o jogo e eu faria qualquer coisa para isso.

Conversamos por mais alguns minutos antes de eu ir dormir e as patrulhas começarem. O jogo tinha se iniciado.