Metamorfoses Voláteis escrita por Cupcake Says


Capítulo 36
Capítulo 35




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Dantalion permanece parado em silêncio, observando o espaço vago de uma margem a outra do rio, sentia-se estranhamente torpe, a visão turva como se em uma de suas próprias ilusões.

Ao longe ouvia um som lúgubre, barulho de discussões mentais violentas, acaloradas.

Talvez fosse apenas um daqueles momentos em que Astaroth e Alloces punham a prova a capacidade que tinham de não quebrarem o pacto que estipulava a obrigatória paz entre eles.

Mergulhando as mãos molhadas de vermelho na água e assistindo o aquarelado carmim sendo lavado, fazendo o mesmo com seu rosto, esfregando as manchas quase secas, procurando por resquícios de carne ou ossos, mas não havia nada.

Ele continua parado ouvindo os sons, fora caçar quando Astaroth abruptamente o abandonou em prol de alguma coisa da direção genérica das muralhas. Podia ouvir os passos de Andras caminhando pela floresta e não ficou de todo surpreso quando de súbito ele foi arremessado dentro da água.

“Dantalion... Seu maldito abusado...” – caminhando devagar a passos pequenos para dentro do corregor onde agora Dantalion se encontrava jogado, Andras o olha de cima, com os braços cruzado sobre o peito, os olhos fazendo reflexo no sol fraco.

Inerte e passivamente desinteressado, Dantalion se deixa afundar na água fria, a fim de lavar o torpor e o sangue que nublavam sua mente naquele momento, de fato antes de ser arremessado contra as pedras, ele já planejava se lavar, então de todo modo nada havia saído dos conformes. A vontade de ceder aos caprichos narcisistas de Andras era quase nula, em sua cabeça apenas as vozes abafadas de Astaroth e Alloces conversando em algum lugar um tanto longe dali.

A água gelada se acumulada em pequenos montinhos de neve mole e água cortante, açoite a pele exposta, chicote frio que queimava e atrofiava o movimento.

Andras levanta a figura fria e pálida se Dantalion do córrego que chegava apenas na altura de seu joelho, a água corrente prevenindo um congelamento muito extenso. Os olhos de Andras eram um perscrutinio constante, mas havia pouco que pudesse atingir a amortecida e gelada de Dantalion naquele momento, tão pouco que Andras necessitou de alguns instantes para analisar as armas que tinha em mãos.

Poucas e parcas, principalmente se Dantalion não olhasse pra ele.

A linha de pensamentos de Dantalion era um fraco entrecortado esgarçado de informações soltas e pensamentos jogados, tal qual um grande quarto de depósito, pensamentos fracos pequenos e na maioria das vezes desconexos por uma intermitente corrente de sentimentos quietos e tempestuosos que tornavam Andras em uma das fontes menos interessantes de informação num raio de quase seis quilômetros.

Ardia no orgulho, mas Andras dificilmente era de uma natureza conformista.

O sentimentos forte inquietude destilada era ainda mais insatisfatória enquanto mesmo içado acima do chão, Dantalion parecia acima de qualquer atitude ou pensamento que Andras viesse a dirigir.

Os lábios azulados pela pasta gélida de neve e água corrente haviam lavado o sangue e o aspecto vivo das feições de Dantalion, deixando os olhos turvos, o semblante vago.

Cheiro de indiferença.

Cheiro de expectativa.

Cheiro de desistência.

Pela boca Andras enche os pulmões de ar, um intento muito claro, depois de vários segundos arrastados pesados de silencio mental.

Dantalion. ­– os olhos de Dantalion imediatamente deixaram o pequeno foco de vazio diante de seus olhos pregado no espaço, a expressão se torcendo num amontoado desconexo de emoção viva e incandescente.

A voz rouca pela falta de uso, baixa, quieta, que o próprio Andras havia se esquecido que existia.

Havia votado pelo silêncio por acreditar que não havia mais nada que precisasse dizer, um uso de voz parecia primitivo e engessado num mundo onde a estratégia era a única defesa e todos os aliados eram também inimigos.

Entretando uma vez rompido o torpor inicial daquele momento, despois de mais um universo de segundos, todas as emoções foram novamento absorvidas para o particular da mente de Dantalion, onde ele força um espaço, tomando alguns passos entre ele e Andras.

“O que você quer?” – ele pergunta, torcendo a água do cabelo, sentindo pela primeira vez as chicotadas de frio esmagador advindas do vento.

A dor não era relevante.

“Quero que olhe pra mim.”

“Pra isso quebrou seu voto de silêncio?” – ele pergunta, atando vagamente o cabelo num desordem tremula de mãos e fios encharcados.

Tomando o pequeno nós de cabelo nas mãos, afastando as mãos de Dantalion do comando parco que tinham da tarefa, ele ata o pequeno coque de cabelo numa lentidão desnecessária, mas significativa.

“O que faria no meu lugar?” – ele pergunta, vago.

“Narcisista nojento.”

Enroscando os braços ao redor do tronco gelado e aquém disso estático de Dantalion.

“Suas palavras me machucam, Dantalion.”

“Andras... Entenda, você é o substituto. Faça como quiser, não é a mim que precisa convencer de nada, quero uma válvula de escape, pode fazer isso?”

“Nunca disse que agia assim porque queria convence-lo de que nada que faço é mais do que um capricho... Me conformo que você faça e se humilhe o quanto achar prudente, mas na minha presença, faça um favor a nós dois, não me enoje demais para que eu não me sinta tentado a te descartar... se quiser ceder aos avanços de Astaroth, apenas se certifique de que nunca mais me encontrar em seu físico novamente... é apenas um conselho.”

“Agora sim parece com algo que você diria.”

“Apenas estou lhe avisando que nossa parceria se extingue quanto mais perto você chega de Astaroth, a partir dai não se aproxime mais de mim... Jamais. Você entende isso?” – ele pergunta, apoiando o rosto no espaço entre o ombro e o pescoço de Dantalion.

“Entendo. Sabe que é uma questão de tempo, não sabe?”

“Entretenha-me até lá... Depois disso morra se preferir.”

“Fala coisas tão bonitas, Andras.” – o sarcasmo escorrendo de olhos frios-quentes.

“Não preciso, você prefere ser machucado.”


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Notas finais do capítulo

Depois de mil anos eu retorno! e meu computador também!
O capítulo é pequeno pra tanto tempo de hiatus eu sei, mas vou poder postar mais agora, no periodo entre minhas provas da faculdade.
Novamente perdão o estorvo e me digam se gostaram