Os Quatorze Pilares De Canopus escrita por Pedro Henrique


Capítulo 2
Capítulo 1 – Um erro de cálculo




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Já passava da meia noite, e a tropa de reconhecimento da qual eu fazia parte já avistava o acampamento inimigo, no máximo 10 minutos de viagem. Éramos responsáveis por contar o numero de inquisidores nesse acampamento e fazer o possível para descrever suas máquinas, mesmo não fazendo ideia da sua utilidade. Nessa equipe estavam eu, Vrath, para escrever tudo o que me contassem; Nigol, o mais graduado dessa pequena tropa, que mesmo sendo apenas um soldado já era superior aos recrutas que nos seguiam; e outros três novatos dos quais não me lembro do nome. Mas afinal, isso não é importante, pois só faz história quem está disposto a se sacrificar - eu sou a prova viva disso - mas pelo jeito aqueles três não tinham esse destino.

Quando chegamos bem próximos ao acampamento, já podendo ouvir os berros daqueles malditos, Nigol nos disse com uma expressão séria.

– Recrutas, cerquem o acampamento furtivamente por trás das árvores, mantendo a distância de cinquenta metros um do outro e sempre estando à vista do parceiro de trás. Vocês devem contar e prestar atenção no que ver no caminho, como armas, equipamentos e todas essas tranqueiras que eles trazem junto. Eu e o Vrath iremos tentar contar quantos soldados teremos que enfrentar, ou pelo menos criar uma estimativa pelo número de barracas e fogueiras. Nos encontramos nesse mesmo local em 30 minutos. Apressem-se!

Os recrutas se espalharam rapidamente e, por incrível que pareça, quase não fizeram barulho. Mesmo os vigias mais espertos não os detectariam.

Depois que os observamos sumirem de vista ao redor do acampamento, saímos de trás das arvores onde estávamos para fazer nossa parte da missão. Quando estávamos indo, mesmo parecendo muito seguro, o Nigol olhou para mim e disse:

– Vrath, volte pra trás das arvores e espere os recrutas chegarem.

– Mas cara, eu não quero ficar só escondido, quero participar da ação!

– Entenda, EU mando e VOCÊ obedece!

Mesmo com raiva, percebi que ele estava falando sério e voltei para o lugar onde estava antes. Naquele momento eu não sabia o quão importante essa atitude seria pra mim!

Se passaram uns 20 minutos, aproximadamente, e nem sinal daqueles bastardos. Eu estava ficando preocupado, mas como o combinado era de 30 minutos achei que estava tudo bem.

– OK Vrath, se acalme, em breve eles aparecem, faça seu trabalho e continue aqui, eles vão chegar, vão chegar logo! – pensei comigo mesmo.

Depois disso ainda se passou um bom tempo e nem sinal de nenhum deles e, o pior de tudo: o acampamento, antes parado, estava em intensa movimentação.

– Alguém foi pego, tenho certeza!

Não fazia parte da minha missão proteger nem resgatar ninguém, apenas escrever, mas eu não podia abandoná-los, afinal, nós éramos uma equipe. Mesmo temendo a morte resolvi me aproximar e conferir o que estava acontecendo, ou pelo menos tentar chegar perto.

Mesmo não querendo, as minhas pernas estavam se movendo sozinhas, é um instinto Kuthralle', isso é o que devia ser feito. Me aproximei, não tão perto e nem tão longe, apenas o suficiente para perceber que eles haviam sido capturados.

Eu vi grandes inquisidores com estranhas armas na mão - se é que aquilo é uma arma - e capas negras com um curioso desenho de tarântula nas costas. Meus parceiros estavam ajoelhados perante eles, não havia nada que eu pudesse fazer. As lendas dizem que um guerreiro kuthralle’ nunca foge da batalha, mesmo que esteja em desvantagem, porém não era isso que eu tinha visto durante toda a minha vida, pois mesmo em tempos de guerra os soldados não demonstravam a mínima coragem, apenas trabalhavam por dinheiro, comida e mulheres. Não tinham orgulho do posto que ocupavam. Uma posição honrada como essa deveria ser protegida com o maior prazer possível, mas não.

Eu, como apenas um escrivão, jamais teria habilidade para vencer toda aquela guarda sozinho, mas também não queria voltar pra casa e dizer que todos foram mortos e eu fugi como uma galinha que foge de raposas.

Mesmo não sendo uma atitude muito inteligente, eu fiz.

– Eu ordeno que soltem-no! – disse, saindo de trás dos arbustos e pensando: agora é o fim...

Uma imensa risada ecoou por toda floresta: estavam rindo da minha posição. Um garoto escrivão enfrentando uma horda de inquisidores apenas com uma vara.

– E quem é você pequeno para dar ordens a pessoas como nós? Pelo visto a morte não significa nada pra você!

Eu estava em choque depois de uma imensa onda de coragem, seria morto em menos de cinco minutos e, por algum motivo, este inquisidor falava nossa língua.

Não consegui dizer nada, apenas apontei contra eles um pedaço de madeira. Eu sabia que aquilo não iria pará-los e, mesmo assim, eu ataquei.


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