KISSES AND KISSES

Lilith Wayne deslizava os dedinhos macios e delicados pelas pétalas de rosas do Jardim Botânico de Londres. Sentado ao longe estava seu irmão Bruce, acompanhado da esposa Violet. Os dois bebiam juntos algo que a pequena loura de 1.65cm não sabia o que era, porém também não se interessou. Era mais fascinante olhar como as cores claras se misturavam nas pétalas das flores do que se prender àqueles detalhes fúteis.

Ela não era uma moça de 18 anos comum. Ela tinha autismo, e desde pequena viveu ao lado do irmão, que se comportava de modo extremamente paternal. Como uma autista, havia muitas limitações sociais e intelectuais que a cercavam, dando assim uma expectativa... fraca de seu desenvolvimento. Lilith não puxava conversa, e manter um diálogo com ela era difícil mesmo quando o assunto era de seu interesse.

Mas, também, não esperavam que ela fosse tão boa em matemática como era. Nem que ela conseguisse ser cativante para o sexo oposto. Nesse ponto, aliás, a mocinha foi uma surpresa. Não que ela arrasasse corações por onde passava, não, mas ela tinha o rosto de uma princesa, e os cabelos louros desciam até o meio das costas numa cascata perfeita, mesmo quando essa acordava atrasada. Os lábios eram claros e macios como pêssego, mesmo que eles pouco sorrissem.

Muitos homens a queriam, claro, mas um deles era oúnicoque podia tirar da jovem os olhares mais sinceros, os sorrisos francos e os beijinhos suaves. O sortudo era Rickard Hiddleston, um homem alto, musculoso, de barba e cabelos loiros e olhos muito azuis. Ele era lindo, e infinitamente querido pelas mulheres.

Rickard parou o carro na entrada do Jardim e desceu, guardando as chaves no bolso de trás da calça jeans escura que usava. Ele passou apressadamente pelos portões e, por cima das cabeças de alguns visitantes, viu uma figurinha minúscula sentada diante das roseiras. Abriu um largo sorriso, avistando uma estrela na Terra:

- Flores, senhor? - uma moça se postou ao seu lado com uma cesta cheia das mais diversas flores.

Ele sorriu mais ainda ao avistar o lírio branco no canto da cesta:

- O lírio - pediu, desembolsando o dinheiro da carteira.

Assim que pagou a mulher, ele voltou imediatamente os olhos para onde estava sua estrelinha. Ou melhor, para onde eladeveriaestar. Imediatamente ele arregalou os olhos e o coração saltou do peito, assustado. A menina estava ali há segundos!

Antes que Rickard pudesse caminhar para procurá-la, seus olhos foram tapados por uma pele macia e quentinha, cheirosa como só uma pessoa. O sorriso grande e lindo voltou imediatamente, e o coração bombeou sangue com curiosidade para saber como Lilith havia alcançado àquela altura para fazer essa brincadeira:

- Lili? - ele brincou ao se fazer de pensativo.

A mocinha soltou as mãos de seu rosto e ele imediatamente voltou-se para trás e a olhou com um brilho nos orbes azuis que deixou o coraçãozinho da Wayne derretido dentro do peito:

- Oi. - ela disse com um sorrisinho delicado nos lábios. Travesso, sim.

- Ah... então foi assim? - ele riu quando a viu em pé no banco de cimento atrás dos dois.

Lili encolheu os ombros:

- Gigante. - foi a vez da pequena brincar.

A troca de olhares que aconteceu em seguida parecia algo cinematográfico, entretanto a sétima arte nunca conseguiria alcançar tamanha perfeição. Palavras eram ditas sem o uso da boca, e os dois se entendiam como gêmeos, como duas almas conectadas que eram. Ela então esticou a mãozinha, que logo foi acolhida pela mão larga e forte de Rickard.

Mais do que fazer exercícios de matemática, mais do que desenhar ou observar qualquer coisa que seja, Lili gostava de Rickard. Gostava de beijar Rickard, de ficar abraçada com ele, de fazer nada com ele. Ela gostavadele, da necessidade urgente de tê-lo sempre perto para poder respirar simplesmente. Ricky, Rickie,Hércules... ou então, quando ela dizia do fundo do coração,meu amor.

Ele a pegou facilmente pela cintura com um dos braços fortes e a trouxe para junto de si, recebendo-a com um beijo incessante. Haviam beijos e beijos, nenhum deles era igual, e cada um deles os deixavam mais apaixonados, provando para uma sociedade preconceituosa que nada nem ninguém poderá separá-los, que nada no mundo separa almas gêmeas.