Kaiju Return escrita por hanaeis


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era engraçado ver Raleigh tentando pintar as paredes. Ele era meio desengonçado e definitivamente não possuía nenhuma habilidade artística. Mako estava encostada na porta, rindo baixinho. Estava se vingando de todas as vezes que ele a chamou de baixinha. Não que ela fosse mesmo lá muito alta, mas também não precisava saber que certas pessoas a chamavam de gnomo por aí. Graças a Raleigh. Claro.

Apesar de tudo o que aconteceu, Mako estava tranquila. Raleigh, apesar de sentir falta dos anos dourados, estava melhor ainda. Ele aparentemente havia superado a morte de Yancy e agora procurava pela irmã, Jazmine, apesar de que ela não queria ser encontrada. Também gostava de estar com Mako. Morar junto com ela e estabelecer alguma coisa estável era novo para ele. Assim como para a garota. Ela estava passando por momentos difíceis, perder Stacker não foi fácil. Mas eles estavam bem, tudo havia acabado.

Certo?

Mako tinha dúvidas, ás vezes. E sabia que Raleigh também. Afinal, depois de tudo, era meio difícil acreditar. Parecia que a Terra inteira ainda estava conectada a ideia de que alguma hora iria surgir um Kaiju de uma outra dimensão e destruir mais uma cidade. Era assustador. Aqueles "especialistas esquisitos" - de acordo com Raleigh - que sempre apareciam na TV diziam que era uma coisa natural da raça humana. Medo significava - sempre significou - sobrevivência. Busca por proteção, maneiras de viver por mais tempo. E a humanidade ainda estava com medo de um ataque surpresa.

Teorias da conspiração diziam que tudo era um mentira. Não havia acabado. As mais doidas declaravam que os americanos fizeram um acordo com os Kaijus e que todo mês crianças eram levadas até a fenda para alimentar os monstros. Haviam pessoas que acreditavam, professoras de Química, mecânicos, gente comum, alienada. Raleigh e Mako riam até a barriga doer, eles aprenderam - por mal - de que o medo ou o desespero fazem com que as pessoas inventem coisas, as mais doidas possíveis, para explicar o que elas não entendem. Ou o que elas não querem aceitar. Era o caso.

Mas aparentemente, realmente tudo havia acabado. Já faziam dois anos que nenhum Kaiju aparecia. Não havia absolutamente nenhum sinal de movimento no lugar onde a fenda ficava. E o mundo voltava a ser um lugar relativamente normal, sem monstros gigantes de uma dimensão distante.

Mesmo sem nenhuma atividade, os governos não haviam baixado a guarda. Quase todos ainda mantiveram seus programas abertos, com um ou dois robôs de prontidão, caso algo acontecesse. Muitos países possuíam um grande poderio bélico. China e Japão eram pioneiros em dróides de combate. O mundo apenas não foi arrastado para uma nova Guerra Fria porque a humanidade ainda estava receosa, afinal, não era todo o dia que um portal se abre no meio do oceano pacífico e criaturas do tamanho de um arranha céu saem dele, prontas para acabar com o mundo inteiro. E é claro, dinheiro não nasce em árvore, uma guerra não era economicamente interessante para nenhum país.

Por isso Mako e Raleigh tinham dúvidas. Ambos já foram muito marcados pelo medo. E Raleigh esteve pessoalmente dentro da fenda e ele viu que apenas uma parte de tudo aquilo foi destruído. Será que eles voltariam por, sei lá, vingança? Improvável, Mako dizia, afinal eles já viram o que somos capazes, eles devem ter ido procurar um alvo mais fácil. Mas a ideia ficava martelando na mente de Raleigh, enquanto Mako tentava enganar a si mesma. Mas eles ligavam, todos os meses, e pediam a Tendo por notícias. E todos os meses era a mesma coisa: nada estava acontecendo.

Alívio ou decepção? Não sabiam. Não queriam saber. Queriam?? Eles estavam confusos, mesmo após terem sido empurrados para sessões psicológicas toda semana. Ambos ainda não haviam superado essa dúvida que deixava bem claro que estava ali, martelando sem parar. Mas o que mais tinham para fazer? Tinham que seguir a vida. Aliás, eles podiam fazer muitas coisas, já que provavelmente não teriam que trabalhar pro resto de suas vidas. Ganharam relativamente bastante enquanto estavam no programa e o dobro depois que a mídia os transformou em heróis. Estamparam a capa de quase todas as revistas dos Estados Unidos por pelo menos 6 meses. Sem falar em todas as entrevistas e aparições públicas. Jantas com presidentes de países e grandes multinacionais. Politicagem, politicagem. Mas sobrava bastante tempo para fazer o que eles queriam. Inclusive para pensar.


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