O fantasma da Indecisão escrita por Leonardo Mendes


Capítulo 2
A voz




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–Olá pessoal! Eu sou Marcos... Eu vou ser o substituto de vocês enquanto a professora Lúcia não voltar! Espero ter um ótimo resto de ano com vocês! Ah! Só mais uma coisinha... Quero que vocês me vejam como um amigo, não como um professor! Para qualquer coisa que precisarem, estarei aqui!

O diretor falou mais umas palavrinhas com o professor e saiu da sala apertada, seguido por sua secretária de nariz empinado.

Giuliana olhou para trás, diretamente para o rosto da amiga e cochichou:

–Isadora, esse é o garoto... aquele do cinema! – Giuliana suava, ficava vermelha cada vez mais.

Isa olhou novamente para a amiga, deixou escapar um sorriso.

–Muito bem alunos! Vamos retomar desde o começo! Vou fazer a chamada para saber o nome de cada um! Depois, abram seus livros na página 14!

–Beatriz? Presente!

–Caio? Presente!

Carolina? Presente!

–Giovana? Presente!

–Giuliana? Fez-se silêncio

–Pr-presente! – Giuliana falou baixo.

Depois de algum tempo, Marcos acabou de fazer a chamada e começou a dar aula.

Cento e cinquenta minutos passaram como dez dias para Giuliana, que saiu da sala com o rosto vermelho de tanto suor.

–Você vai ter que se acostumar com isso... – Comentou Isadora.

–Eu não vou mais as aulas...

–Como assim não vai mais às aulas, Giuliana? Pirou de vez? Nós já estamos meio encrencadas na matéria por causa da Lúcia e, acredite! Eu preciso dessa nota para poder passar, ou se não, vou refazer a oitava série, coisa que não quero.

–Você pode ir a aula... afinal, não somos grudadas. –Repondeu Giu, triste.

–Mas eu não tenho amigos lá! – Exclamou Isadora.

–Eu vou aguentar a barra... por você... e pelas minhas férias, claro. – Respondeu Giu.

–E assim que se fala! – Comemorou Isa.

No dia seguinte, amanheceu uma quarta-feira gelada, Ângela pedira que a filha fosse até a loteria para que concorresse ao prêmio da semana, que talvez fosse um carro ou outras coisas de alto valor.

Depois de ter atendido ao pedido, Giu foi direto para a escola. Não queria se atrasar. Ela estava um pouco menos nervosa, pois sabia que não teria aula com Marcos.

Chegando à escola, Giu foi se encontrar direto com Isadora, que agora estava de bom humor, pois a Geometria Analítica estava começando a fazer sentido, já que agora havia um professor que realmente explicasse a matéria e não que ficasse choramingando pelo seu nonagésimo terceiro namorado perdido.

–Ele é tão lindo! – Cochichou Isa, enquanto Giu pegava os livros em seu armário.

–Por que você nunca fala com ele? Ele parece ser legal! Pedro não é?! – Perguntou Giu.

–Sim... Não tenho coragem...

Pedro era o menino que Isadora estava gostando. Ele era do primeiro ano do colegial, mas infelizmente, para ele, Isadora era invisível, já que ela era tímida e não fazia amizade facilmente.

–Vamos, vamos nos atrasar... hoje é o melhor dia da semana... Artes sempre me faz relaxar... – Comentou Giu.

A sexta feira chegou bem rápido e, para a alegria ou tristeza de Giuliana, ela acordou com uma ligação de Rodrigo, que queria a convidar novamente para um ”rolê” nesse fim de semana.

–Oi Rodrigo! É... Não vai dar, eu tenho que fazer uns... Umas coisas com a minha mãe. Fica para próxima ok?

–Tudo bem! - Disse Rodrigo, triste e arrependido.

Giu não sabia o que fazer, estava em uma enrascada das grandes, dividida. Marcos, Rodrigo, Marcos, Rodrigo, Marcos...

–Tenho que saber as qualidades! É isso! Falou Giu para si mesma. Preciso conhecer Marcos melhor e ver o quê acontece! Pena que só tenho aula de Matemática nas segundas... da para esperar! –Sorriu Giu.

O fim de semana chegou. Sem encontros e ilusões. Esse tempo seria usado somente para descanso.

Ângela, estranhando o comportamento da filha, perguntou o que estava acontecendo, já que as notas haviam caído. Ângela podia jurar que através das paredes, ouvia um choro fino e abafado, como o de uma menina de 15 anos tendo crises por AMOR.

Giuliana resolveu então abrir as cartas com Ângela. Contou tudo sobre o seu encontro com Rodrigo e a ilusão de amar um cara que ela nem conhecia, o qual por acaso, virou seu professor substituto.

A mãe – decidida - disse que a filha tinha que correr atrás de seus sonhos, ou seja, tinha que escolher o lado que iria ficar. Ela ofereceu apoio total à filha, até saber que esse tal de Marcos era maior de idade sendo que ela ainda tinha 15.

–Você está louca, menina? Você tem ideia do que está fazendo? Está se apaixonando por um cara de 21 anos?! Não acredito nisso. Você tem ideia do que seu pai faria com você se ele soubesse dessa história?

–Mas mãe...

–Mas mãe nada, você tem que abrir os olhos e ver a realidade minha filha! Acorde!

A conversa de desabafo com Ângela não foi muito boa, afinal, só havia piorado a situação de Giu. Aquele fim de semana não havia sido aproveitado para descanso, mas sim por longas noites de choro.

Era segunda feira, essa semana, já havia indícios de verão, o calor chegando. Porém, era uma segunda feira e Giuliana tinha aula de Matemática, coisa que não era boa para ela, após a conversa com Ângela.

Por incrível que pareça, Giuliana conseguiu se concentrar na aula, e não no professor, como havia acontecido na última aula, havia entendido Geometria, assim como Isadora havera entendido também.

–Isa, vamos à biblioteca hoje à tarde? Estou pensando em começar a estudar...

–Não posso, tenho que ir fazer não sei o quê com o meu pai... Alguma coisa relacionada ao casamento de uma prima dele.

–Tudo bem... Vou dar uma passada de lá, vou ver se acho alguns livros, para me distrair um pouco.

–Boa sorte!

Depois do almoço, Giuliana estava acabando de arrumar suas tralhas no quarto, enquanto sua mãe preparava o carro, para leva-lá.

De repente, o telefone tocou, Giuliana pensou: ''quem pode ser?, quase ninguém liga aqui em casa essas horas, a não ser as primas da mãmãe, que são desocupadas''. Giuliana correu para atender, e assim que atendeu, ouviu uma voz:

–Eu sei de tudo.


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