Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 9
Beach Party


Notas iniciais do capítulo

Genteee, sinto muito pela demora. Minha vida tá tipo assim: provas, trabalhos, atividades avaliativas, atividades extras, trabalhos do curso... Enfim! Mas não esquentem, tô bem! (eu acho)
Então ai vai mais um...



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– Não vou contar nada aos pais de vocês. E se não quiser realmente causar problemas, basta se afastar dela. – Nikola alertou.

Olhei para o garoto de cabelos claros sem entender o porquê daquela ameaça. Pela manhã ele parecia desposto a me apoiar em qualquer que fosse minha decisão, e naquele momento não estava nos dando escolha alguma. Não, eu não poderia ficar com o meu primo, as coisas se complicariam muito, afinal, tenho um pai que preserva conceitos antigos e a família perfeita, ele nunca permitiria. Além disso, o que uma menina de dezesseis anos sabe sobre amor? Mas isso não explicava a reação de Nikola, confesso que fiquei surpresa.

– O que? – James disse sarcástico – Está me ameaçando Mion?

Nikola deu de ombros

– Entenda como quiser Roberts.

Deu as costas para James e abriu a geladeira retirando um depósito de vidro. Encarei James que estava com os punhos cerrados e mordia com força o lábio inferior encarando a Nikola a ponto de avançar no loiro a qualquer momento. Eu estava estática, sem argumento algum, será que Nikola teria coragem de fazer isso comigo? Contar para meus pais seria fatal, certamente eles tomariam alguma decisão severa e, ambas as partes sairiam perdendo.

Não demorou muito para que James se retirasse do local completamente irado. O que ele poderia falar? Acredito-me que ele pensou o obvio, afinal, ele não conhecia Nikola e não sabia se ele era de fato capaz de cumprir o que disse, na verdade nem eu sabia se ele teria mesmo essa coragem.

Aproximei-me do garoto que colocava dois depósitos de tamanho médio no balcão próximo a geladeira. Eu não sabia o que dizer, eu não sabia o que pensar. Nunca achei que Nikola fosse capaz de ameaçar alguém, muito menos eu.

O garoto fechou a geladeira e virou-se ficando bem na minha frente, eu permanecia calada enquanto turbilhões de pensamentos sondavam minha cabeça. Ele permanecia com o semblante sério e a testa levemente franzida, seus braços cruzados e quase não havia distancia entre nós. O olhei nos olhos tentando arrancar alguma resposta dele, o porquê daquela atitude. Ele apenas sustentou meu olhar deixando o silencio tomar conta do lugar por alguns míseros minutos.

– Será que ele acreditou?

Ele perguntou me deixando mais confusa ainda. Encarei-o perplexa, onde ele queria chegar? Então um sorriso leve foi se formando em seus lábios até se transformar em uma gargalhada sincera.

– Nikola! – o repreendi enquanto o mesmo apoiava uma das mãos no balcão e gargalhava – não tem graça nenhuma!

– Você precisava ver a cara de vocês dois! – dizia o garoto ainda sorrindo – É sério Anne. Foi muito engraçado!

Revirei os olhos, mas não era possível conter o riso. Nikola sempre com seu humor inconfundível.

– Ele poderia ter batido em você. – falei pegando uma das vasilhas do balcão.

Nikola gargalhou irônico.

– Não tenho medo do seu irmãozinho. – pegou a outra vasilha.

– Ele deve estar irado agora.

Nikola deu de ombros fazendo pouco do assunto.

Chegando a varanda colocamos as sobremesas sobre a mesa, peguei dois copos de plástico que tinham forma de taças e os enchi com o moce e fui atrás de James. Não demorei muito para encontra-lo, ele estava na sala sentando no sofá com a cabeça jogada para trás e os olhos fechados. Aparentemente relaxado.

– Trouxe sobremesa pra você. – disse sentando ao sofá.

Ele abriu os olhos e se ajeitou.

– Eu sabia que aquele moleque não era boa peça. Já está mostrando as unhas.

Sorri do comentário.

– Ele estava brincando James. – estendi uma mão com a sobremesa sorrindo de lado.

– Ele nos ameaçou Anne. – pegou a sobremesa – certamente já deve está falando tudo que viu aos nossos pais!

– Não está...

– Pode não está mesmo. Agora! Mas mais tarde...

– Não James, ele não vai dizer nada. – sorri – ele estava apenas brincando. Ele não estava com raiva nem nada. Entendeu? Nada.

Pior que era essa a verdade, o loiro não sentiu nada! Não, não, não era para isso me incomodar, mas eu imagino quem anda roubando o sono dele, Cat! Aquela loira psicopata! Nikola não tem tempo pra pensar em mim. Arf! E nem deve.

James me olhou reflexivo por alguns minutos encostando-se ao sofá em seguida.

– Idiota. – bufou.

– Está me chamando de idiota James? – disse fingindo estar ofendida, eu já sabia que ele se referia a Nikola. Coloquei a minha tacinha na mesinha de centro – Você merece um castigo! Não pode chamar a princesa da floresta verde de idiota.

Então iniciei uma sessão de cosquinha no rapaz, ele se controlava para não ri, se defendendo com as mãos, mas não se conteve por muito tempo. Em um piscar de olhos pôs sua vasilha na mesinha e iniciou uma tortura de cosquinhas em mim. Nós ríamos, ríamos como na fazenda quando brincávamos e passávamos a maior parte do tempo juntos. Depois de minutos de “tortura” sessamos ofegantes. Ficamos conversando asneiras e parecia que tudo estava como antes, antes de enlouquecermos e deixar os hormônios nos controlar. Comemos a sobremesa e eu pude falar sobre a escola, sobre tia Emm, sobre tudo que aconteceu nas ultimas semanas – cortando algumas partes, claro – parecia que estava novamente com meu irmão, meu primo, meu amigo, meu melhor amigo. Eu já não recordava como era maravilhoso conversar com ele daquela maneira tão aberta e natural e, cheguei a me questionar: será que não é melhor que seja sempre só assim? Desde ontem nós brigamos mais do que todos os dias de nossa vida e não era isso que eu queria, talvez fosse melhor esquecer-se de tudo e conservar a nossa amizade. Mas como esquecer tudo? Como esquecer os beijos, o jeito que ele me olha me faz delirar... Chega Annelise! É preciso.

À tarde fui com Emm e Nikola pegar algumas roupas para a noite. Chegando lá Nikola pediu que eu fosse escolher uma roupa pra ele e aproveitasse para chamar Jullie, adentrando a casa notei que seu pai não estava lá “talvez ele deu uma saída rápida” pensei.

– Vai ter bebida Anne? – senhora Mion perguntou preocupada.

– Não, não... Quer dizer, acho que não. Mas meus pais estão lá, na certa não irão deixar encostarmo-nos ao álcool.

– Então tudo bem – disse mais aliviada – fale para sua tia ficar de olho neles, tudo bem?

Assenti que sim. Mas cai entre nós, era mais vantajoso que nós ficássemos de olho em Emm.

Jullie não queria ir, mas depois de Nick e eu insistirmos bastante a menina de cabelos castanhos vai ao quarto arrumar-se.

– Qual você acha melhor? – disse Nikola retirando de dentro de seu guarda-roupa uma camisa azul de gola em V e mangas compridas – essa? Ou essa – tirou mais duas de cores e modelos diferentes – ou essa aqui... Olha essa, foi a Jullie que me deu. – disse ele retirando uma camisa preta com umas listras verticais quase neutras de um tom mais claro, também de mangas compridas.

– Achei essa linda. – falei ainda sentada em sua cama – nem sei por que você me trouxe aqui. Não entendo nada de moda, sou da roça, lembra?

Nikola revirou os olhos e sentou-se ao meu lado.

– Não acredito que você liga mesmo para o que aquelas bobonas do colégio falam sobre você.

Eu realmente não queria ligar pra nada do que elas falavam, mas eu não conseguia. Cada palavra ofensiva, cada olhar torto, cada deboche, tudo era cravado em minha memoria, em minha alma. Eu não costumava falar disso com ninguém, apenas com algumas folhas amareladas que logo eram consumidas pelo fogo para ninguém nunca saber. Cada um tem conhecimento da dor que carrega dentro de si, mas é você que decide se quer carregar sozinho.

– Uma dessas “bobonas” é a sua querida Cat. – minha voz saiu meio irônica.

Eu não tinha esquecido ainda do chilique que ela havia dado na ultima sexta-feira, a que ponto alguém pode chegar de manchar e rasgar o próprio vestido pra incriminar outra pessoa? É muita falta de alto-confiança mesmo.

Nikola bufou

– Não vamos falar da Cat agora.

Assenti que sim, ele é louco por ela! Nessa vida tem gente pra tudo mesmo.

Quando chegamos à casa de praia de Emm já estava anoitecendo. O senhor e a senhora Roberts foram passear pela praia com James. Jullie foi retocar sua maquiagem e fazer a minha, afinal, lápis de olho e rímel eram coisas de outro mundo pra mim, eu não sabia nem pegar naqueles objetos, eles se tornavam armas mortíferas em minhas mãos.

Não demorou muito e já estávamos prontas. Jullie com uma calça jeans azul desbotada, uma regata branca com um moletom azul. Eu estava com um vestido rosa de mangas românticas e como de costume, justo na cintura - dessa vez por um cinto fino amarelo – e sapatilha vermelha. Fiz uma nota mental de agradecer a Emm por comprar roupas para hoje.

– Uau – arfou alguém adentrando a sala em tom de admiração.

Virei-me e vi James perto da porta juntamente com meus pais. Ele olhava para mim com surpresa e admiração. Eu sorri timidamente, minhas bochechas estavam coradas, eu tinha certeza.

– Quem é ela? – James perguntou ainda com cara de bobo, mas agora olhando para a garota de jeans que estava ao meu lado. Meu lindo sorriso sumiu, entretanto, comecei minha atuação, afinal, não somos namorados somos simples... Primos.

– Essa é Jullie.

Ele caminhou até nós - até nós não, até ela! – e estendeu a mão.

– Sou James, irmão da Anne. – depois sorriu, o meu sorriso!

A menina timidamente estendeu a mão, depois foi beijada no rosto pelo meu primo. E ela corava, ainda sorrindo, parecia envergonhada e eu irritada, bem irritada!

– Podemos ir? – falei no melhor tom que consegui.

Eles ainda se olhavam com as mãos juntas. Com as mãos juntas. Juntas. Mãos Juntas. Mãos.

Revirei os olhos e sair em disparada pela porta deixando o lindo “casal” na sala. Na agonia de me retirar daquele lugar acabei passando por meus pais sem dizer nenhum “oi”.

Fora da casa, estavam Nick e Emm conversando sobre qualquer coisa, tentei me controlar e andar normalmente, mas tudo dentro de mim estava mexido, eu estava agitada e irritada, muito irritada.

Idiota ele é um idiota!

Idiota eu sim sou uma idiota.

Cheguei perto dos dois com um sorriso falso, até então eles ainda não haviam notado que eu estava me aproximando, entretanto conseguir ouvir Emm sussurrar “... Ok, ela está vindo ai”.

– Do que falavam? – falei me enturmando.

Emm com os braços cruzados e aquele semblante sapeca que só ela tinha. Ela olhava para o mar - que não estava tão longe já que a maré estava alta - fugindo da minha pergunta.

Nikola virou-se para me ver. Olhou-me de cima abaixo erguendo as sobrancelhas levemente.

– Nossa. Você está linda!

Será que ele advinha? Sempre que não estou bem ele me faz uma dessas. Soltei um sorriso sincero inevitável, quase me esqueço do meu irmão babando a irmã dele na sala. Juntos. Na sala.

– Vamos? – falei me referindo aos dois.

– Oh, não, podem ir. Vou esperar a Esme. Não nos esperem! – falou Emm toda maliciosa.

Saiu nos deixando a sós.

– Cadê nossos irmãos? – eu senti a piadinha interna.

– Estão se “conhecendo”. – falei fazendo aspas com os dedos e dando ênfase a ultima palavra. Nick franziu a testa levemente.

– Nossa! Ele é rápido, hein?

Revirei os olhos e sorri depois tentando disfarça que o comentário me irritou. Sim, me irritou, não tenho culpa!

– Vamos? – disse Nick estendo o braço para mim com um sorriso lindo no rosto. Típico de Nikola.

Assenti que sim segurando seu braço. Agora eu sorria tão singela. Como ele me fazia bem.

Chegando a parte da praia em que acontecia a festa – que não era tão longe da casa de Emm – alguns dançavam na pista enquanto uma banda local tocava algum estilo de rock. O local estava todo enfeitado com fitas, balões, tinham mesas e cadeiras também, garçons serviam de lá pra cá e daqui pra lá, bebidas, petiscos... tudo enquanto. No meio de todo aquele povo que se remexia sem parar e mesmo com aquela luz irritante que piscava constantemente pude perceber alguns alunos da High School Forming Professional, pelo menos os mais “populares”. Eu rezava mentalmente para que Benson não estivesse lá também.

Nikola me puxa para dançar e eu me nego, eu não sabia nem sequer pular no ritmo certo, mas o loiro insiste.

– Ah não Anne, você não me trouxe até aqui pra ficar sentado em uma mesa! – ele reclamava gritando devido à música extremamente alta.

– Nikola, é sério, sou péssima na pista! E você veio por que quis!

– Nossa, que grossa!

Sorri com o que ele disse. Ele ainda segurava minhas duas mãos puxando para perto das outras pessoas enquanto eu me recusava.

– Já disse, eu não vou pra perto dessa gente.

Ele revirou os olhos chegando pra perto de mim. Inclinou a cabeça pra perto do meu ouvido.

– Então vamos dançar aqui.

– Está louco? Tem um monte de gente olhando. – disse perto da sua orelha.

– Deixa de bobagem Anne. Todo mundo tá dançando!

– Mas aqui não. Aqui tá claro ainda, todo mundo vai ver!

– Tem vergonha de mim, é? – disse fingindo estar ofendido.

Fitei-o cerrando os olhos e a boca e ele sorriu fazendo carinha de cão sem dono.

– Tudo bem Nikola. – falei derrotada.

“Dançamos” muito, a guitarra gritava e nós íamos ao ritmo do som. Sinceramente, era impossível entender a letra da música, mas as batidas da música me tiravam de mim. Eu me sentia livre pulando com o garoto mais lindo daquele local, ele sorria que jogava a cabeça para trás, e eu achava tão fofo a maneira como ele fazia isso. Desde o inicio ele não soltou minhas mãos e não paramos para nada, quando dei por mim já estávamos no meio de todo aquele povo. Fiquei com cede e pela sorte um garçom se arriscava no meio do povo que saltitava como se no chão houvesse brasa. Agarrei no braço do homem quando se aproximou e pedi a latinha de refrigerante, creio que ele nem ouviu apenas me entregou e Nikola pagou. Abri de uma vez jogando goela adentro todo o liquido, e o refrigerante desceu rasgando a garganta. Estranhei o sabor meio doce, meio amargo, mas não me importei, pelo contrario eu quis mais. Quando quis virar-me para alcançar o vendedor fiquei meio tonta me apoiando em alguém que dançava incessantemente. O chão começou a se mexer e eu pus a mão na cabeça. Uma vontade incontrolável de ri surgia no meu intimo e eu nem sabia por quê.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Comentem, favoritem, recomendem, deem opiniões, façam criticas, deem ideias... Enfim! Façam isso que já vou saber se estão curtindo e se devo parar ou continuar.
Fiquem com Deus, beijão!
(Já dei inicio ao próximo cap. quem sabe ainda essa semana? Vamo ver!)



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