À tarde, os seis resolveram ir ao cinema. Era uma boa ideia, afinal, eles precisavam mesmo relaxar e se distrair. Giovanni foi perdoado, pois todos sabiam que no fundo, ele não fazia as coisas por mal. Ao chegarem no cinema, escolheram o filme, compraram pipoca e refrigerante e foram para a sala da sessão. Miguel se sentou ao lado de Mía, que se sentou ao lado de Lupita. Na fileira da frente, Roberta se sentou ao lado de Diego. 3 minutos depois, Giovanni chegou pedindo licença para todos e se sentou ao lado de Diego, com seu pacote de pipoca grande. Ele demorou porque queria que sua pipoca tivesse mais manteiga do que o normal.

– Vocês acreditam que o cara não queria colocar mais manteiga? Mas eu exigi. O que ele tá pensando? Eu to pagando caramba!

– Ai, Giovanni – Roberta riu.

– E ainda pegou o pacote grande pra comer tudo sozinho? – Diego arregalou os olhos.

– E você acha muito? Por favor, Diego, isso aqui não dá nem para o cheiro – Giovanni disse, rindo.

Lupita colocou a cabeça entre as poltronas de Giovanni e Diego.

– Quando minha pipoca acabar eu vou aí comer com você – e sorriu.

Giovanni deu um beijo no rosto de Lupita e disse, com um ar de ciúmes:

– Vai lá comer pipoca com o engenheiro, vai.

– Cala essa boca, ô – Lupita respondeu, fez bico e pegou umas pipocas super amanteigadas do pacote de Giovanni.

– EI! – Giovanni protestou.

– Credo, você tá vendo a pipoca no meio de tanta manteiga? – Lupita riu, recostando a cabeça em sua poltrona.

– Por que pegou se não ia gostar? – Giovanni falou, com a boca cheia.

– Quietos, o filme já vai começar. Shhh – Roberta falou.

– Se não for bom, vou pedir meu dinheiro de volta.

– Quieto, cara – Diego falou, cutucando Giovanni.

Giovanni continuou falando. Outras pessoas incomodadas pediram silêncio.

– Ok, vou me calar. Vou abrir a boca só pra comer – falou isso, atirando uma pipoca pra trás, que caiu direto no decote da blusa de Lupita.

Lupita não quis dar bronca no Giovanni naquele momento, o filme havia acabado de começar. Já estavam totalmente no escuro. Giovanni finalmente havia calado a boca. O filme se tratava de uma comédia romântica. A pipoca de Lupita logo acabou, e ela passou para a fileira da frente, sentando-se ao lado de Giovanni.

– Sentiu minha falta? - a morena sussurrou no ouvido dele.

– Sempre sinto – ele respondeu todo gracioso.

Ela fez um carinho no rosto dele e os dois começaram a dividir a pipoca amanteigada. Mía e Miguel ficaram então, sozinhos na fileira de trás. Não estavam prestando atenção no filme. Não mesmo. Era como se estivessem em outro mundo, não escutavam nada ao redor, e só conseguiam ver um ao outro. Ela sorria para ele, enquanto ele sussurrava em seu ouvido algumas palavras. Em outro momento, Mía beijou-o no canto da boca. Miguel retribuía os carinhos de Mía, enchendo-a de selinhos demorados. Ambos permaneciam com as mãos entrelaçadas, e sorriam, aqueles sorrisos bobos. Mía sentia-se imensamente feliz por estar ali com Miguel, vivendo aquelas situações daquela maneira mágica. Finalmente o universo estava conspirando a favor daquele sonho. Foi com esses pensamentos que ela começou a beijá-lo calorosamente. Naquele momento, só existiam eles dois e aquele amor.

Roberta e Diego olhavam para a telona, porém não conseguiam entender nada do que se passava no filme. Estavam pensando um no outro, naquele beijo. Diego tirou os olhos da tela e os fixou em Roberta. “É tão linda”. Ele sentia vontade de acariciar os cabelos dela. Diego sentia, naquele momento, um desejo enorme de beijá-la. “Aqueles olhos, aquela boca”. Ele sentiu vontade de abraçá-la. E foi o que fez. Imediatamente, colocou um braço por trás de Roberta, e a puxou para mais perto de si. Com seu rosto bem próximo do rosto dela, ele moveu os lábios para sussurrar:

– Eu amo você.

Ela ficou paralisada, tentando absorver aquelas três palavras ditas por Diego. Estava difícil de acreditar que era aquilo mesmo que seus ouvidos haviam escutado. Ele sorriu, e não deu tempo para que ela pudesse dizer qualquer coisa. No instante seguinte, iniciaram um beijo longo e calmo.

Na saída do cinema, Mía e Miguel andaram até o carro de mãos dadas, Roberta e Diego fizeram o mesmo. Queriam mostrar para o mundo que se amam. Eles queriam mais é que os vissem aos beijos e abraços publicamente. Chega de ocultar sentimentos. Miguel ria e apertava o nariz de Mía, que por sua vez, ria e empurrava as mãos de Miguel para que ele parasse de implicar com ela. Finalmente chegaram até o carro. Mal entraram e já estavam todos grudadinhos, rindo e falando besteiras. Lupita começou a comentar sobre o filme. Mía e Miguel não viram começar e muito menos terminar. Roberta e Diego também não tinham o que falar.

– E aí, o que vocês acharam do filme? – Lupita perguntou a todos.

Mía, Miguel, Roberta e Diego entreolharam-se, com olhares e sorrisos maliciosos.

– Eu amei esse filme, não imagina o quanto – Mía falou isso sorrindo e olhando para Miguel, que também sorriu e concordou.

– Eu também gostei muito, principalmente a parte do beijo – Diego sorriu, olhando para Roberta, que se derreteu toda com aquelas palavras.

– A verdade é que a Lupi nem prestou atenção no filme, ela passou o tempo todo me admirando! – Giovanni disse isso alisando o cabelo de Lupita.

Lupita fez uma careta e caiu na risada.

– Ah sim, aham. Seu convencido.

Uma das datas mais especiais do ano estava chegando. Ah, o Natal! Os seis resolveram passar o Natal no apartamento. Será uma comemoração íntima, só os seis. E eles já estavam empolgados, porque mesmo que seja uma simples festinha, só entre eles, será muito especial. Tudo estava dando certo para eles naquela época, tudo era mágico e nada nem ninguém poderia mudar isso.

Faltavam apenas duas semanas para a chegada do Natal e eles estavam com os preparativos a mil. Certa manhã, todos pareciam estar possuídos pelo espírito Natalino. Estavam animados, colocando enfeites de Natal pelo apartamento todo. Roberta, Diego e Lupita estavam colocando luzinhas e bolinhas brilhantes na árvore de Natal.

– Awn, tá ficando muito linda gente! - Lupita estava radiante.

Mía e Miguel estavam ocupados pendurando enfeites de Natal na porta e no interior do apartamento e Giovanni, usando um gorro de Papai Noel, estava pendurando enfeites na sacada. Mía deixou Miguel terminando de pendurar os enfeites e dirigiu-se até o quarto dele a fim de encontrar os cartões de Natal que ele havia comprado há uns dias atrás. Mía estava procurando os cartões nas gavetas do criado mudo de Miguel, quando ouviu um ruído familiar. Era um celular vibrando. Por instinto, ela ergueu a cabeça para ver de onde vinha a vibração. O celular de Miguel estava em cima do travesseiro dele, e havia vibrado.

"Olho ou não olho?"

Mía não resistiu. Mordendo o lábio de curiosidade, pegou o celular de Miguel e leu baixinho:

– 1 nova mensagem. Abrir.

"Leio ou não leio?"

Mais uma vez, tomada pela curiosidade (e pelo ciúme), ela abriu a mensagem. Com as mãos tremendo, leu apenas com os olhos.

"Estou com saudades Miguel, me dê notícias suas! Por favor, me liga tá? Ficarei esperando sua ligação meu amor! Beijos aonde você quiser."

Mía não conseguia acreditar no que estava lendo. Leu outra vez e releu mais duas vezes.

– Mas que porcaria é essa? - Foi o que conseguiu dizer.

"Número desconhecido."

O ciúme tomou conta de Mía. Com um gesto rápido, pegou seu celular e discou aquele número desconhecido. E esperou alguns instantes. Uma voz feminina e nada agradável falou, do outro lado da linha:

– Alô?

Mía ficou sem ação.

"Peraí, eu conheço essa voz detestável de algum lugar."

A voz voltou a falar, impaciente:

– Alô??

Mía estava tentando lembrar de quem era aquela maldita voz.

"Ah não, não. Não pode ser. Não pode ser ela. Meu Deus."

A voz feminina voltou a falar, agora quase gritando:

– Quem é? Dá pra falar de uma vez?

Mía não respondeu. Desligou rapidamente. Tremendo de raiva, exclamou:

– De novo essa bruxa? Pelo amor de Deus, não!