The Family escrita por Jess Almeida


Capítulo 1
Brincadeira sem graça e cuecas desagradáveis




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Aquele era mais um dos dias em que Mía e Miguel estavam brigados. Depois de mais uma cena de ciúmes que ambos faziam, Miguel olhou fundo nos olhos dela e disse:

– E se eu for embora para sempre?

Mía não achou que aquela frase tivesse um sentido verdadeiro, ainda mais levando em conta que Miguel sempre foi de fazer brincadeiras. Achou que aquilo era uma brincadeira sem graça e respondeu, com um sorriso no canto da boca:

– Aí você não sobreviveria sem mim! – e riu.

MIguel continuou sério.

– E você não ligaria se eu fosse?

– Não, não ligaria – Mía ainda sorria.

– Então, - ele se virou e mostrou a ela uma mala – eu vou embora.

Naquele momento, Mía sentiu que não era uma brincadeira.

– Miguel, o que é isso?

Ele falou num tom de ironia:

– Uma mala, como vê.

– Eu sei que é uma mala bobão, mas por que...?

– Você acabou de dizer que não ligaria.

Miguel deu as costas à Mía e pegou a mala. Ela já podia sentir seu coração apertar.

– Miguel...

Ele continuava de costas pra ela.

– Fala.

Mía mordia os lábios, com vontade de chorar.

– Você não pode ir!

Ele se virou para ela.

– Por que não?

Ela não respondeu. Sua expressão era triste. Ele completou:

– Não posso ir porque você vai sentir falta das panquecas que eu faço? Não seja por isso, o Giovanni sabe fazer também.

Mía pareceu se irritar.

– Não, não é por causa disso. Será que você não entende?

– O que é que eu deveria entender?

– Que se você fosse eu morreria.

Miguel a olhava sério, mas sorria por dentro. Ficou quieto por alguns instantes, como se esperasse que ela falasse algo mais. E acertou. Com lágrimas nos olhos, Mía disse, quase gritando:

Que eu te amo, caramba!

Ele foi até ela e a envolveu em um abraço, um abraço tão apertado, como se quisesse protegê-la de algum mal.

– Eu também te amo Mía.

Estavam prestes a se beijar, quando Lupita chegou com compras do supermercado, abriu a porta e entrou correndo, estabanada, batendo as sacolas nos móveis.

– AAI eu não aguentava mais, se tivesse que ficar mais um minuto no trânsito, acho que eu explodiria, quase atraso o jantar. – vendo que Mía e Miguel estavam abraçados, perguntou, com um sorriso de quem descobriu um segredo – Hum... perdi alguma coisa?

Miguel afastou-se de Mía e ela passou a mão nos olhos, para certificar-se de que as lágrimas haviam secado.

– Não, nada. – respondeu Mía, sorrindo.

Lupita fingiu ter acreditado em Mía e mudou de assunto:

– E o Giovanni, onde está?

– Dormindo, eu acho. – respondeu Miguel.

– Vou acordar aquele safado, é a vez dele fazer o almoço!

Lupita subiu a escada pulando e cantando alto, para acordar o Giovanni:

– QUIERO PODER, CONOCER A ALGUIÉN CON UN PODER DE ARREBATAR MI ALMA, CON UNA MIRAADA ♫

Mais uma vez, Mía e Miguel estavam sozinhos na sala.

– Miguel, eu não quero me intrometer na sua vida, se você quiser ir de verdade...

Miguel chegou mais perto de Mía e agarrou as mãos dela. Com um sorriso cheio de ternura, disse:

– Nem se me pagassem eu sairia daqui.

Ela teve um ataque de felicidade, pulou nos braços dele e chorou. Com um sorriso cheio de alegria, falou:

– Eu sabia que não iria.

Mía pegou a mala dele e disse:

– Nem sei por que se deu ao trabalho de arrumar a mala.

Ela abriu e ficou surpresa com o que viu.

– Mas... seu safado! Essa mala está vazia!

Ao dizer isso, deu um tapa no braço dele. Miguel ria.

– Acreditou que eu iria!

– Eu vou te pegar depois! – Mía já estava rindo com ele.

–Ah, é? – Miguel se aproximava dela.

– É.

Miguel tentou beijá-la. Mas era impossível, pois nesse momento Lupita e Giovanni estavam descendo a escada. Suas vozes ecoavam pela casa.

– Não reclama Giovanni, eu já fiz muito indo até o supermercado comprar as coisas pro almoço, nem vem que ontem fui eu quem cozinhou!

– Ah Lupita, precisava ter me acordado às 11h da madrugada?

– Já falei pra não reclamar, seu folgado. Não vê que daqui a pouco chegam a Roberta e o Diego, mortos de fome?

– Por que não coloca o Miguel pra cozinhar?

– Porque hoje, é o SEU dia. Anda vai! Nossa, parece que eu sou a mãe de todos vocês, nunca vi!

Mais uma vez, Mía e Miguel foram interrompidos.

– Olha Giovanni, comprei massa para lasanha. É só você rechear, fazer uma salada e pronto, acabou! É difícil fazer isso? Não né, Giovanni? Own, você é um amor! - Lupi disse isso vestindo em Giovanni um enorme avental.

– O que é que você pede chorando, que eu não faço sorrindo Lupi?

Lupita sorriu e o deixou na cozinha.

Era 11h30 quando Roberta e Diego chegaram, já discutindo. Roberta carregava várias sacolas do shopping e Diego reclamava por ter tido que ajudar a carregá-las.

– Eu devo estar louco e com febre pra estar carregando esse monte de besteiras!

– Besteiras? Nunca mais trago uma cueca sequer do shopping pra você, seu mal agradecido.

– Você nunca trouxe nada pra mim, não banque a bondosa.

– Ué, mas eu estava pensando em trazer...

Giovanni ouviu a discussão lá da cozinha e não conseguia parar de rir. Colocou a cabeça pra fora da porta e disse, gargalhando:

– Devia ter trazido mesmo umas cuecas novas pro Diego, já viu as dele como estão? Umas furadas, outras velhas demais, umas feias e caretas, tem uma branca de bolinhas vermelhas que...

– GIOVANNI! – Diego interrompeu os comentários de Giovanni.

Roberta se jogou no sofá e começou a rir também.

– Eu não sabia disso Diego, perdão. Da próxima vez em que eu for ao shopping, não me esquecerei de você... nem das suas cuecas.

Na hora do almoço...

Roberta sentou-se ao lado da Lupita. Lupita sentou-se ao lado do Miguel. Miguel sentou-se ao lado de Giovanni. Giovanni sentou-se ao lado de Mía. Mía sentou-se ao lado de Diego e o mesmo sentou-se ao lado de Roberta. A mesa era redonda, e eles gostavam dela assim.

Roberta provou a lasanha e exclamou:

– Parabéns Giovanni, a lasanha está uma delícia!

– Aham. Está muito gostosa mesmo! – completou Miguel.

– Ah, obrigado, obrigado. O que é que eu faço que não fica uma delícia?

– Convencido... – Lupita ri.

– Diego, não fica assim. À tarde a gente pode ir ao shopping de novo, só pra comprar umas cuecas pra você, já que as suas estão muito usadas! – Roberta não aguenta e ri, irônica.

Diego faz uma cara de pouco caso e Mía faz cara de nojo, dizendo:

– Ahh, mas esse papo de cuecas de novo? Não vão parar com isso nunca?

– Vamos deixar as cuecas do Diego pra depois, - Giovanni rindo – porque senão ninguém mais vai conseguir comer!

Todos riram menos Diego.

Mía e Miguel trocaram alguns olhares durante o almoço, carinhosos. Parecia que finalmente as coisas entre eles estavam melhorando.


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Notas finais do capítulo

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