Resident Evil - The First Fear escrita por Goldfield


Capítulo 7
Capítulos 12 e 13




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Capítulo 12

No subsolo.

Concluindo a descida, Jill viu-se numa pouco iluminada e úmida passagem subterrânea, de paredes, chão e teto rochosos. A policial preocupou-se com o que poderia encontrar naquele lugar sombrio, e verificou a munição da bazuca. Ela tinha quatro disparos, mas seria o suficiente?

Valentine caminhou alguns passos, suas botas tocando as pedras. Havia uma porta de ferro enferrujada próxima a Jill. O caminho no qual a jovem se encontrava seguia em frente e fazia uma curva à esquerda, mas a integrante do S.T.A.R.S. resolveu averiguar primeiro o que havia depois daquela entrada.

Ela tocou a fria maçaneta, empurrando a pesada porta com seu corpo. Do outro lado a galeria subterrânea continuava numa bifurcação, mas havia alguém no meio do caminho, de costas para Jill. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o homem virou-se, apontando um revólver Magnum. Era Barry Burton.

–         Barry! – exclamou Valentine.

–         Jill! Graças a Deus você está bem!

–         Por que você deixou a casa dos fundos sem me avisar? Estava preocupada!

–         Bem, eu estava no pátio quando ouvi alguém gritando aqui embaixo... Parecia ser o Enrico!

–         Eu encontrei Wesker há pouco. Ele parecia atordoado...

Jill fitou os olhos cansados de Barry por um instante. Ele estava estranho, assim como o capitão. Quando percebeu que a companheira o examinava, Burton inclinou a cabeça, como se estivesse envergonhado.

–         Barry, há algo errado?

–         Não se preocupe, Jill... É apenas cansaço, eu ficarei bem... De qualquer maneira, nós temos que descobrir o lugar para onde estes túneis se dirigem! Talvez seja nossa única rota de fuga!

–         É verdade, mas...

–         Você vem comigo, Jill?

A jovem hesitou por um instante, fitando o chão. Pela primeira vez em anos de trabalho, ela estava insegura em relação a Barry. Porém, ele era o mais experiente entre os S.T.A.R.S. de Raccoon City, e a policial simplesmente tinha que confiar nele. Burton queria o bem de todos, afinal sua família vivia na cidade e estaria em risco se aquelas criaturas não fossem aniquiladas.

–         OK, vamos! – respondeu Jill, não muito animada.

–         Hei, o que há? Você quer que eu vá à frente?

–         Não, Barry, obrigada. Apenas vamos logo, estou dependendo de você!

Barry assentiu com a cabeça, e os dois seguiram pelo lado direito da bifurcação.

Chris, Rebecca e John seguiam por um úmido, estreito e frio túnel de concreto, após terem cruzado uma passagem secreta no subsolo da mansão. Nervosos, os três respiravam com dificuldade, segurando suas armas com o máximo de cautela. Um monstro horrendo poderia surgir da escuridão a qualquer instante.

Foi quando um estranho odor tomou o ar. Chris e Rebecca já conheciam aquele cheiro por causa dos zumbis, era carne podre. Porém, estava muito mais forte, a ponto de provocar náuseas e dor de cabeça.

–         De onde vem esse cheiro tão ruim? – perguntou Rebecca, tapando o nariz.

–         Vejam vocês mesmos! – respondeu John.

O grupo venceu uma curva do túnel para a direita, e viu-se numa passarela de metal alguns metros acima de um tanque de água suja e fétida, a qual era despejada através de um cano numa das paredes do lugar. O pior era o que havia na água...

–         Mas que merda! – gritou Chris.

Lá embaixo, boiando na água imunda, havia dezenas de cadáveres de cientistas, todos decapitados e em estado de decomposição. Rebecca não pôde mais agüentar e vomitou sobre o tanque.

–         Mas que diabos houve aqui? – perguntou Redfield, enojado.

–         Todo o esgoto do complexo era despejado aqui – explicou John. – Quando o vírus escapou, os cientistas que estavam no laboratório foram os primeiros infectados. Como a única maneira eficiente de deter os zumbis é queimar seus corpos ou destruir seus cérebros, esses pobres pesquisadores foram decapitados e seus corpos jogados aqui!

Os dois homens olharam então para Rebecca, que se recompunha. Aquele pesadelo parecia sem fim.

–         Vamos em frente! – exclamou John, caminhando na direção do túnel do outro lado da passarela.

Chris e Rebecca o seguiram.

Jill e Barry cruzaram mais uma porta de metal. A caverna pouco iluminada fazia uma curva para a esquerda. Valentine seguiu à frente, enquanto Burton olhava ao redor, pensativo. Ele estava realmente muito estranho.

Quando a policial terminava de contornar a passagem, ouviu uma voz conhecida exclamar:

–         Quem está aí?

O coração da jovem disparou.

–         É você, Enrico? – indagou ela.

Apesar da escuridão, Jill pôde identificar Enrico Marini sentado junto a uma das paredes rochosas do local, Beretta em mãos e um grave ferimento no abdômen.

–         Você está com alguém, Jill? – perguntou Enrico friamente, olhando fundo nos olhos de Valentine.

–         Enrico! – exclamou Barry, que surgiu ao lado de Jill.

Marini deu um sorriso cínico e disse num tom sarcástico:

–         Então, Barry e Jill juntos!

–         Enrico, o que houve? – perguntou Valentine. – Você está ferido! O que atacou você?

–         Pergunte ao Barry!

Jill olhou para Burton sem entender. Este apenas fitou brevemente os olhos da companheira e voltou a olhar para Enrico, com um leve rubor no rosto.

–         Ouça bem, Jill! – exclamou Enrico. – Os S.T.A.R.S. estão sendo aniquilados! Alguém é um traidor! Tudo foi planejado desde o início pela Umbrella e...

Súbito, um alto som toma a caverna. Era um tiro. Havia agora um buraco rubro no peito de Enrico, que tentou dizer, enquanto sangue escorria por seus lábios:

–         Traidor... Umbrella... Cuidado!

O líder do Bravo Team desfaleceu, enquanto seu sangue tingia o chão de pedra. Estava morto.

–         Enrico! – gritou Jill, num tom angustiante.

Outro barulho. Passos, e rápidos. O assassino de Enrico estava fugindo. Jill e Barry se viraram instintivamente para trás. Valentine correu, com a esperança de ver o rosto do traidor.

Porém, após vencer a curva, a única coisa que viu foi um vulto humano cruzando a porta de metal, identidade protegida pela escuridão. Jill suspirou, enquanto Barry se aproximava.

–         Ele não teve a menor chance! – disse Burton, revoltado. – Estava ferido, não conseguiria se esquivar do tiro!

A policial balançou a cabeça. Para piorar, havia agora um traidor entre eles.

Um novo som. A porta de metal novamente se abriu...

–         Quem está aí? – perguntou Jill, temerosa.

A resposta foi um grito estridente emitido por um humanóide esverdeado coberto de escamas, possuindo garras e dentes afiados. Com o corpo dormente devido ao susto, Valentine apontou a bazuca para o monstro, enquanto Barry mirava com sua Magnum.

No instante que se seguiu, os policiais e o mutante pareceram aguardar quem atacaria primeiro. A resposta veio quando a criatura correu na direção de Jill, garras apontadas para o tórax da ex-ladra. Esta, mordendo os lábios, apertou o gatilho de sua arma...

O projétil atingiu em cheio o peito do monstro, que explodiu em pedaços. Enquanto fitava o que havia restado da aberração verde, Jill exclamou:

–         Que são essas coisas?

–         Não sei, mas eu não vou ficar aqui esperando que elas me matem! – disse Barry, checando a munição de sua arma. – Vamos, talvez ainda possamos alcançar o atirador!

Jill assentiu com a cabeça, e a dupla cruzou a porta de metal.

O túnel de concreto havia se transformado numa caverna mais larga, paredes rochosas. John seguia sempre à frente, acompanhado por Chris e Rebecca.

De repente, Chambers tropeça em algo, caindo sobre o chão duro e frio. Chris pára imediatamente e ajuda a jovem a se levantar, perguntando:

–         Você está bem?

–         Apenas algumas escoriações... – murmurou Rebecca, olhando para os cotovelos arranhados. – Mas, no que eu tropecei?

Os dois S.T.A.R.S. se voltam para trás. Rebecca tropeçara no cadáver de um homem usando roupa tática preta e máscara de gás. Havia um profundo ferimento em seu tórax.

–         Ele era um dos guardas da mansão – explicou John. – Foi vítima de um MA-121.

–         Como assim? – indagou Chris. – Você quer dizer vítima de uma daquelas criaturas que me atacaram embaixo da mansão?

–         Exato!

Enquanto isso, Rebecca examinava o cadáver.

–         Um ferimento profundo provocado por garras afiadas ou algo parecido – concluiu a bioquímica. – Ele não teve chance de defesa!

Ela percebeu que havia algo junto ao corpo. Era uma arma, mais precisamente uma submetralhadora H&K.

–         Você precisa de uma arma melhor, leve essa com você, Rebecca! – disse Chris.

Chambers apanhou a submetralhadora, engatilhando-a. Era difícil dizer o quanto Rebecca havia amadurecido naquela noite. De uma recruta imatura e insegura, disposta a tudo para agradar seus superiores e mostrar-se útil, a jovem se tornava mais independente e decidida a cada instante.

–         Vamos em frente! – exclamou John.

–         Espere! – pediu Chris. – Gostaria que você me explicasse algo!

–         Sim?

–         Como escapou ileso à infecção do vírus?

–         Eu fui um dos primeiros infectados, no laboratório... Mas fui salvo graças a uma vacina experimental. Codinome: “ANGEL”.

–         Então existe cura? – perguntou Rebecca, olhos brilhando.

–         Eu injetei em mim a última dose disponível...

A caminhada prosseguiu.

Wesker cruzou rapidamente mais uma porta metálica e, sem fôlego, parou de correr. Ele não queria ter matado Enrico, mas foi necessário. Havia se exposto enormemente ao fazê-lo, porém o líder do Bravo Team acabaria dando com a língua nos dentes. Barry havia alertado que ele sabia sobre a traição dos dois. Agora Marini não representava qualquer tipo de ameaça. No fundo, era um alívio.

Mas os problemas de Wesker ainda não haviam acabado. Jill ainda estava viva, Chris provavelmente também, e Rebecca, apesar de improvável, talvez ainda não tivesse sido devorada por um zumbi ou decapitada por um Hunter. Para piorar, John Howe havia sobrevivido ao T-Virus e também vagava pelas instalações.

Só nesse instante Wesker percebeu onde estava. Olhando para a direita, o capitão do S.T.A.R.S. viu uma enorme pedra redonda bloqueando a passagem.

–         Você não perde por esperar, Jill! – murmurou o traidor, com um sorriso maléfico.

Jill seguia em frente pelo túnel úmido, quando de repente parou. Havia um enorme buraco no chão, o qual impossibilitava que Valentine atingisse o outro lado, onde havia uma porta.

–         Droga! – praguejou a policial.

A jovem viu que seria obrigada a recorrer aos conselhos do pai para solucionar aquele problema. O sonho de Dick Valentine era que a filha se tornasse uma grande ladra, e para isso lhe transmitira todos os seus conhecimentos, os quais poderiam auxiliar Jill naquele momento.

Ela olhou para uma das paredes do túnel. Próxima ao buraco havia uma placa de metal com um buraco hexagonal no centro. Foi então que Jill se lembrou do que Barry havia encontrado no corpo de Enrico e em seguida lhe havia entregado: uma manivela.

Valentine retirou o artefato de seu cinto e percebeu que a haste do objeto também tinha seis lados. Aquela manivela deveria ser usada exatamente naquele local.

Jill inseriu o artefato no buraco e o girou. Sem precisar exercer muita força, a policial ouviu um som mecânico. Para seu espanto, logo em frente as paredes estavam girando! Ela continuou movendo a manivela, com todo o túnel tremendo, até que o buraco foi tapado pelo que antes era o teto da passagem.

A jovem sorriu, perguntando-se sobre a mente engenhosa e nefasta que havia projetado aquele lugar. Em seguida caminhou na direção da porta, insegura e preocupada. Afinal, quem seria o traidor da equipe?

Seria o Chris? Não, Jill repudiava essa idéia. O rapaz era uma pessoa honesta e de bom caráter, e era isso que a policial mais admirava nele, acima de suas capacidades físicas e sua habilidade como atirador. E Barry? Ele realmente estava muito estranho, e por que Enrico teria mandado que Jill perguntasse a Burton sobre o que havia lhe atacado? Estaria Barry escondendo algo do grupo, mesmo sendo um antigo membro do S.T.A.R.S. e ótimo pai de família?

Jill estava incerta, e resolveu evitar pensar sobre o assunto. Ela tocou a maçaneta fria da porta, ainda mais incerta sobre o que encontraria do outro lado. A cada porta cruzada naquele lugar, um novo susto aumentava o medo daqueles que lutavam pela sobrevivência.

Capítulo 13

Viúva-Negra.

Chris, Rebecca e John estavam terrivelmente cansados. As galerias subterrâneas pareciam intermináveis. Temiam que uma criatura horrenda surgisse a qualquer momento da escuridão. Após mais alguns metros, encontraram uma escada de metal. O cientista informou:

–         Estamos quase chegando! Logo estaremos de volta à superfície e, se tudo der certo, obteremos acesso ao laboratório principal sem mais problemas!

–         Este lugar é um verdadeiro labirinto! – exclamou Chambers. – O responsável pela construção desta propriedade realmente pensou em tudo!

–         Acredite, ele desejou não ter pensado quando acabou preso neste lugar, à mercê dos assassinos da Umbrella! Vamos subir!

E, lutando contra a exaustão, começaram a vencer os degraus.

Cruzando a porta, Jill viu-se em mais uma caverna praticamente idêntica às anteriores. Uma diferença notória era que, alguns metros à sua direita, havia uma enorme pedra redonda selando o caminho. A jovem teve um mau pressentimento. Subitamente, lembrou-se dos filmes de Indiana Jones que costumava assistir com o pai durante a infância, e de como o protagonista escapava de mil perigos e armadilhas em cenários semelhantes àquele.

–         Se for assim, então sou “Jillian Jones”! – riu a policial, pensando alto. – O problema é que as tumbas que exploro são guardadas pelos próprios mortos!

Olhou novamente para a pedra. Precisava descobrir o que havia do outro lado. Não existia outro caminho. Seu pai, sempre que estava às voltas com um novo golpe, dizia-lhe que quem não arrisca, não petisca. Pensando assim, Jill resolveu se aproximar do obstáculo...

Talvez não houvesse sido a melhor opção. Para seu desespero, a enorme rocha começou a se mover em sua direção. Com o coração batendo rapidamente, Valentine recuou correndo pela passagem, a qual tremia devido à grande quantidade de peso sendo deslocada atrás da policial. Desnorteada, Jill podia sentir a pedra cada vez mais próxima de si, prestes a lhe esmagar violentamente a qualquer instante, quebrando todos os seus ossos e transformando seu corpo num repugnante patê humano...

Até que, com a esperança de livrar-se da ameaça, a integrante do S.T.A.R.S. rolou na direção da porta pela qual viera. Para sua sorte, conseguiu sair do caminho da devastadora rocha, que passou rolando a menos de um metro de seu rosto. Segundos depois, houve um grande estrondo. A descomunal massa em movimento atingira uma parede, derrubando-a e finalmente parando no canto da caverna, diante de uma porta-dupla até então oculta devido ao desconhecido obstáculo.

Jill precisava cruzá-la, mas primeiro se sentiu na obrigação de averiguar o que antes havia atrás da pedra. Não poderia simplesmente seguir em frente depois de ter quase morrido tentando solucionar tal enigma.

Mais calma, a policial seguiu até o final da passagem, caminho agora livre. Lá, numa abertura quase imperceptível na parede à esquerda, encontrou um estojo contendo munição incendiária para a bazuca. Uma espécie de prêmio ali colocado para quem sobrevivesse à temível pedra rolante.

CLANK!

Valentine voltou-se instintivamente para trás. Alguém, ou algo, acabara de abrir a porta metálica que a jovem havia cruzado para chegar àquela caverna. Apontando a arma que antes pertencera a Enrico na direção do som, Jill viu uma silhueta terrivelmente conhecida se aproximar lentamente da posição em que se encontrava.

Sob a luz das oscilantes lâmpadas da passagem, a criatura logo foi identificada pela policial: tratava-se de outro daqueles répteis mutantes que vagavam sedentos de sangue pelos túneis subterrâneos.

Quando a integrante do S.T.A.R.S. estava a ponto de disparar, o monstro passou a correr rumo à presa, soltando um berro estridente. Sempre firme e destemida, Jill não se abalou, apertando o gatilho antes que a aberração pudesse saltar sobre si.

O projétil atingiu o Hunter no abdômen, partindo seu corpo escamoso em quatro partes. Valentine respirou aliviada, re-carregando a arma com a munição que acabara de encontrar. Em seguida, pensando novamente nos companheiros, a corajosa jovem cruzou a porta-dupla mencionada há pouco.

O sargento Peyton Wells estava novamente a bordo do helicóptero pilotado por Brad, que realizava novo vôo sobre a floresta em busca do Alpha Team. Aquela busca se tornava cada vez mais angustiante. Se ao menos eles encontrassem algo... Nem se fosse o cadáver de algum colega, mas pelo menos assim eles teriam certeza de alguma coisa. Continuar procurando pelos S.T.A.R.S. às cegas sem saber se eles estavam vivos ou mortos era profundamente desesperador.

–         Eles ainda estão por aqui... – murmurou Peyton, roendo as unhas. – Eu sei disso!

–         Acho que deveríamos chamar reforços, e então iniciar uma varredura completa da área! – disse Brad, desejando imensamente voltar para Raccoon City antes que Wells resolvesse pousar mais uma vez.

–         Vamos aguardar o nascer do sol, não falta muito... – afirmou o sargento, fitando um relógio em seu pulso. – Se até lá não encontrarmos nada, faremos o que propôs!

Vickers assentiu com a cabeça, e a investigação prosseguiu.

Cruzando a porta-dupla, Jill adentrou uma caverna não muito grande e pouco iluminada, aspecto este que lhe fornecia aparência incomparavelmente sombria. Olhando ao redor em busca de uma nova saída, a policial avançou alguns passos, e percebeu que suas botas pisavam sobre algum tipo de substância pegajosa no chão.

–         Mas o que é isto? – estranhou a jovem, olhando para baixo.

Sentindo a adrenalina subir, Valentine constatou que todo o local era forrado por um extenso emaranhado de teias de aranha. Não só sob seus pés, mas também nas paredes e sobre o que parecia ser uma outra porta-dupla logo à frente, coberta por espessos fios brancos, o que tornava impossível abri-la.

Lembrando-se das temíveis aranhas gigantes confrontadas na casa localizada nos fundos da propriedade, Jill achou melhor voltar por onde viera e tentar encontrar outro caminho, quando ouviu um forte baque atrás de si.

A integrante do S.T.A.R.S. sentiu seu corpo cansado e dolorido gelar. Voltando-se lentamente para trás, viu-se cara a cara com uma assustadora aranha de tamanho inconcebível, talvez maior que as vistas anteriormente. Era uma viúva-negra. Uma viúva-negra gigantesca e monstruosa.

Invadida por intenso medo, a combatente saltou rapidamente para trás, escapando de um forte golpe das patas do aracnídeo que por pouco não a partiu em duas. Tentando recuperar o fôlego, Jill correu até uma das paredes, apontando em seguida a bazuca na direção da bizarra criatura. Cerrando os dentes, um primeiro projétil incendiário foi disparado na direção da aranha. Esta, para a infelicidade de Valentine, conseguiu escapar numa ágil esquiva.

Praguejando em voz baixa, a jovem mirou novamente para efetuar um segundo ataque. Porém, num piscar de olhos, a viúva-negra se dirigiu até a vítima movendo-se velozmente, ficando extremamente próxima. Desesperada, a sobrevivente deu uma pancada no monstro usando a arma, e em resposta recebeu um jato de veneno que lhe banhou boa parte do tronco.

Jill gemeu, e o ser mutante recuou. Era hora do contra-ataque. A bazuca foi mais uma vez apontada para a aberração. A filha de Dick Valentine respirou fundo. Não poderia errar, ou acabaria virando comida de aranha.

–         Morra, sua desgraçada! – bradou a policial.

E pressionou o gatilho.

O artefato flamejante acertou o abominável artrópode no centro de seu corpo contaminado pelo T-Virus. A ameaça foi reduzida a uma pilha de restos em chamas, os quais em poucos segundos pararam definitivamente de se movimentar. A horripilante viúva-negra estava aniquilada.

Entretanto, as coisas não eram tão fáceis quanto pareciam. Afetada pela substância tóxica que fora lançada sobre si, a combatente sentiu-se repentinamente zonza, e sua visão ficou embaçada. Levando uma das mãos à testa, percebeu que esta queimava como fogo. Jill estava envenenada e precisava sem demora pensar numa maneira de permanecer viva.

–         A porta... – suspirou a jovem, fitando a entrada coberta de teia.

Cada vez pior, Valentine retirou do cinto sua faca de combate, cambaleando até o local. Com os braços dormentes, a policial, a golpes imprecisos, começou a remover os fios brancos que bloqueavam o caminho. Ficou ainda mais zonza, e sua cabeça agora doía. Porém não desistiu, e logo a porta estava totalmente livre.

Entretanto, já não havia mais tempo. No ápice do envenenamento, a integrante do S.T.A.R.S. veio ao chão no momento em que ia girar a maçaneta. A ponto de ficar inconsciente, a sobrevivente exclamou, numa última esperança de ser salva:

–         Estou envenenada! Alguém me ajude!

Foi inútil. Vencida pela toxina, Jill perdeu os sentidos. Quase simultaneamente, a porta que levava à passagem anterior se abriu, e alguém caminhou para dentro da caverna. Deparando-se com a combatente desmaiada, a pessoa recém-chegada, um homem, murmurou sinistramente:

–         Esplêndido... Simplesmente esplêndido!

Enquanto isso, em Chicago, Spencer, sentado diante de uma mesa, batia freneticamente os dedos sobre o móvel, ainda aguardando o contato de Wesker. Qualquer um diria que isso não mais ocorreria, mas o proprietário da mansão nos arredores de Raccoon City era um homem persistente.

–         Senhor! – chamou um dos operadores de comunicações, aproximando-se do superior.

–         O que é? – indagou Spencer com certa rispidez.

–         A equipe que o senhor pediu está pronta para partir rumo à Califórnia a qualquer momento!

–         Ótimo.

–         E então? Quais são as ordens do senhor?

Esforçando-se para conservar o pouco de paciência que lhe restava, o responsável pelas pesquisas em Arklay respondeu:

–         Apenas mais meia-hora... E então enviarei o esquadrão!

–         Entendido, senhor.

O operador se afastou, e Spencer mergulhou mais uma vez em seu mundo de espera e incerteza.

Continua... 


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