Last escrita por gelatinaverde_


Capítulo 4
It's Time


Notas iniciais do capítulo

Nossa, desculpem minha demora primeiramente. Bem, eu fiquei doente essa semana, depois tive um bloqueio criativo muito grande por conta de uma parte desse capitulo e-e
Me desculpem qualquer erro e eu espero que gostem ;3



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~ It's Time.

A claridade que vinha da janela meio aberta do quarto de Victor fazia com meus olhos quisessem ficar fechados e nunca mais abri-los. Me remexi nos lençóis e procurei forças para levantar, porém meu corpo doía demais para que eu pudesse realizar essa ação.

Preferi não pensar nos acontecimentos da noite passada, pois minha mente estava cansada demais para formular algo para amenizar minha depressão. Mas doía mesmo assim.

Doía muito e parecia ser uma dor que me consumia por dentro junto com a culpa.

Nunca mais riria das idiotices que Luke falava, nunca mais ouviria Lola reclamar que os garotos era certos demais para o ritmo de vida dela, não veria o sorriso largo e divertido de Luke que tanto me tranquilizava quando estava triste e definitivamente não sentiria mais o cheiro de cigarro que os cabelos pretos de Lola continha.

Nunca mais os teria por perto e era tudo culpa minha.

Se eu tivesse ignorado a ideia que Victor tinha tido naquela hora, se eu tivesse prendido meus fantasmas do passado e não tivesse surtado, se...

Se culpar dessa forma não vai trazer eles de volta. Apenas esqueça o que houve e tente seguir sua vida”

Victor falou isso enquanto cuidava dos meus machucados na madrugada. Ele realmente tinha mostrado um lado dele que eu nunca havia visto depois de tantos anos de amizado, era algo protetor, acolhedor.

Eu havia gostado disso e iria me agarrar a esse lado com todas as forças que eu ainda possuía. Ele havia demonstrado amor por mim, cuidado, proteção. Pelo menos uma vez ele demonstrou algum sentimento por mim que não fosse frieza.

Será que ele nutria algum sentimento por mim?

Depois que eu tivesse superado todo esse pesadelo, talvez eu me declarasse para ele. Victor não hesitaria em negar meus sentimentos depois de todas aquelas provas que ele deixou na noite passada que sentia algo por mim.

Sim, era isso!

Ele gostava de mim e só não sabia expressar isso!

Eu me declararia e retribuiria meus sentimentos. Começaríamos a namorar e moraríamos juntos nessa casa, eu arranjaria um emprego que daria para nos sustentar por um tempo enquanto ele continuaria a trabalhar na lanchonete no fim do bairro.

Era perfeito!

– Victor... - murmurei enquanto me levantava e vestia uma camiseta jogada no canto. Tinha um cheiro bom e eu até consegui sorrir.

Ouvi um barulho de algo ser jogado em cima da mesa. Corri até a porta e me deparei com a cena que destruí todos os meus sonhos anteriores com Victor.

Uma garota estava jogada em cima da mesa e Victor estava praticamente em cima dela, eles estavam tão próximos que só pude entender que estavam prestes a se beijar.

Não consegui me mexer, apenas sentir minhas lágrimas rolarem por todo meu rosto.

– Você é um completo idiota! – falou a garota pegando na gola do suéter de Victor, ele bufou.

– Eu sou um idiota, mas você não vai levar ela daqui. - falou Victor. Ele parecia estar com raiva, aquilo me intrigou. Eles não iam se beijar? Por que ele estava assim?

– Para de ser teimoso! – dessa vez a garota gritou – Não percebe que essa é a melhor opção?

– Não vou permitir que levem ela para aquele inferno! – e Victor gritou de volta. Eu estava confusa. Levar quem? De quem eles estavam falando? – Vamos esperar e ver como ela vai reagir nesses dias.

– Esperar ela fazer mais vítimas e o Instituto nos punir por isso? – perguntou ela. – Melanie não é um monstro!

Fiquei tão atordoada com aquela frase que senti minhas pernas falharem e acabei caindo, levando junto comigo o abajur que estava perto dos meus pés.

Eles rapidamente olharam para mim e eu me encolhi, envergonhada. A garota que trajava um sobretudo preto com detalhes vermelhos empurrou Victor que caiu no chão.

– E-eu não sou um monstro. - me defendi olhando fixamente para ela. Ela tinha penetrantes olhos pretos que parecia analisar cada detalhe meu.

– Nosso querido monstrinho acordou! – disse ela em uma ironia que me irritou. – Como se sente depois do massacre que você aprontou ontem?

– Eu não fiz nada. - continuei me defendendo e ela riu.

– Onde estão Lola e Luke, então? – perguntou ela fingindo uma expressão curiosa.

– Quem você pensa que é pra ficar me julgando assim? – e eu acabei gritando como forma de me defender.

– Uma psicopata, assim como você é.

– … - preferi me calar. Eu sabia que eu havia me tornado isso, só não queria admitir.

– Você não acha estranho sentir prazer quando mata pessoas? – e a garota começou a andar em círculos perto de mim. Assenti positivamente. – Eu vou te explicar o verdadeiro motivo disso.

E ela começou a contar:

Nossa origem começa no auge de uma grande e proibida história de amor. Tanatos, o deus da Morte se apaixonou perdidamente por uma ourives nos primeiros seculos do mundo. E nesse amor, foi gerada uma criança alegrando o coração frio de Tanatos. Porém, a mãe da criança não sobreviveu ao parto e acabou morrendo ao dar a luz a criança. Tanatos, revoltado com o ocorrido pensou que o povo da Terra tinha lhe pregado uma peça o fazendo ficar apaixonado por uma mortal, então jogou uma praga em nosso território.

A Terra que até então era harmoniosa e pacifica, sem nenhum tipo de mal sobre ela mudaria drasticamente. Tanatos enviou a criança e profetizou: 'Essa criança terráquea que levou minha amada será devolvida com todo o mal e ódio que alguém poderia ter a Terra'

Então a criança cresceu e a partir daí nosso planeta conheceu o verdadeiro mal.

E cada ano a partir daí são escolhidos algumas seletas pessoas que assim que nascem, vão espalharem a maldade nesse mundo. Descendentes desa criança, o primeiro psicopata da história.

Essas pessoas, descendentes diretas da Morte são chamadas popularmente de psicopatas.

Assim que somos chamados, os filhos da Morte.

Durantes anos vários psiquiatras nos estudaram em uma tentativa inútil de desvendar o que se passa na cabeça de um psicopata. Chegando a um consenso de que para ser um psicopata, a pessoa precisa acumular vários distúrbios mentais e sociais.

Mas o que eles nunca vão descobrir é a nossa verdadeira essência. Porque só algumas pessoas nascem com esses distúrbios?

Simples.

Ninguém escolhe ser um psicopata, você já nasce com isso.

Agora cade a você revelar esse seu lado ou não”

– Eu não quero ser um monstro! – gritei tentando esconder meu obvio desespero – Não!

– Não é questão de querer. - falou Victor me olhando com sua típica cara de tédio. – Ou você acha que todo mundo que está aqui gosta de ser assim?

Eu não queria aceitar essa minha nossa condição.

Mesmo que todas as peças de quebra-cabeça que era minha vida pareciam finalmente estavam se encaixando e formando um sombrio e sádico passado.

Olhei para todos a minha volta.

Ninguém, absolutamente ninguém parecia ter a aparência de um psicopata.

– Eu poderia ter poupado Lola de morrer. - murmurei olhando completamente atordoada para Victor. – Você sabia dessa minha natureza e não fez nada para impedir que isso fosse acontecer. - gritei.

– Isso ia acontecer de qualquer forma, não tinha como evitar.

– Eu te odeio, com todas as minhas forças! – gritei e explodi de tanto nervosismo. – Você era minha única base de apoio e agora descubro que mentiu minha vida inteira.

– E faria de novo. - admitiu Victor me olhando fixamente.

– Desde quando você mente pra mim?

– Desde o dia que eu te conheci. Já fui destinado para isso.

Eu olhava incrédula para Victor. Eu não conseguia acreditar que toda minha infância foi uma invenção para que no fim eu descobrisse que eu era um monstro.

Como ele pode mentir? Como eu pude ser tão idiota a acreditar nisso?

– Por quê? – perguntei sentindo mais lágrimas rolarem no meu rosto.

– Foi para te proteger, só isso.

Minha infância, minha vida toda se resumiu em nada.

Apenas em mentiras para uma suposta proteção;

E é nesse momento que a gente precisa buscar forças em algum lugar desconhecido para se manter de pé.

– Você não sabe o que é proteção! – gritei.

Eu não conseguia suportar ficar no mesmo ambiente que Victor e aquela estranha garota.

Ignorei todos os olhares sobre mim e saí correndo dali, também ignorando o fato que eu trajava apenas uma camiseta que batia nas minhas coxas.

– Melanie, espera! – gritou uma voz ao fundo parecendo ser a de Victor. Não virei para trás e continuei correndo pela rua, eu sabia que se virasse eu desistiria de tudo e voltaria a aquela mentira.

– Deixa. Ela sabe o que está fazendo. - falou a voz ao fundo que parecia ser a da garota.

Continuei ignorando-os, ignorando ainda mais o sentimento de ciúmes que brotava em mim ao pensar que eles tinham algum relacionamento.

Eu já estava a algumas quadras e a casa de Victor havia se transformado em um borrão que se tava para ver de longe.

Senti minhas pernas falharem e fiquei de joelhos na calçada de uma rua qualquer. Não fiz questão de me levantar e nem tinha forças para isso.

Porque as pessoas insistiam em me magoar tanto?

Eu não aguentava mais.

Não dá mais confiar nas pessoas.

– Não dá mais... - murmurei me entregando de uma vez para a minha dor.

Sentia alguns pingos de chuva tocarem minha pele, porém nem me importei muito em me esconder de chuva.

Eu ficaria ali, não importasse o que acontecesse.

– Nem tudo está perdido, pequena. - disse uma voz calma e aveludada na minha frente.

Levantei meu olhar com certa dificuldade e minha visão turva vi um rapaz todo de branco com um guarda-chuva multicor me estendendo a mão. Por algum motivo me arrastei para pegar em sua mão, porém estava fraca demais para realizar a ação.

Senti mãos delicadas envolver minha cintura e me colocar no colo, depois disso apaguei.


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Notas finais do capítulo

Então eu espero que não tenha ficado confusa aquela coisa de Tanatos e a origem dos psicopatas. Essa foi justamente a parte que eu buguei geral para escrever, porque confundiu meu pequeno cérebro e-e
Eu sempre fico com pena da Melanie porque, ne, tudo de ruim tem que acontecer com essa menina. Victor foi cuzão, sorry amor, mas foi a verdade e-e
E o cara do final, digo já que ele é meu favorito. Tirem os olhos u-u
Ate mais gente e obrigado por comentarem ;3



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