Olhos Vermelhos escrita por AnyBnight


Capítulo 2
Olhos Fechados


Notas iniciais do capítulo

Esta continuação não estava planejada, mas ler o capítulo 18 e passar 24 horas por dia ouvindo Outer Science sem parar me fez querer esse capítulo.



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Um por um os pares de olhos vermelhos estarão fechados. Foram estas vossas preces, não foram?

Ao fechar os olhos que escondem, serás visível. Pronto, já não há porquê temer a solidão e o abandono. Todos estão te vendo agora; inerte e banhada num vermelho chamativo.

Já não podes mais se esconder.

Ao fechar os olhos que ouvem, nada mais ouvirá. Nenhuma voz ou segredo indesejado. O ressoar metálico agudo por teus tímpanos será a última coisa que escutarás contra tua vontade.

Já não podes mais ouvir.

Ao fechar os olhos que mentem, a verdade absoluta virá. Quero ver se és capaz de mentir sobre tuas feridas, ocultar a face apavorada e teu sangue fugitivo. Agora, desfalecido, não poderia ser mais honesto.

Já não podes mais mentir.

Os olhos que atraem... Como fechá-los? Ainda que os feche, olharão para ti. Mas há vantagem nisso: reclamavas que eles só a olhavam e não a viam realmente. Bom, agora eles veem muito bem. A verdadeira tu, um pedaço de carne qualquer por onde sangue corre; Sempre fora isso, mas só agora os demais percebem.

És egoísta, e mesmo de olhos fechados podes atrair.

Ao fechar os olhos que se abrem, definitivamente, eles não se abrirão mais. Não haverá outro despertar para ti. Aproveite tua última luz e teu último grito, depois do vidro trincado, lhe restará apenas escuridão e vazio.

Já não mais abrirá teus olhos.

Os olhos que favorecem... Como fechá-los? Aliás, qual é mesmo a função deles? O portador anterior os fechou antes de revelar.

Já não importa, desde que estejam fechados, meu trabalho está feito.

Ao fechar os olhos que veem, eles não mais verão. És este teu desejo, certo? Cegar-se para não tornar a ver tamanhas tragédias. Voltemos então ao primeiro dia, onde tua maldição nasceu e matá-la consigo. Veja tua amada pela última vez antes que todo teu corpo acabe massacrado contra um para-choque frio.

Já não podes mais ver.

Os olhos que trazem-te um novo despertar... Tratarei de fechá-los com prazer para que nunca torne a despertar. Com os demais fui gentil, realizei seus desejos e lhes dei uma morte rápida. Tu, quero ver tentar fugir. Gritar e agonizar até que sinta tamanha dor que se torne incapaz de despertar outra vez.

És teu fim, maldito espelho inverso.

Agora tu, ó rainha das tragédias, teus olhos devem permanecer abertos. Veja o que restou de teus súditos, ouça o sangue deles escorrer pelo chão; sangue que combina perfeitamente com teus olhos.

Mas é claro que já esperavas por isso. Teus olhos que tornam inertes todos à quem se direcionam, era apenas uma questão de tempo até que acontecesse, e sabes disso. Vida e morte fazem parte do destino humano, não há porquê chorar, lamentar, implorar por piedade. É bobagem.

Sigas comigo, o próximo mestre nos aguarda.


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