Estava tudo pronto para partirmos para nossa “missão”. Christabel havia me dado alguns mantimentos, remédios e roupas. Roupas de couro e cheias de bolsos. Pendurei a pedra em um colar que coloquei por baixo da blusa.

Partimos assim que o sol se pôs. Eu a cavalo, e os outros a pé. Sim, correndo. O tempo todo. Na mesma velocidade do cavalo, e não pareciam se cansar.

Os outros membros da equipe alem de mim e Aaron eram Lensor, um homem alto, loiro, corpo definido, também jovem e com olhos verdes. Dahila, uma mulher de cabelos longos e ruivos, esguia, alta, de olhos negros e aparentando ter a minha idade. Aldwin, um homem de cabelos curtos e castanhos, estatura mediana, corpo definido, pele dourada e olhos azuis. Por ultimo, Goldie, a loira baixinha, de olhos azuis, irmã mais nova de Lensor, era um pouco menor que eu, mas tinha o corpo esguio e aparentava ser bem ágil. Todos tinham orelhas pontudas e caninos.

Não pergunte o que eles são, eu não sei e não pretendo saber.

Depois de viajar durante toda a noite, foi assim que Aaron, que era o lider, decidiu, viajaríamos a noite a descansaríamos de dia, paramos em baixo de uma imensa arvore para descansar.

Na verdade, a única que descansou fui eu, e o cavalo. Os outros foram fazer reconhecimento da área, estratégias ou treinar.

Tentei não pensar muito sobre eles, quanto menos eu souber, melhor, já que não vou ficar muito tempo por aqui, ou assim espero.

Não sei bem quanto tempo dormi recostada ao tronco da arvore, mas fui acordada com algo parecido como um terremoto, mas era Goldie me sacudindo.

Encarei assustada seus olhos azuis.

-Desculpe – ela sussurrou, com voz aveludada – não queria te assustar.

Esfreguei os olhos com força.

-Tudo bem.

O loira puxou algo de suas costas.

-Imaginei que gostaria de comer algo.

Nas mãos dela estava uma grande fruta arroxeada, redonda.

-O que é isso? - peguei a fruta.

Ela sorriu.

-Você não é daqui mesmo. Isso é um Aiken, a melhor fruta de todas, você nunca mais vai querer comer outra coisa.

Olhei desconfiada. Será que eu devia confiar no que ela estava me falando? Afinal, em outro mundo, provavelmente os gostos devem ser outros.

Dei de ombros, não tinha nada a perder mesmo. Alem disso, eu estava morrendo de fome.

Mordi metade da fruta de uma vez e mastiguei.

Era a coisa mais deliciosa que já provei. Não era como nada que já tivesse comido. Não havia com o que comparar, talvez uma mistura de todas as suas coisas preferidas.

Devorei o resto rapidamente, fazendo Goldie rir.

-Eu disse.

Lambi as pontas dos dedos.

-Nunca comi nada assim. Tem mais? - me senti uma criancinha pedindo mais doce.

-Desculpe, mas não. É uma fruta muito rara exatamente pelo seu sabor, as pessoas juntam o máximo que conseguem para vender ou até mesmo para estocar.

-Então, como conseguiu essas?

-Acho que dei sorte.

Ela deu sorte?

-Se deu sorte, porque não ficou com ela?

Ela deu de ombros.

-Queria que você provasse. Imaginei que nunca tivesse comido.

-Bom, obrigada!

Ela sorriu e saiu.

Suspirei, encostando a cabeça no tronco atrás de mim. Olhei para o galho no alto, reparando nas flores na ponta, quando vi uma silhueta bem acima, imóvel.

No inicio, não consegui ver quem era, mas ficou bem claro assim que vi o par de olhos amarelos.

Encarei de volta, tentando decifrar o que ele estava fazendo ali, mas não consegui. Os orbes continuavam me observando, avaliando. E isso foi me irritando. Me constrangendo.

Meu rosto tornou-se escarlate, eu podia sentir o sangue queimando em minhas bochechas.

Porque eu estava tendo aquelas sensações? Não fazia sentido. Claro, ele era um homem incrivelmente lindo e, obviamente, eu nunca havia encontrado alguem assim. Mas Lensor e Aldwin também eram lindos, e eu não me sentia desconfortável sob o olhar deles.

Pensar começou e ser difícil por causa da falta de oxigênio no cérebro, já que eu não estava respirando.

Entrei em estado de torpor, ficando completamente hipnotizada. E permaneceria assim, se não fosse pelo grito que ecoou na floresta.

-Angr!! - reconheci a voz de Goldie, correndo na minha direção.