Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 7
POV Carlisle




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– Seja bem vinda à família Cullen.

Ela nem podia imaginar o quanto dizer aquelas palavras tinha sido prazeroso. Finalmente ela tinha me dado uma abertura e agora eu só precisava conquistar sua confiança. Tudo graças ao Edward! Quem diria?! Logo meu filho que mais tinha ciúmes de mim, foi o que mais me ajudou a adotar uma nova filha. Tudo bem que ela ainda não era oficialmente da família, já que ela estabeleceu aquela proposta inconveniente. Mas tenho que admitir que já era um bom começo. E eu já a considerava filha desde aquele primeiro momento que nossos olhos se cruzaram. Eu nem sequer conseguia explicar, só sabia que ela seria minha filha. E naquele momento uma imensa expectativa se formou em mim. Eu tinha uma semana para provar para aquela jovem à minha frente que poderia fazê-la feliz. Não sabia nem por onde começar, afinal não tinha nem ideia do que ela passou até aquele momento. Fiquei curioso para saber o que Edward viu na mente dela. Para fazê-lo mudar de ideia, provavelmente foi algo bem chocante.

– Bom, deixa eu me apresentar. Meu nome é Carlisle e esse é meu filho Edward.

– Eu gostaria de dizer “muito prazer”, mas não sei se é o caso. – disse ela.

Ela era realmente muito atrevida, mas eu não conseguia ficar irritado com aquilo. Ficava me perguntando que tipo de educação ela teve, se é que teve alguma. Isso fazia com que eu relevasse aquelas respostas. De qualquer forma seria uma questão de tempo até que eu lhe colocasse nos eixos.

– Então vamos acabar logo com isso, não é? – disse Sophie com a mão atrás da cabeça, demonstrando que estava sem graça.

Aquele gesto me lembrou de Emmett. Não tinha nenhuma dúvida, ela seria minha filha. Olhei para ela de cima a baixo. Ela estava toda molhada e só de lingerie. Ergui uma sobrancelha.

– Você pretende ir assim?

Ela olhou para si mesma procurando algo de errado.

– Algum problema?

– Nenhum. – respondi ironicamente. – Tirando o fato que você está seminua, não tem nenhum problema.

– Vai ficar cheio de pudores agora? Você não quer ser meu pai? – ela me perguntou como se quisesse me testar.

– Não tenho nenhum problema em te ver assim. Mas é justamente por ser seu pai que não posso permitir que fique andando por aí desse jeito. – cruzei os braços, ela não ia me fazer de bobo.

Ela suspirou e eu sorri. Ela correu para algum lugar, provavelmente para buscar as roupas.

– Pai, você terá um pouco de dificuldades com ela. – Edward chamou minha atenção.

– Por que diz isso?

– Ela teve uma experiência bem traumática. Não sei exatamente tudo que aconteceu, mas o que eu vi supera e muito o trauma que qualquer um de nós tenha passado. Acho que nem a Rose sofreu tanto assim. – Edward falava sério, o que me deixava um pouco alarmado.

– Não se preocupe filho. Eu não estou sozinho, não é? – perguntei abraçando-o.

– Nem vem! Você arruma essas encrencas, você que tem que se virar. – ele falou divertido.

– Ah! É assim, seu ingrato?

Rimos juntos. Mas o que Edward disse me deixou um tanto apreensivo. O que ele viu na mente dela? Alguma coisa me dizia que seria bem difícil descobrir. Ele não me contaria e eu demoraria a conquistar a confiança dela a ponto de que me contasse sobre seu passado. E ainda tinha um problema; Rose. Ela ainda não tinha aceitado aquela situação. Rose era tão difícil quanto Edward nesse ponto. Não sabia qual seria a reação dela quando visse Sophie entrar pela porta. Só esperava que ela não fizesse nenhum tipo de escândalo. Foi muito difícil fazer com que Sophie considerasse pelo menos tentar fazer parte da família. Não queria que por conta da falta de compreensão da Rose, tudo fosse por água abaixo. Se até Edward aceitou, não via porque Rose também não poderia. Gostaria de poder acreditar nisso, mas conheço meus filhos muito bem.

Saí de meus devaneios ao ver que Sophie se aproximava. Ela agora vestia a mesma roupa que estava no dia anterior; uma blusa, que parecia ser branca, toda manchada e com vários rasgados, uma calça bem larga de cor preta e um tênis que nem dava para definir a cor. Em sua mão ela carregava a capa preta e em sua cintura estava a espada. Suspirei. Muita coisa ainda precisava ser feita.

– Melhorou? – ela me perguntou debochada.

– Eu diria que sim, mas nem tanto. Precisa de roupas novas urgentemente. – respondi.

– Por quê? Essas são confortáveis. – eu queria acreditar que ela estava sendo sarcástica, mas falou de maneira tão inocente que era difícil.

– Você pode ter roupas confortáveis que estejam em um estado menos deplorável, não acha?

– Eu não ligo pra essas coisas. Eu não tenho casa, não vivo com ninguém e sou atacada constantemente. Não tem porque me preocupar com isso. – ela falava em um tom melancólico. Senti vontade de abraçá-la, mas me contive.

– Pois agora você tem uma casa e tem pessoas com quem viverá.

– Não por muito tempo.

Edward tinha razão. A situação era mais delicada do que parecia ser. Senti-me um pouco inseguro. Será mesmo que eu era a pessoa ideal para cuidar daquela garota? Será que conseguiria afastar os fantasmas que a assombravam por tanto tempo? Será que meu amor seria suficiente para tirá-la daquele pesadelo que ela chamava de vida? Estava começando a duvidar. Justo eu que tinha seis filhos e sempre fui tão seguro da minha paternidade, encontrar-me naquele estado era algo novo. Senti que aquela experiência me daria uma nova dimensão sobre o que é ser pai.

– Vamos então. Sua mãe vai ficar muito feliz quando te ver. – disse.

Ela nada respondeu, ficou com o olhar meio perdido. Começamos a correr de volta para casa. Edward corria bem rápido e eu o acompanhava. Pensei que seria muito para Sophie, mas ela parecia nos acompanhar sem nenhum problema. Quando chegássemos em casa seria uma surpresa. Teria que conversar com ela. Aquela conversa que tive com todos os meus filhos. Será que ela ia aceitar se submeter às minhas regras? Será que ela se sentiria confortável naquele ambiente? Ela parecia não saber o que era ter uma família. Parecia sequer saber o que era amor. Não conseguia imaginar alguém vivendo por anos daquela maneira. Alice disse que ela apenas seguia seus instintos, como se fosse um animal. Como faria ela se acostumar com algo totalmente fora de sua realidade? Se ela ao menos demonstrasse ter vivenciado o mínimo da convivência familiar, já seria um bom começo. O problema seria se sua experiência com família fosse algo traumático. Eram tantas questões a se considerar, tantas hipóteses. Estava começando a ficar ansioso demais por respostas. Tinha que me manter calmo. Não podia ficar com preocupações demais na cabeça. Tinha que agir como normalmente. Não importava o passado dela, eu estava disposto a mudar seu futuro e para isso eu precisava me concentrar no presente. Por enquanto eu ofereceria a ela a única coisa que eu podia, amor e carinho. Podia não ser suficiente, mas para alguma coisa serviria, nem que fosse para amolecer aquele coração pessimista.

Na velocidade que estávamos, chegamos consideravelmente rápido em casa. Paramos em frente à porta. Senti o cheiro de todos, provavelmente já tinham acordado. Suspirei.

– Você ainda pode desistir. – ouvi Sophie dizer.

– De jeito nenhum. Você não vai mais escapar de mim.

– Não se preocupe, Sophie. Você vai gostar daqui. – disse Edward.

– Eu sei. – ela falou aquilo com um triste sorriso no rosto.

Toda vez que ela falava com aquele tom de voz eu sentia que meu coração ia partir em dois. Era realmente muito triste. Qualquer um que visse aquilo e tivesse o mínimo de sensibilidade, sentiria vontade de fazê-la feliz. E era esse sentimento que me dava determinação. Mesmo com tantas perguntas sem respostas, mesmo que eu nunca tenha passado nada do tipo, tudo que eu conseguia pensar era em como eu queria que ela desse um sorriso de alegria.

Entramos em casa e fomos direto para a cozinha. Todos estavam sentados à mesa, tomando o sangue da manhã. Sophie estava escondida atrás de mim. Tímida? Isso era até estranho e ao mesmo tempo fofo.

– Bom dia família. – disse sorrindo abertamente.

– Bom dia. – todos responderam em uníssono.

– Tenho uma surpresa pra vocês. – dei espaço para que Sophie aparecesse, mas ela voltou a se esconder atrás de mim. – Vamos, não seja tímida.

Ela saiu de trás de mim muito lentamente. Tenho certeza que se ela pudesse ficar envergonhada, estaria roxa naquele momento.

– Não acredito! Você conseguiu trazê-la, meu bem! – Esme veio até nós e sem nenhuma cerimônia abraçou Sophie. – Que bom, minha florzinha! Que bom que você veio!

Sorri ao ver aquela cena. Esme era realmente a melhor mãe de todo o mundo. Nunca fiz uma escolha tão certa em minha vida.

– O nome dela é Sophie. A partir de hoje ela será a nova Cullen. – disse.

– O que? Pai, você perdeu a noção, não é? – disse Rose, como eu já esperava.

– Não Rose, não perdi. E pare com esse tipo de comentário, está sendo indelicada.

Rose bufou, cruzou os braços e virou-se em outra direção. Birra. Detestava quando meus filhos faziam aquilo. Depois conversaria em particular com Rose, tinha que fazê-la entender o quanto aquela adoção era importante. Ela não podia ser tão egoísta e insensível assim. Não ela! De todos, Rose provavelmente foi a que teve o maior trauma. Ela deveria saber o quanto é importante estar cercada de pessoas que nos ame para superar o passado. Eu precisava mostrar que Sophie era como ela. Talvez assim fosse mais fácil dela aceitar. Mas aquilo era assunto para outra hora.

– Sophie, deixe-me te apresentar a todos. Essa é sua mãe, Esme. Aqueles são Jasper, Alice, Emmett e Rosalie. – disse apontando para cada um deles. – Eles, assim como Edward, serão seus irmãos.

– Bem vinda, Sophie. – disse Alice, sorrindo docemente.

– Bem vinda. – disse Jasper.

– Seja muito bem vinda à família, pequena. – disse Emmett vindo em nossa direção de braços abertos.

Esme deu espaço para que Emmett pudesse se aproximar. Ele foi até Sophie com os braços abertos, na intenção de lhe dar um abraço. Porém, a cena que se prosseguiu surpreendeu a todos. Quando ele ia abraçá-la, de repente ela segurou seu braço e o derrubou com tamanha força que chegou a quebrar o piso do chão. Rose e Esme foram até Emmett imediatamente, enquanto todos olhavam espantados para Sophie. Fiquei um tanto quanto paralisado. Por que raios ela fez aquilo?

– PAI! FAÇA ALGUMA COISA! OLHA O QUE ESSA PIRRALHA FEZ? NÃO VAI FAZER NADA? – Rose gritou, me chamando a atenção.

– Abaixe o tom para falar comigo, Rosalie. – disse olhando severamente para ela.

Virei-me para Sophie pronto para cobrar uma explicação. Porém, vi que ela estava com uma expressão assustada. Parecia que ia começar a chorar a qualquer momento.

– Isso não vai dar certo! Eu tenho que sair daqui! – disse Sophie se virando para fugir.

– Não vai não! – segurei em seu braço. – Temos um acordo. Você não vai sair dessa casa sem a minha permissão. Fui claro?

– Isso não vai dar certo. Não vê? – ela parecia aflita.

– Vai dar certo se você me explicar por que fez isso.

– Não a censure assim pai. Foi reflexo. – disse Jasper chamando a atenção de todos. – Sei muito bem como é isso. Provavelmente ela deve ser atacada por vampiros do porte de Emmett e quando o viu indo em sua direção, automaticamente agiu. Sei reconhecer quando alguém faz as coisas na intenção de machucar, mas não foi esse o caso. Estou certo, Sophie?

– Eu costumo atacar antes de pensar. É assim que eu vivo. – ela respondeu olhando para Emmett, como se estivesse pedindo desculpas.

Lembrei-me novamente das palavras de Alice. Fazia sentido. Mas fiquei pensando o quão difícil devia ser para ela, tão frágil sendo atacada por vampiros tão ou mais fortes que Emmett. Sim, ela era frágil. Seu gesto de atacar antes de sequer pensar, provavelmente se dava para tentar evitar que fosse atacada primeiro, pois se recebesse um golpe de um vampiro tão forte não conseguiria se defender depois. Mesmo assim era impressionante que alguém tão pequena conseguisse derrubar um vampiro tão grande quanto Emmett. Chegava a ser cômico.

– Não precisa desse drama todo gente! Eu estou bem, ela não me machucou. Nem usou tanta força assim, não é? – disse Emmett sorrindo para Sophie.

– Bem, eu... – ela parecia sem graça agora, passando a mão atrás da cabeça.

– Cara, estou me sentindo meio patético. E pensar que essa tampinha evitou usar toda a força só para não me machucar. – disse Emmett rindo, o que me deixou mais aliviado.

– É verdade, Sophie? – perguntei.

– Não senti nenhuma intenção assassina. Então mesmo que eu tenha o derrubado, não usei força para machucá-lo.

Suspirei de alívio. Então ela conseguia saber quem tinha a intenção de machucá-la?! Por que não pensei nisso antes? Foi a mesma coisa quando ela apontou a espada para mim. Ela sabia que eu não ia revidar, por isso não teve coragem de me atacar. Aquilo só me comprovava que ela não era uma assassina e muito menos perigosa. Isso era excelente! Ela não era nenhum bicho de sete cabeças, era apenas como um animalzinho acuado, tentando sobreviver. Por um lado me senti mais seguro. Assim seria mais fácil lidar com ela. Eu só precisava mostrar que conosco ela estaria segura, não precisaria ficar em estado de alerta o tempo todo. Poderia viver normalmente sem ter que se preocupar quando seria atacada novamente.

– Pai, isso não é justo! Se fosse qualquer um de nós, você teria arrumado o maior drama! – disse Rose, revoltada.

– Não começa, Rose. Você ouviu muito bem o que aconteceu. Até mesmo Emmett disse que está tudo bem. – disse revirando os olhos. Provavelmente ela agiria assim toda vez que Sophie fizesse alguma coisa.

– É, Loira. Relaxa! – disse Emmett se levantando do chão.

– Não me obriguem a concordar com isso!

Rose saiu andando a passos pesados para fora de casa. Ela estava sendo teimosa, como sempre. Apertei a ponte do nariz, tentando buscar paciência. Se continuasse assim não seria apenas uma simples “conversa” que teria com ela.

– Pai, eu vou conversar com ela. Vai ficar tudo bem. – disse Emmett tentando me acalmar.

– Obrigado, Campeão.

Emmett saiu atrás de Rose e fez-se um pouco de silêncio na cozinha. Criou-se um clima estranho depois de tudo.

– Muito bem, já que tudo está explicado, por que não voltamos ao que fazíamos? – disse Esme sorrindo. – Você está com fome, florzinha? Quer tomar um pouco de sangue?

– Estou bem. Acabei de me alimentar. – disse Sophie olhando para o chão. Ela parecia ter dificuldades de olhar para Esme. Achei estranho.

– Tem certeza, florzinha? Você está tão maginha. Tem se alimentado direito?

– Eu não sinto sede como vocês.

– Por falar em alimentação, será que posso te fazer uma pergunta? – disse um tanto apreensivo.

– Eu não tomo sangue de humanos, se é o que quer saber. – ela disse como se pudesse ter lido meus pensamentos.

– Então, por que...? – Bella começou, mas não conseguiu continuar.

– Por que meu olho é vermelho? Uma vez fui capturada por um vampiro metido a cientista e ele disse que tanto minha aparência incomum quanto meu poder de controlar o fogo são consequências de uma mutação que ocorreu durante minha transformação. Mas eu não sei explicar muito bem e também não sei o que causou essa mutação. Consegui escapar antes que ele pudesse concluir alguma coisa. – ela explicava como se não fosse nada demais.

– Mas por que diz aparência incomum? Só por conta dos cabelos brancos? – perguntou Alice.

– Bem, quando eu era humana tinha cabelos negros e também não era tão magra assim. Mesmo que se mude depois de se transformar, não chega a ser algo tão radical assim.

– E seu olho branco? Tem a mesma explicação? – perguntou Edward.

– Bom, eu era cega desse olho antes de me transformar. Embora minha visão tenha retornado, meu olho permaneceu dessa cor. Não sei dizer se foi por conta da mutação.

Vê-la dizendo tudo aquilo me deixava surpreso. Existiam tantas coisas que ainda não sabíamos sobre ela. E ela falava tão naturalmente que tudo parecia ser insignificante, corriqueiro. Provavelmente ela só falava daquela forma por não pensar ser importante. Se fosse algo que ela considerava, com certeza não falaria assim tão facilmente.

– Muito bem. Vocês podem terminar de tomar o sangue de vocês. Eu e sua mãe vamos conversar com Sophie no escritório. – disse abraçando Esme, que entendeu o que estava por vir.

Todos concordaram e Esme, Sophie e eu subimos para o escritório. Aquela seria uma longe conversa.

Continua...


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