Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 21
POV Rose




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– É ELE PAI! FOI ELE QUEM CAPTUROU A SOPHIE! – gritei.

Menos de um segundo depois que eu gritei, vi meu pai indo a uma velocidade impressionante na direção do vampiro e, antes que ele pudesse reagir, meu pai segurou em seu pescoço e o ergueu do chão. Nunca vi meu pai tão nervoso e descontrolado. Seus olhos já estavam negros. Senti arrepios percorrendo meu corpo. Vê-lo daquele jeito era assustador. Meu pai sempre foi uma pessoa calma e super controlada. Até mesmo quando pensávamos que não tinha como ele permanecer calmo, ele tirava forças e paciência sabe-se lá donde e nos surpreendia com uma enorme compaixão. Eu mesma senti isso. Pensei que ele me daria uma surra na frente de todo mundo quando contei o que havia feito com Sophie. Mas ele não fez nada. Claro que eu sabia a que minha hora chegaria, mas eu não esperava a reação que ele tivera.

Continuei observando a cena, apavorada. Dava para ver que meu pai apertava fortemente o pescoço do vampiro, que se não me engano se chamava Anderson.

Onde está minha filha, seu desgraçado? – meu pai disse ameaçadoramente e entre dentes.

– Não sabe? Por que não pergunta para sua outra filhinha? – ele respondeu sorrindo ironicamente.

Com que direito você acha que pode falar isso? Você tem responsabilidade por ela ter tomado tal atitude! – meu pai continuava alterado.

– Nesse caso, pergunte para seu amiguinho Volturi. Ele te responderá muito melhor do que eu. – Anderson continuava sorrindo de maneira debochada.

– Carlisle, solte-o! – dessa vez Aro se pronunciou.

Meu pai soltou o vampiro imediatamente. Anderson colocou a mão no pescoço, como se sentisse um incômodo, mas pareceu não se importar muito. Continuou seu caminho até Aro. Eu estava incrivelmente nervosa. Eu olhava para aquele desgraçado com vontade de esganá-lo. Claro que eu me sentia totalmente hipócrita por isso. Eu não tinha o menor direito de me sentir nervosa com nada. A culpa de tudo aquilo era minha. Mas se aquele cretino não tivesse aparecido, talvez eu não tivesse feito nada. Eu podia estar revoltada com a decisão do meu pai, mas seria incapaz de fazer qualquer coisa contra Sophie sozinha. Ele fora o demônio que me impulsionou a ser cruel. Eu jamais o perdoaria por aquilo. Queria que meu pai continuasse a apertar o pescoço dele até arrancar a cabeça. Mas aquele metido do Aro tinha que interromper! Saco!

Meu pai aproximou-se de Aro com o semblante bastante sério. Seus olhos ainda estavam negros. Eu não tinha o poder de Jasper, mas eu podia sentir sua raiva. Ele devia estar fazendo muito força para se controlar.

– O que isso significa, Aro? Exijo respostas! O que você tem com a minha filha? Por que mandou capturá-la? – disse meu pai totalmente sério.

– Carlisle, você é um grande amigo meu e eu gostaria que tentasse entender o meu lado antes de me condenar. Você deve saber muito bem quem é a Sophie. Ela é perigosa, é uma assassina de vampiros. Além do que, ela tem um poder desconhecido, é uma mutante. Não posso simplesmente deixá-la solta por aí. Ela é descontrolada, é arriscado não monitorá-la. – Aro dizia calmamente.

– Entendo que ela é diferente, mas garanto que comigo não haverá problemas. Controlo seis adolescentes perfeitamente, não teria problemas em controlar mais uma. E nós estamos nos dando bem, ela já me aceitou como pai e estava disposta a me obedecer. Não vejo necessidade de mantê-la aqui. Provavelmente vocês terão mais problemas do que eu. – meu pai estava mais calma, mas mantinha-se sério.

– Lamento, Carlisle, mas dessa vez terá que se contentar com minha decisão. Não permitirei que Sophie saia daqui. É perigoso e não estou disposto a arriscar. – Aro disse.

Meu pai ficou calado, olhando para o chão. Ela não estava se submetendo à vontade de Aro, apenas estava pensando em como argumentar. Eu estava ficando apreensiva. Se meu pai perdesse Sophie, nem sei o que aconteceria. A verdade é que ele se apegou muito a ela. Eu já ia sobrar naquela história de qualquer forma, mas ver meu pai daquele jeito realmente doía. Era raro ver meu pai tão inseguro quanto naquela hora. Eu não permitiria que aquilo continuasse. Mesmo que Aro não quisesse entregar a Sophie, eu daria um jeito de encontrá-la e fugir com ela. Eu estava disposta a passar por qualquer coisa para consertar a burrada que eu fiz. Já não estava mais aguentando toda aquela situação. Ok, eu não ia muito com a cara da Sophie, mas depois de tudo que aconteceu, algo mudou dentro de mim. Não podia dizer que estava caindo de amores por ela, mas me compadeci. Se aquele desgraçado fez aquelas coisas com ela antes, imagina o que ele não estaria fazendo agora.

Meu pai continuava calado. Seria difícil provar para Aro que ele era capaz de controlá-la, afinal ninguém conseguira até então. O salão estava silencioso, mas isso foi quebrado por passos. Anderson andou até Aro e falou algo em seu ouvido. Aro segurou no rosto de Anderson, provavelmente para ver algo. Nessa hora, vi o semblante de Aro ficar sério. Será que tinha acontecido alguma coisa? Será que tinham feito algo com a Sophie? O que poderia ter acontecido? Ele olhou para meu pai com uma expressão indecifrável, me deu até calafrios. O que será que ele estava pensando? Saco! Queria ter o poder do pirralho para saber. Mas pela cara que ele fazia, provavelmente não seria nada de bom. Anderson tinha um olhar preocupado. Eu realmente não entendia qual era a desse cara! De algum jeito, eu sentia que ele não queria o mal de Sophie. Mas então por que ele a machucara daquela forma? Por que a trouxe para os Volturi? Provavelmente ele já sabia que eles queriam. Alguma coisa me dizia que ainda tinham muitas coisas a serem esclarecidas.

– Carlisle, você teve uma longa viagem até aqui, deve estar cansado. Sua filha está em condições complicadas, também. Por que não passam a noite aqui e amanhã conversamos mais sobre isso?! Tenho certeza que poderemos chegar a um acordo. – disse Aro num tom tão suave que parecia até piada.

– Aceitarei sua proposta Aro, mas não porque estou cansado. Mas sim porque não sairei daqui sem minha filha. Eu pensarei em uma forma de lhe provar que comigo ela estará mais controlada. – meu pai respondeu sério e bastante determinado.

– Acho difícil que consiga, mas estou disposto a lhe ouvir.

Meu pai deu meia volta e veio em minha direção. Dirigimos-nos para a saída do salão, mas antes de sairmos meu pai disse algo.

– Ficarei em meu antigo quarto com minha filha.

– Imagino que você dispensa que alguém lhe guie até lá, não é mesmo? – disse Aro. Sua fala parecia estar carregada de sarcasmo.

– Sim, eu dispenso. Mas amanhã ninguém me impedirá de ver Sophie, já vou logo avisando.

Depois disse saímos do salão. Meu pai suspirou. Provavelmente estava muito desgastado emocionalmente. Ele olhou para mim e sorriu tristemente. Aquilo partiu meu coração. Era horrível vê-lo naquele estado. E a culpa era minha! Não importa o quanto eu tentasse esquecer, a culpa sempre voltava. Eu tinha que dar um jeito naquela situação o quanto antes. O peso da culpa estava começando a me esmagar. E ver meu pai daquele jeito não ajudava em nada. E se alguma coisa acontecesse com Sophie? Eu teria que conviver com aquilo por toda a eternidade? Mesmo que meu pai dissesse que não me abandonaria, eu teria que ver aquela tristeza em seus olhos? Não! Não era isso que eu queria! Eu não queria causar aquilo tudo! Tudo que eu queria era paz! Por que as coisas tiveram que chegar naquele ponto para que eu percebesse que meu egoísmo era o que estava causando caos? Eu era uma idiota! Eu era muito imbecil! Até agora eu não conseguia acreditar que tinha causado tudo aquilo. Logo eu! Era muita hipocrisia pra uma pessoa só. Eu não conseguia aceitar aquilo! Jamais me perdoaria por ter sido tão idiota! Jamais me perdoaria por ter agido de maneira tão cruel, tão insensível, tão feia! Eu era a rainha da beleza! Sempre fui a mais bela das belas! E agora estava me sentindo a ovelha negra, o patinho feio. Como pude permitir que minha beleza se esvaísse tão facilmente? Para onde foi toda a nobreza que corria em minhas veias? Aquilo era inaceitável! Imperdoável!

Andávamos pelos corredores em silêncio. Aquele Castelo tinha um ar extremamente carregado. Era algo mórbido, sombrio. Eu nunca tinha estado lá antes e agora entendia porque papai nunca nos trouxera ali. Não era só o clima que era ruim, o cheiro de sangue humano parecia estar impregnado nas paredes. Não era saudável para nós, Cullen. Como será que Sophie estava lidando com aquilo? Será que ela conseguia lidar bem com aquele cheiro em uma situação como aquela? Afinal, quando Anderson a levara embora, ela estava com olhos assassinos. Mesmo dizendo que não se alimentava de humanos, ela conseguiria se controlar? Onde será que ela estava? O que será que estavam fazendo com ela? Será que estavam submetendo-a a algum tipo de tortura? Será que estava obrigando-a a ser como uma Volturi? Não conseguia parar de pensar nisso. Eu estava mesmo preocupada com ela? Ou será que estava apenas fingindo ser boa para me livrar da culpa? Eu desejava que aquele sentimento de preocupação fosse genuíno. Eu não podia me permitir ser egoísta novamente. Não depois do que ela passou por minha conta. Não depois de presenciar o sacrifício que ela fez. Será mesmo que eu não conseguiria tirar aquele ciúme de dentro de mim? Será mesmo que eu era mesquinha ao ponto de não conseguir me compadecer da situação de Sophie depois de tudo que eu causei? Não! Eu não era assim! Talvez eu só teria certeza depois de ver Sophie novamente. Eu tinha que dar um jeito de encontrá-la!

Chegamos ao quarto. Paramos de frente a uma enorme porta completamente ornamentada. Meu pai abriu e entrou no quarto. Era de um luxo completamente exagerado, digno da realeza de um poderoso país. Era exatamente o tipo de grandeza que eu queria para mim quando era humana. Mas depois que me tornei vampira, tudo que eu queria era uma família feliz. Tudo que eu queria era estar cercada de pessoas de me amassem, mesmo que eu fosse aquela garota vaidosa, mesquinha, egocêntrica e de temperamento forte. E foi isso que eu encontrei nos Cullen. Como pude estragar aquele sonho no qual estava vivendo? Será que eu queria aquilo só pra mim? Provavelmente assim, afinal, agi da mesma maneira quando meu pai resolveu adotar Alice, Jasper e Bella. Não cheguei ao extremo, como fiz com Sophie, mas dei tantos problemas quanto. Provavelmente meu pai já esperava que eu fosse dar um surto de ciúme. O que me levava a agir daquele jeito? Afinal, eu sabia que não importava quantos filhos meu pai resolvesse adotar, ele continuaria me amando do mesmo jeito. Será? Será que eu sabia disso mesmo? Será que no fundo eu não me sentia insegura? Será que eu não sentia que perderia alguma coisa por ter tantos irmãos com quem dividir aquele amor? Será que eu era tão infantil assim? Não importava! Não era hora de pensar naquilo!

Meu pai sentou-se na enorme cama que havia no quarto e eu fiquei em pé olhando. Ele virou-se para mim.

– Rose, não quero que saia desse quarto sem a minha companhia. É perigoso andar por esse castelo, sozinha, ainda mais nas suas atuais circunstâncias. – ele me falava sério.

– Tudo bem. – respondi sem olhar para ele.

Ele pareceu se contentar, pois foi em direção a algo que reconheci como sendo o banheiro.

– Vou tomar um banho. Não demoro. Talvez fosse melhor você descansar um pouco.

Logo após dizer aquilo, ele entrou para o banheiro. Era minha chance! Eu tinha que sair e procurar por Sophie. Se eu a encontrasse talvez conseguisse alguma informação ou talvez conseguisse fugir com ela. Eu sabia que os Volturi não dormiam, mas o movimento de vampiros pelo castelo à noite parecia diminuir. Esperei ouvir o chuveiro ser ligado para então sair de mancinho. Eu não podia fazer nem o mínimo de barulho ou meu pai viria atrás. Fechei a porta cuidadosamente e saí correndo em velocidade vampírica, não tão rápido quanto o habitual, já que estava um pouco incapacitada. Eu andava pelos corredores do castelo com a maior discrição possível. Estava tudo muito escuro, mas nada que impedisse um vampiro de se locomover. Eu tentava sentir o cheiro de Sophie, mas com tantos vampiros num mesmo lugar era difícil identificar um específico. Continuei andando. Não podia desistir tão facilmente! Continuei andando e andando até que vi Anderson saindo de uma porta. Ele saiu andando na direção oposta a que eu estava. Sorte! Finalmente uma pista! Se Anderson estava ali, existia uma grande possibilidade da Sophie também estar. Inspirei um pouco mais forte para ter certeza. Bingo! Eu conseguia sentir seu cheiro, embora muito suavemente. Esperei até que pudesse sentir que a área estava livre. Abri a porta e dei de cara com escadas. Elas desciam ao que parecia ser um porão. Eram muitos degraus até que cheguei a um lugar bem grande. Estava cheio de máquinas que eu não conseguia reconhecer. Cheio de tubos de ensaio com líquidos estranhos fervendo. Era praticamente o covil de um cientista louco. Bem a cara de Anderson. Eu não tinha tempo para ficar observando o lugar, tinha que encontrar Sophie! Comecei a procurar. Havia muitas celas ali. Algumas com vampiros desacordados, outras com ossos jogados, outras com animais. Fui andando pelo local tentando sentir o cheiro de Sophie. Cheguei ao final do lugar e havia uma cela isolada de todos. Ela só podia estar ali! Aproximei-me e sorri ao ver Sophie lá dentro, sentada no chão e encostada na parede. Ela olhava para cima, para o nada. Ela estava extremamente machucada. Havia vários machucados em seu corpo e suas roupas estavam completamente rasgadas. Seu cabelo estava totalmente bagunçado. Era uma imagem de dar pena. Senti meu coração se apertar. Aquilo também era culpa minha. Não era aquilo que eu queria! Eu não era cruel ao ponto de desejar tanto mal a alguém. Eu tinha que dar um jeito naquilo!

– Sophie! Sophie! Consegue me ouvir? Sou eu, Rose. Estou aqui pra te salvar. Sophie! – eu falava, mas ela parecia não me ouvir.

Achei estranho. Estava silencioso. Não tinha como ela não escutar minha voz. Tentei chamar sua atenção batendo nas grades da cela. Ela finalmente olhou para mim. Senti arrepios com seu olhar. Estavam opacos, como se ela não estivesse consciente. Mas como ele se mexeu, descartei essa hipótese. Ignorei os calafrios que me percorriam.

– Sou eu, Sophie. Lembra-se de mim? Sou sua irmã, a Rose. – sentia-me extremamente horrível por falar aquilo depois de tudo que eu fiz, mas não tinha escolha.

– Irmã? – ela respondeu baixinho e com a voz rouca. – Eu não tenho irmã. Sou sozinha.

Ok, não é como se eu esperasse que ela fosse aceitar de cara que eu a chamasse de irmã depois de tudo, mas ela bem que podia facilitar as coisas.

– Vamos, Sophie. Eu sei que fiz algo imperdoável com você, mas precisa colaborar. – insisti.

– Quem é você? – ela me perguntou.

Alguma coisa estava errada. Ela não parecia estar fazendo pirraça. Sua voz não demonstrava mágoa nem rancor, era como se... se ela realmente não estivesse me reconhecendo. Estranhei. O que estava acontecendo? O que fizeram com ela? Algum tipo de lavagem cerebral? Preocupei-me. Aquilo era ruim. Se ela não me reconhecia, provavelmente não reconheceria meu pai também. Isso significava que ele não teria como provar que conseguia controlá-la. O que faríamos? Não! As coisas não podiam terminar daquela forma!

– Ela não vai te reconhecer. – ouvi uma voz grave atrás de mim.

Assustei-me.

– Você é muito corajosa por vir até aqui sozinha e nas condições em que se encontra. Eu poderia te matar agora mesmo.

Era Anderson. Ele olhava para mim ameaçadoramente. Droga! Podia ficar pior?

– Mas não se assuste, não farei nada. Até porque teria que me entender com seu pai depois e ele é mais forte do que aparenta ser. – ele falava calmamente.

Ainda estava apreensiva, mas precisava de respostas. Engoli em seco e retomei minha habitual postura altiva.

– O-o que você fez com a S-Sophie? – tentava transparecer coragem, mas não consegui evitar gaguejar.

– Ela está bem, apesar de muito machucada. Eu não a mataria. Ela é meu tesouro mais precioso. – ele falava de maneira sincera.

– Não me faça rir! Como pode dizer isso depois de tudo que fez? – falei revoltada, agora mais controlada.

– Não faço isso porque quero. Estou sendo obrigado pelos Volturi.

Ele não parecia mentir. De qualquer forma achei estranho. Não tinha sentido ele dizer aquelas coisas.

– Você não tem que acreditar em mim se não quiser. E também não me importa se acredita ou não, para mim não faz diferença. – agora ele falava friamente.

– Por que ela não me reconhece? – perguntei, ignorando sua fala.

– É um efeito colateral do tratamento.

– Tratamento?

– Ela está dopada e foi submetida a choques elétricos. Está sofrendo de amnésia temporária. Quando o efeito dos remédios passarem ela terá a memória de volta.

Eu fiquei boquiaberta. Dopada? Choques elétricos? Aquilo não era um tratamento, era uma tortura! Eles estavam torturando a Sophie! Por quê? Se Aro a considerava perigosa, por que simplesmente não a matava logo de uma vez como fazia com os outros vampiros? Não fazia sentido torturá-la daquela forma! O que raios eles ganhariam com isso?

– Isso é cruel! Por que estão fazendo isso? – eu falei um pouco alterada.

– Por que se preocupa com isso? Você é a grande culpada nessa história. – ele falou de maneira seca.

Ele tinha razão. Eu não tinha o direito de me preocupar com isso. A culpa era minha. Eu não tinha como escapar disso. Abaixei minha cabeça. Não tinha como responder aquele argumento.

– Não é da sua conta, mas vou lhe explicar. Agradeça por minha extrema bondade. – ele fez uma pausa para, então, voltar a falar. – Você deve saber muito bem que a Sophie sofreu uma mutação em seu processo de transformação, não é? – apenas afirmei com a cabeça. – Pois bem, acontece que essa mutação ainda não está estável. Por isso, dependendo do estado emocional em que ela se encontra, uma de suas habilidades se torna mais forte que as outras. Por exemplo, quando ela está em “modo de batalha”, quando seu lado assassino vem à tona, sua habilidade de controlar o fogo se torna mais forte que as outras. É como se ela ativasse um instinto de sobrevivência, que permite que alguma habilidade se sobressaia dependendo da situação para que ela seja capaz de sobreviver. Ainda não sei exatamente o motivo para que isso aconteça, mas sua mutação é tão instável quanto sua personalidade. E isso é algo que é determinado pelo meio em que ela vive. Como sua vida sempre foi algo indeterminado, sua personalidade não tem base para se estabelecer, não criando um ambiente impróprio para que a mutação possa se estabelecer de forma devida.

Eu entendia o que ele queria dizer, embora soubesse que ele estava falando de forma resumida. Talvez exatamente para que eu pudesse entender. Mas eu não sabia aonde ele queria chegar com aquilo tudo.

– Estou explicando isso para que você entenda qual é o objetivo de Aro. – ele disse, como se tivesse lido meus pensamentos. – Para Aro, Sophie tem uma habilidade de extrema importância. Se alguém como ela estiver ao lado dos Volturi, ninguém se atreveria a desafiá-lo. Sophie é extremamente habilidosa, afinal, é uma assassina desde que nasceu. Fora que se conseguirmos descobrir o que causou essa mutação, poderíamos arrumar uma forma do fogo não nos afetar mais. Mas para que se possa alcançar esse objetivo, Sophie precisa se tornar uma pessoa estável, assim sua mutação se estabelecerá de forma que seja possível estudar.

– Quer dizer que...

– Sim. Aro está obrigando Sophie a se acostumar com determinado ambiente para que ela possa se estabilizar com a personalidade que ele quer. Por isso a tortura. Se ela se ver obrigada a sobreviver em um ambiente hostil, provavelmente sua personalidade assassina se sobressairá. Dessa forma o poder que Aro deseja se estabelecerá.

Aquilo era cruel demais, até para os Volturi. Ele estava manipulando as coisas para que Sophie se tornasse uma assassina? Mas como ele conseguiria manter todo aquele poder sobre controle? Se ela se tornasse uma assassina, não se importaria de matar quem quer que fosse. Ela jamais obedeceria Aro. O que ele queria realmente? Será que ele queria que ela se estabilizasse como assassina paenas para que seu poder de controlar o fogo se tornasse mais forte? Só assim ele poderia estudar sua mutação e descobrir uma maneira do fogo não nos afetar mais. Então, depois que conseguisse a resposta, o que ele faria com Sophie? Ele a manteria presa? Ele se livraria dela? Aquilo era doentio! Repugnante! Por que Anderson estava se submetendo aquele tipo de plano se ele disse que Sophie era seu tesouro mais valioso? Fazia menos sentido ainda!

– Por que está fazendo isso? Você diz se importar com Sophie, mas demonstra justamente o oposto!

– Você não entende. Pra mim também é importante que sua personalidade se estabilize para que eu possa completar minha pesquisa!

– Então ela é somente isso para você? Uma pesquisa? Cobaia?

– Não! Não é isso! É exatamente nesse ponto que eu não concordo com Aro. Ela não precisa se tornar uma assassina para que sua personalidade se torne estável. Provavelmente se ela continuasse vivendo com vocês, poderia se estabilizar.

– E por que a trouxe para os Volturi, mesmo sabendo dos planos de Aro?

– Por que eu não tive escolha! Ou eu mesmo coordenava isso ou eles a matariam! Sophie é forte, mas vivendo com vocês ela estava vulnerável demais. Não demoraria para que um vampiro mais forte aparecesse e a matasse. Vocês não seriam capazes de protegê-la o tempo todo.

– Mas você não a está protegendo de nada aqui! Ela será morta de qualquer forma!

– Não seja estúpida! Você acha mesmo que se ela se estabelecer como assassina, Aro conseguirá contê-la? Ela é forte demais para isso. Assim que ela se tornar uma assassina, matará todos que cruzarem seu caminho. É melhor que ela se torne uma assassina e sobreviva do que se tornar alguém vulnerável e acabe sendo morta.

– Não entendo! Não faz sentido que você se submeta a isso.

– Já disse que não me importa que você não entenda! Já chega de conversar com você! Vá embora antes que eu me arrependa de deixá-la viva!

– Mas...

– VÁ! – ele gritou.

Eu saí a passos humanos. Não queria deixar Sophie para trás. Não depois de descobrir o que eles queriam! Eles a estavam usando de cobaia. Se meu pai descobrisse isso, não sei nem como reagiria. Sophie estava sofrendo nas mãos daqueles crápulas. Se eu soubesse que isso aconteceria, nem teria cogitado a ideia de entregá-la daquela forma. E lá estava eu sendo hipócrita de novo. Claro que eu sabia que coisas assim aconteceriam. Quando me encontrei com Anderson pela primeira vez sabia que ele não era nenhum santo. Não adiantava. Eu tinha que admitir que, realmente, passei todos os limites aceitáveis. Não teria nem argumentos para escapar da surra que meu pai me daria. Mas antes de qualquer coisa eu tinha que dar um jeito de tirar a Sophie das mãos daqueles monstros. Já que a entreguei a eles, agora tinha a responsabilidade de tirar. Isso não era trabalho do meu pai. Eu tinha que aprender a arcar com as consequências das minhas atitudes. Meu pai vivia dizendo isso e eu nunca senti tanta verdade naquelas palavras como naquele momento.

Saí daquele porão e me dirigi para o quarto. Minha cabeça estava rodando com tantas revelações. O que eu diria para meu pai? Será que deveria contar toda a verdade? Será que ele conseguiria se controlar? É verdade que era muito raro meu pai perder a paciência. Desde que eu o conheci só o vi perder a paciência três ou quatro vezes. Era muito pouco para tanto tempo de convivência. Mas em uma situação extrema como aquela, será que ele conseguiria? Eu não queria causar mais problemas para o meu pai. Eu não queria que acontecessem mais coisas ruins por minha causa. Mas não seria certo deixar que enganassem meu pai. E se Aro não contasse suas verdadeiras intenções? E se ele fizesse meu pai acreditar que não machucaria Sophie? Eu sei que meu pai não é nenhum bobo ingênuo, mas Aro poderia tornar aquilo algo convincente. Eu não permitiria que ele fizesse isso. Eu tinha obrigação de contar o que estava acontecendo. Não cometeria o mesmo erro duas vezes. Mesmo que meu pai ficasse nervoso, mesmo que isso fosse deixá-lo triste, eu tinha que contar a verdade!

Entrei no quarto, determinada. Meu pai estava sentado na cama com uma das mãos, apoiada no joelho, apoiando a cabeça. Seus olhos estavam fechados e seu semblante carregado. Quando eu entrei, ele se levantou de supetão. Ele me olhou bastante nervoso. Senti minhas pernas fraquejarem.

Onde que você foi, Rosalie? O que foi que eu te mandei fazer? Não me lembro de ter mandado você passear por aí! – ele falou se aproximando de mim.

– Pai, eu...

Ele não me deixou terminar. Puxou meu braço com força e desceu a mão no meu traseiro.

PAFT**PAFT**PAFT**PAFT**... Aaaauuu – gemi, ele batia com força.

Será que você já não está encrencada o suficiente? Ousa me desafiar dessa forma?

PAFT**PAFT**PAFT**PAFT**PAFT**PAFT**… Aaaahhiiii

Você está brincando comigo, Rosalie! Está empurrando minha paciência!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… N-nãoooo pa-p-paiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… Paaaaraaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… Aaaahhh

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… Deee-scuull-paaaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… Pa-paaaaiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… Che-chegaaaaaaa

Ele me soltou. Cara, ele nunca tinha me batido com tanta força. Se já estava assim eu nem queria imaginar o que ele faria comigo quando toda essa história acabasse. Passei a mão sob meu traseiro, tentando fazer uma massagem de leve. Senti meus olhos marejados.

– Sabe o que eu devia fazer com você? Dar a maior surra que você já recebeu! Tem noção do quanto fiquei preocupado quando saí do banho e não te vi no quarto? Eu percorri esse castelo quase que inteiro te procurando! Já estava começando a me desesperar quando você apareceu. E se tivesse acontecido alguma coisa? Como acha que eu me sentiria? Eu prometi para todos que não deixaria nada te acontecer! Você por acaso pensou nisso antes de sair por aí sozinha?

– D-desculpa p-pai... – eu disse meio que tremendo e ele suspirou.

– Eu não sei mais o que fazer com você, Rosalie. Eu realmente estou me segurando o máximo que posso para não lhe dar a surra que está merecendo aqui e agora!

– Pai, eu sei que o que fiz foi errado. Sei que estou acumulando motivos para você perder a paciência comigo. E acredite, eu sei que estou merecendo a surra. Mas por enquanto peço que tenha mais um pouco de paciência e me escute.

Meu pai se surpreendeu com minha declaração. Acho que ele não esperava que eu dissesse aquilo. Eu tinha sido o mais educada possível, mas aquela fala foi claramente desafiadora. Soou como se eu tivesse ignorado sua fala. Mas também sabia que meu pai entendera que não era meu objetivo ser desrespeitosa. Ele apenas ergueu uma sobrancelha e suspirou novamente.

– Muito bem, Rose. Eu vou ouvir o que tem a me dizer. Mas para o seu próprio bem, acho bom que seja importante.

– Eu garanto, pai.

Ele se dirigiu para a cama e sentou-se. Bateu a mão ao lado dele, para que eu me sentasse também. Gemi um pouco ao ter o contato com a superfície da cama. Eu olhei em seus olhos e comecei a explicar. Expliquei tudo que vi, tudo que Anderson me disse e qual era o real plano de Aro. Meu pai me ouvia pacientemente. Sua calma estava até me assustando. Eu poderia esperar qualquer tipo de reação, menos aquela. Quando terminei meu pai se levantou e ficou de costas para mim. Ainda sentia que ele estava extremamente calmo.

– Entendo. Então esse é o objetivo de Aro? – ele ficou em silêncio por um minuto. – Amanhã o dia será difícil.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yooo pessoas ^^/

E aí está mais um cap. Gostaram? As coisas vão esquentar no próximo cap XD!!
Deixem seus comentários...
Bom, acho q é só isso XD!
Até o próximo cap o/



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