Wolf Prince escrita por Poliana Melo


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Bipolar e o Host Francês




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Ouvimos barulhos e alguns gritos vindos do andar superior durante alguns minutos, depois o som de algo pesado rolando escada abaixo. Em seguida a porta da área restrita a funcionários se abriu e Liza retornou arrastando pela orelha um homem jovem de óculos e cabelo ruivo meio comprido, ele estava vestido de maneira desleixada, a camisa verde musgo estava com os botões nas casas erradas e a calça estava com o zíper aberto. Aparentemente ele foi obrigado a trocar o pijama por outra roupa nas pressas.

─ Ai ai ai ai! Você vai arrancar minha orelha! ─ choramingou o homem. Liza soltou sua orelha e o jogou no chão perto da mesa de onde eu, Joe e Lyka observávamos a cena. ─ Seu demônio...

─ Aí está, meu irmão inútil... ─ anunciou ela revirando os olhos. Achei meio engraçado o jeito como a voz dela muda quando fica irritada, fica mais grave, quase como a voz de um garoto.

─ Calma, Liza, o Leon sempre teve uma memória terrível, não surpreende ele ter esquecido de te avisar que eu vinha. Além disso, ele não é tão inútil assim... ─ tentou apaziguar Lyka. E depois completou num sussurro que a outra provavelmente não pode ouvir ─ E meio que viemos aqui para pedir um favor a ele, por isso não o mate.

O homem, Leon, finalmente se recuperou e começou a reparar no que estava a sua volta, até que seu olhos param em Lyka.

─ Lyka, mon amour! Finalmente regressaste, depois tanto tempo posso finalmente ter a honra e o prazer de deliciar meus olhos em tua bela imagem, meu doce ange de cabelos de prata. ─ declarou-se Leon, se ajoelhando diante de Lyka e beijando-lhe a mão. É oficial, os Fancy são loucos, um é bipolar, o outro fala igual a um host francês.

Olhei para o lado e Joe estava ficando com o rosto roxo de tanto prender o riso.

─ Ei cara, você vai estourar se continuar assim... ─ disse eu, dando uma risada leve.

Quando eu disse isso ele não aguentou mais e começou a gargalhar, eu não me contive e comecei a rir junto. Liza, Leon e Lyka ficaram só olhando, a primeira com a expressão de raiva se suavizando um pouco.

─ O que deu neles? ─ perguntou Leon que ainda segurava a mão de Lyka e olhava para nós com uma expressão confusa.

Liza suspirou.

─ Ah, certo, certo. Vou deixar quieto. Eles têm razão em estar rindo, isso já está ficando ridículo. ─ afirmou.

─ Isso mesmo. Leon, pode largar minha mão e se levantar, por favor? A propósito, sua roupa está toda bagunçada. ─ falou Lyka, no mesmo tom de voz inabalável de sempre.

Leon olhou para baixo, para as próprias roupas e ficou levemente corado. Então se levantou e pigarreou, enquanto tentava se arrumar.

─ Ah, é claro, realmente... hehe. ─ constatou. E em poucos segundos ele estava completamente arrumado. ─ Agora... o que você queria mesmo, Lyks?

─ Os documentos, Leon... Eu falei com você pelo telefone, lembra? ─ disse Lyka revirando os olhos impaciente, como se já estivesse acostumada a esse tipo de atitude do ruivo.

─ Sim, isso. Eu não estava lá muito desperto quando você ligou mas... foram identidades e passaportes que você pediu, não é? ─ perguntou ele, para se certificar.

Lyka confirmou com um aceno de cabeça.

─ Certo então, vamos subir, mes amis. Tenho tudo de que preciso lá no segundo andar. ─ indicou a porta de onde ele tinha vindo ─ Liza, você fica e toma conta da loja, ainda estamos em horário de funcionamento.

─ Não seja por isso. ─ disse indo até a entrada e virando a placa para “FECHADO” ─ Podemos todos subir agora, certo? ─ afirmou lançando um sorriso sarcástico para o irmão.

─ Argh, que seja!

Lugar estranho com gente esquisita, esse é o meu mundo natal, que coisa feliz.

Seguimos os irmãos Fancy até o andar superior. Fiquei de boca aberta assim que entrei. O lugar era incrível, o teto era todo de vidro de diversas cores, e a luz parecia não mudar de cor ao passar pelo vidro por isso não doía nos olhos, as paredes eram brancas, mas envernizadas e dependendo do ângulo em que se olhasse dava pra ver suaves arco-íris nela, como em muma bolha de sabão. E tudo isso contrastava lindamente com os moveis de madeira enegrecida com detalhes em bronze.

─ Uou... ─ dissemos eu e Joe ao mesmo tempo.

─ Gostaram da decoração? Eu que fiz. ─ informou Liza.

─ Este lugar é incrível! ─ exclamou Joe.

─ Concordo veementemente. Você realmente tem talento pra isso. ─ completei, sorrindo para ela.

─ Oh, er... valeu! ─ agradeceu, repentinamente nervosa e um pouco vermelha. E essa agora, até a bipolar tem medo de mim.

Joe colocou o braço em torno dos meus ombros.

─ Certo, chega de apreciar a decoração, Lupie. Vamos andando. ─ apressou Joe.

─ O que há com você? Eu já estou andando, não precisa me arrastar. ─ reclamei.

Devo estar vendo coisas, mas tive a impressão de ter visto o Joe lançar um olhar ameaçador para Liza enquanto colocava o braço nos meus ombros... deve ser só minha imaginação mesmo.

Entramos no que suponho ser um escritório, e havia lá um super computador com seis telas acopladas, com a maior impressora que eu já vi, uma parte dela até parecia uma impressora 3D, e a CPU exalava poder, o processador daquela coisa devia ser mais avançado que qualquer coisa que temos no mercado do meu mundo. Se eu pudesse por as mãos naquela máquina...

─ Aqui estamos, o local de trabalho de Chamaleon Fancy. ─ anunciou Leon dando uma volta de 360° na cadeira giratória em que havia sentado a frente do computador.

─ Isso não É seu trabalho, isso FOI seu trabalho. Agora você tem uma livraria e é assim que tudo deve continuar. O que você vai fazer agora é só um favor, não quero que se meta em problemas de novo, Leon. ─ disse Lyka.

De repente a expressão divertida que Leon carregava se dissolveu como açúcar na água.

─ Lyks, eu já disse isso milhares de vezes. O que aconteceu não foi um acidente, foi culpa d’Aquela Pessoa! E simples documentos falsos não vão ser problema. Agradeço a preocupação, mon amour, não tem idéia do quanto me comove, mas você precisa confiar mais em mim. Eu sei o que faço. ─ disse Leon. Lyka ainda mantinha a expressão um pouco insegura mas não contestou.

─ Do que estão falando? ─ questionei.

─ Então garotos, venham aqui, preciso das digitais e assinaturas de vocês. A propósito, qual o nome completo e a data de nascimento de vocês? ─ perguntou o homem de óculos, claramente ignorando a minha pergunta.

Depois de darmos nossas informações, ninguém mais mencionou aquele assunto que fora contado anteriormente, o que me deixou realmente curioso sobre o passado da minha irmã e daquele ruivo de óculos. Gostaria realmente de saber o que “não tinha sido um acidente” e quem seria “Aquela Pessoa”. Estou certo de que isso tem algo a ver comigo, caso contrario, por que me ocultariam essas informações?


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