Dead or Alive escrita por itsspn


Capítulo 1
Sam




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Desde que eu e o Dean nos separamos - isso foi há uns dois anos - consigo levar a vida que eu sempre quis. Voltei para a faculdade, mas mudei de curso, resolvi trocar para medicina. Conheci uma garota muito especial para mim, que faz curso de veterinária na faculdade. Ela me lembrou a Amelia. Eu e a Jullie temos uma história meio parecida, ficamos órfãos, mas obviamente os pais dela não foram mortos por um demônio do olho amarelo - eles morreram em um acidente de carro quando ela tinha quinze anos -.
– No que está pensando? - perguntou Jullie, enquanto me observava, deitada na grama do parque.
– Estava pensando em nós - falei.
– Sei - disse ela, mordendo uma maçã bem vermelha. - Quer saber? Confio em você.
Ri.
– Quer dizer que você não confia em mim?
– Sinceramente? - ela falou, suspirando. - Depende do dia. Você é alto, lindo, e muito, muito gostoso. Desculpa esse termo, mas é verdade. E quando tem essas festas da faculdade, mesmo que você não goste de ir e eu te arrasto, eu me sinto meio... esquisita. Não sei, acho que é porque você tem um brilho que chama atenção de todas, todas as garotas. Todas. E quando eu vou no banheiro acho que você acaba me traindo com aquela tal de Tifanny. Ela te olha como... Como se fosse te comer com os olhos, Sam!
Abracei-a tão forte que ela me bateu, fazendo sinal de que estava ficando sem ar. Às vezes eu me esqueço de que ela é asmática.
– Me desculpe - falei. - Da onde você tira essas ideias, Jullie? Eu JAMAIS te trairia...
Ela corou.
– Te amo. Obrigada. - falou Jullie. - Sabe, nunca foi fácil pra mim. Antes, durante e depois que os meus pais morreram sempre sofri. Sempre fui motivo de piada dos outros. Até encontrar você. Você me completa, Sam Winchester.
Beijei-a. Isso não era típico de mim, beijar uma garota assim, ao ar livre. Mas eu realmente sentia pena da Jullie. Ela era uma moça doce, simpática, gentil, sempre preocupada com os outros. Mas sempre fora motivo de piada por não ter a mão esquerda - ela perdera no acidente que matou seus pais -.
– Ai - reclamou ela, colocando a mão direita na cabeça.
– O que foi? - perguntei, abraçando-a.
– Nada, acho que é aquela enxaqueca novamente.
Fomos para casa assim que escureceu. Ela se sentou no sofá e começou a ver American Horror Story e eu comecei a preparar a nossa janta - isso me lembrou da época que eu estava junto com a Jess -, um hambúrguer com carne de frango.
– Isso aqui tá uma delícia - disse ela, com a boca cheia. Ela estava usando uma calça de abrigo cinza e uma regata preta. - O que foi? - dando uma risadinha tímida.
– Você está linda. - falei, pegando a mão dela. Ela sorriu e ficou vermelha. Isso era típico dela.
Depois que terminamos de jantar e lavar a louça, fomos para a cama. Nos deitamos e, quando eu estava prestes a desligar a luz da luminária, ela colocou a mão no meu peito.
– Sam... - cochichou ela, mesmo sem precisar. - Sei que isso vai soar estranho, mas - pegou o óculos quadrado e colocou no rosto, se sentando na cama. - faz tempo que a gente não faz, ahn... você sabe...
– Sexo?
– É... E eu meio que estou com vontade, sei lá. Quero dizer... ahn... Se você não quiser, entendo...
Dei um risinho e comecei a beijá-la.

Era por volta das três horas da manhã quando tudo começou.
Acordei com o barulho da Jullie vomitando. Levantei abruptamente da cama e fui até o banheiro, onde ela estava com a cara enfiada na privada.
– Sai, Sam, sai... Você... Você... Você não precisa sentir o cheiro disso.
– Na saúde e na doença - falei. Agachei-me ao lado dela. - A janta não te fez bem?
Ela fez que não com a cabeça e vomitou de novo.
– A janta... Se fosse a... Janta - ela falava pausadamente por causa da falta de ar - Eu teria passado mal antes.
– Vou pegar um copo de água pra você - falei, correndo até a cozinha.
Jullie vomitou mais algumas vezes e depois dormiu. Não é nada sobrenatural, pensei. Não tem nenhum Azazel para tirá-la de mim. Crowley não faria isso.
Acordei cedo, eram mais ou menos seis e meia da manhã. Preparei um café mais leve para a Jullie - apenas waffles e um suco de laranja natural - e fui no quarto chamá-la.
– Jullie - falei, beijando a testa dela. - Seu café está pronto.
Ela começou a se mexer, piscando rapidamente. Colocou o braço na testa tentando fazer sombra por causa da claridade.
– Oi, Sam. - ela tentou se sentar mas sem sucesso. Quando ela apoiou os cotovelos na cama, caiu imediatamente, batendo a cabeça na cabeceira da cama.
– Jullie? - falei, sacudindo-a.- JULLIE!
Nada. Ela não respondia. Chequei seus sinais vitais. Estava tudo certo. Apenas desmaio.
Peguei meu celular e disquei o número do Dean.
– Alô, Dean!
– Sammy? - perguntou ele, com a voz de quem acabara de se acordar.
– Eu preciso de ajuda. URGENTE.

Estou estudando na University of North Carolina, que fica em Chapel Hill, onde moro com Jullie, e o Dean estava mais para o sul do país, talvez Miami, mas chegou cinco horas depois que eu liguei.
– E ai, como ela tá? - perguntou ele, se sentando ao meu lado no sofá do hospital. - Faz quanto tempo que estão aqui?
– A Jullie está no quarto, mas visitas são proibidas. Não vejo ela desde que chamei a ambulância... E os médicos só dizem que estão fazendo exames, exames e exames...
Ele bateu nas minhas costas.
– Cara, ela vai melhorar. Pode ser uma virose...
– Todo esse tempo só por causa de uma virose, Dean? Não, não penso que seja isso.
– Ou então, seilá... Uma infecção... Vocês transaram?
– Sim, transamos, mas...
– Então! - disse ele, apontando o dedo indicador pra mim, depois passando a mão na boca - Pode ser uma infecção penivaginal!
Revirei os olhos.
– Ah, qual é que é meu! Só estou tentando descontrair...
– Acho que vou beber água. Se importa...? - fiz o sinal pro sofá, indicando que ele ficaria sozinho.
– Não.
Fui em uma máquina onde se vendia bebidas e, quando eu tirei a minha garrafa de água, vi uma senhora chorando desesperadamente e um médico conversando com ela no bloco destinado às pessoas com câncer. Algum parente dela deve ter morrido, talvez.
– Você deve estar com fome - digo, jogando um pacote de bolacha recheada para o Dean. Ele olha o pacote e dá um sorriso triste.
– Esperava uma torta...
– É hospital, e achei até estranho venderem bolacha recheada.
Ele concordou com a cabeça quando um homem usando um jaleco branco e comprido com um estetoscópio no pescoço saiu da ala de emergência e se vira para mim.
– Sam Winchester?
– Sim? - digo.
– Podemos conversar?
Caminhamos até a sala dele, que ficava no fim de um corredor comprido preenchido de gritos e gemidos de pessoas internadas na ala beneficente do hospital.
– Sente-se, por favor. - disse ele, indicando as cadeiras e fechando a porta.
Sentei-me e vi foto da esposa e dos três filhos do médico.
– Sou o doutor Cley e trabalho na ala dos beneficentes - apresentou-se ele. - você é namorado da Jullie Perk, estou certo?
– Sim... - respondi, com meia voz.
– Bom, nos desculpe por ter lhe deixado mais de cinco horas à espera de alguma notícia dela. Primeiro, fizemos exames de sangue, urina e fezes, e nada anormal havia aparecido. Então fizemos uma tomografia - disse ele, pegando uns exames e colocando sobre a mesa - foi detectado uma anomalia no cérebro dela. E essa anomalia é um tumor de câncer cerebral de quarto grau.
Estremeci.
– Não, isso não pode ser...
– Infelizmente, Sam, é verdade. Odeio ter que dar esse tipo de notícia para os pacientes, mas infelizmente ela está com câncer. E ela não tem muito tempo de vida também.
– Como assim? Quanto tempo o senhor estima?
– Pela gravidade do câncer, diria um ano, no máximo. Mas você sabe, tudo pode mudar.
– Posso visitá-la?
– Pode.
Uma enfermeira cheia de verrugas no pescoço me levou até o quarto onde Jullie estava.
– Amor - falou ela colocando a mão no meu rosto e me beijando. - Finalmente consegui ver você.
– É - respondi, monótono.
– O que houve? - perguntou ela, me olhando séria.
– Nada... E como você está se sentindo?
– Um pouco melhor... Ahn... Sam...
Peguei a mão dela.
– Desculpe não ter te contado antes.
Paralisei. Então quer dizer que ela sabia que estava com câncer esse tempo todo mas nunca me contara? Soltei a mão dela imediatamente e me levantei, caminhando pelo quarto.
– Sam? Sam, por favor. Por favor não brigue comigo.
– Como você não quer que eu brigue com você, Jullie? Você sabia disso o tempo todo e nunca me contou? - falei, com a voz um pouco mais elevada. Uma enfermeira surgiu no quarto e pediu para eu falar mais baixo. - você podia ter morrido, Jullie, morrido.
– Me desculp...
– Você foi egoísta, só pensou em você, nos seus sentimentos. Se você tivesse me contado, eu teria te ajudado a fazer o tratamento! Eu trabalharia o dobro, faria de tudo pra te ver melhor, Jullie!
– Sam, por favor! Pare! Me desculpe se não te falei antes, não queria te deixar preocupado... Mas agora que estou no fim da minha vida, por favor, não brigue comigo.
Sentei-me ao lado dela e segurei sua mão.
– É, você tem razão. Me desculpe. Eu só... Só fiquei chateado por você não ter me contado. Você poderia viver mais!
– Mas não vou - disse ela, convicta. - Quando eu for para casa, conversaremos melhor sobre isso.
– Quando você estará liberada?
– Não sei - respondeu. - Talvez da que uns dois, três dias.
– Tudo bem. - falei, dando um beijo na testa dela. - Eu te amo, nunca se esqueça disso. - falei, e ela ficou corada.
A mesma enfermeira que entrara antes no quarto entrou novamente, pedindo para eu me retirar por que estava na hora da "soneca" dela.
Cheguei na recepção e encontrei Dean paquerando uma enfermeira.
– Só um minuto docinho - falou ele para a enfermeira, e então se aproximou de mim. - E aí? Escutei sua voz daqui.
Demorei um pouco para responder. A ficha ainda não havia caído.
– Ela... Ela está com um tumor cerebral de quarto grau. E ela já sabia, só não queria me contar.
– Sinto muito - falou ele, batendo nas minhas costas.


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Notas finais do capítulo

Me baseei um pouco em "A Culpa é das Estrelas" no relacionamento de Jullie e Sam, porém Sam não terá câncer. Jullie seria como Augustus Waters - sabia que tinha câncer mas não contou para Hazel -.



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