18. UM DIA PIOR QUE O OUTRO

 

 

Jasper PDV

 

Bem talvez eu já tenha ficado tempo de mais dentro do banheiro, talvez Alice já tenha ido embora com as garotas, afinal já são onze horas e uma dama como ela não ficaria até essas horas da noite na rua. Ou ficaria?

 

Certo talvez... eu devesse esperar só mais um pouquinho pra ter certeza de que não vai ter ninguém lá fora quando eu sair.

 

Algumas batidas não muito fortes na porta interromperam minha linha de pensamento.

 

- Sim?! – falei um pouco hesitante.

- Abre a porra dessa porta eu quero mijar – essa voz.

- Mas aqui é o banheiro masculino e pela sua voz você parece uma mulher com o teor de álcool lá em cima.

- Eu posso ser um travesti e vou considerar isso como preconceito.

 

Respirei fundo antes de sair e dar de cara com.

 

- Amor?

- Não, Alice prazer – ela disse estendendo a mão.

 

Pensei por alguns segundos, seria errado se eu me aproveitasse da recente-passageira-amnésia-ligada-ao-alcool da minha namorada? Porque pensando por um lado amanhã ela nem se lembraria de ter me visto aqui... não por mais tentador que isso seja eu não farei isso com a minha lindinha, afinal ela nunca faria isso comigo. Ela nunca mentiria pra mim.

 

 

Alice PDV

 

Eu preciso mentir, eu preciso mentir, eu preciso mentir.

 

Existe forma melhor para enganar o Jazz do que com uma amnésia?

 

Não, acho que isso é errado, enganar ele assim, quando o coitado sempre faz tudo por mim. Ah mais é o que dizem... o que os olhos não vêem o coração não sente.

 

 

Jasper PDV

 

- Huum, amor talvez nós devêssemos ir embora – sugeri.

- Ou talvez nós devêssemos pedir mais uma rodada de cervejas – ela disse sorrindo só com os lábios e entrando no banheiro.

- Alice eu não acho de certa maneira... – estava tentando encontrar as palavras certas – correto... você beber mais, não me parece que você esta em um bom estado, beber mais só ira piorar isso. Talvez nós poderíamos...

- Você não tem que achar nada... cala a boca – ok!

- Ou talvez nós devêssemos beber mais.

- É assim que se fala tigrão – Alice disse aparecendo na porta apoiada e fazendo ao que parecia o som de um tigre.

 

Ela saiu na frente me guiando - na verdade nós estávamos mais fazendo um zigue zague. Ela parou em frente ao balcão e fez o pedido.

 

- Cinco garrafas de cerveja, por favor.

- Lindinha você está com mais alguém? – me enfurecia perguntar esse tipo de coisa, mas eu precisava saber, com esse tanto de cerveja ela só podia ter feito amizades por ai.

- Não, porquê?

- É que toda essa cerveja...

- Você acha pouco pra gente? Eu posso pedir mais...

- Não, não, não... assim está ótimo – essas garotas andam de mais com o Jacob.

 

A observei abrir sua garrafa de um litro e virar na boca mesmo, eu queria soltar um “Hey! Vai com calma”, mas a única vez que eu tentei, pensei que ela iria me matar com aquele olhar de “Eu to bebendo porra, será que da pra parar de olhar?”.

 

E quando sua namorada expressa demonstrações de afeto do tipo, o melhor que se tem a fazer é ficar quieto. Não! Eu não estou sendo frouxo, apenas mantendo o relacionamento.

 

Após goladas e goladas de cerveja, Alice me arrastou para fora do bar, até agora ela não tinha comentado nada sobre eu estar aqui e ter mentido, isso pra mim era um alivio, talvez ela nem tivesse se importado.

 

Minha lindinha parou em um certo local, olhou fundo em meus olhos e soltou um suspiro, depois sorriu, elevando uma das mãos e acariciando meu rosto, para logo depois...

 

- Ai! – dar um tapa na minha cara, mas que droga é essa?

 

Olhei desentendido e até um pouco assustado pra ela.

 

- Isso é por você ter mentido pra mim. Nunca mais faça isso, da próxima vez vai ser pior.

- Mas fadinha...

- Sem mas... você não tem direito a nada, talvez a um advogado, mas só!

- Mas eu...

- Jasper enquanto eu trabalho oito horas por dia, pensando em nosso futuro, juntando dinheiro para comprar a nossa casa, você faz isso comigo, vem pra uma rua lotada de vagabundas?! Isso não é coisa que se faça com uma moça como eu Jasper, eu sou de família.

- Mas Alice, você mentiu pra mim também! – tentei me defender.

- Eu? – ela demonstrou certo ultraje – quando isso? Eu nunca mentiria pra você.

- Você disse pra mim que ia ao museu com a Bella.

- Eu não disse... – ela se calou por alguns segundos – é... hum, bom. Aquela ali não é a Rose? – e saiu me deixando sozinho e com cara de tacho.

- Ei amor me espera – sai atrás dela.

 

 

Emmett PDV

 

Eu estava tentando acalmar Rosalie que nesse momento entornava todas, ela ficava se queixando sobre algo como “sexo selvagem” ou “entre quatro paredes é melhor”. Eu não sabia exatamente sobre o que ela estava falando. Eu já tinha tentando me desculpar mil vezes, mas ela me ignorava e bebia mais um copo de bebida. A esse ponto ela mal estava se aguentando em pé.

 

- Roooooseeee, me dá um gooolee? – Alice apareceu de repente parando ao lado de Rose.

 

Jasper veio logo atrás parando ao meu lado.

 

- Você podia fazer algo pra elas pararem de beber não é mesmo?

- Bom algo pela minha namorada eu já estou tentando fazer, mas quanto a sua não é responsabilidade da minha pessoa.

- Cara eu já tentei de tudo, mas ela não me ouve.

- Relaxa e goza Jasper, é bom que assim elas não arranjam encrenca no caminho de volta pra casa.

- Ei grandalhão, sai da frente, você ta furando fila, eu estava aqui primeiro – Alice disse a um cara quase tão grande quanto eu.

- E o que você vai fazer baixinha? Me maquiar e me arrumar para que eu arrase nas passarelas?

 

Alice olhou para um lado, depois para o outro e puxou Jasper pela mão.

 

- Bom, eu não vou fazer nada, mais o meu namorado vai dar uma boa surra em você.

- O QUÊ? – Jasper gritou.

 

 

Jasper PDV

 

Pai nosso que estais no céu, santificado seja o teu nome...

 

Eu vou morrer...

 

- O que você tinha dito sobre não arranjar encrenca? – eu disse para Emmett.

- Relaxa eu resolvo isso – Emmett disse tomando a frente – é o seguinte cara, você não mexe com a gente e a gente não...

 

Mas ele foi impedido por um belo soco no queixo.

 

- Nós vamos morrer, nós vamos morrer – eu choraminguei para Alice.

 

Emmett se apoiou no balcão e antes que tentasse fazer algo Rose tomou a frente.

 

- Você nunca mais encosta no meu macho ta me ouvindo – Rose quebrou a garrafa de cerveja na cabeça do homem.

- Arrebenta ele Rose, arrebenta – Alice dizia enquanto dava pulinhos.

- Alice leva a Rosalie pro carro, nós estamos logo atrás – eu disse enquanto ajudava Emmett a se recompor pra dar o fora dali, antes que o cara reagisse.

 

Ao chegarmos no carro decidi que era melhor eu dirigir, eu não havia tomado nada e estava em melhores condições psicológicas.

 

- Jasper porquê você está tremendo? – Alice me perguntou enquanto entrava no carro.

- Eu não estou tremendo – me defendi.

- Está sim – ela disse apontando pra minha mão.

 

Eu ignorei o comentário e dei partida no carro, infelizmente a viagem não foi muito agradável, eu tive que ficar escutando os gemidos do Emmett e da Rosalie no banco de trás e Alice cantando I hate this part das Pussycat Dolls no meu ouvido.

 

 

Bella PDV

 

Entrei em meu apartamento deixando minhas coisas sobre o sofá, fui até o banheiro joguei uma água no rosto e suspirei pensando em como a minha vida estava complicada depois de conhecer Edward.

 

Eu realmente estava me envolvendo com ele, mas dessa forma as coisas não podiam continuar, ele anda muito estranho comigo ultimamente e pela primeira vez na vida eu posso dizer que ele não tem o direito. Depois de tudo o que aconteceu conosco, depois de tudo que passamos... não faz nem uma semana que estamos namorando oficialmente e as coisas já estão assim. Logo agora que eu estou começando a mudar de ideia quanto a nós dois.

 

Tomei um banho, esperando que isso amenizasse a angústia dentro do meu peito. Mas isso só piorou as minhas ideias, eu tinha mudado tanto, não estava tão estressada quanto antes, eu até estava tentando tratar as pessoas melhores – repetindo, só tentando. E tudo isso pra quê? Pra ele ficar desconfiando que eu estou com Jacob.

 

Eu estava começando a ficar com dor de cabeça, pensando todas essas coisas, eu preciso é de uma boa noite de sono pra esfriar a cabeça, amanhã quando Edward me ligar nós conversamos.

 

Acordei no dia seguinte um pouco cedo, na verdade para o horário que eu tinha dormindo era cedo até de mais, mas eu não tinha mais vontade de ficar na cama. Alguma coisa estava me incomodando. As garotas ainda estavam dormindo e já que não tinha o que fazer, eu comecei a limpar a casa – pra adiantar o serviço.

 

Mais ou menos meio dia e meia Alice e Rose apareceram na sala com a cara inchada e olheiras um pouco fundas. Pra variar Rose sentou-se no sofá suspirando, dizendo como Emmett era maravilhoso e como o relacionamento dos dois estava mais forte do que nunca. Eu tentei argumentar quanto à briga dos dois, mas ela mudava de assunto ou me ignorava. Ótimo até Rose a miss barraqueira, estava com a vida amorosa em dia.

 

Eu arrumei a casa sozinha praticamente, as meninas ficaram enrolando pra ajudar, mas por fim terminamos e como de praxe pedimos alguma coisa pra comer, como sempre fazemos em dia de faxina.

 

O domingo foi acho que o pior da minha vida, eu fiquei o dia inteiro mofando em casa, mexi um pouco no computador, mas depois de um tempo não havia muito que fazer. Acabei optando por ficar sentada no sofá mudando os canais. Alice e Rose tinham saído com seus respectivos capachos e até agora Edward não havia me ligado. Eu olhava a todo minuto para a tela do celular pra ver se ele havia me mandando uma mensagem ou algo do gênero, mas para a minha não surpresa não havia nada. Eu pensei em ligar pra ele, mas acho que essa a obrigação não era minha.

 

Meu celular tocou, e mais que depressa eu o atendi.

 

- Alô – atendi entusiasmada.

- Belliiiiiiiiinhaa – ah não!

- O que você quer Jacob?

- Sei lá, eu tava olhando algumas mensagens aqui, e achei umas da época que nós estávamos juntos, ai resolvi te ligar. Tudo bem?

- É... melhor na medida do possível – sorri fraco no telefone.

- E ai vai fazer o que hoje? Sair com o Edzão?

- Na verdade eu acho que ele deve estar ocupado de mais tentando arranjar algum tempo pra mais uma “reunião” com o papaizinho dele.

- Ficou chateada né? Eu falei pra ele não fazer isso, mas ele não me ouviu. Eu nem queria ir também.

- Jacob fala sério no mínimo foi você que agitou todo mundo pra ir.

- Ta talvez eu tenho agitado uma coisinha ou outra, mas nada de mais.

- É claro sei.

- Mas e ai vamos sair?

- Sair pra onde?

- Não sei, vamos andar, ta calor mesmo, ficar dentro de casa não da em nada. A gente toma um sorvete, vai no cinema qualquer coisa.

- Hum... realmente eu não tenho muito o que fazer aqui então...

- Apareço ai em uma hora.

- Ok!

 

Em uma hora Jacob estava na porta da minha casa.

 

- Você alugou um carro pra gente né.

- É claro... que não. Vamos a pé, tem um shopping aqui perto né Bella, fala sério!

- Ok tanto faz.

 

 

Edward PDV

 

Meu domingo não estava sendo dos melhores, decidi ir até a casa dos meus pais, era bom ver Esme um pouco, me distrair com algo, minha conduta não havia sido umas das melhores com Bella e eu estava disposto a me redimir na segunda, só não sabia ainda como.

 

Eu optei por não ligar pra ela nesse final de semana, eu queria que ela esfriasse um pouco a cabeça, ela tinha sido muito madura na sexta, não discutiu e nem pestanejou, ela realmente estava mudando e era hora de eu mudar também.

 

Chega dessa bobagem de pensar em Jacob com Bella, é óbvio que ela não me trairia com ele, eles são só amigos – muito próximos pro meu gosto, mas só amigos. Ele vive lá em casa, não é possível que ele teria a cara de pau de me chifrar. Talvez ele tivesse sim, mas não com Bella – espero.

 

Ao chegar na casa dos meus pais, conversei um pouco com Esme, não havia muito que fazer lá também, então resolvi levar Alec até o shopping pra tomar um sorvete, ele ficou enchendo meu saco enquanto pedia por isso.

 

Chegamos ao shopping e seguimos até a sorveteria.

 

- Alec pode escolher o seu sorvete.

- Tah, eu quero o de morango – ele falou meio que se pendurando no balcão.

 

O atendente foi pegar o sorvete.

 

- Não... pensando melhor eu quero de chocolate.

 

O atendente foi pegar mais uma vez.

 

- Não, não, não... eu quero de baunilha – lá foi mais um vez o atendente... – NÃO... eu quero de pistache... ou talvez de flocos... ou quem sabe de tutti frutti. Pensando melhor... primo Edward eu não quero mais tomar sorvete – ele disse com um sorriso angelical.

 

Respira Edward, ele é só uma criança, você não deve e nem vai fazer nada que prejudique a saúde do seu primo. O atendente respirou fundo e eu agradeci, nos dirigimos para fora da sorveteria, quando Alec parou no meio do caminho.

 

- Pensando bem acho que eu quero sorvete de uva – ele disse com as mãos nas costas fitando o chão.

 

Ou talvez você queira umas boas palmadas na bunda também. Voltamos para a sorveteria, o atendente ao nos ver revirou os olhos.

 

- Por favor, meu primo resolveu...

- Com licença, mas nós estávamos na frente cara!

 

Me virei para dar de cara com...

 

- Jacob? Bella? O que vocês estão fazendo aqui?