- Cale a boca, você vai acordar os vizinhos!

Isabel e Lena eram tipo melhores amigas mesmo. Se conheciam a 10 anos e nunca se separavam. Até agora.
Estavam saindo de uma festa no meio da madrugada, a pé. A carona tinha furado, e como a casa não era tão longe, resolveram ir andando. Péssima escolha. Lena estava cantarolando e Isabel estava tentando mandar ela calar a boca. Para chegar a casa de Isabel, era necessário atravessar um “bosque”. Estava muito escuro e as duas não estavam enxergando nada. Uma lanterna do outro lado do parque se acendeu.

- Oi? – Disse Isabel, colocando a mão no rosto para evitar a luz. – Quem esta ai? – Isabel foi segurar a mão da amiga, mas não estava conseguindo encontrar. Deveria estar tremendo, mas não. Era por que a amiga não estava mais ali, e a “coisa” com a lanterna, ilegível por causa do feixe de luz, estava mais perto de Isabel. Ela recuou tropessando em alguma coisa que a fez cair, ela sentiu dor com o impacto no chão, mas estava com medo demais para se preocupar com dor. A criatura desapareceu, e Isabel se sentiu aliviada. Correu o mais rápido possível, para longe daquele lugar, então parou. Estafa arfando de tanto cansada.

Colocou as mãos no joelho e abaixou a cabeça, tentou respirar e inspirar, respirar e inspirar.. Em que caralho esta Lena?! Pensou em voz alta. Quando subiu o olhar, uma criatura estranha estava a sua frente. Era branco como neve porem negro como a noite. A presença dele ali fazia tudo ficar frio. Era estranho e apavorante, seus olhos eram inteiramente negros, não havia alguma parte branca se quer, e as mãos eram cinzas. Tinha cicatrizes por todo o rosto.
Isabel tentou gritar, mas nenhum som saiu. A criatura soltou um bafo gelado em seu rosto e depois o sugou de volta. Ela começou a ficar tonta, então depois tudo ficou escuro.


Ela acordou em uma sala vazia. Ainda estava escuro, e suas roupas estavam cobertas por uma fuligem preta. Ela tossiu sangue, mas não tinha sinal de machucados em lugar algum, apenas quando ela se levantou, se sentiu tonta e cheia de dores. Mas que porra de lugar é esse?! Pensou. Procurou algum vestígio pelo quarto, mas tudo que havia era uma janela quebrada com a cortina rasgada e manchada de preto, a mesma mancha de suas roupas. Olhou pela janela, e estava em um prédio. Não era muito alto, mas tudo o que pensou era que deveria sair dali e procurar sua amiga.

Respirou fundo e abriu a porta. Sentiu a pele ficar gelada. Era um corredor escuro com varias e varias portas, e nenhuma escada. Ela estava enjaulada ali. Descidiu: Ia abrir porta por porta, por causa de Lena. A lembrança da “criatura” voltou na sua mente e ela sentiu arrepios por todo o corpo. Abriu a primeira porta: Era uma sala normal com uma cama e uma cadeira de balanço se mexendo, ou seja, alguém esteve ali.
Abriu a segunda porta.
Era um quarto branco com vários papeis manchados de sangue seco no chão. Pegou um deles: Era um bilhete de suicídio. Largou o bilhete e saiu correndo do quarto, fechando a porta com um estrondo.

Abre a terceira porta. Na sua frente estava a criatura, só que muito mais assustadora. O bicho tinha tomado uma forma maior e mais pálida do que antes, e em sua boca havia uma linha costurada. Fechou os olhos rezando, pedindo para que isso acabasse logo. Alguma coisa me puxou pro lado e ela abriu os olhos. Era um garoto. Ele matou a criatura e veio correndo até ela. Se sentiu zonza.

- Você esta bem? Qual o seu problema, costuma entrar em prédios abandonados desse jeito? – Disse ele com as duas mãos em cada lado do rosto dela.

- Eu não .. – Isabel não conseguiu terminar a frase, pois desmaiou nos braços dele.