A.R era como eu a chamava em meus pensamentos, foi ela quem me confundiu. Eu sentia raiva dela, e de tudo o que fazia, até que um dia isso mudou, eu a conheci. Depois desse dia nunca mais fui eu mesma, tudo mudou, antes eu me considerava a pessoa mais racional que existia, mas depois dela eu percebi que era racional até demais, nunca me deixei levar pelo momento, nunca. Mas no ultimo dia, percebi o quão bom pode ser se deixar levar, se entregar. Porem se você pular de cabeça irá se machucar e foi o que aconteceu. Se cicatrizou, eu não sei, mas ainda há uma marca em mim. Uma marca que talvez nunca desapareça, uma conseqüência do meu passado.

Mas como eu poderia esquecer aquele olhar? Aquele olhar que ainda me faz voltar no tempo, o olhar que me levava ao ponto mais alto, e quando se desviava do meu, me jogava de volta ao chão. Mas no meio da queda, aquele sorriso, sim o tímido sorriso, era meu pára-quedas.

O som que saia de sua boca provocava sensações em mim, que não consigo explicar, era como se, a cada palavra dita, elas se encaminhavam diretamente até mim, rodando todo o meu corpo, trazendo arrepios, conforto e pensamentos inexplicáveis. E nela tinha seu lindo sotaque, eu não sei bem de onde era, mas podia jurar que era uma mistura de portugueses com gaúchos, era surreal, e ele era acompanhado pela sua doce voz.

Cada movimento seu me fazia estremecer por completo. Você brincava com meus sentimentos, e sentidos, e nem sabia, até a simples forma como você tocava em minha mão era uma perdição para mim. E quando soube o quanto você mexia comigo, as coisas pioraram, os seus sorrisos ficaram ainda mais delirantes para mim, aquele seu olhar, que antes me levava as alturas, agora me mostrava lugares em que nunca havia ido, o som da sua doce voz, me fazia enlouquecer,, meu corpo perdia o equilíbrio, não conseguia mais raciocinar, foi a droga mais potente que eu já pude experimentar. E você provocava, provocava tudo isso em mim, provocava coisas que nem sabia que existiam.

Eu simplesmente amava tudo em você, exatamente tudo, até o fato de você gostar de Coldplay e da Ellie Goulding (sendo que eu odeio esses artistas) até isso eu amava, eu amava suas perguntas sem sentido, amava a forma quando você ficava irritada, e surtava, eu amava até a forma que você brigava comigo, as suas indiretas, seus olhares disfarçados, como o seu cabelo ficava lindo ao vento, ou a forma que você se sentia em relação aos animais.

Seu estilo rockeira, não sendo rockeira, era tudo. Aquele seu converse, sempre caiu bem em você com suas calças jeans pretas coladas, e aquele suspensório xadrez, com a blusa “Likes Girls”. Quando eu te vi assim, eu quase desmaie de tanta emoção, de tantos sentimentos que estavam misturados dentro de mim.

Achei que estava louca, ou delirando, mas não estava quando você me disse que iria embora, ai pareceu que tudo ao meu redor explodiu e os destroços iam me atingindo aos poucos, me senti sem chão, mas a naturalidade com que você me falou, de certa forma me passou segurança.

Segurança de que eu ficaria melhor sem você, sem tudo isso para mim confudir ainda mais, para me deixar ainda mais paranóica.

Mas eu só queria ter tido a chance de te sentir por completo em mim. Aquela música que eu fiz para você mostra como eu me sentia em relação a tudo no inicio, mas essa carta mostra como eu me sinto no final.

Se algum dia voltarmos a nos encontrar, prometo não ignorar, prometo me deixar levar por uma única vez, prometo te fazer feliz pelo tempo que der, até não dar mais.