Harmonia Agridoce HIATUS escrita por Mare Waters


Capítulo 3
Bem-vinda, loira


Notas iniciais do capítulo

~le dando sinal de vida~

Voltei da viagem há algumas semanas e só agora tomei vergonha na cara para vim postar (estou decepcionada comigo mesma). Mas gente, 2° ano no meu colégio não é de Deus, não!
Minha vergonha se desculpa pela minha enrolação, ok? :/

E além disso, tem essa outra fic (e eu não me importaria se vocês destinassem um tempinho para ler pelo menos um capítulo: Carpe Diem ;) e estou com outros dois enredos novos que estou determinada a terminar primeiro para depois postar (geralmente eu escrevo e posto direto, o que é um problema)

Bem, boa leitura!



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― Olá. Hector. – falou o garoto, estendendo a sua mão.

― Oi – voltei a minha atenção para o meu armário, pegando um caderno e olhando atentamente para a minha grade de horário, tentando interpretar aqueles códigos.

― Geralmente quando uma pessoa fala seu nome a outra, a outra também se apresenta.

― Pois é. Você está certo. Geralmente.

― Se você quer decifrar isso aí, pode me pedir ajuda, sabe.

― E por que eu faria isso?

― Porque daqui a pouco vou te largar sozinha aqui.

― Não é como se você fosse o único que pode me ajudar – revirei os olhos.

― Certo. Então até mais. – Hector se despediu, enquanto ia em direção as escadas.

Quem esse garoto pensava que era? Como se eu dependesse dele ou algo assim. Olhei para o papel na minha mão e encarei o que seria o meu primeiro horário: 8A102HSWTN. Eu deveria bater palmas para o cara que criou essa coisa inútil. Apostava que ele criara aquilo só para dar as boas vindas aos alunos, como se fosse uma metáfora de você é burro, não consegue nem ler o seu horário, sua vida vai ser um inferno aqui. Ideia prazerosa. Suspirei e me virei na direção pela qual o garoto havia ido. Não queria perder mais do meu tempo pensando na pessoa maravilhosa que teve essa ideia brilhante, mesmo que eu tivesse que engolir um pouquinho do meu orgulho para isso.

― Hector? – o chamei, sabendo que ele provavelmente já estava em sua própria aula.

― Sabia que você ia mudar de ideia – disse, uma sombra saindo de trás de uma pilastra. – Só não esperava que demorasse tanto.

Revirei os olhos novamente e entreguei o papel a ele.

― E por que você ainda está aqui fora? – perguntei, enquanto subíamos as escadas. – E o que esse tanto de letras e números significam, afinal?

― 8 horas na sala 102 de história com o Wilton, loira.

Se alguém puder me dar uma boa razão para essa complicação toda, sou toda ouvidos, obrigada.

― Não me chame de loira. – reclamei.

― Então me fale o seu nome, loira.

― Emma. Meu nome é Emma – suspirei.

― Emma – pronunciou, como se gostasse do som daquela palavra. – Gostei. Mas ainda prefiro loira, loira.

Bufei irritada enquanto ele tinha um sorriso largo estampado no rosto. Parecia estar animado com a ideia de ter achado algo que me irritasse. Ele parou abruptamente em frente a uma porta e bateu três vezes, antes de abri-la.

― Sr. Donovan. Novamente atrasado. Por que isso não mais me surpreende?

Alguns risinhos escaparam pela sala. O homem que estava lá na frente beirava aos 40 anos, com os cabelos escuros em corte militar, vestindo uma calça social preta e uma camisa azul abotoada até o colarinho. Calor, claro isso não existe! Dava para ver, mesmo da onde eu estava, gotas de suor escorrendo pelo seu rosto. Só esperava que o desodorante desse homem fosse forte, por favor, Senhor. Apesar disso, ele era relativamente bonito.

― Wilton! Há quanto tempo! Aposto que sentiu a minha falta. Vem cá, me dá um abraço – Hector abriu os braços como se fosse, de fato, abraçar aquele velho.

Algumas risadinhas ecoaram pela sala quando ele bufou e deu as costas para o garoto.

― Não me magoe desse jeito, querido professor – Hector põe a mão no coração, fingindo sofrer, provocando mais risadas.

― Não estou com humor para as suas brincadeiras, Donovan. Sente-se antes que eu o mande para fora.

― Mas eu mal entrei! E além disso, tive um bom motivo para me atrasar desta vez, sr. Wilton.

― E posso saber qual seria?

― Parei para ajudar a nossa linda nova colega – ele anunciou, com um floreio. Eu tinha certeza de que seu tom havia mudado ligeiramente quando disse linda. Idiota.

Dito isto, Hector saiu da minha frente e pude sentir os olhares de mais de 40 pessoas me encarando, dos pés a cabeça. Corei involuntariamente. Não gostava de chamar tanta atenção assim.

― Seja bem vinda, srta... – sr. Wilton pega um papel que estava em cima de sua mesa. – Merlyn. Embora devo comentar que não começou seu primeiro dia muito bem.

― Se já acha isso decepcionante, não vai querer ficar aqui até o final do ano – sorri, angelicamente.

Mais risadinhas ecoaram pela sala, enquanto desta vez, o sr. Wilton tinha as bochechas violentamente coradas.

― Os dois, sentem-se. Já gastaram tempo demais da aula.

Ah, que beleza. As duas únicas carteiras vagas eram da primeira fileira. Nota mental: não se atrasar mais para nenhuma aula. Suspirei e Hector fez o mesmo. Quando vi a expressão em seu rosto quase cheguei a gargalhar, de tão miserável que estava.

Se bem que eu mesma não estava em melhor situação.

x

As três primeiras aulas passaram-se rapidamente entre os meus cochilos, as cutucadas de Hector e a voz monótona daquele cara. Quem diabos merecia três, três horários de história numa segunda? Bem, não era tão difícil achar o refeitório, já que todo mundo também estava indo para lá. Parecíamos uma manada de bois esfomeados.

― Você não tem amigos, não? – perguntei a Hector, sentindo que ele estava atrás de mim, me seguindo. – Se bem que isso não me surpreende.

― Com um humor desse você vai acabar virando uma solteirona, pelo amor de Deus! E a propósito, tenho mais amigos do que você pensa. Na verdade, sou o cara mais popular disso aqui.

― Se isso for verdade, essas pessoas são mais estúpidas do que eu achava.

― Você fica melhor com a boca calada, loira.

De repente, senti um par de mãos na minhas costas, me guiando em meio a multidão.

― Vem, vou te apresentar a algumas pessoas.

Era só o que me faltava. Agora ele queria me apresentar como se eu fosse um animal exótico para um bando de pessoas medíocres fofoqueiras fúteis. Bem, eu não sabia se elas eram isso mesmo, mas qual é, sempre é assim.

― Hmm, obrigada, mas não. Prefiro falar com a bandeja do que com seus "amigos". Se você já é desse jeito, nem quero imaginar como os outros são!

― Qual é o seu problema, garota? – Hector berrou, indignado. – Quer saber? Então pode ir lá conversar com as paredes. Não vou perder mais do meu tempo com você.

E dito isso, saiu andando que nem um raio. Bem, melhor assim.

Antes que vocês tirem suas conclusões, provavelmente que eu sou uma pessoa odiosa mal amada, deixe-me explicar: isso é proposital. Tipo, sei que vai parecer clichê, bem, na verdade, isso é totalmente clichê, mas comecei a tratar as pessoas assim – ou de maneira pior, acredite –, desde que meus pais foram assassinados. Eu era uma inocente garota boba que nada sabia da vida, então isso me abalou muitíssimo. Desde então, tento evitar conhecer novas pessoas. E além disso, não ficaria por muito tempo aqui, se tudo ocorresse bem. Ou mal. Então para quê criar amigos, né?

Não havia revelado a ninguém minhas intenções de procurar aqueles sujeitos. Ninguém conseguiria me entender. Na verdade, as vezes nem eu mesma tinha certeza do que estava fazendo. Mas sei que quero tentar entender. Entender o que eles fizeram para tudo isso acontecer. E depois estraçalhar cada pedaço daqueles marginais que os tiraram de mim.

Emma, o refeitório não é o melhor lugar para você ter esses pensamentos psicopatas. Que pessoa normal falava consigo mesma? Voltei de meu devaneio e percebi que estava em pé, estagnada, já há alguns minutos e algumas pessoas olhavam de soslaio para mim. Ótimo, agora eu era a esquisitona do pedaço. [a/d: essa expressão parece tão brega para mim quanto para vocês? ahuhauh]

― Estão encarando o quê? – perguntei, grossa, para um grupo de meninas que me olhavam com uma expressão estranha.

Elas rapidamente viraram o rosto para a própria comida e eu pude sair daquele lugar abarrotado claustrofóbico cheio de gente. Não me importava se tinha batata frita hoje. Aquele lugar havia me tirado o apetite. O pátio estava deserto porque estava batendo um sol do caralho aqui fora. E as sombras que as árvores ofereciam eram praticamente inúteis, já que os raios solares conseguiam se infiltrar pelos seus galhos e folhas. A grama estava marrom, seca e dura, cenário nada agradável também. Quase me fazia querer voltar lá para dentro. Quase.

Estava pensando novamente no garoto de hoje mais cedo, Hector. Quantas coisas que qualquer adolescente com uma vida normal teria, já tinha perdido e nunca poderia conhecer? Sempre pensei que não passavam de futilidades exclusivas de pessoas superficiais, comparadas as coisas que se passavam em minha mente. A questão é que viver a vida é bem diferente de viver a realidade.

E muito mais fácil e atrativo também.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviewssss, por favor ♥ Façam o coração de uma autora bater feliz [completamente sem sentido, mas fazer o quê, né]
xoxoxo e [espero] até breve!



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