The observer escrita por Smigle


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

A história é curta mas gostei dela assim, até por que o meu relacionamento com ''ele'' foi rápido também. Espero que se alguém for ler, goste e que se sinta tocado do mesmo jeito que me senti quando escrevi. Boa leitura.



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Sabe aqueles momentos em que você esquece o tempo e até a realidade? Eu sentia isso todas as noites. Parece meio complexo mas ,pra falar a verdade, eu só estava distraído, então, sabe aqueles momentos em que você se distrai? Eu me distraía todas as noites. É estranho, tem gente que se distrai com um livro, televisão ou na internet, mas era ele que me distraía, só ele.

Sempre fui observador e isso só me serviu para espioná-lo. As vezes me pergunto o que sentia, amor ou obsessão, não era todo dia que se decorava a rotina completa de alguém. As manias, os horários e os passeios, tudo, tudo eu já sabia só pra não perdê-lo de vista. Um pouco superprotetor talvez, quem ama cuida e eu acho que estava amavando.

Era sempre divertido vê-lo. Os cabelos loiros e lisos que me convidavam a acariciá-los, mas eu estava a metros, sempre muito distante. O jeito que ele sorria também era algo que mexia comigo facilmente. Os arcos brancos que se encaixavam com perfeição, eu sabia que a parte favorita de seu próprio corpo era o sorriso.

Mas o que mais me atraía eram os olhos. Eles não eram azuis ou verdes, mas me atraíam muito, de verdade. Talvez fosse o medo e desejo ao mesmo tempo de tê-los olhando pra mim. Eles eram meio puxados nos cantos, mas isso não tornava ele meio oriental, eram só simples puxadinhos, como um detalhe.

Eu esqueci de falar da boca, e que boca. Sempre fui meio ressentido por ter uma das bocas mais pálidas de todas e a dele era tão rosada, qualquer um ia querer beijá-la, qualquer um mesmo. Eu já tinha visto vários dos pretendentes, altos, baixos, magros e até sarados. A prova de que a aparência dele era impecável.

Apesar disso, todos eram rejeitados. Poderiam ter exceções é claro, mas eu já sabia tanto da sua vida, não que eu não soubesse de algum pretendente que teve a sorte, porém, preferiria ficar sem saber. Se não soubesse, continuaria acreditando que ele ainda está esperando por alguém especial, e claro, eu não teria o coração partido.

Admito que era um prazer ver outro rapaz sendo descartado. Mas ficava a prova de que ele era sozinho também. Éramos eu e ele dois solitários, bom, pelo menos ele não ficava observando outro garoto todos os dias e até quando podia nos finais de semana. Pra ele eu era invisível, e isso me tornava até legal. Como se não fosse infantil o bastante observá-lo, eu me sentia como um super-herói. Aqueles que ficam a espreita observando os inocentes por que o que mais quer é protegê-los, e eu poderia ficar invisível.

Que devaneio! Era um dos efeitos colaterais que ele tinha sobre mim, imaginar várias situações em que estávamos juntos, eu e ele. Isso alimentava aquela vontade que eu tinha de um dia ver ele aqui do meu lado, com seus dentes brancos, boca vermelha e os tais olhos que me transmitiam ternura.

E o que ele estaria pensando quando ficava olhando pro nada sem piscar? Talvez ele se sentisse observado, como se soubesse que eu estava lá. Esses eram os momentos que me davam mais medo. Tinha medo que de repente ele olhasse pra mim, mesmo sem querer, e ficasse se perguntando por que eu estaria encarando-o.

Pena por isso nunca ter acontecido. Sim, pena, por que seria ao menos um contato já que nunca tivemos uma chance. Mesmo que visual, seria um contato. Ele saberia que eu estava encarando-o e eu daria até um sorriso só pra ver o dele devolvido a mim.

Quem sabe depois disso eu tomaria coragem de ir até próximo a ele e me apresentar, mas logo me lembrava de todos os outros que foram mandados embora e então me retorcia um pouco ao lembrar de que eu já tinha sido descartado sem ao menos ter tentado. E se tivesse outro observando ele de longe só esperando eu ir e levar um ‘’não’’ pra poder se divertir rindo da minha situação?

Eu entendo que não posso me doer com isso, desdenho de todos os outros que não terão uma história com ele e eu não iria até lá por medo de zombar de mim mesmo. De me sentir decepcionado, incapaz.

Por isso eu achava melhor ficar onde estava mesmo. Longe e perto o bastante pra não ter um desapontamento. E se...

Meus pensamentos foram interrompidos quando tivemos nosso contato. Ele olhou pra mim, eu não sei como mas ele percebeu que eu estava ali. Engoli seco. Os olhos arregalados e o tal sorriso que eu quis mostrar saiu torto mas tão torto que quando ele respondeu eu não sabia se era por educação ou se tinha achado minha reação ridiculamente engraçada.

Fiquei nervoso por um bom tempo e comecei a disfarçar que estava ali só por ele. Olhando a hora, pro céu ou fingindo fazer algo no celular. Quando tentei dar uma olhada rápida, ele estava me encarando ainda. Pisquei duas vezes bem rápido ainda sem saber o que fazer, porém, já menos nervoso.

Aquele par de olhos estava lá, finalmente eles se direcionavam a mim e eu não sabia nem ao menos como reagir, eu era a criança observada dessa vez. Me bateu um aperto quando o vi se levantar de onde estava sentado.

Por um instante pensei até que ele viria ou que eu deveria ir até lá. Mas continuei do mesmo jeito que os parágrafos anteriores: imóvel.

Ele olhava pro chão, deu alguns passos e olhou pra mim de novo. Piscou os olhos e acenou com a cabeça, foi quando eu dei um sorriso de verdade. Ele respondeu com outro mais envergonhado e depois disso saiu andando pela calçada.

Suspirei. Suspirei. Coloquei as mãos no rosto, nos cabelos, no pescoço e me ergui também. Olhei pro céu e depois pra sombra dele já ao longe caminhando sozinha, mordi o lábio e segui na outra direção. Foi o adeus mais estranho que eu já tinha passado.

~*~

Acho que eu devo umas explicações agora. A história é um desabafo e agora também. Tudo escrito é real só que de um modo diferente, e acho que seria divertido compartilhar como isso acontece.

Eu sou sim o rapaz que fica observando o outro, mas o que de fato aconteceu foi que nós tivemos um relacionamento a distância. Primeiro motivo de eu estar sempre longe na história.

Enfim, não foi O relacionamento, eram conversas curtas e rápidas que fazíamos sempre a noite mas eram realmente algo que me distraía. Então, do início:

Eu quis mostrar no texto, o quanto o achava bonito, mostrar as partes que mais me atraíam mas me sinto mal por ter sido algo só de aparências. Nós nunca tivemos um papo bem íntimo nem nada, por isso quase não tivemos o tal contato e além disso, eu tinha medo de magoá-lo ou coisa assim, por isso eu só o ''observava'' sempre, sem querer direcionar a palavra ou algo assim. O momento em que ele olha pra mim, foi quando o próprio puxou conversa comigo um dia. Por isso, na história, o cara realmente fica perplexo como se dissesse ''ele sabe que eu existo'' foi assim que eu me senti. Depois disso ele para de olhar para o menino por que não queria demonstrar todo o afeto que tinha pelo mesmo, por estar envergonhado. Em seguida ele consegue finalmente sorrir para o menino, o momento em que eu me declarei, que disse que o amava realmente. Eles continuam sorrindo mas as atitudes do garoto demostram um ''não'' a mim. Ele em seguida se levanta e vai embora, foi quando ele pediu desculpas por ter me levado a sentir aquilo. Quando olho pra trás, aquele é o momento em que eu digo adeus. Foi a última vez que conversamos.


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Notas finais do capítulo

Bom, chegamos ao fim hahaah. Se você leu até aqui imagino que tenha gostado do que escrevi e só tenho a agradecer. Foi muito legal ter escrito isso até por que me agradou de verdade, coisa rara de ser ver.
Enfim, foi muito doido isso que eu escrevi no final por que eu só meti a mão no teclado escrevendo tudo que vinha na mente então se tiver alguma dúvida ou sei lá, só quiser elogiar ou críticas também, pode mandar um review que eu respondo hasaush
Até a próxima.



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